05 agosto 2009

O meu ego ando inchado

A minha vontade neste momento é agarra-me pelo colarinho e espetar-me bofetadas até sangrar dos ouvidos… apetecia-me bater com a cabeça na quina duma mesa até rachar o crânio ou talvez, levar pontapés no baço até cuspir o duodeno… o que é do duodeno?.... Não sei… mas também não interessa.

A questão que me perturba é de todo muito redonda. Sim… estou gorda e balofa… Sim… entrei novamente em curvas abruptas… isto é… entrei na saída errada…snif, snif…

Esta realidade está-se-me a debater dentro do peito como uma verdade que não consigo negar… mas quero… quero muito tal como quero um gelado geladinho de leite condensado com chantilly de lata….

Não obstante os comentários simpáticos da minha mãezinha, que me olha com ar de pena e diz:

“oh filha… estás mesmo gorda!”

“Oh mãe… não estou nada, só um bocadinho…”

“Hum…não…estás mesmo gorda…balofa… gordurosa…olha lá para essa barriga!”

E pronto… vou a chorar para o quarto e queixar-me da vida, enquanto enfardo uma tablete de toblerone…

Tenho que levar também com comentários simpáticos relativamente ao meu estado de esperanças…. Oh gente da minha terra, a minha única esperança é ser capaz de voltar a pôr-me em cima da balança sem querer arrancar-lhe o ponteiro à paulada…

Mas o que me custa não é a balança ter dado a volta uma vez mais… o que me custa não é as calças não me caberem no cu e as lojas serem outra vez pesadelos silenciosos onde só se ouve o “rasg…” quando experimento alguma coisa… o que me custa é eu ter gasto centenas e centenas de euros num personal trainner jeitoso e simpático com nome de Rotwailler que me fez suar que nem uma cavala enlatada e me fez perder 10 kilinhos com muita lágrima e esforço e que neste momento… oh pai do céu… voltaram todos sem ao menos devolver o dinheiro… ingratos…

Como é que longos e duros meses de provações físicas e monetárias se esvaem como a vida, em cada lambedela que dou nos cornetos de morango… como?

E enquanto recuperava as toneladas e me enganava a mim própria ao pensar que era o calor que me inchava, o mundo era cor-de-rosa e afinal de contas o clima eborense pede guloseimas geladas… mas agora…

Agora não caibo na minha roulotte e só me apetece andar desnuda porque me está tudo justo e desconfortável… agora a verdade deu-me um pontapé na boca para aprender a ouvir o apito que faço quando ando para trás e a necessidade constante de bombas de ar…

Agora eu digo “Não… eu não bebo o mesmo que tu… eu bebo Bi groselha… Light”

Mas basta! Vou encher a cara de água lhuso (esta é só para quem percebeu que a Telma Monteiro não diz correctamente os L) e vou perder a pneuzada que está a mais. Eu consigo… sei que sim…

Vou só comer um bolo de creme para a despedida… light, claro!

02 agosto 2009

Já tive mulheres...

Vim passar este fim-de-semana em casa, e como tal, um fim-de-semana dedicado exclusivamente a estupidificar.

Passar os dias deitada na cama, enrolada em mantas (aqui está fresquinho) e a ver filmes de grande qualidade nos canais portugueses é sem dúvida um dos meus programas preferidos para matar as células cerebrais aos poucos…. O incremento de baba que me sai quando vejo alguma avó a receber dinheiro porque tem não sei quantos netos, deve ser resultado disso…

Continuo a não perceber porque raio é que as avós ganham o dinheiro se não são elas que tiveram o grande e difícil trabalho de procriar e parir crianças com ombros…. Mas isso é assunto para outra madrugada….

Arranjo desculpas de dores de cabeça devido aos gritos e berros das criaturas do Demo que se apelidam de meus sobrinhos, e por isso faço sestas atrás de sestas entres livros da turma da Mónica e os apanhados da TVI… sim… os meus dias de descanso são tristes….inúteis e tristes….

Mas com muito pouca vontade de terminar esta letargia que era o meu sábado, resolvi aceitar o convite da minha sobrinha… aquela que grita mais… e ir ver o grande senhor Martinho da Vila.

Até à última hora não me apetecia levantar o cú da sesta… “está frio… é para estar em pé… há pessoas a suar… é de graça…. Não quero ver gente… ai ai ai”…. Entre muitas outras desculpas para não ir…

Mas como ninguém insistiu e pediu insistentemente a minha presença, acabei por ir.

Lá fui vestir-me e aperaltar-me para o espectáculo que como era no meio da estrada, com barracas de farturas e de graça para o povo, deveria ter um nível fabuloso.

Primeiramente surgiram-me questões do estado da carreira do senhor para aceitar vir dar um concerto num palco feito de paletes, no meio duma avenida, com o povo em surdina e a receber apenas uma sandes de courato… afinal do estádio do Maracanã para Vila Nova de Santo-André é uma descida a pique…

Os portugueses estavam como o homem os cantava… devagar, devagarinho… parados… paradinhos. Não se mexiam, não dançavam... foram pela velha postura do “É de graça não perco por nada”…. Mas não faziam a mínima ideia de quem era o grande Martinho.

Os brasileiros, sendo a grande massa presente no local, agitavam bandeiras, sambavam, cantavam…. Faziam o Martinho sentir-se em casa.

O senhor… já de idade avançada… fazia intervalos entre cada música e punha os companheiros de banda (supostamente tudo família) a cantar… Cantou muitas vezes sentado e diga-se de deixou grandes músicas de fora… grandes sucessos que ficaram para outra vez.

Mas a voz… a voz estava lá em toda a pujança e segurança… Grande Martinho da Vila… Grande Homem e Senhor…

E desta noite de cultura o que é que fica?....

Terem-me perguntado de quantos meses estava…