24 dezembro 2010

Um pacífico Natal... e um atlântico também se quiserem... e vá... um mar negro.... e pode ser também um Balsâmico... Báltâmico.... Báltico....

Há duas coisas importantes na minha vida actualmente.

A primeira, e claramente a mais importante, é a dieta que me propus a fazer. A minha lógica para iniciar a dieta exactamente nesta data comelícia, é acreditar no mote que diz que uma empresa que nasça durante a época de crise e se safe aguenta tudo e qualquer coisa. Assim sendo, achei que o natal era a época apropriada para iniciar uma dieta a sério. Se conseguir fazer dieta enquanto os meus sobrinhos se passeiam à minha frente com bombocas de morango no nariz e vianetta nos bolsos, consigo qualquer coisa.

Assim sendo cá estou eu, no meio de bacalhaus em banho de natas e azeite, frangos recheados de gordura e muitos doces encharcados necessariamente de óleo e açúcar, a tentar contentar-me com vegetais cozidos e frango sem tempero.

A verdade é que nem está a ser assim tão complicado. Comer muitas vezes, coisas controladas e saudáveis e ajudar com aqueles medicamente naturais que ajudam a coisa a ir melhor, até se faz bem… ver o The biggest loser ajuda a manter os objectivos. Muitos litros de água diariamente e esquecer que doces e salgados existem está a ser mais fácil do que pensei, talvez porque também a vida me está a tirar o apetite.

Estou a conseguir com algumas irregularidades não graves, que se devem sobretudo a acordar ao meio dia durante as férias e por isso faltar as refeições matinais. Mas penso que não será grave…. A nutricionista lá dirá na próxima consulta.

E quanto passo o meu natal assim, pouco doce e pouco gorduroso. A minha vida também está mais ou menos assim… com pouco tempero e até com um picozinho ao azedo.

Apesar de não parecer à primeira vista e até para mim, a minha vinda para casa foi um tanto ou quanto nervosa, ansiosa pela reacção da família à minha pessoa, à presença de um acontecimento que tinha sido apenas por telefone.

O orgulho que sinto do meu pai e irmãos não poderia ser mais inabalável. Receberam-me e trataram-me como se eu fosse a mesma pessoa que sou, sem tirar nem pôr, sem a doença temível e contagiosa que a minha mãe acha que se apoderou de mim.

Ela, sendo a única que acha ter o direito de reagir face à minha vida e às minhas escolhas como se fossem suas por direito, continua a comportar-se como se eu estivesse muito errada e tivesse cometido um crime impagável.

Não me fala. Não existo na mesma divisória que ela, e penso que se não tivesse tanto nojo de me tocar, até passava por cima de mim só naquela de se armar em autista. Já estou aqui há uma semana e as primeiras palavras que me dirigiu foram hoje: “não falo com bichas” disse… eu ri-me… haverá coisa mais ridícula que esta? Não pude deixar de me imaginar de plumas à volta do pescoço e pestanas cravejadas de diamantes. A verdade é que se eu fosse assim, talvez fosse mais fácil de perceber e aceitar.

Diz que a vergonha é muita e nem consegue falar com as pessoas e sair à rua… a verdade é fala falsamente como se o mundo fosse maravilhoso, e vai em excursões como se nada tivesse acontecido, a vergonha só acontece na minha direcção, porque afinal os outros não sabem… ainda… tenho vontade de cada vez que me perguntem como estou, dizer que estou bem e vivo com uma mulher, só naquela de criar os boatos.

Sei que a intenção é magoar-me, fazer sentir-me envergonhada e arrependida… tão errada que ela está…

Como é que é possível achar que alguém se pode arrepender de estar tão feliz e ter encontrado a pessoa que quer que esteja ao seu lado para sempre. Envergonhada de quê?... Não creio que as minhas atitudes sejam erradas, não acredito que esteja a cometer nenhum crime, e por isso a única coisa vergonhosa aqui no meio disto tudo é a atitude preconceituosa e maldosa da minha mãe.

Mas eu já sabia que ia ser assim. As mães são cruéis, e a minha é particularmente má quando quer. A minha relíquia diz que se eu fosse eu talvez fizesse a mesma coisa… somos muito parecidas e por isso sempre faiscámos muito… mas também já tivemos tantos momentos bons, e é isso que me deita mais abaixo…

Lembrar-me das conversas, dos passeios, das pequenas e estúpidas discussões e pensar que talvez não venha a ter nada disso nunca mais…. É pensar que a mãe que eu conhecia morreu e é essa sensação e pensamento que realmente me entristecem.

Já tivemos estes momentos de não nos falarmos, de amuar… realmente não é novidade para ninguém… mas pensar que será sempre assim realmente entristece-me.

Tento acreditar que realmente o tempo cura tudo e isto lhe passa… mas e se não passar?

Se não passar e ela não mudar, não fui eu que perdi a minha mãe… foi ela que perdeu a filha… e só espero que não se aperceba disso demasiado tarde.

E aqui continuo, a ignorar quem me ignora. A ignorar que existem doces no mundo. A aproveitar a restante família e o meu Puffy que realmente me amam incondicionalmente.

Um santo natal a todos e que 2011 seja realmente o ano das boas mudanças.

Façam o favor de ser felizes… eu estou a tentar.

11 dezembro 2010

o melhor dos meus erros

A semana passada fui a um seminário na associação portuguesa de ambiente, onde fui apresentar aos senhores noruegueses e bacalhaus afins, que deram uma data de dinheiro aos portugueses para fazeres coisas bonitas e ecológicas, os resultados do projecto onde trabalhei.

No intervalo de almoço do dito seminário, minutos antes da minha apresentação, surge numa conversa telefónica inesperada com a minha progenitora a revelação há muito adiada: “sim mãe vivo com uma mulher, sim mãe sou muito feliz” (não é que ela me tenha perguntado se sou ou não muito feliz, mas achei que podia fazer diferença esse pequeno pormenor... não fez).

Depois de ouvir aquilo que se espera ouvir duma mãe com a idade e mentalidade que não lhe permite perceber certas e determinadas coisas, engoli em seco, enfiei os nervos para os confins do meu cérebro onde provavelmente se está a desenvolver um possível tumor e fui falar com os senhores do bacalhau sobre o quão feliz estamos todos porque fizemos ambiente.

Correu tudo bem. Não sei se sou boa actriz, se sou fria, não tenho sentimentos, ou quem sabe esquizofrénica, mas consegui sorrir e fazer piadinhas com o senhor do catering sobre o facto da recepção típica norueguesa que a embaixada nos ofereceu conter pasteis de bacalhau juntamente com salmão fumado e caviar. Consegui fingir que nada me abalou, e como mulher forte que sou, posso morrer mas vou de pé e maquiada...

No caminho para Évora houve o desabafo com a colega de trabalho que de nada de apercebeu, e que ficou muito surpreendida pelo meu mundo ter desabado durante todo aquele dia de apresentações e não se ter dado por isso. A verdade é que o meu mundo desabou mas ainda o estou a segurar, daí não se ter dado pelo estrondo.

Esta era a conversa inadiável que teria que acontecer algum dia, e que por muito que se planeie nunca é como se quer, como se imaginou ou como se viu num filme. Mas foi, e isso é que interessa.

O meu maior medo não era a minha mãe, cuja reacção eu já esperada, era o resto. O meu pai, os meus irmãos todos já muito grande e adultos.... mas não poderia estar mais feliz pela família que tenho, não podia mesmo.

O meu pai, com a idade que tem, só me disse que há mais dum ano que sabia disso, que estava do meu lado e que a vida é minha faço o que quero. Foi tão bom ouvir isso. Foram estas palavras que me desabaram, que me fizeram chorar desalmadamente, porque para mim era muito pior ouvir da boca do meu pai que o tinha desiludido, que tinha vergonha e que não aceitava.... não sei porquê mas era muito pior.... muito mais fatal. Mas foi como erguer mais uns quantos pilares do meu mundo perceber que o meu pai já sabia, que continuava a tratar-me como sempre, e que quando lhe perguntei pelo meu Puffy no meio de todo o sismo familiar, me responde a rir “ele está bem, ainda não sabe de nada”, e eu respondi-lhe que o Puffy já sabia sim, e que apoia porque me ama incondicionalmente, tal como ele... foi um momento bonito ter dito ao meu pai o quanto me orgulhava dele, o quanto o amava, coisas que sempre pensei mas que nunca o disse, porque essas coisas realmente custam a sair, e parecem sempre tão ridículo quando ditas.... por mais sentidas que sejam.

Ao chegar a casa, e enquanto tentava mais um telefonema à minha mãe que me bombardeou com muitas pedras de raiva cuspidas com nervosismo, decidi que seria tudo de uma vez e telefonei a cada um dos meus irmãos. Três telefonemas seguidos para dizer aquilo que não tinha tido coragem de dizer em muitas das conversas sobre ausências de namorados e afins. Não sei onde enfiei os nervos, o medo... talvez naquele tumor escondido...

E mais uma vez, não poderia estar mais orgulhosa dos homens da minha família. O meu irmão do meio já sabia há imenso tempo, disse que não se importava de ter uma cunhada, e que estava do meu lado. O meu irmão mais velho disse que também já desconfiava, que a vida era minha e que eu fazia o que quisesse e que o que importava era que eu fosse feliz, e fez a relíquia chorar quando lhe disse para tomar conta de mim. O meu irmão mais novo foi o que ficou surpreendido, não sabia apesar da minha cunhada já lhe ter dado um toque, mas apesar de surpreso disse que gostava de mim na mesma, e que estava do meu lado.

Todos disseram para ter calma, paciência, para dar tempo... a mãe é difícil, disseram todos. E mais uma vez tive a oportunidade de dizer o quanto os amava e tinha orgulho dos irmãos que tinha, coisa que sempre senti mas que nunca tive palavras.

Mais pessoas da minha grande família já sabiam, já desconfiavam, apoiam e só querem que seja feliz. É tão reconfortante saber que o amor incondicional existe e que as pessoas mais importantes para nós só querem que sejamos felizes.

Mas claro que não podia ser perfeito. A vida assim não o é.

A minha mãe continua sem falar do assunto, não admite que se lhe toque nessa calcanhar, não me fala como deve ser, e diz que tem vergonha de andar na rua, de olhar para os outros. E eu disse-lhe que a vergonha era só dela porque eu não tinha nenhuma, e sendo assim, que ela a carregue porque eu não o farei.

Ainda não estive pessoalmente com eles. Será em breve.

Terá sido pior ou melhor por telefone?

Não sei....

Gostava de os ter abraçado a todos e ter dito pessoalmente que os amava, gostava de ter vergado a minha mãe com um amo-te e um abraço forte atirados no meio do apedrejamento... mas não foi assim... não foi escolha, foi simplesmente assim.

Talvez tenha sido melhor assim para lhes dar tempo para digerir, para lhes dar tempo para falarem sem mim, para lhes dar tempo de se preparem para a minha presença depois do sim que já desconfiavam.

Pensei que a sensação de leveza fosse maior. Talvez porque a minha mãe continua a fazer muita pressão e não me deixa respirar livremente. Talvez porque a coisa não está de todo resolvida, apenas admitida. Mas acredito piamente que o tempo é o melhor remédio. O tempo cura tudo, dizem... tem sido assim em outras situações. As pessoas podem não aceitar, continuar a não ser o que querem, mas acabam por engolir.

As mães são sempre mais difíceis. Porque para elas, acredito, temos que viver o que elas não viveram, e da maneira que elas querem. Elas é que sabem. Não fizeram a música, mas fizeram-nos a nós. E talvez haja ali um sentimento de culpa, talvez acreditem que quando nos deixaram cair no berço ficámos assim... doentes.... não sei.... o ser humano é um lugar estranho, e as mães são as piores.

Mas a verdade é esta, vão parar as pressões sobre namorados e por muito que a minha mãe diga que este é o meu maior erro, eu digo que não é o maior... é o melhor!

02 dezembro 2010

Nos cuidados intensivos...

Há muito tempo que estou para escrever um pequeno e meigo post a escarrar piamente no facebók. Mas agora que tenho um e que a minha querida companheira de bloguisses já o fez, acho que realmente é uma coisa de mau tom….

Mas claro que isso nunca me impediu antes…

O meu pezinho atrás, mas muito sorrateiro, em relação a este tipo de modernices cibernéticas vinham dos Hfives e coisas que tal. Catálogos humanos de venda sexual que em muito indignavam a minha pura e casta personalidade.

Claro que tive um, durante uma semana, mas depois de ter assistido à triste e deprimente imagem duma colega de universidade como veio ao mundo e com cones de sinalização a apontar para a dita cuja, achei realmente que não estava preparada para porcalhiçes em linha (online).

Mas confesso que o facebók não é igual, e a coisa de ter muitos amigos é super hiper mega meigo e divertido.

Apesar da pressão para me juntar á dita rede social ter sido alta e poderosa, o que na realidade me levou a aderir à comunidade facebokiana foi o objectivo concreto de divulgar o trabalho da Relíquia.

Como a dita não tem muito jeito para conquistar amigos que não se vejam, prometi que ia ter mais amigos que os Anjos só para escrever coisas sobre a Yamonine e os meus milhões de profundos e queridos amigos verem e comprarem coisas.

E claro que o facto de ter amigas que me respondem que estão a escovar bois ou a colher cenouras quando lhes pergunto o que fazem ao vê-las clicar fervorosamente no rato, me aguçou em muito a curiosidade…

Mas atenção! Não me interpretem mal! Todos os meus milhões de amigos são gente que conheço, vi-os a todos pelo menos uma vez na vida, e afinal é isso que interessa né, guardar no coração (ou no facebók) os que por nós passam na vida… boniteee

E assim é, hoje tenho facebók. Confesso. E gosto. Admito.

E porque gosto, perguntam vocês?

E PORQUE GOSTAS PERGUNTAMOS NÓS?

Ora ainda bem que perguntam. Porque acho brutal ser amiga da minha professora da primária que partilha fotos mais ou menos humilhantes de quando eu ingeria primatas que me saíam pelo nariz… gosto tanto…

E claro, não usarei este meio de comunicação para fins que me possam prejudicar, isto é, não colocarei aquelas fotos que tenho de garupa de moto num palheiro algures no Alentejo, mas vou pondo coisas do trabalho da patroa, e alguns episódios humilhantes e divertidos que me possam levar a ser contratada caso necessário, pois evidenciam o meu lado humorístico de excelente pessoa que sou.

Mas uma coisa não perdoo ao facecoiso. Matou os blogs….

Cada vez há menos blogs e cada vez mais se encontram blog deixados ao abandono das fibras ópticas, sem carinho, sem posts novos, sem alegria de viver. Blogs que são usados e abusados e depois descartados. Blogs violados psicologicamente pelo abandono de quem amavam…

Este meio amigo tem andado meio adormecido mas apenas e somente porque o meu computador, o fiel e amigo Acer, entrou em coma profundo….

O meu eterno companheiro chegou ao ponto de ter que ser ligado com um palito, as teclas não funcionavam e já era impossível de desligar sem retirar tudo o que era fonte de energia… acho que teve overdoses de edp.

Mas agora, que tenho um novo amigo chamado Vaio, posso novamente passar as horas de insónias ou de seca a escrever parvoíces, e de vez em quando vou visitar o Acerzito aos cuidados intensivos…

Por isso não te deixarei morrer meu belo e amarelo blog! Porque os blogs são importantes e canso-me de andar a passear pelo mundo bloguil e só encontrar coisas do Senhor e do poder da Mente e o meu mais profundo e enterrado eu….

Fazem falta bons blogs, como o meu, para contentar quem ainda acha que estes pedacinhos de nós são importantes…. E só não o divulgo no facebók porque a minha professora da primária ainda acha que tenho 7 anos e tenho terra debaixo das unhas… deixemo-la continuar assim…

E prontos… Sé me falta o orkut, o myspace, o twitter, o senhor dos anéis, o Azkaban e sofrer tentativas de abuso por parte dum qualquer onfire17 com 70 anos, que me queira conhecer pessoalmente num qualquer beco escuro, naquele de ter todo o tipo de experiências que as fibras óptimas possam proporcionar.


Apreciem a nossa porca a trabalhar gratuitamente para a publicidade da minha relíquia. Um grande trabalho de urstik.com