31 maio 2008

Linguiças

Estou com a doença dos executivos. Apanho-lhes a doença, mas não apanho o dinheiro, e é nisto que o esquema falha. Ando com o chamado stress.

Tenho a tese para entregar até Setembro. 700 Dados para passar para o Excel, os mesmos dados para analisar na bonita coisa que é a estatística, uma dissertação para escrever em que não posso usar a palavra merda, e tudo isto até poderia ser razoavelmente stressante, porque ainda falta algum tempo para Setembro, quer dizer, estamos no final de Maio, não é?

NÃO… recentemente jogaram-me à cara que Setembro está a apenas 3 meses…. 3 MESES ... 90 Dias… 2230 horas… é que é já amanhã… dizerem-me isto foi como se me tivessem espancado com hélices de helicóptero e cabos de vassouras, e isto não no bom sentido.

É incrível como não somos donos do tempo e não somos donos de nada. E quanto mais olho para isto, mais stresso, mais me enervo, mais vontade tenho de espetar garfos nos olhos.

E dizem vocês, o que estou eu a fazer aqui a escrever parvoíces, quando podia estar a usar o meu tempo para atacar os dados. E eu mando-vos calar porque não vos perguntei absolutamente nada, ou perguntei? … Viram? Escusavam de ter ouvido esta….

A verdade é que quanto mais olho para isto, mais sinto o coração a andar mais depressa como quem diz que falta pouco para descarrilar, sinto borboletas no estômago como se tivesse comido torresmos com leite e podia jurar que comecei a ouvir sinos… ou melhor, o clic clac do tempo que se torna cada vez mais alto e mais rápido. Mas… eh lá…. Coração acelerado? Borboletas no estômago? Sinos? … Oh diabos, estarei eu apaixonada por 700 folhas de registo com o estudo do comportamento de 2 famílias de gorilas durante 9 meses? Por essa não espera eu… Mas não, se eu tivesse que determinar um sentimento para isto, seria com certeza o de azia… mas azia é um sentimento? Deve ser, deve… é o sentimento de quem encheu o bandulho de 3 linguiças e achou boa ideia ir ver novelas da TVI a seguir… sim, poderá ser isso que eu sinto cada vez que olho para a resma que tenho à minha frente. Isso e a vontade subconsciente de entrar em combustão espontânea.

Realmente estou muito stressada, porque vejo o tempo a voar e gente como eu a não fazer nada. Não consigo evitar. Em vez do stress me fazer acelerar o processo de trabalhar ou o processo de combustão, na realidade faz-me ficar horas a olhar para a resma enquanto planeio maneiras irreais de ser atropelada e poder usar isso em meu favor. Mas o melhor é esquecer, porque mesmo o senhor dos serviços académicos da universidade, que previu que o meu futuro entre Julho e Outubro incluía uma perna, um braço e uma cabeça partida, e nesse caso eu não tinha direito a nenhum tipo de adiamento, mas sim tinha que me inscrever em cadeiras a mais, percebo que não há mesmo forma de não fazer isto, nem de adiar.

Tenho mesmo que conseguir meter estes dados todos no computador, nem que comece a enfiar folha a folha pela porta USB, quando a insanidade começar a bater a porta. Já faltou mais, já estou a ver o canal panda e a cantar a música da Ritinha… Já estive mais lúcida digo-vos eu…. Ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah

P.s. Este post é dedicado a quem, como eu, deseja muitas vezes entrar em combustão espontânea e alivia o stress com sugos de morango, enquanto eu me alarvo com a Oprah. Estou contigo Avó Loba.

30 maio 2008

..."Se tu me amas, ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados,
Deixa em paz os passarinhos,
Deixa em paz a mim!
Se me queres,
Enfim,
Tem de ser bem devagarinho, Amada,
Que a vida é breve, e o
amor, mais breve ainda"...

Mário Quintana

29 maio 2008

Cães felizes

Acho que por ter acabado de espremer entre as unhas uma família inteira dum tipo de parasitas que não merece o sangue que chupa, subentenda-se, pulgas, que venho por este meio homenagear o meu Puffy Manuel, coisa mais linda da minha vida, que coitadito, anda a trabalhar bem o músculo traseiro de tanto coçar a micose. Mas hoje, mostrei quem era o pai e nenhuma se escapou à minha ânsia de sangue. Hoje, não poupei nem mulheres nem crianças, tudo o que era pulga viu o fim da linha entre força das minhas unhas… ah..ah…ah…ah…cof, cof.

Estarei a ser fria como um ovo estrelado? ... não me parece. Tudo bem que sou um projecto bem feito de Bióloga e que respeito a vida e todos os seres que transformem carbono, mas toda a regra tem a sua excepção (se esta é a regra, qual é a excepção?) e eu odeio pulgas, odeio moscas… para mim podem morrer todos com uma overdose de sangue ou merda, respectivamente, e não… não quero saber da importância destas criaturas no ecossistema, eu sou mais eu!

As moscas enervam-me a mim e as pulgas além de me enervarem a mim também, enervam o coitadito do meu Puffy, que é tão gordo e serelepe e além de se esfregar em fossos cheios de cadáveres putrefactos e achar piada a entrar assim no café do meu irmão para espantar a clientela, não tem defeito nenhum.

Segundo a minha mãe, é mais parvo que uma carrada de lenha, mas para mim, não há criatura mais inteligente que ele, que só lhe falta falar. Começa a dar voltas sobre si próprio e a fazer sons estanhos quando há alguma coisa que quer, e depois vai andando assim, a fazer voltas de 360 graus enquanto nos indica o que pretende. A sua maior gulodice é o leite, quando vai às voltinhas até ao frigorífico já sabemos que o que ele quer é um pratinho de mimosa fresquinho para matar a sede.

É o chamado cão com a mania. Pode estar frente a frente a um cavalo que lhe ladra como se tivesse o mesmo tamanho e força e um dia habilita-se a levar com um casco na cabeça a ver se baixa a bolinha.

O meu Puffy Manuel foi criado comigo na cidade de Évora. Conheceu as calçadas como ninguém, cagou em todas elas, rolou em todos os jardins, atirou-se para todas as fontes e tinha um carinho especial pela barragem da Mitra, onde ficava a cheirar a lodo fora do prazo, enquanto tentava pescar lagostins. Lembro-me particularmente dum episódio em que o Puffy, juntamente com a Estela, que era uma Basset Hunt que vivia connosco, se lembraram que era boa ideia correr pela praça do Giraldo em plena hora de ponta. Ora eu, sem ter tempo de pensar, lá desatei a correr por Évora com pantufas de cachorro nos pés, com pijama roto e desbotado e sem sutiã. Enquanto corria eu agarrada aos peitos, (perguntam vocês porquê, já que são pequenas peras do amor, mas de qualquer maneira abanam da pereira e isso magoa), a gritar “PUFFY MANUEL” e “ESTELA MARIA” (daí a utilidade dos segundos nomes), enquanto era notada por toda a pitalhagem eborence, que na altura era caracterizada pelos sapatinhos plataforma que faziam chorar de tão feios que eram. Creio que hoje devo ser conhecida por uma das loucas de Évora, e deve haver lendas sobre mim, ou pelo menos assim o espero.

A Estela Maria era daqueles cães a quem parece que a gravidade vence especialmente, porque a pele toda é arrastada para baixo, e ficam com aqueles olhos de cachorro abandonado enquanto a gente ralha com ela, e é impossível não ter a sensação que está a gozar connosco. Ela tinha que ser agarrada de uma maneira especial por causa das costas, porque era uma salsicha de 30kg, e quando se babava fazia toda uma nova pintura nas paredes, o que acontecia constantemente. Quando a Estela descia as escadas até à porta da rua, normalmente as pessoas que estavam na esplanada em frente saltavam de medo porque a sensação era a de vinha um elefante a descer o edifício, mas depois aparecia aquela criatura babosa, que não podia ver os senhores da pizza que desatava a fugir atrás dele. Tinha a força dum camião e adorava correr atrás do meu Puffy com aquelas orelhas a arrastar pelo chão. Assim, perseguiam-se um ao outro, ela agarrava no que conseguia, que era o rabo, e ele nas orelhas dela… eram o chamado peixe de rabo na boca! Fica aqui um beijinho muito grande para a Estela, que acredito que tenha sido muito feliz. Soube recentemente que morreu atropelada, porque viu uma senhora que normalmente lhe dava bolachas, desatou a correr atrás da mulher e atravessou a estrada de repente. Era muito especial e com uma personalidade única, como todos os cães. Espero que se esteja a empaturrar de ossos de chocolate, juntamente com a minha Emma e o meu Mickey.

Mas assim foi, uma época maravilhosa, em que tentava a todo o custo educar o meu puffy Manuel, já que a minha mãe se recusava a limpar mais fezes de crias que não distinguem a terra do tijolo. Lembro-me de ter sempre o cuidado de não levar gente a casa sem a minha prévia entrada no quarto, porque não sabia quando é que ia ter cuecas sujas esfrangalhadas, pensos higiénicos usados e comidos, e uma série de fluidos caninos espalhados pelo meu quarto. O meu Puffy comia de tudo, desde o famoso dia em que resolveu provar as minhas pílulas e a veterinária disse que agora ia ladrar fininho, e o tão abominado dia, em que o Puffy Manuel ficou a ser odiado pela comunidade Ubiciana por ter comido cartões de memória da máquina fotográfica com imagens importantíssimas das nossas caçadas à Eva.

Por achar que os animais têm que ter a liberdade de andarem na rua a passear a pevide quando querem, e por saber que tal não é possível na cidade de Évora e também, claro, por achar que o animal já estava educado à base de jornaladas no lombo, resolvi trazê-lo para Sines city.

Aqui é o rei. É só passar a patinha na porta que já está alguém a abri-la para o menino sair ou entrar. A verdade é que basta uma unhada do gordo que se levantam no ápice para abrir a porta ao senhor, já tive muito mais tempo à espera para entrar quando me esqueço da chave. E não venham com tangas que é para ele não arranhar a porta, que um dia destes começo a fazer o mesmo a ver se me dão atenção!

Mas é verdade que gosto mais dele que de sandes de nutela, queijo, maionese e fiambre. É ele que espera eu adormecer para subir para a cama e dormir em cima das minhas pernas até eu não ter sangue, por ter 30kg em cima. É ele que me acompanha à casa de banho e enquanto eu me sento na poltrona, encosta o focinho à torneira do bidé para que eu lhe abra a água e fica assim, a fazer slep, slep. É ele que quando alguém toca à campainha manda saltos de alegria e salta por cima do meu pai fazendo grandes arranhões na careca do senhor. É o Puffy que adora andar de carro, e quando o faz, vai para trás do meu banco, apoia as patinhas no meu cinto e põe o focinho na minha janela, enquanto se baba para cima de mim que vou a conduzir.

Adora saltitar de roda das minha papagaias enquanto a minha mãe limpa as gaiolas. Adora água que não seja limpa. Adora a cadela da vizinha e odeia o cão da vizinha. Gosta de ser penteado, gosta de dormir com a barriga para cima, para que possamos apreciar o agradável cheiro da sua virilha. Adora dar bufas e culpar a minha mãe (acabou de dar uma). Adora os meus sobrinhos. Adora e protege o meu pai e a sua super bicicleta. Adora comer moscas. Adora a liberdade que tem. Adora correr atrás de gatos. Adora brinquedos com barulhos irritantes e adora brincar. Adora a praia, mas tem medo das ondas. E adora-me a mim.

E é por eu o adorar tanto, que apesar do medo que tenho que um dia fique debaixo dum carro, que prefiro ter um cão feliz e livre pelos anos que tiverem que ser, que ter um cão fechado numa casa, preso, pelo dobro do tempo. Sei que é uma realidade, já tivemos sustos, mas acredito que ele prefere poder esfregar-se na lama quando quer, correr atrás de cadelas, perseguir e ser atacado por gatos, e saltar os quintais dos vizinhos para esgravatar nos canteiros, do que viver tanto quanto eu, mas seguramente mais infeliz.

Fica aqui a minha homenagem a todos os cães e àqueles que fazem cães felizes.


Estela Maria e Puffy Manuel

28 maio 2008

G. I. Star

A única coisa que me diferencia da Demi Moore em G. I. Jane é que, sem sombra de dúvida, a senhora tem uma esquerda muito melhor que a minha, de resto… meus amigos… estou lá.

Há algum tempo que ando com a ideia na cabeça de rapar o cabelo, poderá dizer-se há meses, mas obviamente os comentários a esta ideia são sempre muito pouco positivos ou incentivadores.

Mas recentemente, devido a uma crise nervosa, piorei drasticamente o estado do meu couro cabeludo, que parecendo quase o meu endométrio, se desfazia aos poucos. Assim, com a cabeça praticamente em sangue, e o meu irmão a dizer-me constantemente que devia fazer uma razia ao material, que hoje me decidi a entrar no cabeleireiro da minha cunhada e acabar de vez com o que eu chamava de grande trunfa.

Chegada ao dito estabelecimento, fui tentada a desistir de tal ideia por 2 idosas desconhecidas, que me olhavam com ar de quem estava a pedir a injecção letal, e me perguntavam muito seriamente se a minha mãe sabia que eu estava a fazer aquilo, como se eu fosse pôr 23 piercings nos olhos. Sim, senhoras centenárias, a minha mãe sabe e apoia esta minha decisão de me tornar acabelada!

A minha cunhada, que inicialmente achava boa ideia, começou por mudar de ideias, talvez influenciada pelas duas senhoras de branco, mas quando percebeu a minha séria decisão, lá me jogou a máquina ao crânio e tornou o chão um relvado de cabelo. A minha cabeça está tão mal, não só a nível mental, como também a nível dermatológico, que a máquina não passava onde havia feridas, e era comum espetar-me o pente naquilo que pensava que era cabelo, mas era a descamação brutal do couro.

Assim, hoje, fiz um belo pente 2 ao cabelo e segundo a pesquisa que fiz no café do meu irmão, realmente fica-me bem. O meu pai foi o único comentário negativo, e defende que eu pareço um rapazinho. A verdade é que realmente estou muito parecida com o meu sobrinho, se bem que ele é bem mais jeitoso que eu, mas acredito que não está assim tão mau.

Sinto-me leve, sinto-me bem, e por incrível que pareça, sinto-me mais feminina. Acho que a falta de cabelo me faz brilhar mais esta carinha tão bela e amarela, que antes estava escondida pela juba.

O meu receio era que as pessoas que passassem por mim iriam achar que eu pudesse ter algum tipo de enfermidade grave e mortal, mas a minha cunhada sossegou-me em relação a isto porque tenho demasiada gordura para alguém pensar isso. Bem eu fiquei contente com a resposta e sinceramente, contente com o penteado. Agora o que quero é curar este problema, que realmente me incomoda bastante, assim neste momento lavei a cabeça com betadine a ver se as feridas secam e o meu banhinho mensal terá que ser com água salgada, pois segundo o dermatologista ao qual paguei 12 contos por uma consulta e me mandou ir para a praia, não há nada melhor. Mas por favor pessoas, o essencial é muita calminha na minha vida, que isto é tudo nervoso. Já disse à minha família que a tese me está a dar cabo do sistema e para não me importunarem com assuntos mundanos, que sou uma pessoa stressada. Bem, acho que eles não vão muito nesta conversa porque levo nas orelhas da mesma forma…. E agora nem tenho cabelo para as tapar.

26 maio 2008

Que acontece a uma música,
quando deixa de soar;
e a uma brisa que deixa
de voar,
e a uma luz que se apaga?
Morte, diz: que és tu, senão silêncio,
calma e sombra?

Juan Ramón Jiménez

25 maio 2008

O momento final

E acabou.

E por fim chegou a tão assustadoramente (in)desejada queima.

Terminou. Chegou ao fim mais esta etapa, concretizou-se mais este sonho.

Foi como sonhei? Nem lá perto… nos sonhos alcançamos a felicidade inalcançável, enquanto na realidade, a perfeição é inatingível e a frustração uma certeza.

Não, não foi minimamente o que eu queria. Não foram os sentimentos que eu pretendia, não foram as emoções, as alegrias, os momentos com que eu sonhei.

Esta foi uma semana complicada. Poucas horas dormidas, pouca comida ingerida, muitas lágrimas derramadas e incrivelmente, nenhum álcool no sangue.

O sentimento de perda e de fim foi mais forte que a alegria de queimar. A aproximação do futuro, da distância, do esquecimento…. Todas estas emoções me arrebataram o peito e me descontrolaram os olhos.

A infinidade de fitas, de pastas, de colheres…de parvoíces, transformaram esta semana num dia, transformaram este dia num momento. Tudo passou sem dar tempo de ficar, e tudo acabou e agora, já não há mais volta a dar.

É incrível, tal como é insuportável a sensação que nada mudou. Que os meus sonhos de menina que quer ser mulher não se realizaram. È doloroso perceber quem em 5 anos nada mudou. É frustrante perceberes que sentes o mesmo, que te dói as mesmas coisas, e que nada, mas nada avançou.

Quando entras na universidade pensas que é desta que a tua vida vai mudar. Que vais encontrar as pessoas que te vão fazer feliz, que te vais transformar noutra pessoa, que vais crescer. Eu não sinto nada disto. Sinto-me a mesma, com os mesmos medos, as mesmas ansiedades, as mesmas frustrações, sinto-me a mesma miúda.

E aquele momento de paz, de tranquilidade. Aquele silêncio que se faz quando mergulhas na água. Aquele segundo em que cais estudante e te levantas adulto. Aquele instante em que só sentes a água, só ouves o silêncio e não pensas em nada… tudo isto não chegou a ser um momento, não chegou a ser nada que tivesse sabor, que tivesse toque…

A queima foi daquelas coisas que deu tanto trabalho a preparar, gastamos tantas energias na organização, na produção, na ansiedade… e quando acontece… a recompensa não é suficiente. Raramente é reconfortante. O medo do que vem, e a saudade do que foi é maior que a alegria do que está a ser.

Mas agora já está. Foi nervosamente engraçado. Foi o pânico, o horror, a tragédia, mas como foi rodeada de quem esteve comigo nestes 5 anos, nunca será esquecido, e sempre será recordado com o sorriso da saudade.

Acabou. E agora não sei como vai ser o futuro, e se realmente pode mudar alguma coisa, se irei encontrar alguém, se irei alcançar a felicidade por que anseio, e a paz e tranquilidade que necessito, se me sentirei a mulher que quero ser.

22 maio 2008

Pra TAFUE

É com o coração nas mãos que escrevo a fita mais dolorosa de todas. Não que esta seja uma despedida, de maneira nenhuma. É a recordação de todos os momentos que passei nesta tuna, que dói muito... dói porque esses não voltarão, dói porque estes foram dos melhores anos da minha vida e foram passados com as pessoas perfeitas!

Nesta tuna aprendi, ensinei, chorei e felizmente, ri. Ri muito, gargalhei, ri até chorar.

Partilhei ideais, partilhei ideias, partilhei amizades e partilhei o amor pela TAFUE, um amor para a vida, um amor que como todos os grandes nunca acaba, nunca se esquece e sempre, sempre nos faz sentir saudade.

Vamos sempre sorrir quando revermos as fotos, quando relembramos as histórias, as pessoas, os momentos e as emoções. Vou sempre chorar quando relembrar tudo isto e perceber que já passou. Que já acabou.

Passei os melhores momentos da minha vida nestas calçadas, por estas ruas, por toda esta cidade. Tenho em cada esquina uma recordação, em cada jardim uma emoção e em cada rosto uma saudade que ficará imortal e será para sempre recordada como todos os acordes que tentei dar.

Todos os palcos a que subi, todas as terrinhas que conheci, as viagens, as aventuras, as desventuras, as actuações que correram bem e aquelas que só correram. As piadas sem piada, as asneiras que se nos escapam, os aplausos, os bis que queríamos receber e não recebíamos, e os bis que nos pediam quando não tínhamos mais para dar.

Vocês são os meus amores de estudante, com vocês fiz serenatas, com vocês fiz de Évora uma terra de encanto, bebi muitos e bons tintos, e saboreei a Chamateia.. Aqui conheci muitas namoradeiras, algumas filhas do ferreiro e as bichezas do costume. Com todas as nossas rapsódias, com todos os barcos negros vocês são o instrumental da minha vida, são a gotinha de água que me mata a sede.

E é com os meus olhos negros repletos de emoções, que parto da TAFUE com esperança no legado que deixei e com a certeza que nos encontraremos na próxima actuação. Porque seremos sempre a tuna mais tuna e para mim, a TAFUE é a melhor Tuna onde quer que vá.



19 maio 2008

costelas de porco

Não sei porquê não consigo conceber a ideia de que os homens sentem. Peço desde já desculpas por esta minha incredibilidade, mas acredito mais facilmente que animais sem sistema nervoso sentem dor, do que o género masculino da espécie humana pode algum dia sentir algo mais que comichão na micose quando vê uma menina de peitos robustos e salientes.

Sei que ninguém concorda comigo, sei que estou sozinha nesta crença e que a minha religião pouco perdura, mas é mais forte que eu. Esta minha convicção é tão inútil como as outras todas e não tem qualquer prova científica. Acho que se baseia essencialmente em observações sociológicas e tem como fundo o meu estado de petroleiro encalhado.

Mas não, não consigo imaginar homens a chorar por amores perdidos, não consigo imaginar estes espécimes a sofrer, a dedicar-se, a sonhar, dispostos a dar mais do que o corpo numa relação a dois (ou a três, dependendo das crenças).

Sei que nós, mulheres hormonalmente inconstantes, sofremos muito pela natureza do nosso corpo, mas acho que ainda assim, na maioria das vezes, conseguimos ser mais fortes que as hormonas, estas substâncias químicas transportadas pelos nossos fluidos corporais que às vezes encalham e nos baralham o sistema. Agora os homens não conseguem de maneira nenhuma vencer as hormonas ao observar uma bela mulata de corpo reluzente. Não me venham com tangas que o interior é que conta, porque a menos que estejamos a falar de um urologista, realmente o interior pouco importa. Ninguém compra um produto se não apreciar a embalagem, é por isso que se embrulham os presentes. Qual surpresa qual quê, o presente com o papel mais bonito é sempre o que é aberto primeiro, é por isso que as meninas andam aí todas embrulhadas em papel de prata a ver se são abertas por algum.

Agora estão todas vocês a chamarem-me despeitada porque ando aqui sozinha e abandonada que nem um cão rafeiro e é por isso que digo mal dos homens. Mas eu mando-vos calar a todas porque, primeiro, não têm nada a ver com isso, e segundo, só o facto de terem um gajo que vos espeta contra o frigorífico não têm voto na matéria.

A sensibilidade é algo que está na progesterona (informação não testada dermatologicamente). Por isso que as senhoras são sensíveis que nem uma flor em noite de trovoada e os homens são baldes de betão prontos a dizer “Oh febra, junta-te aqui à brasa!”, que é sempre poesia da boa.

Se há homens sensíveis?! Há sim senhora, são aqueles que têm alguma progesterona no sangue e choram ao ver o pôr-do-sol. Este tipo de homem é que se quer, um que não só nos abrace quando estamos tristes, mas que também partilhe os mesmos cremes de beleza.

Sim, estou a ser estúpida e não, não tenho problemas em admitir. Sei que ninguém me ama, ninguém me quer e ninguém me chama de fecho-éclair…. Mas enquanto eu não encontrar espécimes com a dose certa de hormonas e à minha volta haver só progesterinados que se maquilham e testostereneados que se escarram (…. já sei que era desnecessária… mas hoje não tenho limites!), continuo a ter uma imagem não muito amiga dos homens em geral.

Será que são pessoas como nós? Eu não creio… Ainda hoje andam ressentidos por terem aberto mão duma costela e é por isso que acham que lhes devemos alguma coisa. Mas meus caros amigos, vocês podem enfiar as vossas costelitas de porco pelo rabinho acima, que eu não preciso dela… vivo bem com um só fígado, seguramente viverei melhor ainda com uma costela.

13 maio 2008

Im Not Made Of Stone

Não sei o que escrever, mas apetece-me escrever. Tenho as letras na ponta dos dedos, mas não sabem para onde ir. Não sabem o que criar.

A necessidade é tão física como mental. Torna-se inebriante mover os dedos à velocidade do pensamento e tentar dar forma aos sentimentos. Torna-se um vício criar para tentar que nos conheçam melhor, para tentar conhecer-me melhor.

Sinto o sangue percorrer as veias à velocidade com que a ansiedade me faz escrever cada vez mais depressa, me faz saltar letras, me faz saltar palavras, me faz saltar sentimentos…

São tantos sentimentos, são tão poucas palavras, é tão pouco o espaço.

Aquilo que quero dizer não cabe em quem vai ouvir, aquilo que sinto não é compreendido por quem tem que compreender. Quero me entendam, quero que me conheçam, quero que me leiam…

Não sinto orgulho daquilo que escrevo. Muitas poucas vezes consigo realmente escrever sentimentos… talvez desta vez, talvez não. Muitas poucas vezes o sangue ferve quando acabo de escrever. São raras as vezes em que me canso de escrever como se estivesse falado, quase nunca leio o que escrevo como se o tivesse chorado.

Escrever num blog não tem a magia das folhas de papel. Quando se escreve cartas para ninguém a letra é nossa, as lágrimas que borram a tinta também são nossas, os cadernos têm o nosso toque, a tinta tem a nossa cor, as lágrimas têm o nosso sal…

Gosto de escrever para vos fazer rir e percebo que é isso que gostam de ler. As tentativas que aqui fiz de escrever o que sentia não têm efeito neste blog, não fazem sentido nesta colectânea, não de sentimentos… mas de pensamentos.

Arrependo-me de o ter feito, de o ter tentado. Há cores que não se devem misturar, estas são um exemplo. Aquilo que penso normalmente faz mais sentido e é mais divertido de ler do que aquilo que sinto, e é por isso, por achar que não é justo fazer disto um vidro, para que me vejam, quando o público quer um espelho, para que se reveja, para que se ria.

Voltarei a pôr o que sinto apenas no papel, que é tão frágil e efémero como o que sinto, que é tão grosso e fechado como o meu coração.

Aqui escreverei aquilo que querem ouvir, aquilo que sei que vos fará rir.

12 maio 2008

A poia do amor

Há certas coisas que preferimos fazer na intimidade do nosso íntimo como por exemplo limpar a cera acumulada com cotonetes imaculados, assear os orifícios corporais com a extremidade da toalha, cheirar os próprios pés para apreciar o prejuízo, tirar burriers do nariz e obviamente coçar o rego do cú.
Obrar, ou para a gente mais campestre, cagar, é sem dúvidas daquelas coisas que apreciamos fazer na companhia apenas dos nossos fluidos menos perfumados. É daqueles instantes que faz a espécie humana aproximar-se mais da sua condição de animal. É um momento de vulnerabilidade e de liberdade corporal. Mas só esta espécie não consegue lidar com a naturalidade desta acção e ostraciza o cagar como um acto de cariz imundo e obsceno, quando na realidade é um feito tão bonito e natural como parir… e se calhar com tão ou mais substâncias torpes e com a clara vantagem de por muito que possa custar nunca será preciso rasgar a linha ténue entre o V (vagina) e o A (ass) e ter a mão de um obstrecta desportivo a raspar-nos a placenta.
No obrar não se distingue obreiros, isto é, sejas homem ou mulher, sejas velho ou novo, sejas vermelho ou amarelo, sejas da favela ou da mansão… todos defecamos e todos estamos vulneráveis quando o fazemos e isso unifica-nos enquanto espécie.
Apesar do cariz natural do comportamento e da sua natureza tão pura e essencial, é como humana que me assumo em relação ao cagar. Não o consigo fazer em locais públicos, a não ser que haja algo mais forte dentro de mim que me leve a fazê-lo, como por exemplo uma forte diarreia. Se tiver 3 dias no campo, são esses dias que fico sem o fazer, porque não me quero oferecer tão vulnerável a uma natureza capaz de criar Josés Castelos Brancos… E sinto que se calhar quem eu amo mais no mundo é o meu Puffy Emanuel, porque é o único cuja presença não me obstrui os intestinos… apesar da Senhora minha mãe já me ter mudado muitas fraldas, hoje adulta, não o consigo fazer.
E é por isso que defendo arduamente que eu amarei alguém quando conseguir cagar ao pé dessa pessoa, exceptuando raros casos que incluam presidiárias, celas comuns, buracos no chão e claro, fossas militares… aí sim, há um amor de camaradas, mas acho que a regra não se aplica porque a biologia é mais forte que o amor e se não cagarmos morremos, assim que se lixe a cara metade, obremos em conjunto companheiras de delitos graves!!
Já imagino que metade de quem começou a ler o post já desistiu porque normalmente as pessoas não conseguem suportar a verdade, ainda mais quando ela vem tão consistente e elaborada como esta conversa e o tema adjacente, mas não desistam já…. Mesmo eu não consigo falar muito tempo de merda…
Mas a prova viva disto que vos conto é o amor incondicional que os pais têm pelos filhos, que não têm problemas em realizar necessidades fisiológicas na presença dos filhos e no amor puro das crianças, que na maioria das vezes nos chamam com um ar de muito orgulho “Tia!! Já fiz, podes vir limpar?”, e eu, inspiro fundo, engulo em seco e deixo transparecer o amor incondicional que tenho pelos monstros que se dizem meus sobrinhos.

11 maio 2008

Quando o útero palpita


As pessoas que me conhecem sabem que falar de amor me causa urticária. Mas creio que estou a melhorar bastante esta minha alergia dermatológica no sentido em que já consigo pelo menos escrever a palavra sem que as mãos hesitem.
Pensar no assunto… pecadora assumida me confesso, penso sim senhora. Penso muito no que será para mim o amor, o que quero eu do amor e o quanto me faz falta o amor.
O texto mal começou, e com certeza já há muita boa gente a pensar que se enganou no blog, ou que neste momento estou eu num canto, agrilhoada (esta é só para vos obrigar a ir ao dicionário de sinónimos) e com uma maça na boca a ser substituída por alguma vilã de peitos robustos que pretende que eu faça má figura… mas não!
Sosseguem as almas mais revoltas, sou mesmo eu que escrevo estas linhas, uma vez mais, sem qualquer tipo de valor literário ou mesmo científico.
Acho que se pode dizer que estou crescida. Apesar de já sangrar há muitos anos, a verdade é que uma menina se torna mulher quando por fim assume-se geneticamente fútil (Cláudio Ramos, editora Guerra & Paz, 2008).
Sim eu sou fútil. Já não sou a roliça morena que queria acreditar que o amor não existia e que era muito mais fácil deste modo suportar a dita solidão. Era muito mais fácil gritar ao mundo que não precisamos de ninguém e que nos subsistimos muito bem com as nossas próprias mãos (tirem as conclusões que quiserem daqui…). Sim, isto parece muito mais fácil, mas na realidade é muito mais doloroso. Querer transparecer que se está bem quando na realidade não se está, além de continuarmos a sentir-nos sozinhas e abandonadas, quando se olha ao espelho invade-nos a culpa, a hipocrisia e a falsidade.
Sim estou sozinha e não, não me sinto bem com isso. Sou bicho Homem (Ser Humano para quem reclame), sou bicho social… e não bastando… sou bicho Mulher.
Dei-me conta disto quando notei que troquei o canal mais visto pela minha pessoa, (subentenda-se a FOX), em que passava horas a olhar para séries que se repetiam 3 vezes ao dia, e não havia qualquer problema em ver o mesmo episódio várias vezes porque era sempre surpreendente. Não sei se me cansei realmente de séries (ou se é por terem tirado o Family Guy… PROTESTO), mas descobri por engano que tinha a Sic Mulher e desde então que não consigo mudar de canal.
A programação deste canal baseia-se resumidamente em programas de moda, de cozinha e talks Show… mas a verdade é que eu gosto.
Dou por mim a apreciar um belo programa da Tyra em que explicam truques de beleza que as Stars usam, mas sem gastar muito dinheiro. Sabiam por exemplo que em vez de gastarem balúrdios em exfoliantes corporais, basta juntar açúcar ao nosso creme de corpo e têm um óptimo exfoliante?… é isso e usar as protecções descartáveis das sanitas públicas como absorvente da oleosidade da pele…. Não é tudo interessantíssimo e de grande utilidade?
Poderá realmente ser este o cúmulo da futilidade, mas tornou-se mais interessante para mim ouvir a Oprah a falar de obesidade que assistir a 30 fulanos a tentar fugir duma ilha… e nem duvidem dos meus conhecimentos sobre nódoas, corte e costura!
Eu poderia estar aqui a noite toda a escrever as coisas maravilhosas que tenho aprendido neste canal, mas este não era o objectivo inicial do meu post. Eu queria falar-vos do amor e em como estou claramente mudada em relação a este assunto (e não foi preciso ser agredida) e não tirar a minha credibilidade fazendo comentários que num estado, diga-se, normal, nunca faria!
A verdade é que à medida que o tempo passa vai urgindo a necessidade de encontrar o amor. Anseio desesperadamente o dia em que dobro uma esquina e alguém se apaixona loucamente por mim, que sou tão bela e amarela.
Sonho em encontrar aquela pessoa que me veja acabada de acordar, com hálito matinal, com ramelas nos olhos e com uma esfregona no lugar do cabelo e diz, sem hesitar, que sou a mulher mais bonita do mundo. Alguém que me recorde ao mínimo detalhe, alguém que me faça sentir amada e desejada, alguém que sinta a minha falta quando estou noutra divisão.
Alguém para as coisas boas e para as coisas más. Alguém que saiba calar-me quando só digo merda, alguém que saiba aceitar quando tenho razão. Alguém que me respeite as qualidades e me adore os defeitos. Aquela pessoa com quem vejo o meu futuro. Aquele com quem posso
falar de paz e de guerra, de nada e de tudo… aquele com quem nem é preciso falar.
Quero alguém que me abrace em noites de chuva. Quero ter quem me limpe as lágrimas quando elas caem, e que me puxe o sorriso quando ele teima em não sair. Quero a minha metade… nem precisa ser uma laranja... desde que se delicie com o meu sabor. Não quero que seja perfeito, quero apenas que seja real. Não quero que seja extraordinário… quero o normal, quero o banal….
E acredito que mais uma vez duvidem de estar a ler o blog certo, e tenho que introduzir aqui algum tipo de piada de mau gosto ou insanidade, mas estou na fase em que o meu útero palpita quando vê um bebé e as hormonas controlam-me neste momento… e não são as boas hormonas. Sinto o tempo a passar demasiado depressa e não sinto o vento favorável. Tenho realmente muito medo de não me completar.
E é por estar a chegar quase aos 75 (posts), que tenho pensado muito neste tema tão indigesto. E finalmente assumo que acredito no amor, acredito que seja possível… e acredito que se ama alguém quando se consegue cagar à frente dessa pessoa.
Bom, esta definição já é muito mais eu, certo? E este realmente poderá ser um post mais característico da minha pessoa, isto é, recheada de porcaria. Mas não estou com o humor certo, ou sequer com algum tipo de humor e sendo assim, fico-me por esta explicação do meu mais recente estado de Mulher e deixo a “poia do amor” para outro dia, que a noite já vai larga e a mente já está cansada.

08 maio 2008

tentativa à poesia...


A minha pele tem sede,
tem sede do teu toque.
A minha boca tem fome
desse teu beijo de morte.

Quero sentir que as tua mãos
me estrangulam a alma.
Eu não quero mais nada,
eu não quero ter calma.

Quero sentir-te mar
nas minhas veias de areia.
Quero que me preenchas
para atingir o infinito.
quero por fim, libertar o meu grito!

E não quero que me perturbem
nesta minha loucura.
Quero apenas que me deêm
o que me corpo necessita
quero apenas salvar a minha alma que grita.

E.

06 maio 2008

A mata

Esta tem sido uma semana da chamada nulidade. Podemos dizer que cheguei a Portugal há uma semana e estou a aproveitar a volta sentada na cama a ver a SIC Mulher... poderia ser esta uma maneira de matar as saudades, mas não... esta é a fase decadente em que a vontade de fazer o que quer que seja é zero. E é assim que irei recuperar o peso que consegui perder em Barcelona. É assim que me vou transformar numa porca da Michelin cujo único membro que mexe é o indicador para poder mover o rato do computador. Quando eu chegar a metade disto peço uma vez mais que me abatam como uma vaca em sofrimento porque a minha vida passou a ser nada. Até podia ter uma utilidade se a vaca aqui usasse a situação em favor dos milhentos de dados que tenho para passar e da tese que tenho para escrever, mas nãoooooo, acho muito mais útil passar as tardes a ver a Oprah e pesquisar no Senhor Google coisas tão úteis como as calorias de uma nêspera... sim, pessoas de relativa intimidade, estou a atingir o degredo!
E é por neste momento me estar a empanturrar de amêndoas de chocolate e a ver o programa da Tyra em que uma senhora que já nem tem idade, tem período histórico fala das coisas boas da sexualidade, que pensei que esta era uma boa oportunidade para escrever porcaria.
Não… apesar desta senhora que já deve ter tido 3 menopausas me estar a ensinar maravilhas sobre o quanto o tomate é afrodisíaco e o quanto não deves fazer sexo dentro de água porque “a vagina é um beco sem saída e assim estás a empurrar água sob pressão para as cavidades abdominais”, não vou falar de assuntos sexuais porque já percebi que perturbo mentes mais sensíveis que me acham pura e casta e gente que acha que por ser virgem nunca vi uma pilinha, e é por isso meus amigos, é para acabar com este mito que vos vou falar de depilação.
Quero vos falar especificamente dos anúncios a géis, ceras, giletes, entre outras futilidades, cujas protagonistas nunca têm um único pêlo e que já mereciam era ter uma overdose nos poros só por causa das coisas.
As senhoras depilam-se no banho, na rua, nas lojas, no carro… elas depilam-se onde quer que seja e com uma facilidade estonteante porque NÃO TÊM PÊLOS! Estas criaturas que não merecem o ar que respiram deviam era ter vergonha na cara por me fazer gastar dinheiro em ceras que julgo que “arrancam até os pêlos mais curtos”, mas só porque elas não têm curtos nem longos, não têm nenhuns. Porque mulheres como eu, minhas vacas de merda, nascidas com o chamado gene “Tony Ramos” não fazemos a depilação assim com tanta facilidade, a não ser claro, que seja com uma retroescavadora, aí sim, é certo que limpamos tudo.
E ensino-vos aqui e agora que isto de a gilete engrossar os pêlos é mentira, é um ultraje para que a gente aguente (além das dores menstruais, dos ringues de hormonas e das dores que é parir criaturas de 4kg e com OMBROS) a cera a escaldar e as mãos de uma senhora vestida de branco que se ri cada vez que nos vê lágrimas nos olhos, elas riem-se se virem sangue…e riem-se ainda mais com os 30€ por secção… e a depilação é efémera… eles voltam a crescer… volta o sofrimento… volta os 30€ e no meu caso… uma semana depois. Os pêlos não nascem mais grossos com a gilete, apenas nascem mais espetados o que dá a sensação de estarem mais grossos (Ah e a propósito, aprendi isto na TVI, assim que acredito ser fiável).
Assim, venho por este meio (este é mesmo o único meio que arranjo para este tipo de insanidades) pedir, como nas meninas da Dove em que têm curvas reais, senhoras com pêlos reais e que sofram em pleno ecrã ao testar a nova cera supostamente indolor e comestível. Quero identificar-me com senhoras de pilosidades encravadas na virilha, de carne arrancada no sobrolho por um puxão mais forte, de carne queimada por uma cera mais quentinha. Quero ver os poros em sangue depois de arrancar os pêlos como se de ervas daninhas se tratassem e quero ver uma mulher que tem presuntos a sério e não aquelas modelos que têm as pernas da grossura do meu pulso. Pessoas a atirar para o estúpido… um boião da vossa cera dá para a minha axila… entendem o drama?
Assim eu defendo aqui de alma e coração a Gillete cor de laranja da Bic que não diferencia a pele do pêlo e a espuma de barbear do Carrefour que custa 1,5€. Depilação… podemos não nos livrar dela (a não ser que tenhas dinheiro suficiente para direccionar lasers cancerígenos contra a tua própria pele e assim destruíres por completo não só a raiz do pêlo como também as células epidémicas… mas se fosse esse o caso não estarias aqui a ler esta escrita de beira de estrada…a final este blog é direccionado para gente rude, do campo, com terra nas unhas e que lava o cabelo com sabão azul… se não limpam as unhas com um canivete depois do pão com linguiça este blog não é para vocês – e este parêntesis é quase um post), a sociedade exige que as mulheres não tenham pêlo (a não ser que sejas Francesa) e faz espécie aos homens mulheres com mais pêlo do que eles (e o cuzinho lavado com água das rosas não vai?), mas podemos fazê-lo de forma barata, indolor e sangrenta… viva as giletes… e só para me afirmar, vou queimar o sutiã!
Companheiras de pilosidades não vão atrás do que os vossos homens vos dizem! Não depilem até a língua porque ao senhor lhe faz impressão. O pêlo tem uma importante função de protecção da pele, ele está ali por uma razão. A nossa menina tem pêlos para estar mais protegida… se o vosso homem quer que ponham a passareca desnuda para seu próprio prazer, olho nisso, porque para mim homem que gosta disso não aprecia mulheres…aprecia meninas.
Como dizia o meu querido amigo (a quem aproveito para mandar um beijinho) David Duchovny “Eu quero uma vagina com pêlos para saber que estou a comer uma mulher”. Claro que ele não usou a expressão vagina, estou a ser politicamente correcta, mas a ideia era esta. Os pêlos dão protecção, dão suavidade e sinceramente… são esteticamente mais bonitos que uma mata desflorestada. Claro que não defendo uma mata intocada com direito a aborígenes e caverna de morcegos, mas a criança necessita estar protegida. A criança necessita sentir-se mulher.
Perdemos a cauda mas não perdemos o pêlo porque este tem uma função importante na nossa natureza, na nossa evolução. Quando pensarem que seria giro não terem uma única pilosidade nas sobrancelhas e depois põem uma linha feita a lápis porque supostamente é bonito… pensem que os pêlos são os ramos da vossa pele, com eles respiram e alimentam-se… os pêlos completam-vos, protegem-vos e embelezam-vos…
Tudo isto porque realmente sou quase uma Abominável Mulher do Alentejo e tenho muito orgulho (mais por falta de remédio que outra coisa)!

02 maio 2008

Ser Paramécia

Em conversa com uma avó sobre o senhor do Wisky, almofadas, tocar-se no banho e reprodução, chegámos à conclusão do interessante que seria se fossemos como uma paramécia e nos reproduzíssemos por Bipartição, pois cada vez que nos tocássemos no banho, saia uma pequena gaiata do nosso regaço, o que tinha a sua beleza.
Esta conclusão com tudo menos com nexo leva-nos a terrenos por percorrer, como o de nos tocarmos no banho.
Ora bem, este deveria ser um comportamento normal. Percorrer as páginas amarelas da nossa intimidade deveria ser uma constante na vida duma mulher que desta maneira, além de conseguir ter momentos únicos de prazer, também é um importante meio de prevenção no sentido em que o palmilhar da pele leva à descoberta de possíveis tumores e anomalias num corpo que devemos conhecer pelos sinais.
Mas recentemente descobri que faço as coisas mal. Afinal de contas quando me toco no banho não uivo à lua nem sinto que tenho borboletas no estômago, não sinto que o meu cérebro envia milhares de estímulos nervosos a todo o meu corpo e não fico possuída! Ainda não encontrei as tão famosas 8 mil fibras nervosas que nos fazem ficar católicas.
Afinal quando “I let the fingers do the walking” é pura e simplesmente um passeio pelas curvas agrestes do meu corpo e não me masturbo coisa nenhuma, andei eu aqui a brincar às mulherzinhas e tudo o que faço é pura e simplesmente nada.
A sensação é boa a de percorrer o próprio corpo enquanto se imagina cenas escaldantes com senhores grandes e robustos de ascendência africana, mas pelos vistos o que eu ando a fazer é para meninos que ainda acham engraçado enfiar coisas no rabo.
Nunca antes tinha falado tanto de masturbação como nos últimos tempos, e o resultado não tem sido favorável no sentido em que percebo a nulidade do que tenho feito e os anos que tenho perdido a passear sem alcançar a meta.
Afinal como se faz? Porque se faz? Para quê se faz? Tens mesmo que atingir o orgasmo cada vez que te masturbas se não serve só para coçar a passareca?
Bem, são muitas perguntas que não vejo resolvidas e a verdade é que não consigo fazer melhor. Acho que realmente preciso de ajuda prévia e de ser descoberta por algum desportista antes de ser descoberta por mim própria. Falta-me Matinal!
Não sei se quando começo no toutch a veia religiosa em mim palpita e sinto sempre que vivo num eterno Big Brother e que estou constantemente a ser vigiada, não sei se todos sentem o mesmo que eu, se estou a ficar paranóica e não faço ideia como fazer para deixar de me sentir observada e não ter vergonha de explorar o que há para explorar e sentir o que há para sentir.
É completamente diferente ter alguém que nos sente ou sentirmo-nos a nós próprios. É realmente outra sensação ter outras mãos que nos tocam que não as nossas, o toque é realmente o sentido chave e acredito que faça milagres pela saúde. Aqui fica mais uma proposta: Um menino alto e robusto disponível para nos tocar no banho em cada farmácia!
E é depois de escrever isto, e pior… de publicar, que realmente peço às fadas e duendes para que ninguém suficientemente lúcido leia isto. Vocês tresloucados não me preocupam, são os outros pelos quais rogo….