29 abril 2008

the one with the strip


Eu era o que se podia chamar um bicho, quando entrei pela primeira vez na Praxis.
Estava ainda na idade da inocência quando avós de má estirpe resolveram levar a neta a comemorar o dia da mulher na companhia de senhores grandes, depilados e oleosos. E eu pensei que realmente era este o tipo de comportamento que os papás esperavam de mim quando me enviaram para a universidade, assim que lá fui eu, assistir à decadência humana, que é dançar ao barulho da Britney Spears.
A praxis estava a transbordar de suor e cheiro a tabaco, muito agradável portanto. Na pista principal podia assistir-se a uma senhora que tinha ares de ter amamentado 4 ou 5 bezerros com as tetas que lhe chegavam ao umbigo e muito convencida que estar agarrada ao varão de lhe dava um ar respeitoso. Esta senhora fazia as delícias não só de meninos com o acne a rebentar, mas também de meninas que aproveitavam a oportunidade para se compararem a si próprias com uma strip. Eu também aproveitei para o fazer, mas olhar para a decadência que era aquela figura humana cujo vestuário era única e exclusivamente nada e cujo melhor amigo era um varão, que a bem dizer nem era nada de extraordinário, a comparação foi sem dúvida a meu favor. Com certeza que eu arranjaria um varão melhor, com plumas e quiçá uma ou outra lantejoula.
A surpresa maior estava na pista mais pequena do Praxis, que esta sim, era só para meninas já que os homens não têm a devida segurança em si próprios e na sua masculinidade para assistir a um strip masculino sem agredir um ou outro para afirmar o quão machos são, ao contrário das senhoras que conseguem muito bem assistir a um strip feminino sem qualquer tipo de comportamento que possa de alguma forma ferir susceptibilidades ou faltar ao respeito à artista em questão.
Foi então na pista privada que conheci senhores altos, baixos, loiros, morenos… muito diferentes, mas muito iguais na quantidade de óleo, no corpo depilado a gillete e na asquerosidade (penso que esta é uma daquelas palavras que não existe, mas que é perfeita para a ocasião).
Quando entrámos em tal antro a visão era mais ou menos esta: Um senhor muito loiro a abanar-se ao som do "I'm a slave, fuck you" com cada vez menos roupa à medida que a música avançava. Chega a um dado momento em que agarra numa das espectadoras que com ar de quem vai para a matança, lá é arrastada para a cadeira maravilha e leva com a personagem literalmente em cima. O senhor abana-se, despe-se, e a senhora teme pela vida e possivelmente pelo respeito que deixará de poder exigir à comunidade. Enquanto ele se abana e ela teme é possível apreciar o conjunto de fluidos humanos que ali se misturam. Ele sacode gotas de suor para cima da senhora, que por sua vez vomita a vodka que acabou de beber. O ar dela realmente não é de quem está a apreciar. As únicas que parecem apreciar são as amigas que se riem que nem perdidas e que muito provavelmente deixarão de ser assim tão amigas.
A senhora lá ficou enquanto a Britney Spears não se calava e pareceu-me a mim que estava a rezar pela sua alma naquele momento, quando (e espero que ela não estivesse a rezar por isto), o senhor saca da tanguinha e liberta os entrefolhos mesmo em cima da dita cidadã… eu juro que lhe vi o pânico nos olhos, acredito que ela naquele momento só pensava “Please God, kill-me now”, e Deus só não a matou porque deve ter recebido um telefonema ou assim. Depois lá saiu o senhor de palco, com a salada nas mãos e a menina voltou para as amigas com ar de quem foi violada três ou quatro vezes por cavalos puro-sangue.
Eu, que apesar de apreciar muito as trocas de fluidos, resolvi preservar a réstia de dignidade que tinha e ir para a outra pista ver se havia os chamados Seres Humano, e assim foi, deixei as avós abandonadas na sua libertinagem e fui tentar encontrar vergonha na cara do outro lado.
Quando lá cheguei, apesar da senhora das mamas vencidas pela gravidade já não se encontrar a esfregar-se no varão, a dignidade que há numa discoteca a bem dizer... é nula, não há portanto. Nas discotecas a palavra orgulho fica normalmente à porta (tem a mania de usar ténis, é o que dá), e assim o que se passa neste tipo de ambiente é normalmente a raça humana a diminuir de dignidade ao ritmo a que diminui o sangue no álcool.
Ao apreciar que o que se passava na pista maior, apesar de haver mais roupa vestida, não era maior a decência. Resolvi então voltar para a pista em que se passava a depravação, mas onde pelo menos conhecia alguém, e não... não eram os strippers.
Quando lá cheguei já não tinha lugar ao pé das avós desencaminhadoras, assim fiquei abandonada num canto enquanto apreciava um novo senhor, também ele muito oleoso e com ar de barco de borracha. O senhor ao ver-me a mim ali tão triste e solitária dirigiu-se à minha pessoa com ar de quem queria marotice, eu olhei para ele com ar de quem está já a planear o suicídio e olhei para as minhas avós com vontade de as matar por me terem arrastado até ali.
Mas os olhinhos pidões do senhor convenceram-me e lá está, achei que realmente já não podia descer mais que aquilo e estava com vontade de levar com suor de cavalo em cima.
O senhor fez aquilo que eu não achasse humanamente possível, pôs-me o braço entre as pernas e levanta-me no ar tal saca de batatas. Eu na altura com a trunfa a chegar ao rabo (o papel higiénico era pouco) andei ali a varrer o chão da Praxis enquanto rezava para que aqueles biceps não fossem infláveis e o senhor não me deixasse cair ao chão.
Depois lá me espetou na cadeira da tortura enquanto se esfregava na minha pessoa. Eu olhando para as minha avós que literalmente se mijavam a rir pensei que o melhor seria aproveitar o momento para agarrar no que tinha que agarrar que realmente já estava no subsolo.
Assim lá joguei as mãos às nalgas do senhor que estava em cima da minha pessoa a fazer movimentos epilépticos e lhe apalpei os peitorais que tinham sido depilados à alguns dias e cujas pilosidades já insistiam em crescer penetrando o óleo Jonshon que lhe lambuzava o corpo musculado, a sensação era a mesma de fazer festas à pele de um porco acabado de sair da matança, e que ainda tem o cheiro a pêlo chamuscado.
O senhor também se lembrou de sacar a tanguinha, mas acho que o meu Deus é mais poderoso porque o senhor tinha uma tanga por baixo dessa e não levei com os entrefolhos dele em cima. Pelo contrário, ao som da Toni Braxton a cantar Spanish Guitar, o senhor lá me envolveu nas tubagens a que chama braços e sem aviso prévio baixou-me a cabeça até ao chão e deu-me uma palmadinha no rabo… este meus amigos, foi sem dúvida o mais degradante de todos os meus momentos… a Toni Braxton para mim não terá outra conotação que não a de levar palmadinhas no rabo por um stripper do tamanho de um porta-aviões.
É assim que devo às minhas avós um dos momentos mais humilhantes da minha vida, mas também dos mais divertidos, diga-se a verdade, que oportunidades de ter as nádegas volumosas de um senhor dado a varões não são muitas.


26 abril 2008

Tu

Como consegues ser tão perfeita em todos os teus defeitos?
Tu tens o dom dos pormenores, tens o dom de conhecer quem queres ao detalhe, tens o dom de pôr o melhor de ti em tudo o que fazes.
Fazes-me sentir entendida, compreendida e tão simples... nunca me senti assim!
Nunca me senti tão agradávelmente exposta em todo o meu eu. Nunca antes ninguém recortou tudo o que gosto e colou num envelope. Nunca ninguém me sentiu os sinais como tu fazes, como tu sentes.
Sabes mais de mim do que eu algum dia saberei. Sabes-me de cor.
Escutas o meu silêncio, bebes as minhas palavras e incrivelmente delicias-te com isso.
Eu delicio-me com momentos de Cássia Eller e luz apagada. Momentos em que se caminha pela vida sem saber por que ruas, momentos onde discutimos o tudo e o nada, a morte e a vida, os sins e os nãos.
Tenho em ti muitos bons momentos. Tenho contigo muitos bons momentos.
Tu não desenhas. Tu pinta a vida, a morte, os sentimentos, os cheiros e as cores, apesar de ser a carvão. Pintas o que és, o que já foste e que queres ser. Pintas o que sentes, o que já sentiste e o que não queres sentir. Tu pintas com a facilidade e a necessidade com que respiras. Pintas como eu escrevo.
Obrigado por me fazeres sentir bem com o que sou. Obrigado por estares aqui. Eu nunca saí.

25 abril 2008

Quando a inspiração se nos esvai

Supostamente estou a dever-vos uma história que envolva senhores grandes, óleo jonhson e a Shakira, mas ainda não é hoje. Isto porquê? Porque, meus caros compatriotas, a inspiração se me está a escapar por entre as pernas.
Passo a explicar, e detalhadamente a ver se vos faço regurgitar como gente grande. Eu estou com a chamada regra, com o benfica, com a chica e, para mim, a esvair-me em sangue.
Quando estou assim, a bem dizer, a fazer doações sanguíneas para a Evax, sinto-me mesmo assim, sinto que estou a dar, só a dar e não recebo nada. Minto... recebo dores abdominais extraordinárias que são acompanhadas de cólicas estonteantes e uma ausência notória de controlo hormonal, obrigado por isso.Obrigado natureza (ou Deus, o que vos responda melhor).
Antes do benfica jogar em casa há sempre o dito TPM, que muitos dizem que existe sem nunca terem visto e outros dizem que viram que não existe. Ora bem, mito? Eu TPM não tenho, é mais PTPM, isto é, "Puta da tensão pré menstrual". Que são aqueles momentos intensos que antecipam a enxurrada de fluidos mesntruais. Momentos em que ninguém nos ama, ninguém nos quer e ninguém nos chama de fecho éclair. Momentos de muita tristeza e muitas cólicas sem haver no entanto a necessidade de usar fralda.
Nestes momentos muito fluídos os nossos reflexos diminuem claramente e passamos a ver com uma certa tristeza tudo o que nos rodeia. Hoje vi uma moça que deixou cair o gelado e eu chorei por ela. Chorei porque é triste quando se deixa cair o gelado, chorei porque ela estava triste, e chorei porque no fundo queria chorar.
Olha uma flor, vou chorar, o céu está azul... aparecem as lágrimas. É assim que isto funciona, um bocado como nos brindes, em que tudo é desculpa, a diferença é que neste caso o liquido és tu que forneces.
Durante estes belos dias mensais só queres estar deitada na cama, a respirar chocolates, agarrada aos joelhos, e a chorar baixinho para que ninguém dê por isso, com alguns ai ai grandes para que alguém dê por isso e te venha dar miminhos!
É constante a sensação de falta de frescura e a certeza que cheiramos mal, estamos com a barriga de quem levou um pontapé de 6 meses nas contas e com o peito que supostamente aumenta 4 ou 5 copas (reclamo a ausência de todos os sintomas... então se me incha a pança, porque é que não me incha as mamas? a vida é injusta em todas as suas cores!). Mas tomar banho não podes se não morres com uma oversodose no olhos, diz o povo, e não podes nem andar a cavalo, nem nadar e nem jogar golf a não ser claro, que uses tampão, porque com este aplique podes fazer tudo, até mesmo aquilo que não queres.
E como podem observar por este texto de tão boa qualidade, realmente estou sob o efeito de uma greve hormonal, que em vez de não trabalharem, optaram pelas greves Japonesas em que esperam usando o excesso de trabalho e superprodução, que haja um entupimento nos armazéns que leva a que as empresas tenham que baixar os preços, e assim, perder dinheiro, o que para mim é das estratégias mais inteligentes. E as minhas hormonas são assim, estão em superprodução e esperam deste modo saturar o sistema. Já estou saturada destas putas sim senhora, mas não me vencem, espeto-lhes com 3 vallium, 5 triffen 200 e umas quantas mezinhas caseiras a ver quem é o pai.
E é por sentir que neste momento o poder de absorção está a diminuir claramente, significa que já há alguém que precisa ser mudada...assim que fica aqui um testemunho muito interessante de uma pessoa que tem o endométrio a desfazer-se e que sente, que além da parede do dito cujo que me desce as entranhas, desce-me também a inspiração, o que resulta neste tipo de escrita.

23 abril 2008

Feliz St. Jordi ... ou não!

Eu acredito que haja um campeonato mundial a ver quem cria mais dias para comemorar coisas estúpidas mas que levem as pessoas a gastar dinheiro. Hoje é um desses dias.
23 de Abril é o dia da Catalunha, além deste facto importante foi também neste mesmo dia que morreu Shakespeare e Cervantes e que se comemora o dia Mundial do livro.
Então como é que a gente pega nisto tudo e arranja maneira de ganhar dinheiro?
A resposta surgiu quando alguém se lembrou de vender livros em barraquinhas decoradas com a bandeira da Catalunha. Até aqui tudo bem. Eu até gosto muito de ler e as bandeiras, a bem ver, já estavam por toda a cidade. Isto piorou quando alguém se lembrou que tinha a cave entulhada de rosas e disse, “E se criássemos uma tradição completamente absurda em que neste mesmo dia, os rapazes têm que oferecer uma rosa às meninas e estas, por sua vez, oferecem um livro aos rapazes?”. E assim foi…
Meus amigos, isto é outro dia dos namorados mas em que ninguém tem que pensar no que oferecer porque é muito simples… rosas e livros. A nojice e o aumento de suicídios em massa por fêmeas encalhadas sobe na mesma. Eu ainda não quero acreditar que vim para uma cidade que tem dois dias destes quando ando eu em busca duma que não tenham nenhum.
Mas não é só isto que não me cheira muito bem (apesar da inundação de rosas). Então os mocinhos gastam 2€ numa rosa cuja única funcionalidade é coçar as costas e as mocinhas têm que gastar 20€ num livro, cuja funcionalidade dada pela maioria das pessoas deste género é servir de pé de cadeira? Não me parece bem não senhora.
Sugiro que troquem os papéis. Os meninos que recebam as rosas que podem ser muito bons auxiliares para coçar a micose e as raparigas que comecem a ler a ver se aprendem alguma e deixam de ir na conversa deles… se tirarem antes podem engravidar sim.
Isto tudo porquê? Porque me lembrei do dia em que fui a um Strip masculino e literalmente voei. Mas essa é outra história.


20 abril 2008

Noutra pele

Eu já não tenho alma. Já não tenho corpo. Sou um resto do mundo… não estou nos postais, não tenho reflexo, não tenho cheiro.
Tenho dentro de mim o nada. O nada que me restou de tudo o que perdi na vida, o nada que me supre a alma, que me preenche a mente, eu sou nada.
Quando tenho o peso de um corpo em cima do meu eu já não sinto a força das mãos que me apertam, já não sinto a boca suja que me percorre, já não sinto as lágrimas que deixaram de correr. Já não sinto o líquido quente a entrar dentro de mim, não sinto a pele a arranhar, não sinto a dor física, não sinto a dor moral.
É tão fácil perder tudo, é tão fácil deixar de viver, é tão fácil ser invisível neste mundo de cegos e de gente que não quer ver.
É cada vez mais fácil estar nas ruas, cada vez menor o frio, cada vez menos o medo. Não há nada a perder, já não há nada a ganhar.
Usaram e abusaram e puseram-me no lixo. Desde então que aí estou. Desde então que não me reciclam e apenas me consomem até que por fim perca a funcionalidade.
Os meus olhos que já não choram deixaram também de ver. A fome e o frio que antes não me deixavam dormir são agora companheiros de rua. As pernas que ainda andam deixaram de sentir. O sexo que já não tenho, ainda tem que servir. O coração já não sente e rogo para que deixe de bater.
As noites são rotinas passadas ao abismo, os dias são sofrimentos de quem não tem por que viver. Já nem vejo o rosto dos clientes, já não conto o dinheiro, já não me levanto quando me empurram. Deixei de ter por que o fazer, deixei de sentir tudo o que há para sentir. Eu sou o nada e ao mesmo tempo sou tudo o que esta cidade tem para esconder.


18 abril 2008

Pavões e outras galinhas que tais

Só gostava de saber quando e como é que começamos a ser os pavões. Só gostava de perceber o porquê de nesta espécie se ter trocado os papéis e a mulher é que tem que abrir a cauda para conquistar parceiros.
Isto não faz sentido, não devia ser assim. Não há mais nenhuma espécie em que seja a fêmea a executar os rituais de acasalamento (é possível que haja, mas convenientemente não me surge nenhuma). Basta deslocar-nos à discoteca mais próxima e apreciar os tipos de rituais que se processam. É notório os homens encostados ao balcão enquanto apreciam os desfiles de penas que se desenvolvem à sua volta. Os métodos de conquista são muitos diferentes na sua execução, mas muito semelhantes na pirosice. A roupa tem que ser pouca, apertada, brilhante e colorida. Esquece-se aqui todos os pneus que se tem e a respiração deixa de ser um factor relevante. Se vestes um 42, vais conseguir enfiar-te num 36 porque não vá o diabo tecê-la e alguém olhar-te a etiqueta. Ter um 4, que não pertença ao 34 é de certo vergonhoso e motivo de muito choro. Assim é comum assistir ao fenómeno de mulheres com os chamados tops e com a chamada pança a cumprimentar o mundo. Pessoas... não têm o sentido do ridículo? Não sentem a gravidade a atrair as vossas pegas sem dó nem piedade?
Também se pode apreciar o excesso nestas senhoras pavoas… excesso de maquilhagem, excesso de perfume, excesso de pouca roupa, excesso de falta de vergonha…. Tantos excessos (Eu sou aquele que te quer e mais ninguém Amor é só querer…) e tão pouca moderação.
As danças também são sempre executadas com muito excesso de movimentos. Podem surgir passos tão ridículos como o tão conhecido “The warm” ou o “sacode a caspa”, cuja função é mostrar não só muita originalidade como também que se está disposta a tudo. O abanar das ancas tem uma importância suprema, mesmo que estas tenham a largura de um petroleiro, seguído dos peitos que normalmente vão livres e saltitam como belas papoilas, com o notório objectivo de desviar a atenção das outras carnes que também dão ar da sua graça e claro que se há um seio que se escapa, a vergonha é totalmente usada como encubro da verdadeira intenção de mostrar os derivados de lacticínios que se possui.
Está provado que a mulher durante a ovulação está mais apta a passar por este tipo de ridículos, o que se poderá definir como o cio humano, sendo constante nos homens. Este cio situar-se-ia duas esquinas antes da tão conhecida “Bitch Fase”, na qual o melhor amigo da mulher é um balde de 5 kg de gelado, em que se chora porque o céu não está azul, em que os homens se tornam ainda mais insensíveis do que normalmente são, em que a necessidade de miminhos e a intolerância a qualquer tipo de tacto é uma contradição que transtorna até a cabeça mais saudável fazendo-nos chorar e em que a sensação que nos estamos a esvair em sangue e com o endométrio a desfazer-se, surpreendam-se, mas também nos faz chorar muito porque nos sentimos dói-dói.
A complexidade da mulher está na complexidade de hormonas que possui, está num corpo que não concorda com a cabeça que por sua vez não concorda com o coração. Então imaginem o que é viver num prédio em que um inquilino quer o elevador arranjado, o outro quer a caldeira o outro quer uma pintura nova e cada um usa o grito como argumento e cada um com mais força do que o outro, e o pobre condomínio não sabe a quem ouvir, não sabe quem tem razão, não sabe o que fazer e entra em colapso. Pois é assim meus amigos, a mulher é o condomínio com inquilinos do piorio e que se lembram de levantar a voz mais ainda enquanto se nos desfazem as vísceras.
Encontro uma explicação física e biológica para a Bitch que há em cada uma de nós. Mas realmente, a mulher ridícula que aceita mascarar-se, estar incómoda, sem respirar e fazer danças de acasalamento… essa não tem nem explicação biológica, nem está de acordo com a selecção natural. São os homens que têm que lutar por parceiras, vestir as plumas e dançar a Macarena, são eles que têm que nos conquistar e são eles que se têm que arriscar ou a levar uma cornada de outro macho ou a ser decapitado pela fêmea, é assim que o mundo devia funcionar.
Mulheres, não acedam a passar por este ridículo e tentar conquistar os homens, vocês têm que os ter na mão e não estar aos seus pés. Ponham os vossos olhos em mim (no fundo acho melhor que não o façam), são eles que andam aqui a rastejar e eu para conseguir caminhar tem que ser aos pontapés porque caem que nem tordos (mentirósaaaaa). Posso ainda não ter nenhum na mão, mas podem ter a certeza não hei-de estar aos pés de ninguém.
E se por acaso algum dia me virem com um top a espremer as carnes do amor e com mais pintura na cara que a Capela Sistina é motivo mais que suficiente para me acabarem com o sofrimento à pedrada, porque com certeza, não foi coisa boa o que comi.

16 abril 2008

Não pares de beber que não é preciso

Eu sei que tu e a palavra Bêbado são um bocado como eu e a palavra... errrrr.... .... Amor! Ou seja, faz-nos um cadinho de espécie e achamos que isso é coisa de maricas. Mas sim, foi por te ver tão anti-gravitacional que me deu a inspiração para esta mensagem que de conteúdo tem muita caca, mas que de fundo tem muito carinho. Olhei para ti a saltar que nem uma papoila e pensei cá para mim, já que sou uma gaja muito dada a vários pensamentos: "Esta miúda está tão Bufa e eu não, (já que tenho corpinho de camião TIR), que já merece uma dedicatoriazinha".
Ora bem, aqui está.
Acredito que não valha a pensa mover mais o moinho porque o pão já está feito e bem feito, fermentado com muito cuspo e amarrado com um forte cordel. Um cordel que agora se alongará, mas que continuará forte e robusto como um Cabo Verdeano que faz desporto.
Segundo o que percebi não há nada que não devesse ter dito e tu, não disseste nada que eu não quisesse escutar. Aliás, tu pouco disseste... ouviste, interiorizaste, processaste e espero que um destes dias cagues tudo de uma vez, que isto é muita merda para uma cabeça só. São, e sabes que acredito nisto, conversas de cocó, mas atenção, isto não é de todo pejorativo... estas conversas foram para mim daquelas cagadas muito bem feitas que sabem bem quando saem e nos sentimos muito melhor depois.
Esta comparação, toda ela muito infeliz, só para te dizer xóriço... não... vá, eu concentro-me... só para te dizer que me fizeram muito bem. Posso sentir que ainda não te conheço os poros, mas sinto que me conheço muito mais e melhor, que me compreendo e ...pronto, fica lá com a bicicleta... me aprecio mais.
E isto sim é perigoso, minha Porca, porque não há pior desilusão do que a que se tem de nós próprios e quando te começas a olhar com olhos de Narciso, começas a subir degraus muito íngremes dos quais poderás cair em qualquer momento e é por isso que, por vezes, a segurança da humildade é mais reconfortante que as alturas da exibição.
É claro que me dá muita piada ser assim tão querida e fofa e além do mais super interessante e modesta (demasiadas qualidades para uma pessoa só - será que estou esquizofrénica e oiço aplausos?!?). E assim venho por este meio, que tu achas tanta piada, escrever esta que seria a tua fita. Obrigado por toda a amizade, dedicação, sinceridade, sangria do Consum e muitas, muitas gargalhadas (viste como consegui dizer coisas bonitas sem fazer alusão a fezes?? Estou a crescer... que bonite!).
Sim, fui eu que te chamei Mary Lu, ter pêlos na língua não se refere a problemas capilares e acho realmente que a Zara não te diz absolutamente nada, minha grande Senhora Cerda.

14 abril 2008

A alma cheia de nada e o coração de coisa nenhuma

A experiência em Barcelona está quase a chegar ao fim, como também está quase a terminar uma das etapas mais importantes da minha vida. Aquela etapa pró adolescência e pré vida adulta…como é que chama? Algo a ver com bebida… noitadas... praxes e muitos, muitos recalcamentos… alcoolismo?? Hum.. deve ser, deve!
Esta fase que nos embriagou o corpo e a alma está quase, quase a terminar. Falta a derradeira prova dos vinhos, falta a grande e inesquecível Queima das Fitas. Faltam as lágrimas, a saudade antecipada de uma vida que não se terá mais, de uma irresponsabilidade que não será mais compreendida, da liberdade que nos deixa tocar no céu, uma liberdade de poder cair sempre que se queira, poder errar e voltar a errar, poder dizer o que se vai na alma… ser radical, ser extremista, ser apologista da cor azul, defender aquilo em que se acredita mesmo que não seja coisa nenhuma… ser livre, ser estupidamente livre… ser tão feliz que não se sabe… ser dolorosamente feliz!
Valeu tanto a pena, foi tão bom e tão intenso que me dói só de pensar. Tive na cidade perfeita, na universidade perfeita e com as pessoas perfeitas. Não podiam ter sido outras, foram estas que me ensinaram tudo e construíram a pessoa que sou hoje (orgulhem-se ou não!).
Cada coluna, cada calçada tem para mim uma história, tem para mim uma simbologia especial. As escadas da Sé contam tantas actuações, sapatadas, noites de conversa e muitos momentos de fotossíntese debaixo do sol Eborence! Uma universidade que tantos estudantes albergou, a universidade mais bonita do mundo. Tão grande e tão acolhedora, tão fria e tão quente, tão assustadora e tão reconfortante… a nossa universidade… a minha universidade. Uma cidade que tem em cada janela tanta história como tem o mundo, ruas que escutaram tantas e tantas serenatas, rostos que já viveram tanto a vida, uma cidade que faz brotar a poesia.
As capas ao vento, os saltos na calçada, a meia rasgada, um cavaquinho, um bicho de olhos no chão, um Doutor de óculos escuros… tudo isto me faz inchar o peito de orgulho por ter feito parte desta vida, por ter sido bicho, ter sido estudante, ter sido Tunante e agora, com muita saudade, finalista!
Penso em que cada um de vocês, desenho os vossos pormenores na minha cabeça para que fiquem para sempre, recordo cada momento: o primeiro, o segundo, o outro depois desse e todos os outros… menos o último… não vai haver um último, não pode haver um último. Tenho em cada pessoa que partilhou comigo a mesma calçada e o mesmo céu tão claro e tão escuro, tenho em cada amigo que fiz um carinho do tamanho do mundo e um orgulho imensamente grande por ter feito parte da vossa vida e uma divida de gratidão por terem feito parte da minha.
Tenho a alma cheia de todos e o coração de tudo! Sinto-me a explodir de tantos sentimentos de tantas emoções. Sinto que é demasiada a ansiedade de vos ver e demasiado dolorosa a aproximação do fim.
Está-se a avizinhar a fase pior das nossas vidas. A fase em que perder a compostura é algo inaceitável e dizer o que se pensa pode ferir a liberdade do próximo. Temos que ser politicamente correctos, politicamente adultos. Agora sim, temos que inevitavelmente crescer, temos que sair da nossa casa de uma vida e encontrar a nossa casa para a vida. Temos que deixar a nossa família e formar uma família. Temos que deixar de aprender para passar a ensinar, temos que deixar de viver para passar a sobreviver num mundo que se rege por regras que não são as nossas, regras que reivindicamos mas que agora temos que aceitar, temos que cumprir e temos que fazer cumprir. Vamos deixar de viver para sobreviver num mundo em que não se sabe a cor do céu, nem se conhece o fundo do mar. Um mundo em que se deixa de falar com os animais e se passa a conversar com Animais. Um mundo em que deixa de conhecer as pessoas pelo sinais, e se esquece o dialecto da Terra. Um mundo em que se esquece as texturas, as cores, os cheiros, os sabores para se conhecer apenas o NIB. Um mundo em que eu não quero viver, que eu não quero fazer parte. Não me quero esquecer do cheiro do meu Puffy, do sabor do chão quando se cai a jogar à bola, da textura da areia e do cheiro da sangria. Não me quero esquecer de todos os momentos que vivi, de todas as pessoas que conheci, de tudo o que experimentei, não quero deixar de andar na rua e sentir que a minha vida tem banda sonora, tem cor, tem cheiro próprio e tem a textura da felicidade. Não quero ficar com a alma cheia de nada e o coração de coisa nenhuma.

11 abril 2008

Cursos para mães

As mães são criaturas concebidas para o efeito de fazerem o melhor por nós parecendo sempre que não é bem esse o objectivo.
Para tal talento e muitos outros tiveram que passar um longo e duro curso almejando ser uma mãe de verdade. E ser uma mãe de verdade nem é a que pare, pode até não ser a que cuida... Se a vossa vizinha vos disser "leva o casaquinho menina, que está frio na rua", essa, surpreendam-se, é a vossa mãe!
Mãe que é mãe gosta obrigatoriamente de músicas sobre emigrantes e a Nossa Senhora e tem no Marco Paulo, Emanuel e Tony Carreira os ídolos de toda uma vida. Mãe que é mãe não gosta de amigos nossos que usem brinco e tenham rastas, mas que podem fazer parte da Associação municipal de ajuda a pessoas da 4ºidade, mas apreciam com muito carinho que levemos amigos de cabelinho arranjado, roupinha de marca (que nem sabe pronunciar), e que normalmente são os que se espetam com seringas nos olhos.
As mães teimam em nos avisar antecipadamente dos nossos erros. Não interessa o que vamos fazer, será sempre a coisa errada. Sair de casa, chegar tarde e não levar agasalho são aqueles erros mais comuns que normalmente alcançam o dito "Eu avisei", que tanta comichão nos dá. E é por estas e por outras que anda muita boa gente com tiques nervosos e com vontade de cortar o tendão de Aquiles.
Estas senhoras têm a elasticidade suficiente do pulso para fazer o gesto do "já levavas uma chapada" sempre que fala connosco, nem que seja um assunto ao qual não estamos relacionados. O gesto ameaçador está sempre lá, o mesmo gesto que acompanha o "sai já da minha cozinha", "vai limpar o teu quarto" entre tantos outros que todos vocês já conhecem.
Para a nossa mãe (menos a minha), nunca comemos o suficiente. Podes arrebatar um tacho inteiro de arrozinho, mas a verdade é que ainda assim estás cada vez mais magro, pálido e comes cada vez menos. Aqui, tenho a dizer que a minha muda radicalmente o seu discurso para o oposto. "Estás cada vez mais gorda", "olha lá essa barriga" e o tão famoso "não percas esse cu que não é preciso". É naquelas conversas do tipo "olha ontem vi a tua prima, está tão gorda, parece um camião TIR. Quando a vi nem a reconheci, parecias mesmo tu, pá!" que tu duvidas claramente do objectivo de fazer o melhor para nós e começas e desenvolver tiques estereotipados que claramente é o recalcamento de toda a gama de amor maternal deste tipo, e que normalmente acaba no desenvolvimento de uma neoplastia que grita contente nos confins do teu cérebro “I’m a Tumor, i’m a tumor, i’m a tumar”. Aqui fica o meu conselho, não recalquem tudo o que mãe diz, respondam à letra, vão ver que levam um estalo... mas eu acredito no fim terapêutico dos estalos, que independentemente da idade que se tem são sempre como uma viagem à infância e é isso que falta aos jovens de hoje… pontapés na cabeça a ver se a educação lhes salta dos poros… mas penso que as mães de hoje, claramente não passaram no curso, e a prova é que evidentemente preferem o Mickael Carrera… não… isso não é coisa de mãe… isso é coisa de pita!
Mãe que é mãe terá que ter dificuldades em dizer certas palavras e o inglês só é bonito na boca do Elvis. Os filmes de cowboys têm um brilho especial e o Bonanza é o herói de serviço.
Mãe que é mãe tenta sempre ser fixe para os nossos amigos o que normalmente acaba com o nosso embaraço total. Nunca lhes sabe os nomes, nunca se lembra quem são por mais vezes que vão à vossa casa e independentemente se os conhecem à 10 anos, serão sempre pessoas novas na vossa vida, e cada vez que falas neles terás que explicar quem são os pais, o que fazem e se têm boas notas e se portam bem na escola.
Tu e os teus amigos terão sempre menos de 15 anos. Por muito que insistas em crescer todos os anos, a mãe aprendeu no curso que os miúdos depois dos 15 não avançam mais e serão para sempre assim.
Não tentem ter conversas sobre sexo, bebedeiras, acidentes de carro, amigas que engravidaram e os que têm problemas de droga, porque elas não vão entender. Para elas vocês serão sempre crianças e a droga presente na vossa vida só poderá ser o açúcar. Se a vossa mãe for moderna e participar nestas conversar acreditem… essa não é a vossa mãe, provavelmente é alguém disfarçado… ou poderá também estar a tentar perceber a juventude, mas a verdade é que quando ouve tudo com muita atenção na realidade estará a recalcar e a criar tumores porque no seu tempo isto não era assim, e claro, não foi isso que aprendeu no curso. Não tentem trocar os papéis. A amiga ouve e compreende, a mãe é e será sempre quem nos deu a vida e quem dava a vida por nós. Não queiram trocar experiências sexuais com a pessoa que vos mudou as fraldas porque lhe estão a criar graves problemas psicológicos. Não esperem que vos entendam ou que vos apoiem quando querem ir para a discoteca até à hora de comprar o pão, mãe que é mãe acha isso uma má ideia, é esse o papel dela, é para isso que lhe pagam… não tentem de maneira nenhuma trocar a vossa mãe por uma amiga, porque a amiga não vos vai dar os estalos que vão precisar de levar.
Mas mãe não é só isto. Mãe é tudo e na realidade, não é nada. É tudo o que nos faz feliz, nos faz confortáveis, nos faz seguros, nos faz secar muitas lágrimas. Mãe também é nada, é o nada que nos faz falta, é o nada que sendo o nada acaba por ser tudo, acaba por ser o pormenor que nos alimenta e nos faz florescer. Mãe é o nada que nos faz ser tudo!
Esta a uma homenagem à minha mãe, que por muito que diga mánica, será sempre a melhor mãe do mundo.




08 abril 2008

Ser bandido

Estava eu aqui no conforto do meu lar a inteirar-me sobre o estado do mundo, quando me deparo com uma noticia sobre seis adolescentes norte-americanas com idades compreendidas entre os 14 e os 18 anos que foram detidas por espancarem uma colega de 16 anos, juntamente com dois rapazes que assistiram e filmaram a tudo. E penso cá para mim.."olha que boa oportunidade para não passar dados"... e assim foi. Vim para aqui para tentar dissertar algo sobre este assunto, que na realidade não me interessa minimamente, mas que é sempre mais estimulante que o excel. Ora bem, será de mim ou os bandidos estão cada vez mais estúpidos? Então fazem coisas torpes e ainda por cima fornecem a prova em VHS (subentenda-se youtube, mas eu serei sempre fan dos clássicos). Mas... mas.... será que a vontade de ser estrela que há em todos nós ultrapassou qualquer medo de ser apanhado e punido por actos ilegais? "Posso ir para o cárcere levar no orifício traseiro, mas pelo menos apareci no youtube e tu não!" Não sei não, mas as minhas prioridades continuam a ser diferentes, e não é isso que me impede de ter o meu quê estrelino.
Sem nada mais a alvitrar, além de continuar a achar que os bandidos estão cada vez mais estúpidos, também continuo a ter dados para passar e assim, vou imaginar os números em roupa interior e tentar achar algum interesse no excel. E quem sabe filmo e ponho no youtube.... é um ideia. É estúpida, mas não deixa de ser uma ideia.

P.s. Se algum bandido ler isto, vos informo que estúpido é viril em muitas civilizações, e é neste sentido que uso este adjectivo para vos apelidar. De qualquer maneira não sabem onde eu moro.

07 abril 2008

Falemos de coisas giras?

Não. Mas podemos tentar.
Ora bem, hoje venho aqui dissertar sobre a celulite, a invenção deste século.
Quem apareceu primeiro, a Celulite ou o Photoshop??
O Photoshop é uma espécie de programa de reprodução in vitro cujo objectivo é criar pessoas que na realidade não existem. Quando uma criatura teve cuidados parentais por parte de um programa deste tipo pode-se ter a certeza que não tem poros, não tem massa gorda nem massa magra... na realidade não tem massa, não tem rugas e por vezes nem expressão tem. Não tem pêlos e na maior parte das vezes tem algumas partes do corpo que desafiam a gravidade e as cores que têm, nem há nomes para as designar. São portanto "pessoas" que querem mostras às pessoas que são uma coisa que não são. Na realidade o que fazemos todos nós diariamente mas sem esconder a penugem.
Meus amigos, está provado que todos temos pentelhos, ramelas, piolhos, falta de maneiras, um irmão meio zarolho, casca de ferida, dente com comida.. só a bailarina é que não tem.
Eu acredito piamente que a celulite teve em anonimato a sua vida social até aparecer o photoshop, que a convenceu que poderia ser uma estrela e a fez famosa pelo mundo... mas o que o photohop não lhe contou era que a queria famosa para depois a eliminar fria e bruscamente tal peste bubónica (a propósito, esta é a peste que menos respeito alcançou pelo nome ridículo que alberga...Bubónica... já crescias!). Bem e foi assim, que as mulheres desesperadas pelo novo flagelo do mundo, começaram a olhar entre os poros e a descobrir tudo o que eram defeitos e os que não eram inventavam. Aqui fica uma sugestão, não gastem dinheiro em microscópios electrónicos, contratem uma ou duas mulheres em cada laboratório e terão as Escherichia coli descritas ao detalhe (mais a vida social que propriamente a anatomia, o poderá ter o seu valor ciêntifico).
Bem, continuando a dissertação. Antigamente a celulite era uma companheira com quem se dividia alojamento sem nenhum qualquer tipo de problema, hoje, parece que se tornou numa porca sanguinária que se tem que eliminar a qualquer custo. Mas porquê? Pergunto eu, porquê?
Eu convivo muito bem com a minha, lava a sua loiça e faz sempre a cama e até tem conversas interessantes, é a Litinha. Há pouco estava com ideia de a eliminar... mas não Lite, não te preocupes... foi um momento de maldade pura causado pelo bicho do pinheiro, não te vou eliminar, não depois de tantos momentos partilhados, de tanta história juntas. Tu na realidade fazes das minhas pernas e rabo um caminho acidentado com curvas, contracurvas, rampas, montanhas... e é mesmo disso que eu gosto... as autoestradas fazem-me adormecer. E se o povo não entende a emoção que é conduzir por estes caminhos alentejanos... então que continuem a pôr as mudanças com a mão, que eu e a minha Lite viemos para ficar!!!
Não se deixem levar mulheres, não se deixem enganar por Very not important people, que teima em que comer um prato de morangos é refeição para um mês inteiro e que atingiste a perfeição quando a grossura das tuas pernas equivale à dos meus pulsos.
A verdade é que há uns anos atrás não existiam os defeitos que existem hoje. Ter estrias porque se paria um filho era natural e penso que até era bonito. Hoje, é razão para não se ter um filho. A retenção de líquidos aumentou, os cancros aumentaram em espécie e quantidade, os obesos aumentaram, os anorécticos e bulímicos aumentaram, os corantes e conservantes aumentaram, só é saudável o que é light... a coca-cola é uma merda que desentope canos, mas se for "light" ou "zero" já não faz mal... bebam soda cáustica que seguramente vos fará menos mal!
Não entendo como o mundo mudou tanto em tão pouco, não entendo como a minha infância possa ser tão longínqua da dos meus sobrinhos, não entendo este mundo em que os valores são todos económicos... sinceramente a meu cu 44 não cabe neste mundo... e acho que nem quer caber!
Isto tudo para falar mal do Photoshop porque não sei trabalhar com ele, e para falar bem da celulite que por acaso até me embeleza a paisagem...


05 abril 2008

Conejita suicida

Para quem me conhece sabe que é constante a referência a modos não muito .... digamos .... eficazes de suicídio! É verdade... já tive desejos de cortar cotovelos e calcanhares... já tive vontade de cortar os pulsos com colheres de prata (sempre com categoria), e a mais recente é sem dúvida a do garfo no olho. Mas realmente hoje... hoje quero que me liguem às máquinas!
Acabada a etapa prática do meu trabalho de fim de curso, isto é, acabados os 8 meses de observações diárias de dois grupo de Gorila da Planície (Zoo Barcelona) e dum casal no cio (minha actual residência), penso que poderei fazer um trabalho muito interessante, com várias matrizes de relações sociais entre os animais em questão, tentar perceber quem origina os momentos de tensão, ou seja, quem é o dominante e o mais importante, qual as etapas da reconciliação. Subentenda-se que me refiro aos animais que compartem casa com a minha pessoa. Penso que um artigo sobre como "o sexo nos outros causa estereotipias?" seria de todo muito interessante. Já estou mesmo a ver a manchete da Nature, com a minha figura ilustrada como grande cientista que deu a própria insanidade em prol da ciência.
Pois bem, para os mais desinformados que não sabem o que são estereotipias, só tenho a dizer "Cócó para vocês, soubessem!". Mas para os outros desinformados que pelo contrário, não conhecem os objectos de estudo em questão, é para mim um prazer... não, não é, mas faz de conta... explicar o dito casal:
Ora bem, vivo à cerca de 7 meses com um casal cuja expressão "más raros que un perro verde" para os definir é um grande elogio. Ele é Turco, ela é Russa. Comunicam em espanhol, gritos, riso, grunhidos e muito contacto fisico.
Ainda não sei bem o que ele faz. Sei que sabe mudar lâmpadas e percebe algo de electricidade, mas a teoria do meu irmão sobre tráfico humano é bem mais interessante, assim me fico com esta. Uma característica importante deste espécime é que devido à sua religião e durante uma altura do ano específico não pode comer durante 40 dias, mas o engraçado disto e que eu não sabia antes de conviver com esta trupe, é que podes comer nestas 40 noites mas sempre com companhia. A explicação até agora inventada é que de noite o Senhor não vê, ou estará demasiado cansado para lhe dar importância e que se tem companhia pelo menos há um cúmplice para repartir as culpas e partilhar virgens! Assim sendo, de vez em quando dou por uma criatura estranha a dormir no meu sofá, que subentendo que seja o companheiro de refeições. Bom, não profanarei mais este assunto, que o fogo do inferno que me espera já está bem ateado.
A fêmea é de ascendência Russa e nestes 7 meses só começou a trabalhar nestes últimos dias (o que era ponto assente na outra teoria do meu irmão, em como há aqui trabalhos corporais pelo meio). Portante era uma criatura que passava grande parte do seu dia em casa, a ver novelas russas, a ir às compras e mais recentemente, a pôr implantes nas mamas.
Eu creio vivamente que a renda nada cara que eu pago, está neste momento a contrariar a gravidade no peito da senhora, e cada vez que olho para elas não consigo deixar de pensar em que fui eu que sustentei aquelas preciosidades que na realidade de sustentam sozinhas. Depois do meu primeiro comentário super animador "não se nota muito", realmente tenho que admitir que agora, depois de desamarradas (as meninas estiveram muito tempo apertadinhas em ligaduras), realmente se nota muito. E este deveria ser um comentário que eu deveria ter feito inicialmente, já que é o deve querer ouvir uma pessoa que acabou de inchar os peitos, mas eu que tenho a sensibilidade de um tijolo, fiz o que tinha a fazer, e fui simpática "pois, realmente não se nota". Depois disto e já a pensar no dia em que acordava sem rins numa banheira de gelo, tentei remediar a situação com elogios constantes às mamas da fêmea, mas penso que piorei a situação e que agora a senhora tem medo de mim. Paciência...
Bem, esta dupla tem grandes manifestações de amor e de ódio. Os gritos ainda não defini no meu etograma se são comportamentos agonísticos ou afiliativos, de qualquer forma, estes são os que contribuem mais para as minhas estereotipias. Chegar à sala e ver tudo o que estava nas prateleiras no chão, faz-me deduzir que se passou um episódio agonístico que normalmente se resolverá contra a porta do quarto que está, para minha felicidade, colada à minha (tenho muito medo!).
Realmente é de notar que as vocalizações da fêmea são muito mais audíveis e irritantes que as do macho, que pouco se escutam. Mas as manifestações são muito audíveis e começo a distinguir o bater na porta, dum bater na parede e dum bater na cama... a ver se não me esqueço de lhes dizer antes de ir embora, que o betão não é à prova de som.
Resumindo e concluindo, saio de Barcelona com comportamentos nada naturais de bater com a cabeça na parede, gritar "la, la, la", balançar o corpo para a frente e para trás cada vez que começa um episódio de como fazer o amor e o que penso ser o mais grave de tudo, escrever um blog sobre este assunto!
Eu que nem tenho 700 dados para passar no computador, nem tenho artigos para ler, nem uma tese para fazer, ponho-me a pensar na vida matrimonial dos outros e em como sou triste e infeliz por estar aqui a ouvir paredes a tremer sem ter coragem de perguntar se posso participar...
É por isto tudo meus amigos, que vos rogo de alma e coração... liguem-me às maquinas!

P.s. Acabaram de entrar na casa de banho para fazer o amor.. logo agora que queria cagar... (esta era desnecessária, eu sei... mas no fundo, o blog inteiro era desnecessário)