30 maio 2007

Evento Nacional Tropeia 07

No dia 17 de Maio de 2007, cerca de 1100 estudantes de todo o mundo dirigiram-se de álcool no sangue e mochila às costas para um dos mais belos postos de Itália, o Capo Vaticano.
Coube à associação de Erasmus da minha universidade organizar este ano o encontro nacional de erasmus e o número de participantes nunca foi tão grande. O nosso grupinho de aproximadamente 40 erasmus (1 portuguesa, 1 americana, 2 gregas, 3 búlgaras, 2 alemães, 3 belgas, 6 Polacos e aproximadamente 20 espanhóis) dirigiu-se num manhã chuvosa e feia para a estação de comboios de Casteglione. Com a preciosa ajuda do nosso amigo Italiano Toni, que com a sua carrinha nos levou as malas até à estação, foram relativamente fácil os 20 min a pé até à estação e a chover. Apanhámos o comboio até Paola onde ficámos mais ou menos 2 horas à espera do comboio-erasmus que vinha de Milão com a população sedenta de diversão!Ao entrar no comboio reservado apenas para o efeito, o primeiro pensamento foi “Pai Nosso que Estais no céu... que nojo do caralho!”. Imaginem um comboio com 1000 pessoas dentro, quando na verdade só tem lugares aí para 700, 1000 estudantes, alguns já com 17h de viagem em cima, a beber, a cuspir, a vomitar a forni... a fazer o amor, a comer... tudo isto nos corredores de 50 cm, nas carruagens e nas casas de banho. Um funcionário da Trenitália, que já trabalha à 30 anos no oficio, disse numa entrevista, que nunca na vida tinha visto algo assim. Nem eu tinha visto algo semelhante, nem mesmo as nossas queimas batem este comboio do horror. Acho que era por isso que estava quase tudo alcoolizado às 10 da manhã,tinham que se anestesiar para conseguir andar descalço naquele comboio, como se tivessem em casa.
Tentámos nos dividir pelos corredores já que obviamente o comboio ia a rebentar pelas costuras, conhecemos umas mocinhas espanholas muito simpáticas e lá fomos conversando as 2 horas de viajem com quem ia mais ou menos sobrio. Diga-se que o comboio chegou a nós com 3 horas de atraso e demorou mais do que o previsto a chegar a Tropeia porque durante toda a viajem foram travando o comboio, algo que eu sempre pensei que era uma loucura fazer só no gozo, mas parece que fizerem isso pelo menos 12 vezes durante todo o caminho, os senhores só não descarrilaram o comboio porque não calhou!
Eram mais ou menos cerca de 1100 pessoas e não é exagero dizer que 80% eram Espanhóis, mas a minha ansiedade de encontrar Portugueses foi satisfeita na estação de Ricadi, quando ao seguir o som dos “Foda-se, caralho”, encontrei um grupo de pessoal de bandeira à cintura e como é óbvio alcoolizados.
Ainda tivemos à espera dos autocarros para levar as mil pessoas para o Hotel, entretanto jogámos ao “tenta descobrir uma pessoa que não seja espanhola” e foi assim que descobri pessoal de Évora. Muito bom, grande coincidência, encontrar assim pessoal que conhecemos de vista, que nos conhecem, que conhecem os mesmos sítios que tu, que são da tua universidade, que vestem a mesma camisola que tu, num país diferente, numa outra parte do mundo... é uma sensação do caraças... fiquei mesmo muito feliz por finalmente poder falar português e partilhar comentários do género “A minha universidade é uma mitra” e as pessoas perceberem-te.
Como é óbvio o pessoal que vai de Erasmus quer ir para Roma, Florença, Milão... e eu fui a única Portuguesa que escolheu o sul e contrariando a minha sensação de ser mesmo a única em Itália, há imensos Portugueses no norte, mas depois de conversar com o pessoal e me dizerem que pagam 400€ de casa e que estão fartos de portugueses porque estão sempre juntos, dou muito mais valor ao facto de estar aqui na minha residenciazinha, sendo “A Portuguesa” de cá, e como diz o pessoal, “A Portuguesa preferida”.
O Hotel onde ficámos custa mais ou menos 800€ por semana para terem uma noção da dimensão da coisa. Não é bem um Hotel, é mais um resort com imensos apartamentos, casas e cabanas, com praia privativa, piscina, discoteca, restaurantes, anfiteatro para concertos, etc, etc...Nós pagámos 140€ por 4 dias com todas as refeições incluídas e dormimos em cabanas para 4 pessoas. Pode-se dizer que foi uma pechincha do caraças, fomos os que ficamos mais bem instalados, nas casas e na localização, porque afinal de contas foi a nossa universidade a organizar. A comida era muito boa, o pessoal chegava a comer 4 pratos por refeição porque repetiam o 1º prato (a pasta) e o segundo (carne ou peixe). Ao pequeno almoço croassants quentinhos com nutela ... só mesmo pela comida já valeu o dinheiro.
Eu fiquei no quarto com 3 Búlgaras, não fiquei muito contente porque o pessoal ficou todo com quem queria, com os namorados, com os amigos e eu fiquei com 3 raparigas que falam pouco, só búlgaro entre elas e que não eram muito simpáticas, mas pronto, no fim é verdade que o tempo que se estava no quarto era muito pouco, pelo menos no meu, e depois de as conhecer até que eram porreirinhas, um pouco isoladas porque estavam sempre as 3 juntas, mas podiam ser piores, podiam ser góticas que cortam os pulsos e isso sim, seria desagradável. À conta disso do quarto fiquei um bocado chateada no primeiro dia e amarrei o burro, vesti o biquíni e fui mergulhar no mar que estava com bandeira vermelha e a chover. Consegui arrastar comigo Mikel, um espanhol que é o meu companheiro de banhos e as Polacas que estavam meio alcoolizadas. O mar estava muito perigoso e era difícil sair da água porque a corrente era muito forte, mas com a chuva a água era uma delicia. Assim, como estava mesmo muito agressivo fomos para a piscina pensando que estaria vazia porque afinal estava a chover, mas quando lá chegamos constatámos que estava cheia, afinal este pessoal é estudante e a chuva só aumenta a vontade de ir ao banho. Ficámos na piscina até à hora de jantar, o tempo melhorou e a piscina encheu mais ainda.
No jantar aprendemos umas quantas canções alemãs para dançar à mesa e era ver o restaurante todo a bailar o “Sheek Sheek Sheek”... muito porreiro! Uma coisa que não gostei muito foi que estávamos separados, como era um resort havia imensos restaurantes separados pelas áreas de habitação, assim naquele éramos só nós, mas penso que seria mais giro se fizéssemos as refeições todos juntos para se conhecer pessoal do nosso país e até da mesma cidade, mas compreendo que ali seja impossível. Depois do jantar cada um foi ao seu quarto encher as garrafas de gin limão e fomos para a ramboiada porque havia um concerto no anfiteatro e diga-se que foi a loucura. Nesta primeira noite enfrasquei-me à grande e à portuguesa. Saí um pouco do concerto para dar uma volta e encontrei um gajo desmaiado – o primeiro a ir ao chão- e eram só umas 10 da noite, depois o Eneko e a Chucha que tinham saído para encher as garrafas, encontraram-me debruçada para o mar e perguntaram-me o que eu estava a fazer e para mal dos meus pecados, eu respondi convicta que nem uma bela bêbada, “stoy a parlar con el mare”... ora o que eu fui dizer... até hoje essa ficou e não perdem uma oportunidade para gozar com a minha cara, telefonam-me e respondem “Estrela, soy el mare!” e perguntam-me se gosto mais deles ou do mar... bom, desta já não se esquecem, também estavam alcoolizados mas isto não olvidam, e claro que a noticia de que eu falava com o mar se espalhou, e temo que a minha imagem nunca mais será a mesma!
Depois da minha revelação fui com eles a casa e depois fomos para a piscina. Eu perfeitamente consciente da merda que é entrar dentro de água alcoolizada e de noite, não consegui controlar o meu corpo, e lá fui cometer uma loucura e mais uma vez a piscina estava cheia de gente, vestidos e alcoolizados e em muito pior estado que nós, seguramente! Depois de atirar pessoal que não conhecia à água e de ter mergulhado bem em cima da cabeça dum rapaz resolvi ir para casa, quando o meu corpo entrou em acordo com a minha cabeça, lá consegui sair da piscina e ainda hoje não sei a que horas fui dormir, mas no dia seguinte lá acordei às 8h, sem despertador nenhum já que deixei a minha mala com tudo na casa de alguém. Fui tomar o pequeno almoço um bocado assustada por não encontrar mais ninguém, mas por fim lá encontrei o Sebastian, um rapaz alemão, que me disse que estavam todos a dormir e fomos os dois dar um mergulho no mar para acordar. Apareceu o Kenny, um Belga, e fomos os três para a piscina já que estava um frio do caraças. Ficamos assim a manhã inteira a apanhar banhos de sol, entre os intervalos de nuvens, quando por volta do meio dia começou a aparecer o pessoal, que estiveram o tempo todo a dormir que nem uns porcos. Mais uma vez bom almoço e durante a tarde, com o tempo muito melhor, muita prainha!
Organizaram umas quantas excursões a Tropeia e a Ricadi para conhecer as cidades, mas só de pensar nas 1000 pessoas para apanhar os autocarros, a vontade de ficar deitadinhos na praia era muita, e asim ficámos, de papo para o ar sem fazer nenhum. Quando se fez hora de jantar fomos para casa, tirar fotos ao pôr do sol que era lindo, com o Stromboli de fundo, uma vista de cortar a respiração, e lá tirei fotos a falar com o mar, para a posteridade, como diriam.

Não bebi mais, apesar do pessoal estar todo alcoolizado, mas realmente 2 vezes seguidas para mim não resulta, uma vez por ano e já é muito! Mais uma vez com concerto e depois da meia noite fomos cantar os parabéns à minha colega de casa que fazia anos, a Verónica, e oferecemos-lhe as nossas prenditas. Continuaram a ramboiada, desta vez nas cabanas do pessoal, eu como não estava com vontade de beber, nem com paciência para assistir às bebedeiras dos outros fui dormir.
Acordaram-me de madrugada não sei quantas vezes, as Búlgaras chegaram a casa bêbadas e quando às 6 da manhã abri os olhos dou com o meu quarto cheio de gente e duas das Búlgaras a beijarem-se, como achei aquilo demasiado surreal, fechei os olhos e continuei a dormir, porque seguramente deveria estar a sonhar. Por volta das 8 horas levantei-me para ir tomar o pequeno almoço, deixei o Eneko a dormir na minha cama porque o pessoal da casa dele não lhe abria a porta e fui com a Anna, uma Polaca, para a praia. Adormecemos ao sol toda a manhã e não será preciso dizer que apanhei um escaldãozinho daqueles...
Soube que um Português partiu a cabeça na piscina na noite anterior porque mergulhou numa zona de 5 cm, mas estava tão bêbado que foi ao hospital sozinho e voltou para continuar a festa.... tinha que ser português!
Mais uma vez a tarde foi passada na praia: secção de massagens, andar de gaivota quase até ao Stromboli, com direito a enjoo no mar e tudo.
À noite havia uma festa em tropeia, na praia, para a despedida com todos os erasmus, mas depois de estarmos 1 hora á espera dos autocarros e pensar nas seguintes horas de espera para que 1000 pessoas entrassem apenas em 3 autocarros, eu, Eneko, Chucha, Vero e Paco resolvemos ir para casa, beber umas bejecas na esplanada e conversar até o sono vir. Muito mais agradável na minha opinião, momentos muito bem passados. Depois como eu estava a morrer de frio fomos para dentro de casa e adormecemos todos ali.
Na manhã seguinte foi um reboliço dos diabos para arrumar as coisas e apanhar o autocarro para a estação. Acabámos por ficar umas duas horas na estação e eu esqueci-me de uma blusa, mas pelo menos ficamos sentados na viajem de regresso. Chegados a Casteglione fomos ao Forno, que fica a caminho da universidade e está aberto 24h por dia, comer umas pizzas e retornamos a casa.
O saldo final é muito positivo, penso que correu bem no geral, tirando uma cabeça partida e uma rapariga que foi encontrada nua e em coma alcoólico não aconteceram grandes distúrbios. Foram uns dias muito bem passados e posso dizer que ficava mais uns quantos naquela boa vida de não fazer nenhum.
Mas agora de volta à realidade das 8 cadeiras em 2 semanas e do semestre que está quase a acabar o pânico começa a surgir. Faltam 2 semanas para acabar as aulas e começarem os exames, o medo é o sentimento de ordem e a ansiedade transborda-me os poros, mas espero que as fadinhas e os duendes estejam comigo e que me ajudem neste momento. Também penso no mês que falta para me ir embora e um aperto surge-me no coração.... partir é sempre tão doloroso, principalmente depois de termos encontrado pessoas tão especiais! Já sinto saudades de todos!

03 maio 2007

As aulas

Resolvi fazer uma breve apresentação de como está a ser a minha vida estudantil por estes lados, que afinal de contas, foi para isso que vim.
Ora bem, há uns quantos pormenores que eu ainda não percebi, como por exemplo, se tenho aulas numa morgue, num museu ou simplesmente no sitio de muito mau gosto. Quando se entra no cubeto 4 da Universidade a primeira visão que se tem é de um belo exemplar de um lobo, dentro de uma caixa de vidro, com muitos amigos em redor, como répteis, insectos e roedores de olhares petrificados e corpos frígidos, isto porque os pobres animais estão todos embalsamados. Dar de caras com um bicho daquele tamanho e com ar de quem não está contente por estar cheio de gesso não é lá muito agradável. Posteriormente ao choque já fizemos amizade, chama-se Lupi e é o meu melhor amigo empalhado, todos os dias o comprimento e aposto que fica feliz por ter alguém com quem conversar, que aqueles coleópteros não têm ar de ser grandes amigos. De seguida, por todo o cubo pode-se encontrar dezenas de animais, ora empalhados, ora em fósseis, ora em trabalhos... é um cubo cheio de vida morta, até um esturjão têm empalhado. O pior de tudo é a sala de comunicação animal em que me sinto rodeada de animais de olhos de vidro e prontos a atacar. Têm um exemplar de cada ordem das aves, têm mustelídeos, têm lagomorfos, têm um texugo e um roedor que é do tamanho dum texugo e para completar a decoração têm um gamo ... não acho grande piada a ter aulas a sentir me observada e estudada pelos animais petrificados, mas desde que eu não comece a imaginar os bichos a moverem-se enquanto a gente não está a olhar, dá para suportar as aulas.

Por falar em aulas, já devem saber das maravilhosas 8 cadeiras que tenho que fazer em 2 meses e em italiano...pois é, tendo eu 32 créditos em falta para completar os créditos obrigatórios em cadeiras na minha licenciatura, isto seria mais ou menos 4 cadeiras de 6 créditos. O meu plano de estudos para Itália seria fazer as duas atrasadas antes do 3ºtrimestre e depois fazer as quatro que faltavam. Isso era tudo muito bonito se por acaso o mundo funcionasse bem, mas como não é o caso, e como o normal de uma cadeira aqui é valer 3 créditos, muito raramente 5, para completar os créditos que me faltavam tive que me inscrever a 9 cadeiras (34 créditos), isto noutra língua e em apenas fantásticos 2 meses de aulas... é a PDL!
Bom, já começadas as classes posso-vos dar umas luzes de como estão a ser. Estou a assistir a 7 cadeiras, depois tenho que fazer Biologia Molecular Eucariótica cujo horário não me permite assistir, fora a de cálculo diferencial que já está despachada. A biologia molecular, apesar da má experiência da primeira oral de 10 horas, parece me que vá ser acessível porque a professora é espectacular e é a minha orientadora de erasmus, estou confiante que vai ser mais acessivel.
As minhas cadeiras têm nomes bonitos, como por exemplo "Fanerogame Marino e monitoraggio costieiro" (impressionados??) em que tratamos essencialmente das zoósteras marinhas e de técnicas de monitorização costeira. As aulas já terminaram, eram só 12h e com as secções intensivas foi num instante. O professor é muito porreiro, é gente jovem e não quer que lhe chamem professor, está sempre a enrolar o cabelo quando fala e acho-lhe piada porque parece uma menina, mas é super acessível. Além do mais só tenho que fazer um trabalho e ir a duas saídas de campo no mar nos barcos da associação... olha que chatice! O trabalho que escolhi, para variar tinha que ser trabalhoso, que eu não conheço a palavra simples, assim propus fazer um relatório de uma pradaria de Posidonia oceanica e depois propor medidas de gestão e conservação o que me vai implicar algumas saídas ao mar, mergulho, fotografia... estou mesmo chateada...
Depois enlouqueci nas inscrições e estou a fazer Sistemática Vegetal... alguém que me acabe com o sofrimento.... apenas porque pensei que tivesse algo a ver com Fitodiversidade que eu gostei tanto de fazer, e porque vale 5 créditos é uma ajuda do caraças. Mas lá está, é muito aproximado à botânica... demais... e é uma seca. O professor fala debaixo de água, nem os Italianos o entendem, quanto mais eu, falta imenso, ainda ninguém percebeu bem o programa e o que estamos a dar... acho que a esperança geral é a oral ser o mesmo tipo de javardice e passar tudo na boa.
Depois estou a fazer Rinaturação e Riqualificação fluvial, o professor é porreiro e muito atencioso e a matéria tem um pouco de várias áreas, é bem interessante, apesar de ser muita coisa, vamos a ver como vai ser esta oral. Avaliação de Impacto ambiental é dada pelo chefão aqui da zona, um senhor sempre com milhares de coisas para fazer, mas muito porreiro, também falta um bocado mas arranja sempre substituto.. já que manda! A cadeira em si parece-me fácil, vamos a ver como vai ser esta também. Depois estou a fazer Biologia Aplicada II, (acabem de vez com este sofrimento!). É uma daquelas cadeiras que estou a fazer por facilidade de horário, mas o professor é muito porreiro e a matéria não parece ser muito difícil, valendo 4 créditos vale a pena tentar, apesar de ser laboratório e muita bioquímica.
Depois, as minhas cadeiras preferidas são, claro, as de comportamento. Estou a fazer Etologia que tem como base o comportamento do Lobo, porque a universidade tem em mãos um projecto aqui no parque natural, e Comunicação Animal, que muito sinceramente, acaba por ser a mesma coisa, mas não me importo de ouvir duas vezes a mesma matéria, é sempre uma boa ajuda.
Gosto muito da minha professora da Etologia, é super atenciosa e as aulas são muito boas, estas duas cadeiras são sem dúvida aquelas que mais gozo me dão fazer.
As aulas em si variam um bocado no sentido em que, por exemplo, em etologia somos uns 30 na sala, e é com aqueles estudantes que falam, mandam bilhetinhos e o mais irritante, mascam pastilha de boca aberta... o quão perto que eu já estive de dar um par de estalos nestas italianas.... quando me calha a sorte de ter uma destas vacas que estão 2 horas de plástico na boca a fazer nhec, nhec, nhec e a estalar as pastilhas o meu pensamento não vai mais além do que “Já morrias!” e claro que não me consigo concentrar. Depois as aulas são em salas cujas cadeiras são todas coladas umas às outras, perfeito para sentir o fantástico odor do pessoal que não toma banho, perfeito para não conseguir ignorar as conversas no meio das aulas e para ter constantes nhecs, nhecs nos ouvidos.... até fico com comichões só de pensar!
Mas por exemplo, a biologia aplicada somos só 5 e nas aulas só se ouve o diálogo super relaxante do professor, ideal para insónias e problemas de stress. A avaliação de impacto ambiental a turma deve ter umas 15 pessoas, e vá lá, uma criatura que é a coisa mais estranha que eu já vi na minha vida... isso mesmo, mais estranha que os personagens de Évora, o pessoal na sala está sempre a mandá-la calar porque está sempre a interromper o professor, e este até já a ignora e manda-a falar para a mão. Faz comentários sem o mínimo de sentido e está sempre, mas sempre a escrever, mesmo quando não há nada para escrever, espero que seja um trabalho que o psicólogo lhe tenha mandado ou assim, como escrever 100x “Não posso falar, não posso falar”, quando tiver ânsias de dizer asneiras.
Como estou a assistir a 7 cadeiras o meu horário é mais ou menos, todos os dias das 8 e meia às 5 e meia da tarde, nada puxadinho... e em italiano que é sempre um pormenor a ter em atenção caso queiram qualificar a dificuldade que estou a ter.
Mas já fiz imensos amigos, pessoal que troca apontamentos e que grava as aulas, pessoal impecável. Dois grupos completamente distintos, o pessoal de Biologia Celular com quem tenho bio aplicada, sistemática vegetal e bio mol e o pessoal de Ciências naturalisticas, com quem tenho as restantes cadeiras. Estou a gostar muito da experiência, só espero que consiga fazer esta catrefada de cadeiras, para que isto não seja tempo e dinheiro desperdiçado. Desperdiçado não é porque já fiz matemática II e depois, penso que mesmo não fazendo nenhuma cadeira, já era uma experiência que vale a pena por tudo, pelas pessoas que se conhecem, pelas experiências que se têm, pelo que se aprende, por tudo... vale mesmo a pena, acho que todos os estudantes deviam passar por esta experiência porque é inesquecível e impagável.