23 janeiro 2009

Uma questão de género

Para quem não está devidamente informado sobre a minha vida extremamente emocionante (o que denota já aqui uma incrível falta de interesse pela minha pessoa), encontro-me neste momento a realizar uma formação sobre Mulheres Empreendedoras e Criação do próprio emprego. Esta visa (além de me manter ocupada) preparar as mulheres para o mundo empresarial, ensinando-nos questões básicas sobre gestão de empresas, marketing, higiene e segurança no trabalho, direito do trabalho, relações interpessoais, etc., e como é um curso dirigido especialmente para as mulheres, tem um módulo que se prende essencialmente sobre a igualdade de género.

Acabada de chegar duma aula sobre este tema em que debatemos a homossexualidade, os metrosexuais e a depilação, deparo-me agora com um programa da Oprah sobre traição, homens e mulheres. Acreditando que tudo isto se trata de sinais divinos para me fazer rebelar, achei por bem vir aqui alvitrar sobre as minhas teorias da vida em geral.

Depois de ter gritado hoje a plenos pulmões que não aprecio homens que se maquilhem mais do que eu, e que as vaginas precisam estar protegidas pela pilosidade, fui quase apedrejada carinhosamente por 11 mulheres que apreciam homens sem pêlos e ratinhas aparadas (já percebi que não pertenço a este mundo).

Assim, e porque se não for para ficar ligada às máquinas prefiro viver uns aninhos mais, resolvi não alertar as senhoras (a quem fazia impressão ver dois homens aos beijos) sobre a minha teoria da bissexualidade, não vá o diabo tecê-la e a multidão enraivecida fazer-me provar o meu próprio sangue.

Sim, eu acredito piamente que todos somos bissexuais e acho que merecia um Nobel por esta teoria, já que quando admitida e posta em prática, iria certamente contribuir para a paz mundial.

É verdade, eu dedico muitas horas diárias na formulação de teorias que penso que podem mudar o mundo… ou não… mas há que tentar!

Acredito que no fundo nos sentimos atraídos tanto por mulheres como por homens. As mulheres têm o corpo mais bonito, mais atraente, mais curvilíneo. Têm cores, cheiros e sabores melhores. São mais carinhosas, mais compreensíveis, mais dedicadas e companheiras.

Os homens têm mãos grandes. Apetrechos interessantes. Cheiros atractivos. Hormonas poderosas. Lábios mais fortes e devoradores. Têm sabores únicos. São protectores, conquistadores, e mais intensos.

Podemos usar a desculpa de que estamos a comparar materiais, ou que é apenas uma experiência, que são pensamentos obscuros e profanos, que é pecado e mau visto… mas a verdade é que no fundo há qualquer coisa naquelas curvas tão semelhantes às nossas, mas ao mesmo tempo tão diferentes, que nos puxa e nos chama. Às vezes o pudor e o medo falam mais alto, outras vezes não.

Há depois o factor evolucionário ou o gene egoísta que nos faz inclinar mais para o sexo oposto, com o claro fim de procriação, propagação dos genes e da busca pela genética vencedora. Mas o gene reprodutor poderá estar mais apagado e o nosso fim é o prazer, sendo que o sexo com um parceiro do mesmo sexo é muito melhor já que o conhecimento de causa é relativamente maior e é certo e sabido que conduzimos melhor por estradas onde já antes navegamos (informação não testada dermatológicamente).

A questão do amor e parvoíces afins, creio estarem directamente relacionadas com o chamado interior sendo que o papel de embrulho é na maioria das vezes irrelevante (viram que bonito?...à noite tenho tendência para acreditar nas maiores bestialidades). Quando nos apaixonamos (olha eu a tentar ser gente grande…) é por pessoas, por personalidades, pelo sangue que corre nas veias, pelo brilho dos olhos e pelo sabor da boca. Quando queremos passar o resto da nossa vida com alguém é por quem aquela pessoa é ao nosso lado, por quem nos faz ser, e por nos fazer querer ser sempre melhor. É pelo toque, pela intensidade, pela textura, pelos arrepios pela espinha acima… é por tudo isto e muito mais … e isto não é uma questão de género… é uma questão de desejo, de conquista e de prazer…. É uma questão de serem dois corpos que se transformam num, seja de que maneira for….

E pronto, já vomitei Margarida Rebelo Pinto à vontade, já falei de amor recorrendo pura e simplesmente ao sexo e até disse coisas bonitas e profundas… agora sim, já posso ir dormir descansada porque já escrevi prosa de beira de estrada.

Ah… e para que conste… não vos perguntei nada.

20 janeiro 2009

Cavalos

Isto de estar desempregada tem muito que se lhe diga. Na realidade não tem… é uma merda e basta! Mas por vezes acontecem-nos situações daquelas em que as lágrimas tendem a sair mas enganam-se nos canos e a verdade é que nos mijamos a rir.

Depois da recontagem dos emails enviados com o assunto “contratem-me pois eu sou espectacular”, cheguei à forte conclusão que podiam ser menos, mas também podiam ser mais. Percebi também que não há nenhum @ que eu não tenha violado com o meu gmail super-hiper-ri-mega-rápido e que ainda por cima diz que é grande.

Felizmente as respostas têm aumentado e penso já ter atingido uns cerca de 80% de respostas relativamente a emails onde me ofereço voluntariamente para prestação de serviços, ponde ênfase na ideia de que não sou esquisita e tenho a mente bem aberta! Deixo bem claro que considero respostas qualquer tipo de email que tenha sido enviado através da opção “reply” independentemente se diz que “deve ter sido engano, o meu nome é João e tenho 12 anos” ou “obrigado pelo seu interesse… nós por sua vez, não temos interesse nenhum” ou até o sempre bonito “pare de enviar emails, já lhe dissemos que não queremos contratar ninguém e se continua a insistir teremos que contactar as autoridades”…. Coisas assim de animadoras.

Mas também tenho tido algumas respostas positivas, nomeadamente da Worten e SportZone de Portimão, para as quais devia ter ido a uma entrevista ontem. Porém quando a senhora me fez uma pequena entrevista telefónica e me perguntou quanto é que eu esperava receber fiquei nervosa e quase me ofereci de graça… assim sendo, e porque resolvi também espera um bocadinho mais por alguma coisa mais ou menos biológica, resolvi não ir e ficar aqui a rezar às fadas e duendes, a ouvir a banda sonora do Coyote Ugly enquanto degluto caixas de chocolates e peço a Obama para que haja paz no mundo.

Além de algumas respostas que me puseram em avaliação mas que, por qualquer motivo que se estende fora da minha compreensão, não levaram a que escolhessem a melhor candidata possível (isto há gente com muito mau gosto e muito pouca capacidade administrativa). Chegaram a alegar que não tinha experiência com crianças, e a minha vontade foi-lhe espetar com 3 ou 4 dos meus 8 sobrinhos pela garganta abaixo a ver se sabem lidar com estes agentes do Demo em ponto pequeno (alguns em ponto maior que eu).

Mas gostava de vos comentar uma recente proposta de trabalho que me deu muito que chorar… ou vá lá… ter problemas intestinais. Comecemos do inicio: Para quem não sabe, o correio da manhã traz à sexta-feira um suplemente do iefp (instituto emprego e formação profissional) com anúncios sobre o primeiro emprego, já que o centro de emprego dá incentivos às empresas (subentenda-se dinheiro), isto é, tenta convencê-los de que é boa ideia contratar gente acabadinha de sair do forno. Assim, e porque ando muito atenta a tudo e a todos (estou a ouvir o discurso do Obama neste momento… só espero que ele prometa empregos…), descobri dois anúncios a pedir tratadores de animais para Vila Franca de Xira e para Évora.

A primeira questão que se coloca é: Que tipo de animais é que existe nesta duas belas localidades que precisem de ser tratados? … Depois de uma pesquisa exaustiva e muito profunda, descobri que eram cavalos.

O de Vila Franca ainda não disse nada, talvez por não ser assim tão franca, mas consegui telefonar para a de Évora, que afinal não é em Évora, mas como é tudo Alentejo continua-se em família. Depois de ouvir um “Yees??” do outro lado e de ter panicado por não fazer ideia que a senhora Elisabete para a qual ia ligar era estrangeira, inspirei fundo e lá tentei explicar a situação num dialecto que os meus companheiros de Erasmus apelidavam de Morconês.

O salário não era muito, mas como dão dormida até que a coisa não era má pensada. Um turismo rural, com cavalitos, burritos, ovelhitas e homenzitos do campo. Mas lá está… tenho experiência com muito tipo de animal, daqueles maus, peludos e selvagens, agora com cavalos…. Lá disse à senhora que a única coisa que sabia de cavalos era que havia muito boa senhora da indústria porno que se arrependia de experimentar.

Como tal, a senhora sugeriu-me um mês de experiência para saber se teria jeito para a coisa. Ao que parece há muita gente sem formação que tem habilidade e outros que, mesmo com formação, no acto da coisa percebem que não gostam. Para tal, além de ser um mês de experiência gratuita e muito fortuita, ainda teria que pagar para tal… 150€ para estar ali a tentar perceber se os cavalos seriam o meu dom.

Obviamente que disse à senhora para ir pentear cavalos.

E pronto, é esta a história que me fez uma gastroenterite de tanto rir. Primeiro porque o email da senhora era Sweettigerlilly e tratava de cavalos, o que digam o que disserem é um tema bastante explorado na industria porno… o que me leva a pensar que a crise já chegou à industria do sexo levando-me assim a riscar mais uma hipótese de carreira na arte de fazer o amor sob o homónimo de “a gostosa do Arouche”.

07 janeiro 2009

Éramos Felizes e sabíamos!

Recebi este email, que achei brilhante. Como não tenho nem vagar nem paciência para escrever algo de interessante, aqui vos fica palavras que não minhas, mas que assino em baixo.

Situação: O Pedro está a pensar ir até ao monte depois das aulas, assim que entra no colégio mostra uma navalha ao João, com a qual espera poder fazer uma fisga:
Ano 1978: O director da escola vê, pergunta-lhe onde se vendem, mostra-lhe a sua, que é mais antiga, mas que também é boa.
Ano 2008: A escola é encerrada, chamam a Polícia Judiciária e levam o Pedro para um reformatório. A SIC e a TVI apresentam os telejornais desde a porta da escola.

Situação: O Carlos e o Quim trocam uns socos no fim das aulas:
Ano 1978: Os companheiros animam a luta, o Carlos ganha. Dão as mãos e acabam por ir juntos jogar matrecos.
Ano 2008: A escola é encerrada. A SIC proclama o mês anti-violência escolar, O Jornal de Notícias faz uma capa inteira dedicada ao tema, e a TVI insiste em colocar a Moura-Guedes à porta da escola a apresentar o telejornal, mesmo debaixo de chuva.

Situação: O Jaime não pára quieto nas aulas, interrompe e incomoda os colegas:
Ano 1978: Mandam o Jaime ir falar com o Director, e este dá-lhe uma bronca de todo o tamanho. O Jaime volta à aula, senta-se em silêncio e não interrompe mais.
Ano 2008: Administram ao Jaime umas valentes doses de Ritalin. O Jaime parece um Zombie. A escola recebe um apoio financeiro por terem um aluno incapacitado.

Situação: O Luis parte o vidro dum carro do bairro dele. O pai caça um cinto e espeta-lhe umas chicotadas com este:
Ano 1978: O Luis tem mais cuidado da próxima vez. Cresce normalmente, vai à universidade e converte-se num homem de negócios bem sucedido.
Ano 2008: Prendem o pai do Luís por maus tratos a menores. Sem a figura paterna, o Luís junta-se a um gang de rua. Os psicólogos convencem a sua irmã que o pai abusava dela e metem-no na cadeia para sempre. A mãe do Luís começa a namorar com o psicólogo. O programa da Fátima Lopes mantém durante meses o caso em estudo, bem como o Você na TV do Manuel Luís Goucha.

Situação: O Zézinho cai enquanto praticava atletismo, arranha um joelho. A sua professora Maria encontra-o sentado na berma da pista a chorar. Maria abraça-o para o consolar:
Ano 1978: Passado pouco tempo, o Zézinho sente-se melhor e continua a correr.
Ano 2008: A Maria é acusada de perversão de menores e vai para o desemprego.
Confronta-se com 3 anos de prisão. O Zézinho passa 5 anos de terapia em terapia. Os seus pais processam a escola por negligência e a Maria por trauma emocional, ganhando ambos os processos. Maria, no desemprego e cheia de dívidas suicida-se atirando-se de um prédio. Ao aterrar, cai em cima de um carro, mas antes ainda parte com o corpo uma varanda. O dono do carro e do apartamento processam os familiares da Maria por destruição de propriedade. Ganham. A SIC e a TVI produzem um filme baseado neste caso.

Situação: Um menino branco e um menino negro andam à batatada por um ter chamado 'chocolate' ao outro:
Ano 1978: Depois de uns socos esquivos, levantam-se e cada um para sua casa. Amanhã são colegas.
Ano 2008: A TVI envia os seus melhores correspondentes. A SIC prepara uma grande reportagem dessas com investigadores que passaram dias no colégio a averiguar factos. Emitem-se programas documentários sobre jovens problemáticos e ódio racial. A juventude Skinhead finge revolucionar-se a respeito disto. O governo oferece um apartamento à família do miúdo negro.

Situação: Tens que fazer uma viagem:
Ano 1978: Viajas num avião de TAP, dão-te de comer, convidam-te a beber seja o que for, tudo servido por hospedeiras de bordo espectaculares, num banco que cabem dois como tu.
Ano 2008: Entras no avião a apertar o cinto nas calças, que te obrigaram a tirar no controle. Enfiam-te num banco onde tens de respirar fundo para entrar e espetas o cotovelo na boca do passageiro ao lado e se tiveres sede o hospedeiro maricas apresenta-te um menu de bebidas com os preços inflacionados 150%, só porque sim. E não protestes muito pois quando aterrares enfiam-te o dedo mais gordo do mundo pelo cú acima para ver se trazes drogas.


Situação: Fazias uma asneira na sala de aula:
Ano 1978: O professor espetava duas valentes lostras bem merecidas. Ao chegar a casa o teu pai dava-te mais duas porque 'alguma deves ter feito'
Ano 2008: Fazes uma asneira. O professor pede-te desculpa. O teu pai pede-te desculpa e compra-te uma Playstation 3.

Situação: Chega o dia de mudança de horário de Verão para Inverno:
Ano 1978: Não se passa nada.
Ano 2008: As pessoas sofrem de distúrbios de sono, depressão e caganeira.

Situação: O fim das férias:
Ano 1978: Depois de passar 15 dias com a família atrelada numa caravana puxada por um Fiat 600 pela costa de Portugal, terminam as férias. No dia seguinte vai-se trabalhar.
Ano 2008: Depois de voltar de Cancún de uma viagem com tudo pago, terminam as férias. As pessoas sofrem de distúrbios de sono, depressão, seborreia e caganeira.