14 setembro 2006

fotos de Bram

A transilvânea

O senhor amigo

As pantufas co castelo do Drácula


uma das ruas de Bram

1/8/06 13:26h A caminho de Budapeste

Nestes dias temos passado do paraíso para o inferno….
Depois de escrever no diário, a rapariga que estava à nossa frente no comboio começou a meter-se comnosco e a fazer perguntas. Ela e o namorado são repórteres que moram em Bucareste e iam passar o fim-de-semana nas montanhas, em Bram, tal como nós. Assim como eles eram de cá começaram a explicar-nos o que deveríamos ou não ver. Explicaram-nos como íamos para Bram, porque não era assim tão fácil. Ao sair da estação em Brasov tínhamos que apanhar o autocarro 23 e ir para a outra rodoviária no outro lado da cidade, e daí apanhar um outro autocarro mesmo para Bram (onde estão as montanhas). Eles foram comprar o bilhete e foram até à outra estação comnosco. Ao entrar para o autocarro a minha mãe sentiu uma mulher a abrir-lhe a mala e mal se virou a mulher desatou a correr, a Sheila disse que era normal e para termos muito cuidado com as nossas coisas. Quando estávamos à espera do autocarro vimos também uma cena muito estranha de ciganagem. Um homem cigano, que segundo a Sheila, devia ter acabado de sair da cadeia, estava aos gritos no meio da rua, com as costas todas chicoteadas e com uma mulher e um bebé atrás. Logo a seguir apareceu a bófia, que aqui anda de capuz na cabeça para proteger a identidade, estes senhores de negro levaram o cigano debaixo do braço e estavam a falar com ele. A Sheila explicou-me que eles deviam andar à procura de alguma coisa ou de alguém cujo paradeiro era conhecido pelo dito homem, e as costas deve ter sido resultado duma conversa amigável…. Coisas da vida!
Bom, de volta ao autocarro tivemos que esperar aí uma hora por um que fosse para Bram, eles tiveram que ir embora pois iam às compras, mas que mais tarde nos encontraríamos em Bram.
Enquanto estivemos à espera do autocarro aconteceram todo o tipo de peripécias e apareceram todo o tipo de pessoas. Um rapazito todo sujo andava a pedir dinheiro às pessoas, o estranho era que passava sempre por nós sem nos pedir nada, aqueles a quem ele pedia viravam-lhe a cara, nós dispostas a ajudar a pobre criança fomos ignoradas à grande, mas com a minha alma bondosa e caridosa, praticamente enfiei-lhe as moedas pelo nariz acima, para ele perceber que queríamos ajudar, lá pegou no dinheirito e foi à vidinha dele. Depois estive muito tempo a conversar com uma velhota que lá estava, de chapéu com flores, ela em romeno, e eu em portunglês, nem sei bem como, deve ser um dom que adquiri, possivelmente o meu poder, consigo conversar durante um tempo considerável sem perceber uma palavra da língua da outra pessoa, mas que nos entendíamos, entendíamos… Depois de muita espera chegou o aguardado por milhares, autocarro para Bram, mas mal o senhor condutor sai do autocarro, as pessoas apinharam-se à porta e o senhor olha com todo o ar de “tenho o poder”, caga na cabeça dos cidadãos ansiosos, e vai almoçar mais uma horinha… raça de funcionário públicos que precisam de almoçar….
Quando por fim lá entrámos no autocarro, eu a minha mãe, a senhora do chapéu com flores e mais 300 amigos nossos, isto num autocarro de 30 lugares. Assim, iam uns em pé, outros sentados, outros em suspensão, acho que se foram enfiando nos lugares possíveis e imaginários. A minha mãe e eu estávamos sentadas, com as mochilas de 20kg no colo, ela foi pisada uma data de vezes, tanto que ficou com a unha roxa, os que estavam em pé estavam tão encaixadinhos uns nos outros, que acho que deve haver um curso para aquilo… é claro que no meio disto vi mãos a tocar onde não deviam, mãos e não só! E assim, o que supostamente era uma meia hora de caminho pareceu uma eternidade, nem conseguíamos ver as horas, porque realmente era impossível mover um músculo que fosse, a não ser claro, a língua.
Quando por fim saímos da lata, tal atum a saltar para a salada, tivemos uma visão do paraíso… Bram é linda, recomendadíssima! Uma pequena vila nas montanhas, tal qual se vê nos contos de fadas!
Mal chegámos lá, veio um rapazinho ter comnosco e depois de regatear preços (estou uma verdadeira tendeira “é a 500, menina, é a 500!”), lá nos arranjou um quarto num chalet por 50lei, que é mais ou menos 12€, uma pechincha.
E assim, nós no nosso chalet nas montanhas, todo em madeira, com salinha, com vista para as montanhas, e tudo muito limpinho, que é o que se quer!
Tomámos o nosso banho de recuperação e fomos passear.
Almoçámos no “Drácula market”, e mais uma vez foi tudo na base da surpresa, pois pedir coisas dum menu romeno, sem perceber pickles do que aquela gente diz ou come é tipo tentar jogar no euromilhões estomacal, nunca se sabe o que o estômago vai ganhar!!
Pois, bem, mais uma vez o meu “guia do mochileiro” veio em meu auxílio e descobri que ciorba quer dizer soba, bom e a minha brilhante dedução foi que ciorba de legume, seria sopa de legumes. Sou ou não um génio?!
De todas as vezes que comi na Roménia tentei evitar os pratos que diziam cascaval, porque para mim, esta gente comia cobras e muito mais, e ainda por cima punha nos menus… mais tarde vim a descobrir pela Sheila que cascaval é uma espécie de mozzarela que eles põem na comida, ora todos os pratos que pedi tinham uma cena estranha e branca (vá, não sejam porcos, não levem isto para o lado da cueca! Acho que fundo a porca sou eu, porque mal escrevi isto pensei em coisas tristes… ), ora eu fartei-me de comer cascaval sem querer, e tenho a dizer que não gostei!
Mas a Roménia foi de todos os sítios onde comemos melhor, pelo menos há carne, e esta tem acompanhamentos reais…
O nosso chalet era muito agradável e a senhora muito simpática, até nos lavou a roupa e tudo.
Fomos passear pela vila, ver os chalets, as montanhas, pessoas a tomar banho nos riachos, e a passear pelas montanhas… um sonho!
Assim, cheias de entusiasmo lá fomos nós conhecer o castelo do conde drácula, achávamos nós…
Bom, na realidade o castelo do Conde drácula não tem absolutamente nada a ver com o dito senhor. Era um castelo de uma família real qualquer da Roménia, cuja Rainha Mary e seus filhos emolduravam grande parte do castelo. Mas tenho a dizer que o castelo é lindissímo, mesmo dos mais bonitos que eu já vi até agora.
Quando lá entramos temos que calçar pantufas por cima dos sapatos, porque o chão é de uma madeira muito antiga e poderá riscar-se ou sujar-se se as pessoas andarem por lá com os próprios sapatos. O castelo tinha mobílias antiguissímas, com passagens secretas e corredores estreitos, varandas belissímas, e com todas as salas e salões a que a realeza tem direito!
É muito pequenino, a comparar com os imponentes palácios e castelos que já vi, era também muito baixo, acho que as pessoas naquela altura tinham uma estatura muito baixa, o tecto era acessível em várias zonas do castelo, parecia que estávamos no Portugal dos pequeninos.
O comércio da zona, pequenas barracas ao longo da aldeia, é todo feito à base do Conde Drácula, porque realmente muita gente vem cá por causa dessa lenda.
A Sheila explicou-me a lenda do Conde, o senhor realmente existiu sim, mas como é óbvio não era nenhum ser sanguinário, e o hábito deste se deslocar à floresta (a transilvânea é lindíssima) e fazer coisas estranhas nas árvores criou uma lenda que salvou a Roménia (aquela zona) de muitas invasões, porque o medo desta criatura era geral, e é assim que se criam lendas e mitos que perduram para sempre, e como é óbvio a aldeia faz negócio deste tema.
Até há uma pequena casa do terror, onde eu e a minha mãe fomos. Já estava mesmo a ver a cena, ela morria de taquicardia e a família culpava-me por a levar a lugares daqueles… foi lindo a sério !! Tudo começou na entrada, onde um senhor maquiado a preceito nos colocava pulseiras do tipo queima das fitas, quando me estava a colocar a pulseira a mim, deve ter reparado que a minha mãe estava com medo, assim, disse simplesmente “Bu”, o suficiente para ela mandar um grito daqueles, no meio daquela gente toda… lá dentro já se imagina como foi, eu nem me conseguia assustar porque só me ria da figura dela, a cada cena que passávamos ela gritava e eu mandava-a embora de volta, não fosse ela ter um ataque cardíaco, mas ela queria ficar… numa das vezes, em que dum pano preto saltou uma mão que nos agarrou, a D. Narcisa manda um pulo que derrubou umas cenas que lá estavam, foi a loucura, o coração ao rubro… muito bom, posso dizer que ia matando a minha mãe!
Depois deste susto, e para acalmar a circulação fomos passear pelas casinhas medievais que havia por baixo do castelo. Era possível ver o interior, com as roupas da época, e tudo recreado ao pormenor. Esta é mesmo uma vila de sonho, adorei tudo.
Comprei uma flauta Romena, que já nem me lembro do nome, e não faço ideia como se toca, porque tem um buraco a mais, mas é muito gira.
Quando voltámos ao chalet tivemos uma surpresa, no quarto ao lado do nosso estava a Sheila e o namorado, o mesmo rapaz que nos arranjou o quarto, quando teve a falar com eles falou-lhes de nós, e assim foram para o mesmo sítio fazer-nos uma surpresa.
Tivemos a conversar sobre o que tínhamos estado a fazer e eles convidaram-nos para ir passear nas montanhas, a minha mãe não queria ir porque estava cansada e eu achei melhor deixá-los ir sozinhos, para namorarem.
Ficámos então a descansar e a ver novelas, eu arrumei as minhas coisinhas e depois fomos jantar. Quando voltámos, eles tinham regressado com uma melancia que tinham achado na montanha, o rapaz andou 2km com uma melancia ao colo, nada pequena por sinal, assim lá fomos nós comer a “peparani” (mais ou menos, melancia em romeno) para o quintal e tivemos a conversar até às tantas da noite.
Estivemos a ensinar uns aos outros um pouco de cada língua, e ficámos surpreendidos com a quantidade de semelhanças que há, afinal de conta temos ambos línguas latinas, e se falarmos devagarinho e pausadamente, consegue-se perceber muito bem o que cada um de nós diz, ela tinha net no portátil, assim esteve-me a mostrar o horário dos comboios e a sugerir sítios para visitarmos, depois de muitas horas, lá nos despedimos e fomo-nos deitar.
Acordámos bem cedo de manhã, por volta das 6h, para apanhar o autocarro para Brasov, um que pelo menos tivesse metade das pessoas que tinha quando viemos.
A partir daqui é que tudo começou a correr mal…
Chegámos a Brasov para apanhar o autocarro para a estação de comboios, mas este nunca mais chegava, entretanto chegou um onde entrou toda a gente e eu perguntei se ia para a estação, o senhor respondeu-me “garaje”, ora na minha terra isto significa a garagem dos autocarros, que era para onde queríamos ir, para depois ir para a estação. Entranhei logo quando o bilhete foi muito mais caro que o que tínhamos pago quando viemos, e quando este começou a andar em direcção ao sítio de onde tínhamos vindo, então aí é que foi o desespero. Saímos na primeira oportunidade, o que significa no meio de nada. Ali estávamos nós, no meio de nada, numa zona industrial qualquer, às 6h da manhã e com tudo fechado, só mesmo eu é que me meto nestas coisas… Entretanto encontrámos um senhor velhote na rua que nos disse que estava à espera do autocarro para Brasov também, e então lá ficámos com ele à espera do próximo. Ao chegar à estação, mais uma vez, fomos logo para um táxi, mas até achar um foi um filme… estavam todos cheios, todos ocupados e os que estavam vazios, não estava lá ninguém para nos levar… eu já dizia mal da minha vida… entretanto um senhor que também tinha o táxi ocupado, resolveu levar-nos também, por fim, depois de muito tempo, nervos e angústia lá apanhamos o primeiro comboio para Sighisoara, uma cidade medieval com um festival a decorrer.
Ora o que eu estranhei logo foi o comboio estar lotado de metaleiros, todos de negro, com as suas t-shirts dos metállica, sangue e do Demo, e com correntes a arrastar no chão, realmente não me parecia que fosse o género de pessoas que fossem para um festival medieval, mas claro que para minha surpresa, saíram todos lá. Assim, a estaçãozinha de Sighisoara estava apinhada de gente do mal, e quando eu falo em estação refiro-me, claro, a dois contentores com cheiro a urina ou a coisa pior.
Depois de, o que me pareceu uma eternidade, ao calor, numa fila com gente que adora o demónio, lá fui atendida, para me dizerem que só podia marcar a reserva para o comboio que pretendia ir, com uma hora de antecedência, ora o comboio era só às 13h, assim só às 12h é que me faziam a reserva, e isto eram para aí umas 10h, assim fomos dar uma volta.
Fomos então passear pela cidade de medieval, que de medieval não tinha nada, tem edifícios e igrejas bonitas, como a grande maioria das cidades, lá tem a sua floresta como a grande parte da Roménia, mas sinceramente, de medieval nem os machados…e o tal festival medieval não eram mais do que barracas de carne e cerveja, com um palco que devia dar concertos metal, e por cada duas barracas de coisas yeeee, lá havia uma ou outra com pedras da sorte e assim. Conclusão: Medieval em romeno, quer dizer qualquer coisa, que não o mesmo que em Portugal!
É claro que este era o último dia do festival, se calhar assim o medieval daquilo já tinha ido embora, vimos um casal vestido de modo tradicionalmente medieval, sim senhora, mas isso o único vestígio, da suposta cidade medieval, invadida por gente estranha… assim lá voltámos para um comboio apinhado de gente, e a nossa ideia era ir para Shinaia, uma cidade, que segundo a Sheila, tinha uns castelos ainda mais bonitos que o de Bram. Moral da história, os castelos ficaram para depois, porque adormeci no comboio e deixei passar a estação, então tentando falar em romeno com um casal idoso que estava na mesma carruagem que nós, percebemos que a cidade já era que estávamos a caminho outra vez de Brasov… já estava farta desta estação!
Assim, de Brasov fomos para Constanza, a terra da Sheila, onde fica o mar negro, depois daí iríamos para Tulcea, onde se situa o delta do Danúbio.
Bom, de negro só a cidade mesmo, porque quando lá chegámos era de noite. Chegámos à estação por volta da meia-noite, mal saímos do comboio veio uma senhora perguntar se queríamos quarto, a seguir a essa vieram mais quatro ou cinco que começaram a discutir umas com as outras a ver quem ficava com o bife, eu mandei um berro no meio daquela confusão e disse que não queríamos quarto nenhum, mas mal saímos da estação, com ideia de irmos para um hotel, apareceram 30 taxistas a lutar por quem nos levava, ora em pensei mesmo que estava entregue aos leões, agarrei na minha mãe e voltei para a estação, assim lá ficámos até às 4h da manhã que era a hora do comboio para Tulcea, e tornou-se perigoso sair da estação porque os abutres estavam lá fora!
Se bem que dentro da estação não nos sentíamos muito seguras também, aquilo era só ciganagem e gangs, e como as barraquinhas ao pé dos comboios estavam abertas aquilo era como o point da zona, vi cenas do diabo, um grupo de putos descolorados e maus atrás dum outro miúdo, e aposto que lhe bateram e mais tarde roubaram um chapéu dum policia e andavam a desfilar com ele pela estação, isto com uma esquadra lá!
Mais uma vez tentamos sair da estação só para tentar ir para um hotel tomar banho e assim, mas mal pudemos o pé na rua vieram 20 taxistas, aquilo realmente era assustador, desistimos e voltámos para dentro.
Eu, cravada de frio e de sono enfiei-me dentro do saco de cama e dormi no chão nojento daquela estação, assim no meio do perigo, pode-se dizer que a gozar com perigo! Mas claro que tinha a minha mãe de guarda e não há nada mais seguro do que a mãe a guardar a cria, ela não quis dormir porque estava cheia de medo. Assim, lá se passaram 4h e fomos até Tulcea.
Segundo o meu guia, esta cidade é o paraíso dos ornitólogos e botânicos, porque está no delta do Danúbio, uma explosão de biodiversidade, daí eu ter vindo.
Quando chegámos à estação não estava lá ninguém. Era uma estação bonita, limpinha, mas não tinha funcionários! Só tínhamos comboio às 15h, assim fomos dar uma volta e fomos procurar um sítio para tomar banho.
Fomos então para um hotel de 3*, o único que encontrámos, todo pimpão, como era só para tomar banho e estávamos desesperadas, lá regatei com a senhora que não ia pagar 80€ por um quarto só para tomar banho, consegui baixar para os 50€ e lá fomos nós, tomar banho, arrumar as coisas e descansar um bocadinho num quarto de luxo.
Acho que grande parte dos preços altos que pagámos nesta viajem, muitas vezes foi por cansaço de procurarmos mais, porque já estávamos tão exaustas, porcas e esfomeadas, que concordámos em pagar 50€ para tomar banho, nunca em minha sã consciência em aceitava uma coisa dessas…
Depois de limpinhas, ainda roubei uns chocolates do mini bar, mas como sou honesta fui pagar, tive mesmo vontade de fazer uma razia àquilo, afinal 50€ dá para comer por 2 semanas…
Depois voltámos para a estação e acabámos por não ir ver o delta porque tínhamos que ir de barco, e acho que era um bocado caro, assim passeámos pela, cidade que é banhada pelo ria Danúbio, e que até é engraçadita!
Fomos almoçar a um restaurante, e enquanto lá estávamos alimentámos uma cadelinha que andava lá de volta, mais tarde na estação descobrimos os filhotes dela, tão lindos, tão lindo, só tinha vontade de os trazer … 4 cãezinhos abandonados numa estação, tadinhos. Lá também estava uma cigana com uma bebé nua, que andava dum lado para o outro a pedir dinheiro, porque a mãe ensinou-a a estender a mão aos estrangeiros, a minha mãe teve muita pena da miúda, tinha um problema qualquer porque tinha um tubo no nariz, e andava ali descalça, nua e toda sujinha, há coisas que me metem uma raiva, aquela mãe, por exemplo… lá demos dinheiro á criança, que claro era para a mãe!
Depois telefonámos para casa, e fomos comprar o bilhete para voltar para Bucareste, pois precisámos de ir à capital para podermos comprar o bilhete internacional para Budapeste, na Hungria.
Mais uma volta, mais uma voltinha, no comboio da alegria! As crianças não pagam, e cocó para elas que também não andam!


09 setembro 2006

29/07/06 8:48h A caminho de Brasov

A Grécia desiludiu-me muito, quer dizer, eu já estava um bocado à espera, mas mesmo assim temos sempre a esperança de encontrar uma terra de sonho. Bom, a noite de caminho para Thessaloniki até se passou bem, fomos dormindo o caminho todo, pelo menos eu, a minha mãe disse que não conseguiu dormir nada.
Fomos num compartimento com mais 4 raparigas. Duas Alemãs, uma Grega e uma Australiana que viajava sozinha. Eu dormi muito bem, melhor do que se tivesse ficado num hotel ou assim, uma cama para me poder esticar, o balanço do comboio... tudo contribuiu para uma bela noite de sono.
Chegámos a Thessaloniki por volta das 5:30 da manhã e tínhamos comboio para Sofia por volta das 6:30h, foram 30min à espera que o senhor da bilheteira internacional abrisse e lá fomos nós, uma madrugada inteira num comboio apinhado de gregos, que falavam todos uns com os outros, escusa-se dizer que para mim era tudo grego... Ao meu lado ia um bébé, o Adriano (pelo menos o nome era normal!), que se encantou comigo, ficava a olhar para mim muito sério e depois ria-se, os pais punham-no a embalar quando chorava, mesmo ao lado da minha cabeça repousada, assim, quando eu tentava dormir tinha uma bébé aos gritos bem aos lado dos ouvidos. Na mesma carruagem iam dois miúdos para aí de 5 ou 6 anos que foram o caminho todo: riam-se , choravam, depois choravam e riam... até metia ocnfusão! Se eu falasse grego teria dito aos pais daquelas crianças que elas sofriam de disturbios de personalidade. De qualquer maneira, o Adriano, quando começava a chorar eu olhava para ele, e ele calava-se a olhar para mim muito sério, era amor... ou o mais provável era ser medo... a família dele achava muita piada, se bem que eu não percebia os comentários.
Ao entrar na Bulgária a segurança é apertadíssima, vieram-nos pedir o passaport umas 3 vezes. Nas primeiras vezes olhavam para o passaporte, olhavam para nós, para o passaporte, para nós... estava sempre à espera que me dissessem "Voçê tem aí uma ruga que não está aqui na foto, não me parece que esta seja voçê!", acho que era só o que faltava, mas é mesmo muito incómodo ter alguém a olhar para nós fixamente durante não sei quantos minutos a observar-nos os defeitos todos, estava a ver quando é que me confundiam com algum cartaz de "procura-se". Da outra vez, uma senhora policia levou-os para os carimbar (na Bulgária os visitantes têm que carimbar o passaporte todos os dias que lá estejam), a senhora que levou os passaportes tinha cara de má, mas perdia toda a credebilidade de autoridade policial porque era loira falsa, mamalhuda e tinha as unhas cor-de-rosa choque, se não estivéssemos na Bulgária diria que esta policia era dos apanhados, mais tarde percebi que era moda aqui...
A paisagem da Bulgária é lindissima, verde, verde, verde... enormes encostas todas verdinhas, lagos brilhantes, casas de campo super acolhedoras, crianças a andar de bicicleta pelos campos... isto até chegar a Sofia, mas porque é que as capitais estragam sempre tudo??
O comboio mal entrou na cidade passou logo por uma espécia de guetto. Porcos a viver com as pessoas, lixeiras à porta de casa, crianças descalças e sujas... realmente a miséria que aqui há é impressionante, talvez assim olhe para os imigrantes que há em Portugal com outros olhos, porque para abandonarem familia, amigos e irem viver para o nosso país em condições que nos afligem, é porque aqui as coisas são mesmo muito piores, apesar de tudo e de todos, acho que ainda vivemos num cantinho abençoado!
E quando se vê num cidade destas, pessoas a comer do lixo, pensámos nós "Se Deus é justo, então quem fez o julgamento" a estas pessoas? mas por que raio há pessoas que não não são nada, não têm nada, são "um resto do mundo", e nós, na nossa infinita ignorância, no nosso eguismo Humano, queixamo-nos muitas vezes de barriga cheia, acho que me inseri no velho ditado "eu queixava-me de não ter sapatos, até que vi um homem sem pés!".
Parece-me a mim que Sofia foi umas das capitais que se tentou modernizar depressa demais e acabou por por se atropolar a ela mesma. tudo muito apressado, sem organização, uma luta pela sobrevivência numa selva urbana.
Mal chegámos à estação veio uma senhora muito simpática, que nos perguntou logo se erámos espanholas ou portuguesas, porque tínhamos cara disso, disse que os portugueses eram muito boas pessoas. Deu-nos uma tanga tão grande, que quando dei por nós já estávamos no carro da senhora em direcção ao seu "hotel", veio-me logo à cabeça que íamos ficar já ali, se ela quizesse tínhanos levado para um beco qualquer e feito o que quizesse, mas tivemos sorte.
O suposto Hotel não era mais do que uma casa particular. Quando chegámos lá não gostei logo do aspecto do prédio, um cheiro a mofo horrivel, sem elevador, nem ventilação. Subimos para o 2ºandar e mal entrámos no Hotel Marriot veio-me logo um cheiro a lar de 3ºidade, horrivel... eu sou muito susceptível a cheiros, e nada pior do que morar numa casa que cheire mal. Mas como era 10€ lá ficámos. E a senhora estava tão orgulhosa do seu "hotel", com internet grátis, pequeno almoço e transporte grátis que até parecia mal dizer que não. Puseram-nos então num quarto despensa, com frigorifico, tábuas de passar a ferro, arcas e sei lá mais o quê, mas segundo a senhora os outros quartos já estavam reservados, mas enquanto lá estivémos só vimos a velhota que lá trabalhava a ver televisão de pernas pó ar, nos quartos, supostamente alugados.
Tomámos banho, vestimos roupa lavadinha (sabe tão bem), e fomos passear.
Andámos por um mercadão enorme, em que era tudo baratissimo e era só ciganagem, a senhora já nos tinha avisado para termos cuidado com os documentos e assim.
Comprei champô e sabão e fomos sempre andando, até não sabermos mais onde estávamos e resolvemos chamar um taxi, porque as ruas ali não pareciam muito seguras. Acertámos com um táxi que estava avariado, então estava sempre a ir abaixo, mas o senhor era sério porque cobrou-nos a taxa normal. Fomos à estação e como ninguém nos percebia no balcão dos bilhetes nacionais (pois eu queria ir a uma terrinha medieval ali perto), resolvemos ir logo para a Roménia. Assim fiz a reserva num vagão cama para essa mesma tarde, às 19:30h e fomos buscar as coisas ao hotel. Comi uma sandes estranha na estação, mas com a fome que eu tinha, marchava tudo e a bela da coca-cola, que felizmente (ou não), é universal, e pelo menos isso é uma merda conhecida...
Um taxi queria nos cobrar 10lev para ir até ao Hotel, quando eu sabia que não era mais de 3lev (estava no folheto), e como já estou a ficar esperta nestas coisas, fomos a pé e não me deixei ir na conversa do taxista explorador. Ainda bem que assim foi porque descobrimos uma lojinha de coisas típicas e a minha mãe lá comprou as prendinhas que queria, aqueles pratinhos que no fundo não servem para nada. Eu também comprei os meus postais, e percebi uma coisa curiosa aqui na Bulgária, eles falam e percebem francês, alemão e até italiano, mas inglês ninguém fala. Estava com esperança que no meio de tanta poliglotice, que percebessem português, mas não tive sorte!!
E é muito giro, pois falam comnosco como se a gente percebesse búlgaro muito bem... Então a senhora búlgara lá conversou muito comigo, ela em búlgaro e eu em inglês, nem sei bem como é que nos entendemos... Chegámos ao hotel e arrumámos as nossas coisas, ainda pus a carregar o telemóvel e a máquina e fui lavar os pés imundos e lá tentei explicar à senhora que estava de pernas para o ar, que nos íamos embora e que não ficávamos a dormir pois tinhamos comboio para essa tarde, ela respondeu em francês "Bon Voyage", e eu pensei que ela tivesse percebido, mas pelos vistos enganei-me porque quando nos viu a sair com as mochilas às costas fez um ar muito surpreendido, tive que lhe mostrar o bilhete para ver se ela percebia, mas mesmo assim acho que não ficou convecida, mas muito sinceramente caguei na senhora e lá fomos apanhar o comboio. A primeira coisa que fiz quando lá cheguei foi adormecer, estava mesmo exausta e desta vez o nosso vagão era tipo surprise-surprise. Debaixo de uma mesa estava o quê? Um lavatório!! Yeee, e era tudo mais ou menos assim, descobrir sempre um esconderijo novo. Desta vez a carruagem era só para mim e para a minha mãe, dormimos mesmo bem na viajem de 12 horas para Bucareste. Tirando o facto de estar sempre gente a lá ir bater à porta... primeiro foi o snehor da carruagem que ficou com os nossos bilhetes e nos expulsou sem explicar nada, pensei logo que era um vigarista que nos estava a endrominar, não percebia nem falava inglês, ora obviamente que eu não percebia nem falava as estranhas linguas do senhor, teve que ser uma senhora que estava na fila atrás de nós a explicar que podiamos ficar num quarto qualquer, e que ele depois devolvia os bilhetes no fim da viajem, ficou com eles só para carimbar.
Quando já estava a dormir descansadinha, apareceu um senhor com uma lanterna apontada à nossa cara a ver se estava tudo em ordem, só me apeteceu dizer "está tudo em ordem, chefe!" Depois, durante a noite, ficámos mais uma hora parádas algures na Europa de Leste para carimbar os passaportes, e ainda houve outra vez bem peculiar em que apareceu a senhora de branco. Acreditem que pensei mesmo que estava a sonhar, quando uma mulher de bata e toda de branco nos entrou pela carruagem, mas afinal era da saúde pública ou assim, e tinha uns inquéritos sobre a gripe das aves para preenchermos, tivemos que assinar um termo de responsabiliade em como não tinhamos nem chegado perto de qualquer ser morto ou vivo, com penas... bom, lá acordei do meu sonito para preencher aquela monografia, e acordei a minha mãe (o que não é fácil), para ela assinar os ditos documentos, e depois a senhora de branco cagou-nos na cabeça e não os foi buscar. Mas apesar de todas as interrupções até dormimos muito bem, e quando acordámos lá fomos nós para a estação trocar 4€ em Lei (dingeiro romeno), para irmos à casa de banho (0,80 lei) e depois fui comprar as reservas para Brasov (castelo do Conde Drácula) porque pelo que já percebi as capitais não tê nada de especial. Tive a ajuda dum senhor que perguntou se queríamos hotel, mas como eu disse que nos iamos já embora ele ajudou-nos na mesma.
Fui levantar dinheiro, fomos comer e às 8:30h apanhámos o comboio para Brasov. É nele que estou agora, a caminho do castelo de Drácula, chego lá por volta das 11h e tenho um miúdo de 8 anos a olhar para mim fixamente, com uns olhões azuis enormes, acho que se apaixonou pelo meu aspecto de tursta porca e descuidada.
Como é óbvio, a capital da Roménia é feia, como bela cidade grande que é, porém o caminho tem sido bem bonito, mais uma vez só montanhas verdejantes com chalets espalhados, ribeiros a atravessar os montes... as casas tê todo o aspecto de casas de campo, feitas de pedra, telhados de madeira e tem tudo uma conotação à filme, mas para isso temos que ignorar com certeza, o lixo à beira dos ribeiros.
Até Brasov!

06 setembro 2006

27/07/06 19:48h Atenas

Isto para mim é tudo grego... e é só isto que eu posso dizer!
Retrocedendo... Ontem não chegámos a ir ao supermercado porque era muito longe e estava muito calor para ir a pé, então ficámos a dormir um pouco à tarde e à espera do almoço. O almoço foi só servido às 15h e nós cheinhas de fome, fomos à rua comprar pêssegos que era só o que havia, e lá ficámos à espera do almoço que nunca mais saía.
Para nossa surpresa e para variar um bocadinho foi massa. Uma espécie de lacinhos, com tomates pequeninos e natas, mais nada. Lá ficámos nós enjoadas e com fome. A minha mãe foi comprar mais pêssegos para levermos e eu fiquei à espera que a roupa ficasse pronta. Mesmo em cima da hora (18h) ficou pronta e lá vestimos roupa lavadinha e fomos embora com o senhor da pousada, isto depois de lhe pagar, foi mais ou menos 30€, para duas pessoas, com banho, almoço, e roupa lavada e uma hora na net (5h), sim porque para escrever nestes teclados italianos é preciso talento e tempo.
O senhor levou o pessoal todo que estava na pousada para apanhar o barco, iam 13 pessoas numa carrinha de 9 lugares, muito colorida, cheia de flores e a dizer "Carpe Diem", que era o nome do ostello, mas ele não pareceu preocupado, pois segundo ele o record eram 21 pessoas, sabe-se lá como é que ele as enfiou lá!
Bom, já atrasados, chegámos ao porto, despedimo nos do senhor, muito simpático e fomos comprar a reserva do barco, ou os custos de portes, nem eu sei bem o que paguei. Eu não tava a contar com aquela despesa porque pensava que havia multibanco no porto ou no barco, então não tinha € que chegasse, o senhor basicamente respondeu-me que queria era que eu morresse... a sorte foi a Alexa que nos emprestou 10€ e lá conseguimos ir para o barco, a correr que nem umas loucas.
Quando olhamos para o barco, que na verdade era um trasantlântico, uma coisa monstruosa, com 4 andares, escadas rolantes, casino... Era uma coisa muito à frente, tipo titanic, mas não tão ao fundo, se é que me entendem. A gente ficou numa sala tipo cinema, com bancos de autocarro, era a parte pobre do barco, mas o chão era alcatifado o que era muito bom para dormir. Havia ainda uma parte mais que pobre que era no deque, lá em cima, onde o pessoal dormia ao relento e no chão frio do barco, mas era mais barato. Também estivemos lá em cima um bocado, sabe muito bem estar em alto mar a levar com a brisa marinha nas fuças...
A minha mãe passou um bocado mal, pois segundo ela quando foi a Marrocos, ainda antes de eu nascer, o barco atravessou uma tempestade e ela pensou que ia morrer e coisas assim do género, então não aprecia muito este meio de transporte, se bem que eu tentei lhe explicar que tanto lá em baixo no quentinho, como ali no deque se morria se o barco afundasse, acho que não a acalmei muito, mas tentei...
A noite em mar alto é linda, não se consegue diferenciar o céu do mar, e as estrelas mergulham no mar negro fazendo com que estejamos rodeados de um manto escuro e brilhante. Eu já tinha experimentado este tipo de viajem no navio Escola Sagres e gosto muito.
Bom, tal como não tinhamos dinheiro para pagar os custos, também não tínhamos dinheiro para comer, e a única coisa que tínhamos eram pêssegos, sinceramente não percebo, um navio daqueles, com casino, lojas e tudo, e não aceitava visa?? À conta disso foram 17h em alto mar só com pêssegos para comer, o negócio foi dormir o máximo de tempo possivel para esquecer a fome... ê vida de pobre!!
Mas até que passou rápido, eu dormi muito bem no chão alcatifado, a minha mãe domiu no banco. Lá acordava de vez em quando com alguém a ressonar e com as moscas que lá andavam. Por volta das 8h parámos num ilha grega, lindíssima, encostas enormes, verdes, a perder de vista. De facto a costa grega é muito bonita, o mar tem outra cor e os montes outra frescura.
Por volta das 11h chegámos ao porto de Patras, e basicamente aquela cidade é mesmo só o porto, e apesar do lixo todo, o mar realmente tem outra coisa...
Mas de facto ao entrar na grécia, os posters e todo o tipo de informação em grego, faz um bocado de confusão à cabeça. Porque com as outras línguas a gente ainda consegue ler, podemos não saber o que significa, mas conseguimos ler, agora grego... nem sabemos como é que aqueles caracteres são, quando mais como se lêm... sentía-me uma analfaburra a olhar para uma data de símbolos sem saber o que querem dizer.
Bom, fomos com as canadianas até à estação para eu lhes pagar o € que nos tinham emprestado, e depois fomos comprar a reserva para Atenas, que foi de graça.
Eu e a minha mãe fomos almoçar ali ao lado porque estávamos larvadas em fome, e a minha mãe que é uma fofa, ofereceu-lhes o almoço, pois elas também estavam mal de finanças. Depois de almoçar à pressa lá fomos nós nos belos comboios gregos para Atenas, se bem que quando damos por nós estávamos a caminho do aeroporto e tivemos que mudar de comboio e assim só chegámos a Atenas por volta das 17h.
Durante o caminho todo, o meu passatempo foi passar os cartazes que estavam em inglês e em grego, assim escrevia a palavra em inglês e depois em grego, a ver se achava uma combinação possivel, mas aquela merda não faz sentido nenhum... é grego!!
Realmente a população em geral tem razão, Atenas é muito feia. É porca, suja e má!
Fomos levadas por um taxista até a uma pensão, porque a bilheteira que vende bilhetes para Sofia só abria às 8h da manhã, isto tem algum jeito? Estarem as bilheteiras fechadas às 5h da tarde?? Deve ser para obrigar o pessoal a dormir aqui...
Chegámos ao Hostelo Afrodite, o quarto duplo era 47€ e não me despertou interesse nenhum, a minha vontade de ficar em Atenas era muito pouca!
Pagámos 10€ ao taxista por 5min e quando abalou voltámos para a estação e no caminho pudemos constactar o quão feia é esta cidade, acho que não vale mesmo nada a pena. E os gregos não antipatiquíssimos, quando não nos percebem, nem tentam perceber, e falam aquela língua estúpida que parece que estão sempre a gozar comnosco e que estão sempre zangados. Não gostei mesmo nada. Voltámos para a estação e fomoes de metro, com as mochilas às costas, porque não nos deixaram deixar na estação, até à Acrópolis. Chegámos lá por volta da 18:30h, como aquilo fechava às 19h, em meia hora não dava para subir aquele penhasco onde está o monumento e não compensava pagar o bilhete para chegar lé e ver aquilo fechado, assim vimos o que deu lá de baixo, também acredito que não havia muito mais para ver, então não fiquei muito triste. Éramos para ir ao estádio Olímpico, mas tava cansada e enervada com tanta incompetência e antipatia (não querendo ofender ninguém, mas a nossa experiência com os gregos não foi muito boa). Temos agora bilhete para as 22:57h para Thessaloniki, outra metrópole grega e assim dormimos no comboio (é carruagem-cama) e chegamos lá por volta da 5h da manhã e às 7h apanhamos comboio para Sofia (Bulgária), escusamos assim que estar a pagar um quarto e a perder um dia à espera que a bilheteira internacional abra.
O vagão-cama custou 8€ cada uma, nem foi muito caro, assim poupamos € que estão escassos.
São quase horas e vamos embora, para mais uma volta, mais uma voltinha (quero tanto ir para casa!!), a minha mãe também já está cansada disto, tenho uma olheiras do tamanho do mundo e mesmo passando fome e comendo só uma refeição por dia continuo gorda que nem uma porca... raça de vida!
Fui...

P.s. Aqui não há Deuses gregos, estou desiludida, onde andam os Homens?
E a tendência continua a ser, como em Itália, unhas dos pés laranjas, cor-de-rosa e outras cores subtis... a mãe diz que é para esconder a sujidade.... lolol

05 setembro 2006

26/07/06 Brindisi 10:00h

Roma é uma daquelas cidades que mal sais do comboio só consegues dizer "OUOHOUH", porque realmente é monumental. Acho que um bom sinónimo para Roma é imponente, e ao dizer isto não quero dizer impotente... ou quero? acho que estou um bocado confusa com o sentido das palavras, tenho de ir ao dicionário...
Roma, é um daqueles sítios que ao virares a esquina dás com um monumento do tamanho do mundo em que a própria pomba da estátua é maior que tu.
Mal desembarcámos na estação vieram ter comnosco uma catrefada de gente a perguntar se queríamos quarto, como falávam muito depressa não percebi metade e a da outra metade, não gostei do aspecto. Porém uma chinesa de nome Isa, conquistou-nos e lá nos arranjou um hotelzito por 60€ com casa de banho no quarto, como é só por uma noite não achámos mal, afinal, estamos em Roma!
Lá nos deu as instruções para chegarmos ao Hotel, que era perto da estação e lá fomos nós, todas serelepes. Tenho a dizer que o primeiro contacto com Roma fez-me lembrar um pouco Nova York, não que eu já tenha lá estado, mas falo do que se vê nos filmes: Ruas apinhadas de gente, pessoas estranhas à porta dos restaurantes... e nós devemos ter ficado na rua Benetton com certeza, porque a quantidade de etnias que se via fazia lembrar os cartazes da dita marca, claro que mais porcose não tão coloridos ...
Mais uma vez elevadores de ferro em que só cabe lá uma pessoa, mas apertadinhas, lá subimos nós para o dito hotel. O quarto era mais ou menos, tinha casa de banho, ventuinha, mas a televisão não funcionava.... grande merda, a minha mãe já estava a acompanhar uma novela italiana e tudo... é impressionante, viu um episódio duma qualquer novela, sem perceber um cu daquilo, mas conseguia explicar-me a história...deve ser um dom!
O senhor do quarto queria pagamento adientado e não aceitava cartão, então depois de tomar banho e lavar roupa lá fomos passear. Andámos, andámos, andámos, soubemos depois que quase atravessámos Roma inteira a pé. Não encontrávamos caixa multibanco em lado nenhum, não encontrávamos o caminho de volta, só a fome é que nos tinha encontrado! Fomos então jantar à casa da galinha, porque a perspectiva de comer carne sem qualquer tipo de massa, molhos ou queijo era muitooo agradável! Belo franguinho assado no forno com batadas... soube que nem pato! Entretanto ao jantar e já com dinheiro no telemovel, telefonei ao meu pai que me deu uma noticia terrivel, o Rui Pedro, um miúdo que cresceu comigo no bairro onde vivia, morreu! Segundo o meu pai, foi numa rixa de gangs, em Porto Côvo, levou uma garrafada na cabeça, no sitio certo, e não resistiu. Fiquei muito triste... já não era chegada a ele, afinal quando as pessoas crescem seguem diferentes caminhos e o dele não coincidiu com o meu. Mas um miúdo de 18 anos morrer assim?! Ele fez parte da minha infância, e o facto de nunca mais ouvir a mãe dele a gritar "Rui Pedro" na janela do prédio, dá-me um aperto no coração e sinto que foi uma parte do que eu vivi que morreu. Era um miúdo que apesar dos caminhos que escolheu, continuava simpático e sempre com a mesma cara de puto reguila, nem consigo medir o desgosto que os pais estão a passar! Só espero que esteja num lugar melhor, e que os que ficam suportem esta perda com toda a força que têm. Descança em paz, Rui Pedro!
Bom, não querendo ser fria, porque estou mesmo triste, mas prefiro não tocar mais no assunto, a morte choca-me um bocado, principalmente em pessoas novas.
Depois do jantar, andámos, andámos, andámos e fomos ao supermercado comprar fruta, passámos por enormes monumentos, que eu não sei o nome, (um guia dá sempre jeito), mas como pensámos que já tinhamos andado imenso entrámos num autocarro que dizia "Stacion Terminale", tentei pagar o bilhete ao senhor, mas este balbuciou umas palavras que não percebi nada e mandou nos entrar. Estávamos no autocarro e víamos pessoas a entrar e a sair, sempre sem pagar, só picavam um bilhete, e nós sem sabermos o que fazer, entrtanto entraram umas brasileiras, e eu mal as ouvi falar português, meti-me logo com elas, que me explicaram que temos que comprar os bilhetes nos quiosques e picar ali no autocaro, e eu perguntei "E agora, entrámos sem bilhete!! Como fazemos?!" Elas, muito calmamente, disseram que se a inspecção entrásse tinhamos que pagar 50€ cada uma. Bom, tivemos sorte, chegámos à estação sem nenhum inspector e andámos de autocarro em Roma à pála!
Começou a trovejar e a chover intensamente (nesta cidade até as gostas de chuva são maiores que em Portugal!) e depois de chegarmos à estação, levantámos dinheiro e corremos para o hotel, pagámos o resto do quarto e fomos dormir.
De manhã custou-me imenso a acordar, estava a dormir tão bem!!! mas lá teve de ser, fomos para a estação deixar a bagagem e compramos bilhetes para andar no "Go and Stop", que são daquele génenero de autocarros descapotáveis que fazem uma visita guiada pela cidade, e param em todos os principais monumentos e tu podes sair para ver melhor e depois apanhar o proximo, porque há autocarros de 10 em 10 min.
Roma tem mais monumentos e atrações do que o mar tem peixes, saímos apenas naqueles mais importantes: O Coliseu, a Cidade do Vaticano e a Fontana de Trevi, o resto vimos do autocarro, mas foi fixe porque deu para ver a cidade toda.
Tirei imensas fotografias, como se não houvesse amanhã, tentando sempre não apanhar as àrvores e os carros por que passávamos e tentando superar as aceleradelas do bus. Mas acho que valeu a pena ver a cidade assim, o bilhete custou 13€ cada uma e é válido pelo dia todo, a pé nunca teríamos visto metade.
O primeiro sítio onde saímos foi o Coliseu. Acho que o primeiro pensamento que tive quando lá entrei foi "Onde estão os leões?", porque há tanta gente que parece mesmo que vamos assistir a um combate.
Mas aquilo realmente é de uma magnitude incrivel, lá dentro sentimo-nos pequenos plebeus. As escadas para o primeiro andar são íngremes, então é preciso muita destreza para subir o coliseu, mas o esforço compensa porque a visão lá de cima é brutal, é do género "I am the queen of the world!". Lá dentro têm uma exposição com estátuas, cerâmicas, etc, encontrados nas escavações e é possivel ver com clareza os locais onde guardavam os animais, pois ainda preserva os bebedouros e tudo. Foi caro a entrada (18€ por pessoa), mas acho que valeu a pena.
Fomos roubados à saída e passo a explicar: íamos a sair do coliseu para apanhar o bus, quando vimos um senhor vestido de romano, com espada e tudo e cara de "Sou pouco, feio e mau!", pedi-lhe que poderia tirar uma foto com ele, ele disse que logo que sim, como foi a minha mãe tirou, a foto não ficou lá grande coisa, mas o senhor colocou a sua cara de mau, pôs-me a espada ao pescoço, e lá tirou a foto, depois chama a minha mãe para tirar com ele também, claro que a foto dela ficou muito melhor, porque foi tirada por mim, no fim lá agradecemos quando ele diz "5€, please", ora eu fiquei a olhar para ele feita parva, e lá começei a tirar o dinheiro, diz a minha mãe "lá tem que se dar uma moedinha né", eu disse "moedinha uma merda, ele quer 5€", quando lhe dou o dinheiro, ele faz um ar de "sou o maior ladrão do mundo" e diz "cada uma", olha, eu só me apeteceu espetar-lhe aquela espada pela goela abaixo, mas como era ele que a tinha na mãe achei melhor não provocar e lá lhe dei o dinheiro.
Sim senhora, 5€ por uma foto tirada da minha máquina e por mim, é preciso ter uma lata... e nem uma merda dum cartaz a dizer que era pago ou assim, ainda pensei eu apagar as fotos à frente dele "Tá a ver?? D-e-l-e-t-e!!", mas ele ainda cobrava na mesma pelos 5 seg de pose... ai a minha vida!
bom, despois deste episódio corremos para o bus, e mais uma vez, fotos, fotos, fotos. A próxima saída foi na Cidade do Vaticano. Mas que coisa monstruosa!! E que quantidade louca de gente... Para entrar até foi relativamente rápido, o que eu estranhei. Pusemos as mochilas na maquinha de raio-x, fomos revistadas, e eu sempre à espera que a navalha que a minha mãe tinha na mala desse barraca, mas não! uma navalha conseguiu passar tanto no coliseu, como no vaticano, mas um decote ou braços de fora não passam! belos conceitos de segurança!!
Bom, depois de entrar no vaticano tivemos para aí 1 hora sem exagero numa fila, nem sabemos ao certo para quê! Depois de meia hora sem sairmos do mesmo sítio resolvemos sair e ir ver outra coisa. Vimos as campas dos Papas, inclusive a do João PauloII, que era o que a minha mãe queria ver, era a mais simples de todas e também a mais bonita.
Demos mais umas voltas por lá e depois fomos almoçar, o almoço mais caro que tivemos até agora. Depois foi apanhar o autocarro outra vez para continuar a passear. Um calor abrasador e uma ânsia de tirar fotos e mais fotos. A nossa última paragem foi a Fontana de Trevi. Achei-a muito linda mesmo, água azul clarinha, centenas de pessoas à volta, enorme... não tinha a nada a ver com o que eu estava à espera, estava à espera duma fontezita numa rotunda, como as outras fontes, mas não. Situa-se num beco e é majestosa!! Lá atirámos as nossas moedas, esperando sorte e desta vez tivemos mais de meia hora à espera do autocarro, quando devia ser de 10 em 10 min. Um calor horrivel, sem bateria na maquina, mal disposta e cheia de sede. Lá conseguimos entrar através da multidão que se matava para entrar no autocarro e acabámos a viajem depois de ver o restante de Roma.
Fomos para a estação buscar a bagagem e eu fui perguntar se podia mudar o bilhete das 23:30h para Brindisi para mais cedo, e o senhor disse que não havia, isto eram 16h e tinhamos que esperar até às 23h, já tinhamos visto a cidade toda e estava a chover!
Pensei em dormir no chão, que num interrail é uma preciosidade, ter chão grande e sujo para nos esticarmos e dormir, mas um guarda lá me expulsou e disse que nao me podia deitar, assim a minha mãe arranjou lugar para nós num dos 3 bancos da estação de Roma. Assim, num espaço de 50 cm, estava eu, dois pilares e as mochilas, adormeci assim toda encolhida e dorida, enquanto a minha mãe estava num café ao pé de mim a ver o rex em italiano e de olho em mim. Diz ela que toda a gente que passava por mim parava a olhar e até me tiraram fotos, devia estar numa figura bem bonita, sim senhor!
Bom, lá se passaram 6h de espera, nem sei bem como, e fomos para o comboio. Ficámos todas contentes quando vimos que eram como os nossos comboios, pobres, mas mais confortáveis, porém ia cheio: Um rapaz a quem eu bebi a água porque pensava que era da minha mãe, uma rapariga com a bagagem cheia de corpos, segundo ela própria e um senhor que falava que se desunhava. O senhor lá saiu cedo e ficámos só nós os quatro. Eu semi-deitada com os pés do rapaz nas costas, os pés da rapariga na cara e os da minha mãe sei lá onde. Assim passaram 9h até Brindisi. Que tortura, mas como ja me habituei a dormir nas posições mais estranhas, até se passou bem porque fui sempre dormindo.
Chegámos a Brindisi, fomos comprar os bilhetes de barco para a Grécia (62€ as duas) e depois fomos de autocarro até ostello, sempre com um senhor velhote a guardar-nos e a ensinar-nos onde tinhamos que sair. Lá saímos do autocarro e demos com um "ostelli per la giuventú", uma vivenda com quartos para raparigas e para rapazes. O nosso quarto tinha 3 beliches e estávam lá 2 raparigas do Canadá, a Kathie e a Alexa, muito simpáticas que conversavam muito comigo e que disseram que eu falava muito bem inglês, fiquei toda babada (alguém tem um lencinho?). Elas também vão para a Grécia, mas depois voltam para a Itália. Bom, tomámos banho, dormimos uma soneca, porque o barco era só as 19h, pusemos roupa a lavar e agora era só esperar para embarcar.
Entretanto vamos ao supermercado comprar qualquer coisa para levar porque 17h de viajem é muito tempo. E ao almocinho não comemos lá muito bem, porque já estávamos fartas de massa com massa, e assim foi passar fome, mas a familiá é muito simpática. Isto tem um aspecto fixe, tipo república, com net, snooker, e um barzito. O dono disto faz-me lembrar o meu irmão mais velho, e o rapazito que lá estava era bem giro!.
Bom, aproveitar que tenho uma cama para dormir e esperar pelo embarque!

Ladroneeee!

01 setembro 2006

24/07/06 15:45h Firenze

Trovoada e chuva....
Ontem chegámos a Florença por volta das 21:30h. Fomos reservar o bilhete para Roma para hoje às 17:56h, que depois acabámos por trocar.
O primeiro passo fora da estação tenho que dizer foi uma desilução. Uma cidade escura (tá bem que estava de noite, mas mesmo assim...), cheia de carros, becos, prédios velhos, fiquei mesmo desiludida com a cidade mais bonita de Itália, não sei bem o que estava à espera, mas não era nada daquilo de certeza.
Andámos por ruelas escuras e entrámos num ou dois prédios de aspecto duvidoso e com aqueles elevadores de ferro, em que se vê os fios e as cordas todas, inclusive o estado avançado de decomposição em que se encontram. Fomos então a um albergue, mas um quarto duplo era 80€, e resolvemos procurar mais, depois de dar muitas voltas em ruas cada vez mais estranhas resolvemos voltar ao alberque, mas o prédio inteiro era só pensões então no andar acima deste encontrámos o Hotel Ester que só tinha uma estrela, coitadinha, e ficámos com um quarto de 45€. Tinha ventoinha (yeeeeeee) e tinha net de graça, então lá consegui esvaziar a minha caixa de email lotadíssima.
A casa de banho era comum e era um bocado estranha pois o chuveiro dava mesmo para o chão, daí a inundação e as toalhas no chão...
O quarto era engraçado, pequenino mas forrado a azul e cheio de quadros de reis mortos e espelhos antigos, tinha um lavatório pequenino no quarto que servia bem para lavar a roupinha. Não fomos sair à noite porque estávamos exaustas de tanto "poucaterra, poucaterra, pii, piii". Mandei mensagem ao meu mano para me carregar o telemovel, porque não conseguia ligar para ninguém de maneira nenhuma, recebi o carregamento logo (eta eficiência!), e assim lá deu pa lhe ligar, e ele a mim (isto do roaming é uma chulisse), ainda recebi umas msg de parabens, depois foi tentar descansar apesar do calor.
Hoje acordámos cedo, por volta das 9h, pagámos o quarto e fomos deixar as malas na estação, depois foi só passear.
Tenho a dizer que até bem meio da manhã, florença estava a ser uma desilução. Tem um canal enorme cheio de vida animal, inclusive pessoas a bronzearem-se nas bermas, espero que não mergulhem naquela água, senhores a fazer canoagem e pombos, muito pombos...
Andámos hoje 6 horas, quase sem parar, sempre a andar...andar.. Fomos andando por caminhos nunca dantes navegados e o lema era, "bola pra frente, que atrás vem gente!". Atravessámos por uma das pontes que atravessávam o canal e pudemos verificar que o código da estrada não é universal, porque aqui não é proibido estacionar nas pontes, em cada ponte há 2 filas de carros estacionados, uma para cada lado, é a festa da uva .... Acho que ctorremos os bairros todos de florença, e nada de especial...
Então decidimos atravessar a ponte de novo para o outro lado, comprámos fruta no mercado e mais uma vez fomos andando. Uma coisa gira daqui são as motoretas e as bicicletas, que parecem ser o principal meio de transporte por estes lados, ao contrário do que me tinha parecido ontem à noite, não se vê muitos carros, à conta disso andamos nas ruas sempre com campainhas atrás de nós para nos desviarmos, pois eles andam onde nós andamos, e a prioridade é deles, se não levam-nos à rojo.
Bom, depois de muitas andanças lá descobrimos as atrações de Firenza. Enormes Catedrais, estátuas imponentes, praças belíssimas, eu acho, muito sinceramente que aquelas igrejas são capazes de ser maiores que a minha cidade inteira. Florença, claro, tem a sua beleza: ruas cheias de bicicletas, prédios com uma nobreza incrivel, estátuas do tamanho de 10 homens e com expressões fantásticas. Eu sinceramente, prefiro um chalet e uma montanha, uma cabana e uma floresta, as cidades grandes intimidam-me um bocado, mas claro que no final não fiquei nada desiludida, surpreendida, mas não desiludida.
A cidade tem centenas de museus, e claro está que os mais famosos tinham comboios de pessoas para os visitar (e eu ja estava fartinha de comboios), esta altura do ano é sempre boa para estas coisas. Fomos apenas visitar o Museu de História Natural de Firenze, que pertence à Universittá degla studi di Firenza. Gostei muito, era de antropologia e etnologia. Tinha a evolução de várias populações, as tradições, os cultos, tudo... Achei muito bom, valeu o dinheiro, e para meu espanto até a minha mãe gostou, eu pensei que ela não ligasse a estas coisas, mas ela gostou muito, sim senhora....
Bom, os outros museus e igrejas estavam fora de questão, para os poder ver era preciso passar 3 dias em florença, 2 deles em filas e sinceramente já me bastou a expo98, logo volto num inverno qualquer, quando a minha conta bancária o permitir.
Vimos a estátua de David de Miguel Ângelo, mas pelo que sei era uma réplica em tamanho natural, porque o original está num museu qualquer guardadinho, mas muito sinceramente, para mim vai tudo dar ao litro, perdoem-me os entendidos, mas não passa dum senhor grande, com os atrefolhos pequeninos, achei muito mais piada a umas estátuas que lá estavam de pessoas a ser decapitadas, em que o autor até representou o sangue a sair da cabeça e tudo, muito fixe...
Vimos uma fonte que também é muito conhecida, se bem que eu não sei qual era, mas que estava rodeada de gente estava, por isso devia ser conhecida...
De qualquer maneira nem os monumentos, nem as estátuas, nem os edificios têm etiquetas de identificação, e como eu não tinha guia, estava um bocado a boiar no assunto, mas ia onde estava a multidão e assim sabia o que era ou não famoso... mesmo à matarroana... Vi muita coisa... metade não sabia o que era! Santa ignorância...
Uma coisa interessante em Florença são os gays. Imaginem esta cena: Está um gajo à porta duma loja, passa uma gaja e ele vira a cabeça e arregala os olhos tipo cartoon, eu vi uma cena deste tipo, mas estranhamente (ou não), é quando passava gajos que os gajos olhavam...Ontem quando chegámos, foi uma das primeiras coisas que vimos, quando estávamos à procura de hotel, estava um rapaz à porta dum rizttoranti, um empregado, quando passam por ele 2 gajos (bem forneciso), e o senhor literalmente come-os com os olhos e vira-se para os senhores (que estavam de costas) e faz uma cara do género "comia-vos já aqui, agorinha mesmo, à grande e à italiana!". O que eu achei giro foi mesmo a natularidade com que estas coisas acontecem por aqui, acho que esta sim devia ser a mentalidade do resto do mundo.
Não pude tirar muitas fotos porque fiquei sem bateria,mas consegui algumas fixes, com chuva e tudo, porque derrepente começou a cair uma chuvada, com direito a trovoada e tudo, as gotas de água eram do tamanho de berlindes e quando nos acertavam pareciam balas, até fazia mossa... à conta disso, fiquei com os pezinho, em chinelos, todos elameados que até metiam nojo, e calor é tanto, imaginem que as poças de àgua eram quentes, e a àgua salpicava a ferver (hipérbole pessoal, é uma hipérbole!!).
Bom, como já tínhamos visto tudo, e andado 6 horitas resolvemos ir andando para a estação, no caminho (não sei bem para onde, porque estávamos perdidas) deu-me vontade de fazer aquilo que niguém pode fazer por mim, e entrámos num café para ir à casa de banho, pedimos 2 sumos de laranja, que depois de ter pago (8€), só me apreceu dizer "Paguei bem aquilo que caguei, sim senhor!"...
Depois de muito perguntar ("Scuza, estacione de treno?", eu devia ter um sotaque fantastico porque as pessoas respondiam-me como se eu falasse muito bem italiano, e falavam, falavam... ), andámos para caralh.... e lá chegámos à estação. Fomos buscar a bagagem e pedi para mudarem a reserva para um comboio mais cedo, assim conseguimos ir às 15:30 h, como estáva a chover a potes, mesmo que só fossemos no das 18H não iriamos ver mais nada, assim esperámos só 30 min e fomos em direcção a Roma.
Mais uma vez um comboio desconfortável, cheio até às orelhas e assim, deitarmo-nos estava fora de questão.
Começei a desconfiar que cheirava muito mal, porque o rapaz que estava ao pé de mim foi-se sentar noutro sitio, e o chinês que estava ao meu lado estava com a mão na cara com ar de quem não estava a gostar do cheiro, lolol, tenho os pés sujos, é verdade, muito sujos, estive um dia inteiro a andar e a suar, mas até tomei banho depois disso... de chuva, mas tomei! Olha, desemerdem-se, também ninguém me conheçe, tou-me a cagar!
À tarde quando ìamos na rua, ouvi uns senhores a falar português, (é tão bom!), virei-me para eles e disse "Boa Tarde!", eles riram-se e começamos logo a falar, eram de Barcelos (um casal, uma menina, e uma brasileira muito simpatica), tinham vindo de caravana e também estavam a achar isto um calor insuportável e com gente a mais. É muito fixe encontrar gente da nossa nacionalidade tão longe de casa!!