27 outubro 2009

Sei o que fizeste no Pingo Doce passado

Nesta vida vemos muita destruição, muita violência, muita fome... e o ódio é o sentimento com mais força actualmente.

Todos nós somos odiados, todos nós odiamos…. É certo e sabido que a condição humana tem uma natureza muito mesquinha e egoísta, e não há nada que saibamos fazer melhor do que odiar.

Mas há no entanto algo que nos une. Há no mundo três pessoas que estão no topo das mais odiadas e vítimas de makumbas pela população em geral. Tenho ainda questões não resolvidas sobre qual o mais odioso de todos, porque a corrida ao topo é renhida, mas a verdade é que cada um à sua maneira contribuiu para um mundo pior.

A nível global podemos falar do Hitler. Líder opressor, com um bigodinho ridículo, que dizimou milhares de pessoas em prol de um clã de albinos altos, loiros e de olhos azuis que o adorassem, quando ele próprio era moreno, baixinho e franzino muito pouco adorável. Chama-se a isto iniciar uma guerra por inveja. Aposto que nos tempos de adolescência o Hitler nunca teve sucesso com as raparigas, e todas elas andavam atrás do Judeu musculado, que era o rapaz mais popular da escola. Isto criou um ódio e inveja tão grande naquele fígado (sim, o senhor não tinha coração) e por isso juntou os seus maiores trunfos (ainda estou para saber quais eram) e convenceu uma data de gente a matar outra data de gente, só porque sim. Muito basicamente, foi isto que aconteceu. E todo aquele ódio dentro dele gerou muito, mas muito ódio em direcção a ele.

Não muito atrás no ranking encontram-se os senhores do SIITE (Sistema Integrado de Transporte de Évora). Uma prova da crueldade destas criaturas azuis aconteceu-me na passada sexta-feira. Estacionei o carro e meti a moedinha suficiente para ir a casa, arrumar as coisas e embarcar para Sines. Cheguei ao carro 3 minutos depois da hora do ticket e encontrei 6 homens da siite (sem exagero) encostados à parede ao pé do carro a olhar para o relógio e com a máquina de multar e a outra de bloquear prontas a entrar em acção. Filhos da putini. Eu cheguei muito calmamente ao carro, arrumei, desarrumei e voltei a arrumar as coisas, mandei umas mensagens, verifiquei o óleo e a água…. Demorei o tempo que quis, enquanto os via a deitar fumo pelas orelhas e a apontar a matrícula do meu carro nas memórias dos telemóveis, para que cada vez que o encontrem risquem o meu Nu, com muita maldade.

Sim… odeio-os muito. Não os perdoo terem-me multado às 9h da manhã do sábado da minha queima. Não os perdoo terem-me bloqueado o carro enquanto eu de muletas tinha ido mudar de roupa para ir para a fisioterapia. Não pago as multas. Sim…. Tenho cadastro, mas sempre que puder vou chulá-los ao máximo. Acho absurdo ter que pagar por estacionar em qualquer canto da cidade de Évora, quando as ruas e as casas estão preparadas para carroças e não carros, e por isso todos nós já beijamos as paredes da cidade e não temos garagem para deixar os nossos meninos. Odeio-os mais que ao Hitler. E não venham com conversas que não têm comparação, e que um matou gente e os outros multam… mas a verdade é que, como dizia a outra, eu sou eu e a minha circunstância e consta que tenho carro e não sou Judia.

Mas há alguém que actualmente bate todo e qualquer vilão torpe, feio e mau. Sim… há alguém a quem eu canonizo o meu ódio mais puro e cruel e é alguém que contribui claramente para um mundo muito pior… um mundo do qual se quer fugir.

Falo, claramente, do Pingo Doce. Primeiro, acho incrível que nos tempos de crise como o que atravessamos haja uma cadeia de supermercados com dinheiro suficiente para pagar um videoclip (sim, aquilo não é um anúncio) de 5 minutos em todas as estações de televisão e rádio portuguesas.

É que nem temos hipóteses. Desligamos a televisão porque não aguentamos mais aqueles agudos dolorosos, e levamos com isso no rádio, na rua, nas lojas…. Em todo o lado… é desesperante.

Não aguento mais aquela musiquinha tão festival da canção, mas que fala de preços baixos e coisas fesquinhas. Não consigo. É-me fisicamente impossível ouvir uma vez mais alguém a mandar-me ir ao Pingo Doce de Janeiro a Janeiro…

O tema ainda por cima tem nome: “Aqui o preço é sempre baixo. O ano todo, na loja inteira”. Resultou na produção de 10 filmes, com vários actores e mais de 150 figurantes e filmagens nas lojas Pingo Doce, com gravações em exteriores e estúdio…. E depois dizem que há desemprego… aposto que estes 150 figurantes ganharam muito bem para fazer estas figuras, e tal rapariga do Exorcista, querem-se todos suicidar agora.

A agência publicitária responsável por tal tortura ainda alega que o tema é “Um jingle competente antes de passar pela cabeça, passa pelo coração”… acho que ele se esqueceu de alguns órgãos essenciais tais como o estômago e os intestinos que também se manifestam quando ouvem o soundtrack.

E não obstante o tema musical super-ri-mega-irritante, ainda me aparece gente de sorriso branco a falar do brix da fruta e a gemer… mas está tudo louco ou quê?

Sou só eu que odeio o Pingo Doce e por isso nem consigo entrar mais em qualquer estabelecimento comercial do mesmo sob o risco de me espetar de cabeça contra a vitrina das carnes?

Não devo ser porque já há um abaixo-assinado contra esta tortura. Existe um grupo no Facebook com o título “Gente que não grama o anúncio do Pingo Doce do Duda”, neste momento com 3.270 membros. Há também uma carta aberta aos responsáveis do Pingo Doce sobre o anúncio e até houve gente a criar uma t-shirt alusiva ao mesmo. O povo português não se deixa ficar.

Mas como até o Hitler tinha aliados, há gente que gosta deste triller e por isso já foi criado um grupo no Facebook para “As pessoas que gostam do novo anúncio do Pingo Doce!”.

Estou a pensar criar um grupo no Facebook contra gente que cria grupos no Facebook, só a propósito.

Mas voltando ao Pingo Doce, verifica-se que o pessoal que não gosta do anúncio é boa gente, simples e do povo, “gente” como todos nós, que não grama. Mas os que gostam têm a mania que são finos e são melhores que os outros, porque se intitulam de “Pessoas” que gostam.

Mas Oh meu Deus…. Acabo de ler coisas fantásticas e extraordinárias, dignas de grandes textos de comédias, apenas e sobre a música do pingo doce, mas como isto já vai longo e o sol já se pôs, deixo para escarafunchar este temática num post brevemente perto de si.

19 outubro 2009

Só queria partilhar com vocês o quão feliz fiquei, quando percebi que numa aula de danças Turcas e Armenas, havia uma mulher com a barriga maior do que a minha… mas consta que estava grávida de 8 meses.

14 outubro 2009

A corrida

Nesta altura em que por Évora se apregoa a plenos pulmões “Qual é o melhor, qual é o melhor?” sem nunca ninguém se decidir sobre quem é afinal o melhor, e em que à segunda semana seguida de “sou bicho sou feio”, a vontade é andar a fazer pontaria a Bixus imundis com pressões de ar carregadinhas de pregos ferrugentos…. Inevitavelmente bate uma saudade do tempo em fazíamos parte de tudo isto e éramos assim de estúpidos ao ponto de dizer que um micromamifero é uma bactéria…

E foi no espírito de relembrar e entrar um bocadinho neste mundo estudantil do qual a cabeça tem saudades, mas o corpo não se cansa de dizer que não quando me mostra que a saia do traje já não fecha, que fui ontem actuar uma vez mais na recepção ao caloiro da Universidade de Évora.

Foi bom voltar à tuna, ao cavaquinho, aos microfones e a todos os feedback’s tão típico do sistema de som da associação académica. Já tinha saudades de estar numa actuação cheia de piiiiiiiiis e nhiiiiiiiiis desafinados e cujos técnicos de som acham que vai disfarçar se abrirem umas bufas brancas de fumo directamente para as nossas gargantas tão empenhadas em dar o sol.

Mas não é a actuação que me traz aqui, nem o facto de haver na recepção um cartaz que dizia “A miss Caloiro vai trabalhar no Cosa Nostra”.

Para quem não sabe o Cosa Nostra é um restaurante novo aqui em Évora e que, pelos vistos, vai dar emprego à rapariga que for nomeada caloiro do ano. Atenção que o posto de trabalho não é para o caloiro do ano, mas sim para a caloira do ano, uma diferença considerável… E pelo que percebi nem é negociável, porque é bem explícito o “vai trabalhar”… ninguém lhe vai perguntar se ela quer trabalhar… ela vai e pronto, resigna-se.

E qual é a moral de tudo isto? Que as caloiras do ano são eleitas consoante a sua experiência no mundo da hotelaria, tendo por isso que apresentar o seu currículo - mamas - em pleno palco e que, além do mais, vão ser exploradas num restaurante que contrata as empregadas - ou escravas já que são obrigadas - com base num desfile de bichos de 18 anos acabados de sair da casa dos pais, cheios de caca na cabeça, verniz nos braços e batom na testa…. Quero ir comer a este restaurante com uma moral tão grande??

Não, não quero. Mas obrigada pelo convite.

Se bem se lembram não era este assunto que me trazia aqui hoje a este belo e amarelo lugar. Mas penso que, de qualquer maneira, este era um assunto importante a reter.

As minhas linhas hoje servem sobretudo para vos falar da “Corrida dos Abafados”.

E o que é a corrida dos abafados perguntam vocês? … Calma… já vos explico… apressadas, pá…

Estávamos nós tão belas e roliças em pleno Manel dos Potes a trautear umas musiquitas, quando nos surge todo um comité do abafado a convidar-nos a participar na corrida do mesmo:

Beber 3 abafados no menor tempo possível - 1,50€ - Um cronómetro - Semi-final 6 abafados - Prémio uma garrafa - Apanharam?

Pois bem… Eu apanhei e senti-me desafiada e lá fui em participar na corrida.

Sim…. Tive os meus 15 minutos de fama quando em apenas 2,82 segundos emborco 3 copos de abafados pela goela abaixo. Eram gritos… ovações… aplausos…abraços….

O mundo era a minha ostra e eu sentia que podia tudo. Primeiro quase que bato o recorde de flexibilidade dum ginásio com centenas de pessoas e agora isto?

A pessoa mais rápida a beber abafados é uma gaja?? E essa gaja, sou eu???

Não podia estar mais inchada de orgulho… por acaso não podia mesmo porque a saia estava no limite e o botão já começava a ranger… mas ter vencido o El Diablo com os seus 2,93 segundos foi uma notoriedade impressionante. Estava feliz. Orgulhosa. E toda babada e peganhosa, também.

Mas durou pouco… nem quinze minutos.

Do outro lado do cenário apareceu um ignóbil asno que me olhou de cima e baixo e disse num tom de superioridade “Tu é que tens o recorde?”

….

Eu estalei o pescoço… rolou uma bola de feno entre nós… ouviu-se um “ohhhhhhh….ua, ua, ua…..ahhhh… ua, ua, ua” …. O sangue começou a ferver.

…..

Ele emborcou os abafados em 2,23 segundos…. O tiro foi certeiro. Ainda estou a sangrar…

Quando me olhou de volta com aquele ar de vitória e aceitou o meu aperto de mão com relutância ficou escrito… ou eu sou chamada para a semi-finalíssima e faço aquele pedaço de testosterona engolir os abafados pelo cú … ou …. Atropelo-o várias vezes com o carro na próxima vez que o vir.

A vingança é como um copo de abafado, arde mas é doce.

04 outubro 2009

Mitos Urbanos

Ora bem. Sim senhora…

Muito boa tarde.

Estou a ver que a minha ausência é directamente proporcional ao número que comentários que tenho nas minhas maravilhosas dissertações… o que só me leva a concluir que a total inexistência de escrita da minha parte faz com que vocês as 5 fiquem felizes o suficiente para terem vontade de escrevinhar coisas neste humilde espaço tão…. Beje… é ou não é? … vá… gosto muito de vos ler… admito!

Mas adiante…

Aquilo que me traz aqui hoje não é muito diferente ou mais importante do que me traz aqui nos outros dias… muito basicamente é a necessidade de escrever porcaria enquanto me imagino de capuchinho na mão (como diria a minha mãe), laptop nas pernas, óculos de massa, uma camisola de lã e um fim de tarde no Starbucks enquanto me pedem autógrafos e me elogiam a brilhante escrita criativa…

Enquanto isso não acontece e tenho que acordar para a realidade, venho para aqui tentar fazer-vos rir- ou chorar- apenas com o poder das palavras e a Pink nos ouvidos.

Como não me canso de dizer, os meus pedidos de ano novo concretizaram-se e finalmente descobri que sou menina, mulher e moça, descobri o prazer de fazer coisas giras e o bom que é termos alguém que nos diz “I lamb you”…

Toda esta mudança cardíaca, de estado civil e de estado de alma levou também a que o assunto tabu SEXO fosse agora falado por mim como quem diz “Got milk?”, pois anteriormente não admitia qualquer pormenor sexual da vida das minhas amigas com o receio de imaginar coisas que não são para imaginar e por isso, para mim, toda e qualquer companheira (o) era puramente assexuada tal como os anjos e sim… com uma boquinha de prata.

Mas agora que se fala e se abusa vão se descobrindo coisas muito interessantes… ou desnecessárias.

Um desses temas bonitos de se falar é a masturbação… as páginas amarelas… tocar-nos no banho… make the fingers do the walking… clicar na ratinha… vocês sabem… cometer O pecado.

Eu confesso aqui pecadora que antes de iniciar qualquer actividade sexual com outra pessoa também não tinha actividade sexual comigo própria… Sei que a grande maioria de vocês começou a passear pela floresta húmida enquanto ainda brincava às bonecas mas eu não… eu não fazia cá essas javardices… era muito pura e casta!

A verdade é que de vez em quando lá tocava na passareca mas era uma coisa muito fugaz e a medo pois a sensação de que alguém estava a ver era muito grande. Na realidade não sabia muito bem como é que se fazia e o medo de tentar era maior - e se estragar? … Durante muito tempo a minha menina tinha somente uma vida de sofrimento e de dádiva com oferendas mensais do próprio sangue e não recebia nada… nem um regalito no Natal!

Mas este também não é um assunto de que se fale com a veemência que se fala, por exemplo, do uso de preservativos. Nas escolas ensinam e explicam a importância do sexo seguro, como fazer, onde fazer, com quem fazer, por que lado fazer… mas sobre o acto de fazer o amor solitário ninguém fala.

Nunca vi nenhuma mãe nestas séries de Adolescentidiotas perguntar à filha “oh Maria Carlota, por acaso a menina já se tocou no banho hoje? Olhe, não se esqueça que é supé importante pá saúdinha! Agora vá lá tufonar à sua Tia Blucha…"

Nem a minha mãe…. E possivelmente que nem as vossas… me veio explicar todo o conteúdo sexual dentro duma vagina - o que é um pénis? Como nascem os bebés? E porque é que nos esvaímos em sangue todos os meses?…

Como qualquer pessoa da minha geração aprendi a dura e cruel realidade com o “Viva a Vida”, documentário estritamente científico sobre a luta entre os glóbulos vermelhos e os anticorpos e sinceramente não me lembro de ver nenhuma cassete de vídeo em que os personagens principais fossem os dedos.

Mas já consigo imaginar o triller: Os dedos, num dia de chuva e nevoeiro, encontram a Rainha Clítoris, uma poderosa monarca com 8 mil braços nervosos que sozinha consegue dominar todo o corpo. Mas a Rainha não perdoa ter sido abandonada durante tanto tempo e com os seus poderes tira qualquer tipo de controlo dos dedos fazendo-os mexer-se a velocidades estonteantes que os próprios músculos não conseguem acompanhar, deixando assim os dedos à mercê de cãibras mortais! A Rainha reina no final e como resultado da sua vitória deixa um sorriso estúpido na cara para mostrar quem manda.

Não era super instrutivo? Possivelmente traumatizante… mas muito instrutivo.

Devem ter reparado que para mim o clitóris é feminino por razões óbvias de poder, força e talento… a questão ortográfica é demasiado insignificante e se fazem tanto escândalo assim escrevo em latim - clítoris - porque não tem pessoa… ficam mais satisfeitas? … chatas, pá…

Bem, continuando. Podemos afirmar então com toda a certeza que este é um assunto pouco discutido e que a grande maioria das mulheres passa uma vida sem conhecer o potencial do próprio corpo, passa uma vida inteira sem saber o que é um orgasmo e tem relações sexuais enquanto pensa na falta de tinta do tecto.

Falta conversa, faltam mais explicações, faltam workshops que façam as mulheres olharem, examinarem, perceberem e experienciarem a própria vagina… ou as vaginas de outras (fica ao critério).

Fica a necessidade de explicar às nossas filhas como se faz, para quê se faz e quando se faz, para que percebam a potencialidade que têm, a independência que podem ter dos homens e como podem ficar satisfeitas apesar daqueles namorados auto-focados que adormecem no minuto seguinte.

Eu iniciei as viagens por mim própria depois de alguém me explicar como se fazia, de me ensinar, de me mostrar…. Mas se em vez de ter tido uma professora tivesse tido um professor, acredito que ainda hoje estaria com muito medo dos países baixos, um lugar ainda abandonado e apenas invadido de vez em quando por exércitos violentos que não pedem licença. Exércitos que não rondam as casa e não espreitam à janela para ver se há gente, exércitos que vão entrando sem pedir e muitas vezes sujam a casa e não limpam.

Mas atenção, não falo por vocês caras amigas tão bem encaixadinhas nos vossos apêndices… falo por todas as outras que continuam a ter no sexo uma tarefa doméstica, na masturbação um oitavo pecado, e no orgasmo um mito urbano.

Comecem-se a tocar, por favor, e não será só os sonhos que vos farão sorrir.

01 outubro 2009

Diogo…. 6 anos de idade… quer ser cabeleireiro:

- Tia, estás grávida?

- Não sobrinho... tou só gorda!

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