30 novembro 2009

A ovelha Choné

Actualmente ando muito chateada!

Bem… não é actualmente, na realidade é desde hoje de manhã, já que optei por fazer ponte e alguém optou por me acordar às 9 da manhã com um Black and Decker (adoro escrever palavras novas!). E como não é saudável engolir a raiva e má disposição porque posso acabar com gazes violentos - para os outros, claro - vou canonizar essa danação para a primeira estupidez que me vier à cabeça!

Um… dois…. Três! Cá vai:

Depois da fase em que a Britney Spears alegava ao mundo que era virgem, quando toda a gente sabia que ela era escorpião, voltou a moda do “sou-tão-pura-e-casta-e-ao-mesmo-tempo-tão- puta-que-até-enjoo”, que eu, como simpatizante do mundo VMSV - virgens mas sem vergonha, não posso deixar de me insurgir contra isto!

Determinada moça dos seus 27 anos escreveu um livro que se chama “Sim, sou Vigem, e Então?”…

Não vou dizer mal do livro, porque não o li, nem vou dizer mal da senhora, porque não a conheço.

Bem…

Pensando bem… vou realmente dizer mal do livro sem o ter lido, e vou dizer mal da senhora sem a conhecer, porque o blog é meu e no fundo no fundo, digo aquilo que me apetecer!

Sinto-me plagiada… Eu própria tinha escrito um post sobre o assunto e sobre formarmos um clube com orgias e tudo sem ter a necessidade de dizer “bom dia, sou virgem” a quem quer que passasse, e agora vem esta sujeita que se auto intitula presidente do clube das virgens, faz pose de garupa de mota para não sei quantas revistas masculinas, levanta o saiote e grita ao mundo que é virgem!

“Ah e tal, sou super virgem e super casta, mas topem-me a virilha!”

Primeiro diz que fundou um clube porque há muitas mais mulheres virgens do que se pensa, e depois é convidada (subentenda-se pagam-lhe) para dar entrevistas sobre a sua experiência única. Então como é que é? É a presidente de um clube, ou é a única sócia?

E depois diz que é por opção… é pá… está bem que basta qualquer mulher entrar num discoteca de saia e decote para sair dali para um beco qualquer seja voluntariamente ou não, mas sejamos sinceras… a virgindade é normalmente reflexo de duas coisas: Ou somos encalhadas, ou casámos com o senhor!

Qual senhor?... Fica ao vosso critério.

A madame escolheu também nada mais, nada menos do que uma acompanhante de luxo para lhe escrever o prefácio. Até aqui tudo bem, até parece uma escolha interessante dada a diferença lógica entre as duas, mas o que me causa certa comichão é terem-se conhecido num congresso sobre Desejo.

O que é que faz uma virgem num congresso sobre desejo?... Provavelmente enganou-se na porta…

Concordo que não se deve ter vergonha nem embaraço, porque como a própria diz, é tão natural ser-se como não ser. Mas quando se faz tanto alarido como este e se ganha dinheiro à conta dum assunto tão sensível para tantas mulheres deixa de ser uma coisa natural. E a bem da verdade a senhora também vende o corpo… vende a ausência de sexo… mas não deixa de ganhar dinheiro por expor o corpo e a sexualidade.

Da mesma forma que não é bonito alguém abrir as pernas ao mundo para contar sobre todos os que andaram a passear nos seus países baixos, também não me parece interessante que se ande na boca do mundo alegando com muita excitação que se é uma coisa, quando eu sei que no fundo, não se quer ser.

O que me faz também uma certa espécie é a senhora estar a querer conceber sem pecado, imitando certamente a Nossa Senhora. Está bem que pode não parir o Menino nos próximos 9 meses, mas certamente que concebe muita coisa na cabeça dos homens que lêem as revistas onde a “virgem mais sexy de Portugal” se apresentou nua e crua.

Será que tenho ressentimentos por eu própria, no meu tempo, não ter sido considerada a virgem mais sexy de Portugal?

Não… não me parece…

Mas sinto-me ofendida quando alguém aclama ao mundo a sua virgindade e orgulho em ser, e depois demonstra tanta pressa e vontade de não ser quando afasta os joelhos para meio mundo e publicita o material em estreia…

Se não quer vender o produto e desencalhar, só pode ter muita falta de assunto para falar…

Olhem para mim….tão interessante nos meus assuntos e nada estúpida nas convicções.

Dúvidas? Opiniões? Tertúlias?

O quê?

Porque é que o post se chama Ovelha choné?... é pá…. Porque me apeteceu.

26 novembro 2009

Ser poeta é ter azia.

Já que o povo pede mais e mais, e ao que parece até há muito boa gente que gosta dos erros ortográficos e gramaticais que eu aqui dou, resolvi fazer mais uma gazeta durante o horário de trabalho e vir para aqui alvitrar sobre coisas interessantes… ou pelo menos tentar… Ninguém me pode acusar de não tentar…

Não é que eu queira parar a minha pesquisa sobre lares de idosos que possam querer aprender mais sobre a biodiversidade que é tão bonita e coitadinha, não… de maneira nenhuma…. Este é o que eu chamo do meu trabalho de sonho… mas não posso lutar contra a corrente… nem consigo com o volume que tenho, que isto com a maré mais vale ser levada… posso sempre ir ter a uma ilha tropical cheia de água de coco e cabo-verdianos ruivos… nunca se sabe!

Mas agora a sério, obrigada pelo carinho e pelos comentários favoráveis à minha escrita de escrutínio, não imaginam o quanto fico feliz e motivada ao receber tantas ovações! Agora já sabem… o facto de eu continuar a massacrar as teclas e fazer os grandes escritores rodarem a baiana na tumba é, pura e simplesmente, responsabilidade vossa…. Nem venham cá com coisas… lá lá lá…. Não estou a ouvir!!!

Mas pronto, para não dizerem que eu não passo duma alcoviteira que só sei dizer mal do Zé e do Povinho, venho por este meio que é bem lindo, belo e amarelo, falar de coisas de gente grande. Venho ter uma daquelas conversas filosofais sobre a origem da vida, queijo e coisas afins.

Venho falar de poesia! Tã..tã…tã…tã…

É verdade sim senhora… sei escrever poesia…. Calma… não é poesia mesmo… queria eu dizer que sei escrever a palavra poesia… o quê?... quem?....estou deveras confusa e um tanto ou quanto atarantada!

Mas à frente… para quem não me conhece e para chatear os que já me conhecem e estão fartinhos de ouvir a mesmíssima coisa vezes e vezes sem conta… eu gosto muito de poesia! Gosto mesmo pá!

Quando oiço um belo dum poema diz que coiso…. Fico logo toda coisa… é mesmo isso… a poesia coisa…

Gosto muito de José Régio, Florbela Espanca, Ary dos Sandos … gosto de poetas e poemas de alma negra, sofridos e fingidos… gosto de palavras que transcrevam sofrimento…

Assim… e quando me dói muito a barriguinha do período mau, posso sempre dizer que há gente que sofreu muito mais do que eu, e que enquanto eu sinto o endométrio em erupção, eles sentem espuma e cânticos nos lábios… cada qual com a sua pancada!

Mas não me perguntem se gosto dos heterónimos do Fernando Pessoa que eu passo-me já aqui! Parto para a ignorância e dou um par de estalos no primeiro que vir à frente!

Eu não acredito em heterónimos, e vou fazer um grupo no facebook de gente que não acredita em heterónimos para verem como estou confiante!

Vocês podem uma vez mais fazer essa cara de parvos que estão a fazer neste momento, tentar lamber o cotovelo como qualquer pessoal normal que lê emails e reenviar este post para a vossa lista em menos de 3 segundos para não serem achatados por um cilindro de estrada, que eu não mudo de opinião!

Há quem não acredite em fantasmas e eu não acredito em heterónimos!

Passo a explicar:

Então uma pessoa que tem outras pessoas dentro dela é o quê?

Se for a “Rebeca, a estrela do anal”, é uma actriz porno de muito sucesso.

Se for pobre, é esquizofrénico.

Mas se for o Fernando Pessoa ou outra pessoa qualquer que passe os dias sentado na Brasileira a receber turistas no colo, ah e tal, diz que tem heterónimos!

Isto é claramente uma descriminação social. Então se eu começar a dizer que quem escreveu este post não fui eu, mas sim a Pomba Gira que me possuiu enquanto tentava rebentar balões nos entrefolhos do Helder o Rei do Kuduro, o que é que vocês fazem? (além de vomitarem perante a cena degradante).

Chamam os senhores de branco, dizem para eu experimentar aquele casaquinho da moda tão bonito e depois enfiam-me num quarto almofadado e fazem-me comer papas de aveia todos os dias enquanto jogo ao dominó com o Napoleão? ….Ou…. Elevam-me uma estátua no chiado por eu ter escrito um livro sobre pastores e começo a andar na rua com o buço por fazer e uma pose de artista?

Deve ser isso, deve….

Mas afinal, O Ricardo Reis, o Álvaro de Campos e o Alberto Caeiero são quem?

Têm mãe? Têm cartão do cidadão? Estão na lista de espera para terem um médico de família? Estão desempregados mas deixam os filhos estudarem em banda larga? Têm medo da gripe A e da vacina contra a gripe A?

Não?!?

Então, lamento desiludir-vos estudiosos da poesia que nada percebem da vida, mas eles não existiram!

São o Fernando Pessoa com azia! Não são mais do que produtos da esquizofrenia dum socialite do século XVIII, que usava laçarote mas não servia às mesas, muito pelo contrário, ficava horas ao sol sentado numa a ser rei de si próprio… e depois deu nisso…. Esquizofrenia.

Não me interpretem mal… gosto bastante da poesia de Fernando Pessoa… agora não me façam recordar os exames nacionais em que tive que defender uma coisa em que não acreditava, porque se tivesse respondido no exame de português que o senhor não era mais do que doente mental a esta hora não estava aqui, licenciada e trabalhadora (não sei riam… estúpidas…). Muito provavelmente estava a esquentar o umbigo na pia dum restaurante qualquer, e a recitar poesia de taberna para vender melhor os petiscos.

Mas agora que acabou essa fase em que vendemos a alma ao diabo (Aka governo) e acartamos com o que diz o programa escolar feito para nos limpar o cérebro a seco, posso vir aqui queimar sutiãs uma vez mais e rebelar-me contra a sociedade e dizer:

“Olhó pipi gostoso, é pró freguês e pra freguesa!”

Consegui escrever um post sério, honesto e interessante sem dizer mal de absolutamente ninguém?

Não…

16 novembro 2009

A lista

Às vezes sinto que faço coisas estranhas e que por isso não encaixo neste mundo, apesar de redondinha como ele… mas no final acabo por descobrir que o mundo pensa como eu e as minhas atitudes anormais são mais vulgares do que eu pensava.

Outras vezes acho que todo o mundo cheira o próprio chulé, como eu, mas depois descubro que afinal este é um hábito não só estranho, como porco e que estou realmente sozinha no universo.

….

Isto podia ser um qualquer anúncio a pensos higiénicos em que me queixo dos odores passaricais e penso que só eu é que não cheiro a rosas lá em baixo. Mas não….

É muito mais à frente que qualquer anuncio, que qualquer debate ou que qualquer parvoíce.

É a minha lista das 25 coisas que quero fazer antes de morrer. E antes que me perguntem “WTF??” e me façam ter a certeza que realmente ninguém respira o mesmo Azoto que eu, calem-se bem caladitas que ninguém vos perguntou nada.

Sim, eu sou uma pessoa que faz listas. Faço listas de compras como qualquer ser Humano em geral? Não… faço listas das coisas que quero fazer antes de morrer, que é muito mais bonito e consta que não há em qualquer superfície comercial.

….

”Plim, plim, plim, Vem ao Pingo Doce de Janeiro a Janeiro”…..

AAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHH (desespero)…. Pum pum pum (tiros…)

……

Pronto… Já passou. Ela não volta mais…. Shiu… calma…. Ela não volta mais…

…..

Bem, tirando este momento de pura estupidez que nada teve de lúdico, o que me traz aqui hoje é a realização de um dos itens da minha lista fantástica e que me deixou um pouquinho mais perto de morrer de felicidade!

Passo a explicar:

Eu fiz uma lista das coisas que quero mesmo fazer antes de morrer. Tenho esta lista já há muito tempo e são sobretudos sonhos e experiências que penso serem fundamentais para nos sentirmos realizados. Claro que cada um de nós tem as suas coisas e nem toda a gente sonha em furar os olhos à Floribela, mas o importante é termos algo que nos faça seguir em frente e acordar todos os dias com vontade de futuro. Afinal são os sonhos que nos fazem avançar!

Não… na minha lista não há qualquer referência à Floribela, antes que comecem já a atirar bitaites (mas que raio de palavra é esta?).

Esta lista está a ser preenchida ao longo da minha vida e só estará terminada quando não houver mais nada que eu queria fazer, nem mais nada que me faça falta. A lista estará completa quando eu tiver atingido a completa realização e for a pessoa mais feliz do mundo. Obviamente que isto é apenas um truque para que não morra nunca, porque há coisas muito difíceis de concretizar… não sei se é este o segredo para a imortalidade… mas há que tentar.

Na tal lista tenho sonhos muito variados: Desde sentir gravidade 0, plantar uma árvore, passando por receber sexo oral e nadar no árctico… São devaneios que me dão muita satisfação quando consigo riscar mais uma linha e dizer: Já fiz! Já desfilei numa passerelle!

Mas um dos itens mais improváveis e daqueles que considerei serem impossíveis de realizar e por tal, não me deixariam morrer nunca, aconteceu recentemente.

Há pouco tempo realizei o maior sonho da minha infância: Conheci o Maurício de Sousa!

Para quem me conhece sabe a adoração que eu tenho pela turma da Mónica e personagens afins. Nunca gostei do TioPatinhas nem coisas que o valham, mas a turminha mais divertida do Brasil sempre me encheu o coração.

Tenho livros mais velhos do que eu, e quase que chegam aos milhares. Quando era miúda enviava cartas e juntava todos os cupões de desconto para o Parque da Mónica com esperanças de um dia lá ir. E ainda hoje, com a idade que tenho, adoro deitar-me na cama a comer pipas e a devorar os livros, tal como comecei a fazer ainda antes de saber ler.

Uma vez escrevi uma carta ao Maurício a dizer que gostava muito de ter o livro das crónicas dos 30 anos, mas que não encontrava em Portugal e se podia comprar por correio. O senhor enviou-me o livro de graça e autografado. Fiquei a achar que não haveria melhor pessoa no mundo do que ele.

E finalmente realizei aquilo que considerei ser impossível. Conheci o grande Maurício.

Foi no Festival de Banda Desenhada da Amadora. A princípio não sabia que ele ia lá estar, mas quando descobri andei todo o dia em pulgas para lhe ir pedir um autógrafo. O meu coração batia acelerado pelas 16h quando ele fosse começar a dar os autógrafos, e o meu coração parou quando me virei de costas e dei de caras com ele. Igualzinho às ilustrações.

Só me saiu um: “oh”.

Ele olhou para mim e disse: -“oi, tudo bem?”

Eu olhei para ele… obviamente que não me consegui controlar… “Posso abraça-lohahhhhhh… e chorei convulsivamente no ombro do senhor enquanto uma câmara me filmava (ele ia dar uma entrevista) e milhentas pessoas me fotografavam! Eu chorava e libertava ranho enquanto tentava dizer aquilo que tinha ensaiado: O quanto ele tinha sido importante para mim, o quanto me educou, o quanto eu gosto dele…. Acho que no final foi uma figura bem triste, a minha…

Ele sorriu e emocionou-se. Agradeceu o carinho e disse para não ir embora que me daria um desenho!

No final, depois de duas horas na fila dos autógrafos, ele viu-me e disse “Estrelinha”… reconheceu-me e agarrou-me na mão. Desenhou-me a Mónica com um balão a dizer “Estrelinha, você emocionou meu papai”. Desenhou não só para mim, como para as centenas de pessoas que ali estavam, cada um levou um desenho único e especial, o que só me dá a certeza da boa pessoa que ele é.

Foi sem dúvida um momento muito especial que não esquecerei nunca. Foi sem dúvida das coisas que mais prazer me deu riscar na minha lista (depois do sexo oral, claro) e foi a realização de um sonho que considerava impossível.

Será isto o significado que afinal sou mortal?! Espero bem que sim… porque quando for, vou muito feliz.

Obrigada Maurício, por estares à 50 anos a criar melhores crianças.

E obrigada Maria, por fazeres questão de lhe dizer que ele estava na minha lista e por ter

es captado todos os momentos… sem desfocar!



E para que conste… já realizei aquilo que vocês estão a pensar… Sim… não sejam porcas… já plantei uma árvore sim, senhora!