23 outubro 2011

mais coisas das profundezas

Ora bem, cá vem um daqueles textos que em nada vem concretizar o prometido, mas que, tal como sempre, me vem de dentro da alma, com a certeza certezinha. Penso, e conclui agora neste pequeno momento de reflexão, que a minha criatividade é directamente proporcional aos fluidos sanguíneos que me saem do ventre.

Isto faz sentido?

Provavelmente não.

Mas como me estou a esvair em sangue, bem e bonito, apetece-me escrever coisas giras e pouco interessantes, sem sentido absolutamente nenhum, mas com um escárnio que me sai tão naturalmente, como promissores gazes silenciosos.

Estou aqui, perdida no Algarve profundo a pensar.

É verdade…

Não estou perdida no Alentejo profundo… estas profundezas são diferentes.

Estou no ponto de terra lá mais para dentro do mar, rodeada de homens a cheirar a suor, águias e bacalhau espiritual.

Estou com a Chica, e apesar de não ter vontade de os matar a todos como algumas pessoas com um conjunto de argumentos favoráveis à matança masculina no momento do castigo feminino, tenho a certa tendência para me questionar sobre a essência desta raça.

E apercebi-me disto: As mulheres estragaram os homens. Não só estragaram, como os emburreceram.

Podem dizer o que quiserem, podem dizer que eles sempre mandaram, que eram os chefes e senhores, que faziam e aconteciam… mas os homens não são mais do que o reflexo da mãezinha deles.

E todos esses grandes pequenos homens da história, que acharam que faziam e aconteciam, ajoelhavam sem pensar quando queriam leitinho ou outras coisas demais. Havia, com toda a certeza, uma grande ou pequena mulher que tinha aquele grande e sempre pequeno homem na mão e fazia dele o que quisesse, sem sequer que ele desconfiasse.

As mulheres quando são mães, tratam de cuidar dos filhos como homenzinhos que são, e por tal estes não aprendem a fazer nada que não implique materiais que se encontrem no AKI, ou que envolva tocar em produtos pouco tóxicos e com odores agradáveis. Quando são crescidos, esses pequenos homens tendem a casar com alguma mulher que lhes escolhe a roupa que vestir, que lhes trata dessa devida roupa, que lhes põe a mesa e o prato à frente da boca, e que lhes traz ao sofá a cerveja que este só pediu no seu interior mais íntimo.

Depois, estas mulheres educadoras discutem e lamentam que os seus homens não fazem nada, não ajudam em casa, não partilham tarefas. E essas mesmas mulheres, educam os seus filhos pequenos homens da mesma maneira que educam os maridos homens grandes.

Já assisti muitas vezes a mulheres que dizem sem sarcasmo e sem rodeios, que qualquer tentativa do homem ajudar é mal feita e imprestável. Muitas vezes ouve-se o “Deixa estar que eu faço, que tu não serves para nada”.

Sim. Estou a defender os homens. Estou a defender a ignorância de quem não foi educado nem re-educado para partilhar tarefas, como tão bem os psicólogos das terapias de casais gostam de utilizar, e não os culpo por desistirem de tentar.

Obviamente que para tudo há excepções, e aposto que quem me lê conhece/namora/vive/cresceu com algum ser masculino com M grande, e não concorda absolutamente nada com o que aqui debito. Mas calem-se que ninguém vos perguntou nada.

Eu tenho os melhores exemplos em casa. Os homens da minha família são Seres Humanos, com S grande, e para muito orgulho meu. Seria a última pessoa do planeta a vir falar deste tipo de coisas, porque realmente cresci com o melhor dos exemplos, e podem ter a certeza que o meu filho vai ter que fazer o berço, desde que comece a dormir nele. E engana-se muito bem enganadinho que lhe vou pôr o mamilo na boca… quer comer, ele que escale, que a vidinha não é fácil para ninguém.

Mas à minha volta, em círculos não familiares, assisto muitas vezes às esposas a mandarem os maridos vestir o casaco, a dizerem para comer que têm fome, a dizerem para se sentarem porque estão cansados e estes parecem, a meu ver, bonecos sem sistema nervoso que não sabem identificar quanto têm frio, quando têm fome ou quando estão cansados. E é triste. É triste principalmente porque se nota uma certa desistência no olhar, e impavidade perante a própria incapacidade de reagir aos cuidados.

Sim, as mulheres emburreceram os homens porque no fundo gostam de os ter na mão. “Ele sem mim não é nada”, é um mote que faz sorrir por dentro, porque faz sentir que se tem a faca e o queijo na mão. Às vezes há trocas e baldrocas, é verdade, porque há sempre uma outra mãe e mulher para escolher a roupa e fazer o jantar, mas no fundo a merda é sempre a mesma.

Talvez as mulheres acreditem que ensinar os filhos e maridos a fazer tarefas domésticas os vai fazer fugir e desaparecer por não precisarem mais delas, e é possível que isso fosse acontecer em muitos bons lares. Mas acredito que a longo termo tal contribuiria muito para a solidez dos casais actuais e acima de tudo, para a segurança em como aquela pessoa está connosco porque nos ama por quem somos e não porque lhes passamos a camisa…

…é que se pensarmos bem… há sempre lavandarias e prontos a comer algures em qualquer esquina.

04 outubro 2011

Cóltura gerale.

Olá espaço vazio coberto de eco.

Já cá não vinha arejar as janelas há algum tempo.

Peço desculpas pelo abandono. Tenho andado ocupada.

Sinto que os fãs não tenham muito que fazer e que, transtornados, vão passando por aqui sem que haja novidades… é o que dá serem desocupados.

Eu tenho muito que contar, e esta será uma boa maneira de eu própria colocar em linhas limpas os últimos acontecimentos, e organizar a cabeça e talvez o futuro.

Mas isso ainda não vai ser hoje. Tenho a toalha enrolada na cabeça tal turbante, e a vontade louca de me deitar e dormir até ao feriado. Talvez noutro dia venha conversar.

Deixo-vos apenas um daqueles momentos que gostaria de ter partilhado, mas que me garantiu gargalhadas solitárias pelas calçadas de Évora.

Poderia ter postado isto no facebook. Mas achei que não. Vocês merecem. Este espaço vazio merece. E estas pequenas pérolas merecem ser apreciadas por quem aqui vem com vontade, e não por quem usa as redes sociais para partilhar cada movimento de músculos que faz.

Então aqui vai. Enjoy:

Évora. Praça do Giraldo. 2 adolescentes de 16 anos, com cigarros na mão. Agarram folheto da discoteca Praxis a anunciar concerto do Martinho da Vila, com foto do senhor de braços abertos a gritar Samba.

Adolescente nº1 - FDX men, o Martinho da vila vem à Praxis, FDX!

Eu - a estranhar o facto do adolescente saber quem era o grande Martinho da Vila.

Adolescente nº1 - Sabes quem é, men?

Adolescente nº2 - Népia pá, não estou a ver.

Adolescente nº1 – FDX é um ganda DJ, men! Tipo, dos melhores de Portugal!!

….. gargalhada… a rebolar no chão de tanto gargalhar…