27 abril 2007

Feriado na praia

Para quem não sabe, o 25 de Abril também é um dia em grande aqui pelas Itálias. Parece que também foi neste dia que se livraram do fascismo e é um feriado importante. Na aula de italiano fiquei a saber que há imensos países que têm feriado neste dia, achei muito estranho, afinal sempre tive a ideia que o 25 Abril era nosso, era a nossa revolução dos cravos... mas deve ser daqueles dias que os astrólogos dizem ser bons para revoluções, então toda a gente usa!
Na noite de 24 estivemos na rua a jogar voleibol até ás 3 da manhã. Quer dizer, voleibol como quem diz, que aquilo era uma espécie de jogo do mata. Chama-se Batata, não faço ideia porquê e a ideia é ir matando aqueles que estão no meio, quem falha vai para o meio e se os que estão no meio agarram a bola estão salvos… é mais ou menos isto, é claro que há boladas na cabeça, há uns quantos “puta de merda”, mas tudo na brincadeira, por acaso foi muito divertido.
Ficámos de nos encontrar na manhã seguinte ás 11 e meia para irmos apanhar o comboio para a praia. Eu apesar do soninho lá acordei cedinho para fazer a maldita depilação, processo no qual demoro uma 1 hora e mei,a isto se for á pressa, como foi o caso, mas como o que tem que ser tem muita força e eu já tinha saudades de mergulhar no mar, lá fui de gilete na mão acabar com as pilosidades. Despachei-me, vesti o bikiní e fui ter á casa dos amigos espanhóis para irmos para a estação. Quando cheguei ainda estavam a comer e ainda tivemos uma hora á espera do resto de pessoal, muitos desistiram de ir porque o sol estava a ir embora e era provável que nevasse (aqui nada é impossível), mas ainda ficamos um grupinho fixe de umas 10 pessoas. Entretanto já atrasados para apanhar o comboio fomos a correr até 4Miglia, com paragem no Forno para compara pão, pizas e afins para o almoço na praia. Chegamos á estação a soltar os bofes pela boca, mas antes do comboio. Na estação ainda fui ao bar trocar dinheiro para pagar á rapariga Grega que me tinha emprestado no forno e comprar um geladinho.
A praia em si é uma merda, aquilo não é areia, é pedras e os meus pés sensíveis só choravam com tanta agressão, mas a água é uma maravilha, super límpida e bem fresquinha como eu gosto. Aos poucos o nosso grupo foi-se completando com pessoal que foi chegando mais tarde, inclusive com um dos meus colegas que me tinha dado boleia no curso e que curiosamente, tem amigos em comum comigo.
Foi um dia muito bem passado, nadei um bom bocado, jogamos á batata, voleibol, fizemos móches e no fim do dia foi uma secção de massagens colectivas.
Ainda deu para uma secção do “Eu nunca” que afinal é universal, e teve imensas pérolas como “eu nunca fiz amor com um cavalo” e o pessoal todo a olhar uns para os outros a ver se alguém bebia, uma das minhas também foi do melhor “eu nunca fui a putas” e ninguém bebeu, eu e uma espanhola começamos a dizer que não acreditávamos, então houve um que se saiu com esta “eu dei-lhe 50€ uma vez, mas era só um presente, não foi nada disso.” Nunca ri tanto na minha vida, é incrível como estes jogos só dão para o lado da cueca… Alguém ainda perguntou se tinham que ser coisas sexuais e a resposta foi do género “Não tem que ser …. Não, tem mesmo que ser…”, porque também é logo no que o pessoal pensa e o objectivo é embaraçar os outros. A minha mente nestas coisas é uma anormalidade, lá me saiu uma do “Nunca fiz sexo sadomasoquista” e o mesmo rapaz bebeu e foi a loucura, o rapaz também era um prato “foi só umas palmadinhas”… Lindo… o pessoal á volta sentava-se só para ouvir aquelas pérolas!
Quando regressámos a casa, parámos mais uma vez no forno que era a única coisa aberta no feriado, mas eu não me apetecia porcarias e fui comer á mensa (LOLOL). Tomei um belo dum banho, com pena de tirar a água salgada do corpo, que me faz muito bem á pele, e fui dormir ás 8 da noite. Hoje acordei ás 8 horas porque tinha aulas ás 8 e meia e não me conseguia mexer. Estou toda partida… dói-me todos os músculos do corpo, até as pálpebras me doem, não me consigo mexer para nada e a andar parece que levei um enxerto de porrada… mas parece que está toda a gente assim. Ir á praia é como ser agredida por 4 pesos-pesados.

Curso Jornalismo ambiental

“Certifica-se que Matilde Estrela, participou no curso de formação de jornalismo ambiental “Comunicar o Ambiente”, organizado pela Associação Italiana Naturalística e leccionado pelo jornalista de “La Nouva Ecologia”, Raffaele Lupoli.”
Yeeeeeeeeee já sou uma Davida Antabora! O curso foi muito bom, adorei mesmo, um fim-de-semana em grande!
Tudo começou na manhã de sábado, quando me levantei por volta das 6 e 45h da manhã porque tinha que ir apanhar o comboio das 7:30h para Paola e ainda demorava uns 20 min a pé até 4Miglia, já que a esta hora e num sábado não há autocarros. Lá acordei com as galinhas, despachei-me e pus-me a caminho. Cheguei mesmo a tempo do comboio partir e lá arranquei eu em direcção ao mar, sempre com aquela sensação que estava no comboio errado e que o mar era para o outro lado, deve ser algum tipo de doença que eu tenho causada por um vírus do género “comboius erradus” ou algo similar. Mas a sensação desapareceu quando vi a placa da estação a dizer Paola e quando desci e me lembrei da madrugada que passei ali no regresso de Sicília. Quando desci fui ver se via o senhor que me adoptou nessa noite, mas ele deve trabalhar por turnos e naquela manhã não estava lá. Então lá saí eu da estação à procura de pessoas com o mesmo ar de quem vem fazer um curso, e da navetta que nos ia levar até ao hotel. Bom lá andei eu com aquele ar de barata tonta á procura da cabeça e não via ninguém nem navetta nenhuma, fui então perguntar aos senhores da estação se sabiam de alguma coisa, onde se apanhava a navetta ou onde era o hotel. Bem, devem escolher a dedo os funcionários desta estação, ou sou eu que tenho uma pontaria do caraças, fui falar com um senhor super atencioso que andou uns 10 min à procura do telefone do hotel e de um telefone por onde pudesse ligar, que como a estação está em obras não havia cabine que funcionasse, o senhor lá conseguiu ligar para saber como eu faria e por fim lá me disse que tinha que sair do outra lado da estação, do lado do mar e esperar. Foi mesmo impecável comigo, gente muito porreirinha!
Fiquei á espera da navetta, que é uma daquelas carrinhas de 9 lugares e por fim chegaram o resto das pessoas para o curso, eu só conhecia a rapariga onde me fui inscrever, mas á primeira vista ela não me reconheceu e eu também não disse nada. Entrámos na carrinha e enquanto alguns ainda tiveram que esperar pela segunda viajem da navetta, nós lá subimos pelo morro acima até ao Hotel L’Ostrica. Chegados lá acima já estavam imensas pessoas á espera e a rapariga das inscrições lá me reconheceu e veio falar comigo. Estivemos á espera que o pessoal todo chegasse, ou melhor, os senhores poderosos que vinham assistir á inauguração, (afinal isto além de ser um curso, era também a inauguração da escola naturalística), o presidente do comité cientifico do museu de história natural da Calábria e a vice-presidente, respectivamente marido e mulher e meus professores. Enquanto estávamos á espera pelo início comecei a conhecer o pessoal e comecei logo pelas senhoras biólogas e naturalísticas que tinham vindo fazer o curso. Não sei porquê, mas vou sempre para o pessoal mais velho, talvez porque o pessoal da minha idade esteja em turma e se feche mais a novas caras. Mas as raparigas foram impecáveis, super simpáticas e sempre cheias de perguntas e curiosidades e eu que também não fico nada atrás no item perguntadeira, também lá enchi as mocinhas com questões e lá fiquei a saber que o desemprego não é só em Portugal.
Quando os senhores poderosos chegaram lá se fez a secção de inauguração, na qual fui mencionada por ser a única estrangeira no recinto e depois os comes e bebes, onde comecei a conversar com a minha professora de comunicação animal sobre os meus planos futuros etológicos e afins. A senhora só trabalha com insectos e não percebe nada de bichos grandes, mas lá deu para tocar umas ideias e sugestões. Também descobri que o presidente da escola naturalística esteve um mês em Évora, a trabalhar com o professor de herptologia e que adorou a cidade e as pessoas. Muito bom encontrar pessoal que conhece a nossa cidade e os nossos professores.
O curso lá começou a sério a meio da manhã, onde o senhor jornalista nos deu as bases de jornalismo e as diferenças entre comunicação e informação e acima de tudo, a diferença entre jornalismo ambiental e os outros tipos de jornalismo. O curso foi na sua grande maioria prático, no sentido em que tínhamos que construir noticias, pôr-nos no papel de leitores e saber interpretar a tipologia de revistas e jornais, pelo seu conteúdo.
Fomos almoçar, talvez o melhor almoço que já tive aqui: Um projecto de arroz de marisco italiano e como segundo prato, um peixe disfarçado de bife. Nunca tinha visto uma posta de peixe como aquela, da grossura de um bife e sem uma única espinha, tanto que para meu espanto houve pessoas que pediram carne porque não comiam peixe com espinhas…. É certo que nunca na vida provaram uma bela sardinhada!
Eu pensava que ia ficar calada o almoço inteiro, mas o pessoal é mesmo do melhor e começou logo a meter conversa e conheci imensa gente, todos a dizerem que eu falava muito bem italiano e eu babar-me com tanto elogio, o facto de eu ter ido sozinha para Sicília passear também fez de mim a heroína do dia, claro que se a mania fosse merda, eu estaria toda cagadinha naquele momento, o meu ego transformou-se num “egão”.
A tarde também foi na sua maioria prática, tivemos que estudar uma noticia e dar-lhe um titulo, no qual aprendemos bastante, pois a noticia era sobre a máfia que há em torno da recolha de lixo e que rende milhões, e sobre o politico do assunto que andava metido no assunto. É claro que quando o pessoal começou a fazer o titulo era tudo muito agressivo, muito à TVI, “O mundo acabou: a máfia controla o lixo!!” e algo do género, mas claro que o essencial no jornalismo é informarmos as pessoas e não colocar opiniões pessoais no assunto, nem criar sensacionalismo, o jornalista tem que ser o mais imparcial possível. Também estudamos um texto inventado sobre uma rã descoberta na Amazónia cuja substância cerosa era uma ajuda importante no combate a doenças cardiovasculares e eu fui a escolhida para ler o texto em voz alta (em italiano), o pessoal começou a dizer que era mau ser eu a ler, a chamarem-me “poverina” e coisas do género, mas eu lá disse que não me importava, e no fim só tenho a dizer que fui aplaudida… só faltou a secção de autógrafos… o meu Italejano faz uma sucesso do caraças.
E assim se passou a tarde, com aulas e lanchinhos pelo meio, onde conversávamos imenso com o pessoal e onde fiquei a conhecer imensos colegas meus de Ecologia, também super impecáveis.
No final do dia voltámos para apanhar o comboio e depois tive boleia de um dos meus colegas até ao centro residencial.
Na manhã de domingo não tive que ir de comboio porque me deram boleia do centro residencial, fui com umas senhoras que trabalham na universidade, inclusive a rapariga das inscrições que por incrível que pareça tinha sido colega da minha “avozita” e trouxe-me umas fotos duma saídas de campo delas para eu ver, o mundo é mesmo pequeno! No caminho vimos um texugo morto e ficou tudo muito admirado porque nunca tinham visto um na vida, e para meu grande espanto, há pessoas licenciadas em zoologia animal que pensam que os texugos são como o Flor no filme do Bambi, lá dei o meu ar de entendida no assunto e expliquei a diferença entre os nossos animais e os americanos. O caminho até Paola de carro é excelente, atravessámos a montanha em direcção ao mar e a vista é fantástica!
Quando chegadas ao Hotel, estivemos que esperar pelo resto do pessoal e lá se espalhou a noticia do texugo, mas uma das senhoras que ia no carro em frente disse que não era, que era um cão, eu lá disse que tinha a certeza de que era um texugo porque já tinha visto muitos mortos (só mortos!), mas a senhora lá teimou a dizer que tinha visto bem e eu não quis dar uma de chata e lá me calei, sempre com aquela sensação irritante de que “Eu sei que tenho razão!”. Tínhamos cornettos de ciocolato para nos receber e suminho de frutas, (mas que curso do caraças), e mais uma vez tivemos na conversa até o pessoal todo chegar. Lá fiz os meus contactos com pessoal que trabalhe no campo e precise de ajuda, o presidente da escola lá disse que lhe dava jeito e pode ser que vá para as montanhas á caça de répteis e anfíbios.
Nessa manhã tivemos que nos juntar em grupo e fazer um jornal, fiquei com um grupinho muito porreiro, só raparigas, cheias de ideias e foi super divertido. Tivemos a ideia de fazer uma guia de turismo ecológico por Calábria que é muito negligenciada a nível de turismo, mas que tem coisas lindíssimas para ver. Como eu não podia ajudar nesta área fiquei a directora do jornal (porque não fazia nada) e responsável pela parte gráfica. Lá me pus a desenhar a capa e a fazer o esboço do jornal. Foi super divertido. No fim da manhã cada grupo apresentou as suas ideias e o jornalista disse o que tinham feito bem e mal. Fez depois uma abordagem final do curso, agradeceu a nossa presença, disse que tinha gostado imenso e que tinha sido uma experiência muito boa. E no fim foi a entrega dos diplomas, e eu fui logo a primeira. Lá fui ao pódio receber o diploma e recebi aplausos duplos, porque segundo o jornalista tinha feito um esforço a dobrar e estava de parabéns… esta gente mima-me demais… toda babadinha, alguém tem um lencinho?!
No fim do dia regressámos a casa de carro e eu lá pude fazer aquela minha cara de “Eu disse que era um texugo!”, mas afinal a senhora estava a falar de um cão que tínhamos visto mais á frente e não tinha visto mesmo o texugo, um senhor que também trabalha na universidade parou para tirar fotos e eu sugeri que o levassem para o laboratório já que não era comum, a rapariga das inscrições gostou da ideia, mas parece que não tinham sitio onde colocar.
Cheguei a casa, fui almoçar á mensa e claro que a Ying ainda estava a dormir. Lá tomei um bruto banho e fui dormir para a sala uma sesta do melhor, soube muito bem.
O curso foi mesmo excelente, ainda recebi uns guias de anfíbios de Calábria e dos Parques naturais e imensa informação interessante. Valeu mesmo a pena, por tudo o que aprendi, pelas pessoas que conheci e até pelo que me diverti. Adorei, espero ter outras experiências do género aqui.

Como ainda nao tenho fotos do curso, esta é a fortaleza do amor que a minha colega tem no quarto. MEDO

14 abril 2007

Os homens são feios, porcos e maus

Mais uma vez venho por este meio tentar explicar-me. Como bela incompreendida que sou, ninguém me percebe, ninguém realmente consegue entrar-me na cabeça e pensar como eu, vamos lá ver se depois desta tentativa passo a ser uma cidadã normal e não uma traumatizada, como me apelidam carinhosamente, ou vá lá, como diz o recente teste de QI que fiz, com um atraso mental grave.
Em primeiro lugar, e pela milionésima vez, eu não sou traumatizada com o sexo oposto, nunca tive nenhum problema que possa estar recalcado no mais profundo do meu ser e que hoje faça com que eu afirme a pés juntos que todos os homens são feios, porcos e maus, a não ser claro que esteja tão recalcado que eu não me recorde…aí já não me pronuncio!
Eu sei que nem todos os homens são feios, porcos e maus, tenho bons exemplos disso na minha família e cresci rodeada de homens bons, honestos e carinhosos (entenda-se o meu pai e irmãos, já que sou a única e mimada rapariga), sei que a ruindade é uma coisa que não está nem no X nem no Y, é independente do sexo e que muito provavelmente as mulheres são muito piores que os homens, conseguem ser verdadeiras cabras…
Esta minha maneira de ver os homens, se pensar sinceramente no assunto, acho que é uma maneira recalcada de me ver a mim. No fundo o meu problema, ou vá lá, trauma, reside na maneira como eu me vejo a mim própria, basicamente reside num ódio de estimação que tenho com o espelho.
Podem dizer que eu sou querida e fofa e que a Penélope não merece o ar que respira, mas eu vou sempre continuar a dizer que o mau gosto é todo vosso e que eu sou feia, porca e má. Não gosto do corpo que tenho, não gosto da pessoa que sou, não gosto do meu feitio, da minha maneira de ser… por muito que eu tente eu não consigo olhar-me ao espelho e ficar contente. Estes meus olhos, quando se trata de me ver a mim mesma, viram um microscópio electrónico e ampliam todos os meus defeitos e ás vezes até inventam alguns.
Esta é a parte em que vocês dizem “És mesmo estúpida!”, e aí eu digo que me estão a dar razão, lá está, ser estúpida não é uma vantagem, aliás, é uma das minhas características especiais… e vocês continuam “tu tens muitas qualidade, és mesmo parva!” – lá está… não falha! “És….errr... tens… pois, sabes fazer…hum…deixa de ser estúpida que tens muitas qualidades!”. Vocês podem gostar muito de mim com batatas fritas, ou para quem prefere doces aos fritos, com chocolate, eu acredito nisso, porque realmente há coisas que não se conseguem explicar e esta seria uma dessas coisas, mas enquanto não mudar de espelho, ou alguém me mudar os olhos vou continuar a querer ser alguém que não sou. Enquanto não alcançar o factor 20 (menos 20kg e mais 20 cm), acho que nunca vou gostar de mim como sou e como dizia o senhor Matinal “Se eu não gostar de mim, quem gostará?”. E é aí que reside o problema, então se eu não gosto de mim, como posso acreditar que alguém possa gostar? Na minha cabeça não faz sentido que alguém possa gostar de mim. Iriam gostar de mim porquê? Pelo meu corpo escultural? Pela minha inteligência estonteante? Pelo meu brilhante sentido de humor?... Não me parece, não sou lá muito inteligente, ás vezes tenho umas saídas bem burrinhas, e acho que o meu sentido de humor é mais estúpido que estonteante, bom, do corpo escultural não vou nem comentar, que esta minha forma redonda diz tudo! Infelizmente para mim não creio que o amor ou lá o que é seja possível, não acredito que haja alguma criatura com suficiente mau gosto para me apreciar e mais difícil ainda, com paciência de santo para me fazer acreditar nisso. Como odiar-me é muito complicado, porque infelizmente tenho que levar comigo para o resto da minha vida, acho que a melhor estratégia é mesmo esta, transferir o meu ódio para o sexo oposto e acreditar com toda a força que o amor é só um produto televisivo feito para vender e que na vida real não existe. Sei que não concordam, mas percebem?

O porquê...

O número de audiência do meu blog está a aumentar a olhos vistos, creio neste momento já ir em 4 ou 5 pessoas… um sucesso de bilheteiras nunca antes visto!
Para estes meus fans dedicados e atenciosos venho por este meio responder a alguns comentários que me foram feitos.
A verdade verdadeira é que eu tenho uma doença muito grave, portanto se virem viagem escrito com “j” ou o acento do “à” ao contrário não levem a sério que é a minha doença a pronunciar-se e estas crises já vêm da escola primária onde criei ódios de estimação com estes dois processos gramaticais e assim, por exemplo, escrevia sempre o “a” com o acento para cima, porém estes teclados muito limitados não me permitem fazer tais coisas, assim é muito normal e comum que cometa estes erros. Os textos são cuidadosamente escritos e revistos por uma equipe especialmente formada para o efeito, composta essencialmente por mim, mas que acima de todas as minhas qualidades intransponíveis e claramente perfeitas, também sou humana e por tal defeito advêm alguns problemas, como por exemplo, erros ortográficos! Dado que os textos são previamente escritos no Word, e se este complexo programa informático não reconhece os erros, como “viajem”, é porque este não é um mundo perfeito! Peço-vos que quando notarem algum erro ortográfico nos meus estonteantes textos, dêem graças aos céus por eu “ñ scrver csas dste gnro p poupr ltrs e plvras e afrmr k tnho 14 ans e a pirikita aos sltos” e acho que nos dias de hoje até mereço um kumbaiá feito em minha homenagem porque realmente tenho uma enorme dificuldade em escrever pitês. Assim, meu povo, minha gente, dêem valor ao conteúdo que é fantástico e estonteante, uma escrita de uma qualidade sem precedentes, deliciem-se com as minhas histórias tão divertidas e tão bem relatadas e olvidem os erros ortográficos que, ou são culpa da minha doença ou do Word… nunca minha!
Adoro-vos, é por vossa causa que eu estou aqui hoje! Não seria nada se não fossem vocês… meu público… meus irmãos!! Obrigado pelo vosso apoio incondicional, devo este meu sucesso a vocês. Obrigado Portugal!

É por causa destes olhos de cachorrinho que eu mereçeo ser desculpada!

Sicília – última partida


Acordei, infelizmente, no mesmo quarto onde me tinha deitado, sem ter a mínima noção das horas que eram, o que é uma sensação horrível. Ouvi a senhora da limpeza (limpeza?!?) lá fora e fui perguntar-lhe as horas, para meu grande espanto ainda era 8 da manhã, resolvi então deitar-me mais um bocado para esquecer a vida, por fim quando resolvi acordar a sério e despachar-me já eram 10 da manhã. Vesti-me, arrumei as coisas e desci para a recepção onde lá estava o senhor a fumar ao pé da placa que dizia ser estritamente proibido fazê-lo. Pedi um mapa da cidade e pedi para deixar a mala na recepção enquanto conhecia a cidade. O senhor não se importou e lá fui eu conhecer Siracusa.
A primeira coisa que fiz foi ir a uma loja chinesa comprar um relógio para me inteirar de às quantas andava o mundo e por quatro euros (só porque era para mim) lá comprei um relógio todo fashion e comecei o meu passeio. O tempo estava belíssimo, um calor agradável para passeios e um sol que aquecia a alma. Depois de analisar o mapa percebi que eu estava mesmo numa ponta da cidade e que a ponte que tinha á minha frente dava directamente para uma ilhota, Ortigia, com muita história e onde estavam os principais monumentos. É incrível como as coisas são tão diferentes de dia, a ideia com que fiquei da cidade na noite anterior não tinha sido nada agradável, escura, suja, perigosa… mas muito pelo contrário, é super agradável e como é atravessada pelo mar tem uma cor viva e profunda e felizmente não me aconteceu nada para a conotar de perigosa.
Comecei o meu passeio á procura dos principais monumentos que estavam descritos no meu guia e apreciando a paisagem fantástica que se estendia á minha volta. Como eu adoro o mar! Transmite-me uma calma tão grande, uma paz tão relaxante! Podia ficar horas simplesmente a contemplar aquele azul…. A cidade é muito bonita, ruelas pequeninas que vão todas dar ao mar, praças enormes e igrejas imponentes, fui visitar o duomo e uns túneis que atravessam a cidade e vão dar ao mar, muito interessantes. Fui ao teatro grego e ao romano que ficam no outro lado da cidade, ruínas imponentíssimas com jardins fantásticos, muito bonitos mesmo. Fui ás Catacumbas, mas estavam fechadas e tinha que esperar muito tempo para abrir e pelo guia, porque não podíamos ir sozinhos já que aquilo eram labirintos e podíamos nos perder para todo o sempre… mas encontrei lá a senhora de Oxford. Muito simpática, chamava-se Kim e era geneticista, tinha vindo a Sicília para uma conferência qualquer de genética. Deu-me o contacto dela caso quisesse boleia para uma cidade onde ela ia, e posso dizer que agora já tenho grandes cunhas em Oxford, pode ser que no futuro venha a seguir a via da bata… nunca sabemos o que o futuro nos reserva.
Creio ter conhecido a cidade toda umas 2 ou 3 vezes. Fui á estação para saber os horários dos comboios para Ragusa ou para Palermo, e quando fui perguntar o caminho, porque como vocês já adivinham estava perdida, uma senhora que estava de carro deu-me boleia. A senhora muito simpática, já tinha estado em Portugal e gostava imenso, disse que se eu quisesse me ia levar ao hotel para buscar a mala e depois á estação outra vez, mas isto quando a esmola é demais o santo desconfia então não quis abusar da senhora e lá fui ver dos comboios. Bom, estamos na Itália, é Páscoa logo é obvio que não há comboios! Quer eu fosse para que cidade fosse de Sicília não havia comboios, só para voltar para trás, para Roma e Veneza. Voltei então para o hotel para buscar a mala, agradeci ao senhor que estava a dormir e estive 2 horas á espera dum autocarro para Ragusa que supostamente haveria nesse dia, mas lá está… Páscoa… Itália… não há autocarros, não há nada! Decididamente não iria pagar mais 20€ por um quarto numa cidade que eu já conhecia toda, além do mais tinha que estar na universidade porque iriam recomeçar as aulas de italiano. Voltei para a estação de comboios e mais uma vez quando fui perguntar o caminho, porque me tinha perdido pela milésima vez, uma senhora disse que estava de carro e que me levava lá. Eu pensei que o destino queria mesmo que eu voltasse para casa, porque cada vez que era para ir para a estação até carro eu tinha, mas para ir para as outras cidades não havia nenhum transporte, a não ser, um senhor de terno, óculos escuros e desdentado que disse que se eu quisesse íamos no carro dele até Ragusa … hum… é melhor não, obrigado! Lá comprei um bilhete de volta para Calabria, uma viajem de 5 horas até casa!
Já tinham passado 4 dias, estava cansada, não queria gastar mais dinheiro porque queria poupar para a viagem a Tropeia, tinha classes de italiano e convinha não faltar, e ainda tinha que fazer o meu horário para o próximo trimestre e ver que cadeiras iria fazer… o melhor é mesmo voltar, hei-de ter oportunidade de voltar com certeza, penso que já foi uma viagem muito positiva e agradável.
No comboio conheci mais uma italiana que estudava em Catania e uma outra que ia para Veneza. No comboio eram só gritos pois segundo a rapariga, o pessoal de Siracusa apanha o comboio para ir para os bares em Giardini Naxos, onde eu dormi, e ficam lá até à manhã seguinte. Assim, pelo menos 2 horas foram passadas com os gritos das pitas tresloucadas com as piriquitas aos saltos e dos rapazes com excessos hormonais.
Mas lá se fez a viajem até Paola, sempre dormindo, que já sabem o efeito que os comboios têm na minha pessoa. Cheguei por volta das 2h da manhã e como é Páscoa só tinha comboio para a universidade ás 7 da manhã, obviamente não ia pagar um quarto em Paola que é uma cidade de praia, logo caríssima. Assim, fui adoptada pelo senhor que controla os comboios, que me levou para a cabine de controlo e sentou-me numa cadeirinha bem confortável. Lá fiquei aquelas horas todas, conversando com os senhores, dormitando até que se fez horas de abalar. O senhor foi mesmo impecável comigo e quando o turno dele acabou por volta das 6 horas, fez questão de garantir que eu tinha um cantinho para dormir no bar, muito simpático mesmo. Chegada a hora lá apanhei o comboio para 4Miglia, a terra mais próxima da universidade e quando lá cheguei é claro que não havia autocarros, assim fui a pé até á universidade, por caminhos nunca antes navegados por mim, ou seja, eu sabia que havia um caminho a pé, que ficava aí uns 20 minutos da universidade, mas eu sempre tinha ido de autocarro e assim não sabia o caminho, como era manhã cedo não havia ninguém na rua, mas lá fui eu andando com a mala ás costas, cansadíssima e tentando a minha sorte pelo meio dos matagais. Por fim lá encontrei a universidade e quando cheguei a casa dou pelo meu quarto trancado. Pensei que talvez a Ying tivesse dormido fora de casa o que até era bom, porque podia arrumar as coisas sem preocupar-me em não acordá-la, mas quando tento abrir a porta com a chave percebo que tem uma outra chave por dentro, eu só rezava para que ela não tivesse com ninguém se não era uma vergonha do caraças e eu odeio ser empata coisas, e pelo estado da sala poderia dizer que realmente houve uma grande festa ali, mas ela lá abriu a porta muito assustada por ver alguém a tentar entrar, mas felizmente para mim (se calhar não para ela) estava sozinha. Lá tomei um precioso banho e dormi, dormi, dormi….finalmente em casa!









13 abril 2007

Sicília - 3ºCapítulo

Durante a madrugada chegaram imensas pessoas ao quarto vindas não sei bem donde, mas num estado que vocês bem sabem qual, sempre a fazer imenso barulho por todo o hostelo. Eu não sabia bem quem era a pessoa que estava a dormir por cima de mim, no beliche claro, mas estava a pensar que era um rapaz, porém quando “este” chegou ao quarto e se despiu á frente daquela gente toda eu percebi que realmente não era um rapaz, ou se era estava ali 1 par de coisas que não deveriam estar, pelo menos não tão desenvolvidas.
Acordei de manhã cedinho, tomei o pequeno-almoço lá no hostelo e saí para levantar dinheiro para pagar a excursão e tentar encontrar o McDonalds, local de encontro para a viagem. Domingo é dia de mercado e as ruelas estavam cheias de animais pendurados com as tripas de fora, peixes em cima de jornais no meio da rua e diga-se um cheiro insuportável a lixo, esgoto e comida podre. Isto de manhãzinha é do melhor para animar o estômago para uma viajem até ao Etna. Lá consegui levantar dinheiro e encontrar o MacCoiso e aí fiquei á espera que aparecesse o senhor do jipe e uma rapariga Americana que também estava no mesmo hostelo e que iria fazer a mesma viajem.
A mocinha chegou, lá nos apresentamos e começamos a conversar, disse-me que estava a estudar psicologia em Roma, mas já estava quase a acabar e dentro dumas semanas iria voltar para Filadélfia. O senhor do jipe também nos deu a graça da sua visita e lá entramos nós num daqueles jipes da tropa em que é só dar cabeçadas no tecto porque não tens onde te agarrar. No jipe já estava um casal escocês de meia-idade, demos depois a volta á cidade para apanhar 2 raparigas espanholas e 1 italiana que falavam entre elas em francês porque moravam todas na Bélgica, uma confusão de línguas que só visto. Por último fomos a um hotel de estrelas ao cubo buscar uma senhora inglesa, de Oxford! Depois do jipe cheio e tudo pronto lá iniciamos a nossa excursão por uma quinta que fazia produtos típicos do Etna, como mel, azeite, óleos e rebuçados. Era tipo uma fábrica onde nos explicaram como faziam as coisas, pudemos provar as suas deliciosas iguarias, como por exemplo mel de frutas que são deliciosos! Comprei um de frutos do bosque, que é 90% mel, 10% fruta, uma perdição! Fomos á casa de banho, a última oportunidade de esvaziar a bexiga, segundo o senhor, e retomamos a nossa viagem.
Fomos também a um santuário que foi construído onde a lava parou na última erupção, se não me engano em 2002. O que de facto é muito estranho, porque a lava parou mesmo á entrada da cidade e numa descida. Tinha a força da gravidade para continuar, mas parou! O povo diz que é milagre e eu não digo que não, lá que é estranho ninguém pode negar. Dá para ver perfeitamente o caminho que a lava fez por entre a floresta destruindo tudo á volta, agora é só um corredor enorme de pedras que desce a encosta e se detém à porta da cidade. O senhor geólogo também nos deu uma aula sobre uma planta que só existe ali e que é a única coisa a crescer depois da lava passar, vimos uns quantos répteis que estavam ao sol a bronzearem-se e ainda deu para tirar umas fotos fixes.
Continuando a nossa viagem pelo vulcão acima parámos num sitio onde estavam imensos carros parados com todos a fotografar, o que percebi depois, um raposa que estava sentadinha a pousar para as fotos. O animal esteve uns belos minutos sentadinho, olhava para uma câmara, depois para outra, depois para outra… uma autêntica vedeta. Lá continuamos a nossa viagem e a raposinha continuou sentada a apreciar a secção de fotos. Parámos numa gruta de lava e tivemos uma autêntica aula de vulcanologia. Explicou-nos como se formavam aqueles túneis e que aquele que visitamos tinha 2km de comprimento e uns 4 metros de altura, claro que em algumas zonas era muito baixo e demos bom uso aos capacetes quando pregávamos cabeçadas nas rochas. Vimos um morcego albino que estava a dormir aí a uns centímetros de nós e nem com as flashadas dos turistas se mexeu. Creio que os animais por aqui estão habituados á fama! Uma das espanholas não parava de dizer “un pipistrello, che asco”, e foi assim o caminho todo, mas o resto do pessoal achou muita piada ao bichito! A senhora escocesa não entrou, penso que tinha claustrofobia ou algo do género. Aprendemos bastante sobre as estalactites de lava, sobre as bolsas de gás que se formavam e quando chegou a parte da história de como descobriram o túnel, que metia derrocadas e afins, foi com consenso geral que se achou melhor voltar para trás.
Continuamos a subir o vulcão e quanto mais nos aproximávamos do pico, mais a neve era abundante. Chegados lá acima deparamo-nos com uma estância de sky, um centro comercial, restaurantes… lá está, o turismo e o dinheiro até na cratera de um vulcão! Demos a volta a algumas das crateras que estão “abertas” ao público, o senhor falou-nos um pouco das erupções mais recentes, onde tinham sido e como, andamos por lá a passear naquele manto negro caiado de branco. Uma imensidão de terra a perder de vista que ganha uma beleza extraordinária coberta de neve. È uma paisagem fantástica e pisar numa cratera, ter a certeza de estar em cima de uma criatura viva e com tamanha força é emocionante e assustador, adorei mesmo esta experiência! Também vimos os vestígios de uma recente erupção que tinha destruído a estância e um cafezito cuja lava parou á porta, (há gente com muita sorte) e claro que agora cobraram dinheiro para o povo ver o milagre, isto há gente…
Lá comemos qualquer coisa e retomamos a Catania, passando primeiro por Taormina para deixar o casal escocês que estava lá hospedado, depois deixamos a inglesa e de seguida fomos nós entregues. A italiana enlouqueceu no carro e só cantava, as amigas riam que nem umas perdidas, o casal rezava para que ela se calasse e a inglesa não se pronunciava… aquilo foi um pagode que só visto, ela apresentava-se a si mesma em inglês, cantava em italiano e comentava com as amigas em francês, aqueles que me acham louca deviam ter conhecido esta criatura!
Bom, chegadas de novo ao hostelo eu e a Sara fomos passear por Catania. Foi muito giro porque conversamos imenso, desde o Bush, aos protestantes, passando pelo Sozinho em Casa, foi mesmo muito bom. Conhecemos a cidade toda até não sabermos mais onde estávamos, andámos pelos jardins, falámos, falámos, falámos até de noite, quando eu fui apanhar outro comboio para Siracusa e ela ficou no hostelo mais uma noite porque de manhã iria apanhar o comboio para Roma.
Apanhei o comboio para Siracura e foi mais uma vez uma viagem curta, não muito bonita porque como era de noite estava tudo escuro lá fora, mas claro que se fez dormindo que nem uma bela porca!
Chegada a Siracusa deparo-me com uma zona não muito agradável e de aspecto um tanto ou quanto duvidoso. Fui conversar com os senhores taxistas que apesar de cobrarem balúrdios pelos serviços, compreenderam o meu papel de turista/estudante sem dinheiro e indicaram-me uma pensão que não era muito cara e lá fui eu andando com a mala às costas e às tantas da noite e desta vez com um ligeiro problema intestinal que me fazia ter muita, mas mesmo muita pressa de encontrar a dita pensão. Com o cansaço dos dias, o peso da mala e a revolução intestinal o caminho foi o mais longo de sempre e quando tudo parecia perdido (tudo, entenda-se eu), resolvi entrar no primeiro hotel rasca que encontrasse. Lá entrei no Hotel Milano de aspecto não muito agradável e com um senhor muito mau encarado a fumar ao lado de uma placa que dizia ser estritamente proibido fumar. O quarto era 20€ e os intestinos aceitaram, naquele momento dava o meu reino por uma casa de banho. Enquanto o senhor preenchia os dados com o meu passaporte eu suava por todos os lados e rezava para que ele se despachasse, quando subi para o quarto e percebi que possivelmente teria que escolher entre ir eu de elevador ou a mala porque não cabíamos as duas, pensei logo que aquilo não deveria ter muito luxo. Subi até ao primeiro andar e deparei-me com um quarto do tamanho duma despensa, cujo aspecto não era nada limpo e que para meu terror intestinal não tinha casa de banho, mas caguei para o assunto (ainda não literalmente) e fui á procura da casa de banho, encontrei uma não muito agradável e claro que como belo filme que é a minha vida, sem papel higiénico. Mas pronto, lá consegui fazer aquilo por que rezava e voltei para o quarto. Pensei seriamente eu sair dali e rodar a baiana que aquele quarto não tinha condições nenhumas, mas eu não sou de muitos escândalos e estava tão cansada que resolvi ficar. Para tomar banho foi noutra casa de banho também muito nojenta, quase sem água e sem água quente, só me apetecia chorar por estar ali no meio daquilo e quando pensava que tinha pago 20€ por um quarto fantástico, limpinho com tudo só tinha vontade de voltar a Giardini Naxos para abraçar o senhor e dizer-lhe que ele era um fofo!
O meu telemóvel ficou sem bateria logo não tinha a mínima ideia de que horas eram, não consegui encontrar um telefone para avisar a minha mãe que tinha sobrevivido e nem para mandar uma mensagem rápida ao meu irmão aquilo se ligava. Mas tentando esquecer as minhas mágoas lá adormeci tentando-me imaginar na minha cama e tentando não ouvir a televisão no volume máximo que vinha doutro quarto!



12 abril 2007

Sicilia - 2º Capitulo


Tenho a dizer que estes 20€ pelo quarto valeram muito a pena, dormi que nem uma porca, tudo muito limpinho e arrumadinho e ainda com pequeno-almoço italiano por conta da casa… belo negócio!
Levantei-me cedinho, deixei a bagagem na pensão e fui apanhar o autocarro para Taormina, a cidade de cima (eh belo poema!).
O caminho é um tanto ou quanto atarantado e muito sinuoso, eram curvas trás de curvas e a camioneta sempre a buzinar não fosse aparecer outro carro, pois aquela estrada não dava para dois. Uma subida íngreme com uma vista fantástica da costa siciliana, hotéis de 20 estrelas elevadas ao infinito pela encosta acima, cujos quartos custam algo que eu não consigo sequer pronunciar. Muitos do VIP’s italianos vêm casar-se aqui e fazer porcalhices, daí os preços exorbitantes.
A cidade em si é maravilhosa. Uma cidade/aldeia totalmente turística, o que se vê nos preços que se praticam e nas pessoas que se acotovelam nas ruas. O tempo era maravilhoso, um sol escaldante de fronte de um mar encantador, a vontade de mergulhar é muita, mas a centena de metros que as encostas têm fazem o favor de desanuviar esta vontade.
Andei a passear o dia todo, fui visitar as ruínas do teatro Grego, as igrejas que abrigavam as missas de Páscoa e as muitas lojinhas de lembranças de Itália. Queria muito fazer uma excursão até ao Etna, sei que ir de carro é consideravelmente mais barato, mas alugar um sozinha estava fora de questão, mesmo que tivesse dinheiro, não me iria aventurar pelas estradas gringas com italianos ao volante… não havia hipótese! Mas as excursões estavam complicadas, como era Páscoa, a última excursão tinha saído nesse mesmo dia cedinho e a próxima seria só terça-feira, ora sendo sábado não ia ficar 3 dias numa aldeia a pagar quarto quando já tinha visto tudo e ainda tinha muitos outros sítios que queria visitar, além do mais, na quarta-feira teria que estar na universidade porque teria aula de italiano. Assim, desisti da excursão nesta cidade, pensei que teria mais sorte em Catania. Cansadíssima que só eu, com o joelho a latejar, o estômago a latir e o sol a queimar decidi apanhar o comboio seguinte para Catania para tentar não chegar muito de noite, afinal a aldeia vê-se bem nas 4 horas que andei a caminhar, ainda deu para ir á Internet carregar o telemóvel, e sentar-me um belo bocado numa esplanada a beber um suminho de laranja e a estudar o meu guia de Sicília.
Retornei à pensão para apanhar a minha bagagem, agradeci por tudo, como mocinha educada que sou e fui para a estação apanhar o próximo comboio. Enquanto esperava almocei o resto de pizza que tinha sobrado do jantar e diverti-me a tirar fotos a mim mesma enquanto corria pela estação abandonada.
A viagem foi curta também, e mais uma belíssima vista, uma ferro via ao longo da costa que nos deixa desfrutar do tão maravilhoso mar siciliano.
Chegada a Catania, o primeiro poiso é sem dúvida as informações para saber tudo. Primeiro se havia hostelos nesta cidade para poupar uns trocos, depois se havia excursões e afins. Sabia pelo maravilhoso guia que havia um giro de comboio à volta do Etna até uma certa cidadezinha e depois retornava. Recolhi as informações do hostelo e corri para apanhar esse tal comboio que estava de partida, mas noutra estação que para variar ficava no outro lado da cidade e tinha que ir de metro. Para minha surpresa não era bem um metro, pois era na superfície e só tinha uma linha, ou seja, passou um para a direita, mas tinha que esperar um que fosse para a esquerda, não sei como não se espetavam, mas eles lá se entendiam. Também era uma bela viagem, lá está, sempre à beira-mar, (que saudades da minha baía). A estação não era assim tão perto como isso, os minutos estavam a passar e o outro comboio pronto para abalar. Consegui chegar a tempo à estação, mas quando fui comprar o bilhete o senhor da bilheteira estava a dormir! Eu muito envergonhada, “Scuza?!” e o senhor nada de acordar, mas veio de lá um rapazito que também estava no metro que afinca um murro no vidro tão forte que o raio do homem lá teve que acordar e nos vender os bilhetes. O comboio era muito pequenino, daqueles mesmo só entre terrinhas e diga-se que muito porco, mas pronto, por 5 euros…
A viagem em si não tem nada de especial, a paisagem não é nada de estonteante, a maior parte das aldeias têm lava à volta, solidificada claro, assim dá só a sensação que as pessoas moram numa enorme pedreira, nada de muito bonito. Consegui ver o pico do Etna, que como o céu estava coberto de nuvens se via pouco, mas estava coberto de neve e mal podia esperar para ir lá acima.
A viagem ia passando e eu ia vendo as pessoas a entrarem e a saírem, até que numa estação entra uma mocinha italiana que meteu conversa comigo e fomos o caminho todo até á terra dela na conversa. Lá me contou a sua vida e eu a minha, explicou me que a sua terra era de onde vinha o chamado “ouro de Sicília”, não se entusiasmem, ela referia-se a pistachios (que para mim é um belo tesouro)! Lá me mostrou as árvores que conseguem crescer na lava e explicou-me também o quão difícil era colher os ditos cujos, daí os preços exorbitantes. Trocámos contactos e coisa e tal, a rapariga lá saiu em Bronto, a sua Terra e eu continuei na minha até ao fim da paragem. Já amiga dos senhores condutores e tudo, tinha o comboio todo para mim porque fui a única a continuar, chegada ao fim da linha, tinha que esperar uma hora para o mesmo comboio regressar. Fui á casa de banho da estação fazer coisas que mais ninguém pode ou quer fazer por mim e fui ao bar beber um cafezinho. Um senhor claramente alcoolizado meteu-se comigo, e claro que eu fiz o meu papel de “scuzi, non parlo italiano”, mas isto em vez de ajudar as pessoas a calarem-se aumenta o nível de perguntas, apesar eu já ter dito num italiano perfeito, que não falava italiano, mas pronto, lá tentei conversar com o senhor e depois muito apressada saí do café e fui para o comboio esperar que seguisse viajem. Desta vez fiz o resto da viagem a dormir e nem dei pela vida passar. Cheguei à estação de Catania e tentei a pé, isto às tantas da noite, encontrar o hostelo. Felizmente para mim as ruas estavam cheias de gente a passear, pois férias e bom tempo é sinal de ruas apinhadas.
O meu mapa do hostelo tinha um elefante desenhado com uma torre em cima que dizia “Duomo” e que supostamente ficava perto do meu destino, mas era um daqueles desenhos como a jibóia do “Principezinho”, e como estava com uma certa vergonha de perguntar às pessoas por um elefante que tinha a certeza que era eu que estava inventar, andei por ali às voltas de noite, carregada e cansada sempre admirada pelo património da Benneton ter uma loja prédio sim, prédio sim, quando por fim encontrei o dito cujo: o elefante com uma torre em cima, ainda fiquei um bocado a pensar mas que merda seria aquilo, mas rapidamente tratei de encontrar o hostelo que o meu mal era sono. Encontrei o tão desejado num beco escuro e assustador o que estava decididamente de acordo com a parte do panfleto que dizia “situado em zona segura e sossegada”.
Quando alcancei que o preço era 19€, percebi que o outro quarto foi mesmo um achado! Mas a senhora do hostelo era muito simpática e atenciosa, se bem quem me endrominou um cadeado por 2€ nem sei bem como. No quarto fiquei aí com umas 8 ou 10 pessoas, não percebi muito bem, porque uns já estavam a dormir, outros estavam-se a arranjar, mas a maioria era gajos, deu para ver pela arrumação e pelos frascos de perfume que estes têm a mania de despejar pelo pêlo acima quando vão para a night. Porém descobri uma excursão de jipe ao Etna por 35€ com um geólogo e fiquei toda entusiasmada, ainda por cima fui a última porque já estava quase cheia. Telefonei para a famelga para a minha mãe saber que tinha sobrevivido mais um dia (muito bom, telefonar para Portugal por 0,10€ por minuto), jantei por 5€ com uma Happy hour food do hostelo, tomei o banhito da praxe e fui tentar dormir. Tentar, porque além do concerto que estava a haver no quarto de cima, a linha de comboio ser atrás da minha cama, um dos rapazes que foi para a ramboiada deixou o telemóvel com alarme para as 2 da manhã, que esteve aí umas 2horas a tocar até que um dos rapazes se levantou e começou aos pontapés às malas dos outros, eu só me ria, mas que o telemóvel parou, parou!
Amanhã acordar cedinho, que o Etna me espera! Pode vir quente que eu estou fervendo!



09 abril 2007

Intrarrail Introspectivo - Parte 1

Hoje comecei o meu intrarrail introspectivo. Intrarrail, porque foi dentro do país onde me encontro a morar actualmente, introspectivo porque fui sozinha, uma oportunidade óptima para introspecções.
As pessoas acharam todas muito estranho eu vir sozinha, a minha mãe por sua vez, achou que seria um autêntico suicídio, mas para mim, viajar sozinha é uma excelente oportunidade para me conhecer melhor, para pensar na vida, no que sinto, no que quero e acima de tudo, penso que o facto de estar completamente sozinha me aguça os sentidos, sinto que tenho mais atenção a tudo o que me rodeia, ás pessoas, aos sítios, aos cheiros… a minha concentração está dirigida ao que me rodeia e absorvo com entusiasmo tudo o que este novo mundo tem para me mostrar.
Embarquei num dia chuvoso na estação de Casteglione Consentino, com 4 horas de viagem pela frente até Villa S. Giovanni onde iria apanhar o barco para Messina, a cidade de Sicília, mais próxima do continente.
Para variar um bocadinho, e até, porque não seria normal se assim não o fosse, perdi-me em 4Miglia e não sabia onde era a estação, assim, lá fiz o meu papel de turista desorientada e fui atrás de uma mocinha que também ia para a estação. Chegada lá encontrei uma fila enorme porque obviamente era Páscoa e ia tudo para casa. Como bela terrinha que é, a bilheteira é pequena e a fila de pessoas ficou na rua à chuva à espera da sua vez. Depois de ser atendida lá corri para o comboio e lá fiz a minha viagem sempre a dormir, que o melhor remédio para insónia é mesmo uma viajem de comboio, é que nem berço, só no balanço…
Chegada á cidade, embarquei no navio que nos iria levar a Sicília, se bem que no meio daqueles corredores entre comboios, barcos e sei lá mais ou quê, não sabia onde comprar o bilhete, porque supostamente devia ter comprado o bilhete logo directo, mas lá andei nos quiosques á procura dum sitio onde houvesse. Por 1 euro lá consegui atravessar o oceano e em 5 min. estava em Sicília.
Tenho a dizer que a primeira visão que tive quando desci do navio foi de 2 polícias com umas 3 armas na cintura e uma metralhadora a tiracolo, o que realmente me aumentou o sentimento de segurança que eu tinha por estar a viajar sozinha por Sicília. Mas com certeza que as armas eram para afastar os pombos do caminho, com certeza que sim! Messina não tem grande coisa que ver, tem umas torres giras mas cuja vista é muito melhor do barco do que da própria cidade, basicamente é uma cidade marítima e industrial. Ansiosa por conhecer os locais sugeridos pelo meu guia da National Geographic, lá apanhei outro comboio para Taormina, que tinha um capítulo de destaque no livro. Foi uma viajem rápida e belíssima pela costa siciliana, onde o mar é tão verde e transparente que a vontade de mergulhar é quase irresistível. Cheguei a Taormina por volta das 19h, porém vim a descobrir mais tarde que eu não estava em Taormina, estava em Giardini Naxos, a primeira cidade Siciliana a ser ocupada pelos Gregos, fica á beira-mar, mesmo por baixo de Taormina. Tentei arranjar um quarto e depois de negociar com o senhor dono da pensão, lá consegui reduzir o preço de 38€ de um quarto individual para 20€, mas o quarto era muito bom, super limpinho, com ar condicionado, televisão e casa de banho privativa, comparando com os restantes sítios onde estive esta foi uma pechincha daquelas! Mal entrei e a senhora me deixou no quarto e fechou a porta comecei a chorar. Não me perguntem porquê, pois não faço a mais pequena ideia. As lágrimas simplesmente começaram a correr e eu não sabia porquê, nem por quem… assim, liguei a televisão para entreter a cabeça com algo de útil, como assistir a programas do género do “quem quer ser milionário”, e além de testar a minha língua italiana, testo também a minha cultura. Lá me acalmei, não sei bem do quê, telefonei á minha mãe a dizer que tinha sobrevivido ao primeiro dia e saí para dar uma volta nocturna, andei pela cidade, lindíssima, sempre á beira-mar, cheia de bares e discotecas, luzes e pessoas, uma autentica vila de verão. Andei cerca de 3 horas ou algo do género, comprei uma pizza para jantar, que o dinheiro não dava para os restaurantes com típica comida marítima (que saudade), e voltei para a pensão. Tomei um belo banho e deitei-me a ver televisão até adormecer. Amanhã é conhecer a cidade de cima!



Messina vista do navio - a primeira imagem de Sicília

04 abril 2007

Ai meu Deus do céu, me sinto tão feliz!

Parece finalmente que as coisas estão a melhorar, já passou o inferno astral e por fim a vida está correr bem, na medida do possível, claro.
Depois de ter passado uma semana inteirinha a estudar cálculo diferencial e a dar por mim a ir procurar na net coisas sobre a história do Pi e afins, depois de realmente ter estudado as funções, derivadas, limites tão afincadamente que até estava a gostar … medo, muito medo… finalmente fiz a oral!
Ontem o meu estado de nervos era surpreendente. A oral era só à tarde e havia certas coisas que eu ainda não tinha percebido, como fazer exercícios de variação e o que era o arctg. Estava realmente interessada em alargar os meus horizontes em temas que aposto que me irão ser úteis no futuro profissional, mas esta minha teimosia até pode ter coisas boas, como não descansar até descobrir o que era o arctg, porque como já me aconteceu muitas vezes, aquilo que penso não ser importante e que não percebo “ah, nunca me vão perguntar isso!”, é sempre aquilo que me perguntam. Assim, acordei cedinho para ir ao CIS, um centro de informação e coisa e tal onde podemos tirar copias, imprimir e aceder á Internet de graça, ora como a net aqui em casa é do melhor que há, estava há uns quantos dias sem a dita cuja, assim, levantei-me cedinho para ir á vizinhança. Porém, como belos italianos que são, é claro que não vão acordar cedo para ir trabalhar, mas que mundo é este? É claro que o CIS não estava aberto de manhã… assim, lá voltei eu para casa depois de ter esperado um tempinho, com os senhores das obras estáticos a olhar para a minha beleza estonteante. Cheguei a casa e liguei o computador para ouvir música enquanto dava os últimos retoques na matéria, quando, para meu grande espanto e alegria, havia Internet. Mas que maravilha de prenda, sim senhora! Prenda sim, porque a Ying fez anos, e não há prenda melhor para ela do que a WWW. Lá consegui fazer as minhas pesquisas, já podia descansar sossegada porque finalmente sabia o que era o arctg, conhecia a sua família, amigos e NIB, que é o que se quer.
Bom, lá continuei o meu estudo, fui almoçar á Mensa com os meus amigos Orientais, sempre num estado de nervos lastimável. Mas depois acalmei porque descobri uma cantora espanhola, da qual estou perdidamente apaixonada, pela voz, pelas musicas, pelas letras…e descobri uma musica, que me levantou o astral e que me fez realmente sentir bem, uma música que acho que todas as mulheres deviam ouvir e sentir, a mim fez-me realmente bem, caso estejam interessadas em sentir-se felizes por serem quem são, a cantora chama-se Bebe, e a música chama-se “Ella”, oiçam, vai-vos fazer bem!
Bom, voltando á novela: Lá continuei a dar uma olhadela nos exercícios até por volta das 14h e 30, quando fui andando para a universidade porque ainda queria ir ao banco pagar a casa. Lá fui com 600€ na mala, sempre a achar que as pessoas sabiam que eu estava cheia de papel e era só uma questão de tempo até alguém me arrancar a mala das mãos… eu e os meus filmes…. No banco lá tive uns 15 min á espera, sempre a desejar que a gaja que estava á minha frente tivesse uma overdose nos olhos, porque era antipática e estúpida todos os dias, mas pronto, ela sobreviveu e eu fui atendida, paguei a casa e fui para o cubo do senhor professor. Ainda tive uns 5 min á porta antes de tocar, a andar dum lado para o outro e a tentar recordar-me de tudo. Um rapaz que também estava á porta, também andava dum lado para o outro, parecia-mos umas baratas tontas. No fim descobrimos que íamos os dois para o mesmo e quando percebi que não era só uma coisa entre mim e o professor, entendi que o sexo estava fora de questão! Ou não… somos 3, funciona melhor ainda, para mim claro!(Ai senhores, vou mesmo para o inferno… é limpinho!) Quando o professor disse que tínhamos que esperar mais um bocadinho porque tinha que ir chamar os vigias, tipo os senhores da Santa Casa da Misericórdia que têm que estar presentes quando se tira as bolas do totoloto. Pensei que ia correr muito mal, porque era uma cena mesmo à séria… Assim, entrámos eu e o outro mocinho, era um professor e um vigia para cada um de nós. Quando eles sacam de uns testes escritos que eu por acaso até tinha resolvido em casa, e começam a seleccionar os exercícios para mim e para o meu colega. Eu comecei a dirigi-los com a força da minha mente para os exercícios que me convinham e acho que até tive muita sorte. Então eu ia resolvendo e eles iam perguntando-me coisas. O pior era que não podia usar calculadora e eu não sei fazer contas de cabeça, divisões e assim, tive que lhes explicar que em Portugal os hábitos eram muito maus e só estava habituada a fazer 2+2 na máquina. Assim, andava de volta duma divisão 42/10 e não conseguia chegar lá, o senhor então escreve 40/10, e diz, para calcular esse valor. Chegou ao cúmulo de eles tarem a decidir o que eu ia fazer a seguir, e começaram a falar de um sistema, o outro professor disse que me tinha dito para não estudar sistemas e eu disse que podia tentar fazer porque achava que conseguia. Estava mesmo louca, os professores a dizer que era melhor eu não fazer, e eu dizer, “não deixe estar que eu lembro-me, fiz isto no sétimo ano ou assim” Moral da história, lá fiz o sistema e acertei, porque por acaso até gosto daquilo, mas na maioria dos exercícios eles não me deixavam acabar, tipo, quando eu estava a fazer as contas, aborreciam-se de estar á espera e perguntavam-me só como é que eu fazia a seguir. Bom, respondi ás perguntas todas acertadamente. Está certo que as ajudas foram muitas, por exemplo, deram-me um log para calcular a derivada, mas eu não me lembrava da fórmula do Log u, só me lembrava da de ln u, então o senhor disse para eu fazer como se fosse ln, foi realmente muito fácil, eu tinha estudado para uma cena mesmo potente, estava á espera que me perguntassem qual a derivada de tgcossenlnlog (3x-22Y-19h) ou algo do género, mas foi muito fácil. Depois da dita oral, lá saímos da sala para eles decidirem as nossas notas, o cúmulo foi quando o senhor escreveu na minha folha que a minha nota era 52/2 e eu, “Desculpe??”, e o senhor “A sua nota é esta, descubra lá qual é?”, e os professores todos a rir que nem uns perdidos…Eu não tenho culpa de não saber fazer contas de dividir, obrigam os miúdos a gastar 30 contos numa maquina, e só podem trabalhar com a maquina, é claro que as pessoas se esquecem, eu ainda arrisquei “30??”, lolol, mas claro que não era. Mas depois de muito tentar, lá fui fazendo as contas do “quantas vezes em 5 cabem 2, e baixa o dois...” E cheguei a um maravilhoso 26! AHHHHH tive 26, fiquei tão contente, era ver-me aos pulos pela universidade que nem uma maluca! Em Portugal equivale a um belo 17 a matemática II, está certo que foi fácil, mas estudei para caraças e acho que mereci. Gostei muito da oral, porque depois de lá estar dentro até estava calma e os professores eram impecáveis, super divertidos! Estou mesmo contente, já tenho outro ânimo para encarar isto, acredito em mim outra vez!
Depois da oral, fui pagar a minha inscrição num curso de jornalismo ambiental que vou fazer no fim de Abril, fui lavar a roupa, e fui comprar um guia de Sicília para a minha viajem esta semana, tenho que começar a preparar e a organizar tudo e comprei também um livro para a Ying. No fim do dia fui á aula de Salsa, só fui eu e a Jessica, o que foi muito bom, porque cada uma de nós dançou com um dos professores e aprendemos imensos passos novos, estou a gostar muito das classes, muito mesmo.
À noite foi a festa de anos da Ying cá em casa, ela tem uma grupo de amigos porreirinho, então tivemos com eles na cavaqueira, as minhas aulas de chinês estão a evoluir, e já sei dizer umas coisinhas.
Amanhã vou passear a Sicília, vou passar uns quantos dias lá, não sei onde, não sei quantos… vou sozinha no puro instinto!