31 agosto 2008

Já vos disse que fui à minha primeira entrevista a sério?

Para quem não se encontra devidamente informado sobre os actuais acontecimentos da minha vida, não sabe portanto, que hoje fui à minha primeira entrevista de trabalho a sério.

E quem está a par da minha vida deve estar-se a perguntar porque estou eu a escrever, uma vez mais, porcarias, em vez de estar a terminar a tese que tem que ser entregue amanha, mas eu digo-vos, que isso não é nada da vossa conta e sinto-me bastante ofendida por questionarem a minha vontade de trabalhar num domingo de manhã….

Pois bem, na sexta-feira passada fui contactada para comparecer a uma entrevista no Badoca Park.

A minha primeira entrevista a sério! Digo a sério, porque desde os 14 anos que trabalho e a entrevista é sempre mais ou menos “Aqui está o avental e ali os tachos”, e foram sempre estes os meus verões, entre cafés, caipirinhas e loiça suja…. Aprende-se muita coisa, como por exemplo, como gastar o primeiro ordenado em roupa na zara…. Não parece coisa minha pois não (el 36 no me cabe en el cuolo!!), mas quando se tem 14 anos, ou seja, o cú ainda cabe nas roupas de marcas que estão na moda, é sempre bonito andar na escola com um grande Z no rabo…. Pelo menos garante espectáculo.

Mas acredito que não vos interesse muito as minhas expectativas quando o estrógeneo começou a surgir e o que querem é saber como correu a dita entrevista.

Antes de mais foi toda a questão do “visto roupa de bióloga, botas de campo e encho as unhas com terra para parecer entusiasmada pelo campo…ou… visto um cinto, espremo os peitos e uso saltos altos como quem diz que … hum…. Estou aberta a propostas?”. Acabei por vestir a roupa que estou a usar à duas semanas, que é sempre biologicamente correcto.

Pois lá fui eu no meu descapotável, o que poderia ser muito giro se não tivesse a comer pó dos carros que iam à minha frente (pois para quem não sabe o badoca é um safari no deserto alentejano que é Sines), para me encontrar com o veterinário espanhol responsável pelo parque.

Quando cheguei o senhor não estava, e pelo que se percebeu dos ruídos estranhos dos walkandtalk (apercebi-me que não faço ideia como se escrever o nome dos rádios portáteis que usamos para falar uns com os outros…) andava a passear pelos tigres.

Assim, enquanto esperava que o dito voltasse vivo dos tigres, lá fui eu passear um bocadinho a ver os ares da coisa, os bichos que por lá existem e o ambiente dos animais. Bem, lá bom aspecto tem a coisa, e diga-se que está muito bem decorada!

O senhor por fim lá chegou e recebeu-me (já referi que é a minha primeira entrevista a sério?) com dois beijinhos, o que acabou com a minha dúvida infernal “aperto-lhe a mão fria e profissionalmente ou espeto-lhes dois beijos, carinhosamente oferecida?”… ele resolveu-se e eu fiquei contente porque aquela testosesterona agradou-me.

Assim, depois de uma conversa agradável lá percebi o estado desesperado em que se encontra o parque com apenas 4 tratadores para todos os bichinhos e as bichinhas e que necessitam já, agora e neste momento.

Eu, engolindo toda o cansaço que sinto desta fase em que se encontra a minha vida, e transparecendo toda a minha responsabilidade profissional disse que não poderia comprometer-me durante o mês de Setembro porque tenho esta coisa gira para fazer, mas que em Outubro estaria disponível, desde que tivesse um diazito para a apresentação.

Penso que o senhor gostou de mim, porque disse que seria uma possibilidade contratar-me neste mês por alguns dias pontuais em que têm menos gente, e eu disse que estaria disponível sim.

Agora é esperar que ele faça a outra entrevista que tem amanhã e que me diga o juízo final.

Até que não me importava durante uns tempos de trabalhar ali, perto de casa para conseguir fazer uma aforro interessante, e descansar de mudanças, novas cidades e novos países por um bocado, mas para vos ser sincera, se não der não fico de todo desiludida porque já tenho aquele bichinho da TAP a querer voar outra vez, a querer conhecer terras novas, gente nova e desaparecer….

Let´s see!

25 agosto 2008

Ser cigana é ter no carro uma tenda laranja!


Ontem senti que enriqueci. Andei por aí de mamas pequenas mas muito emproadas, com a chamada mania no rabo e respirei fundo para enriquecer também todo o meu sistema respiratório com o belo do oxigénio que há por estas paragens.

Explico: Com o claro objectivo de renovar o meu carrinho, mais conhecido por tanque de guerra, a minha sobrinha e o seu mais que tudo mecânico (isto soa muito a filme porno… até já tenho imagens na cabeça… vou tomar banho)…………. Voltei… como eu dizia, as duas belas criaturas chegaram a minha casa e interromperam o meu momento puramente profissional que é tentar ler artigos e ver os episódios do ProjectRunwau ao mesmo tempo, pois eu acredito piamente que tenho a capacidade física de fazer várias coisas ao mesmo tempo, não a capacidade intelectual, isso está estabelecido, mas fisicamente é evidente!

Assim, de petróleo na mão e desperdício na outra (quem não sabe o que é um desperdício que pergunte a algum vizinho mecânico ou que vá à wikipédia que eu não tenho vagar para explicações, nem posso perder o meu precioso tempo em parêntesis alongados só para vos engrandecer os horizontes em palavreado de oficina) lá formos dar uma valente limpeza no bichinho de quatro rodas. Depois de muitos pontapés, força bruta e palavras carinhosas conseguimos arrancar as partes removíveis do carro, que depois de 10 anos sem serem mexidas, se encontravam coladas com a força do tempo e de muito cuspo. Mas conseguimos, pusemos o tanque descapotável e limpámos todos os restos que haviam de material ressequido. Claro que houve muitos momentos em que a vontade cada vez que púnhamos petróleo no pano para limpar, era atiçar um fósforo aceso para limpar tudo duma vez, mas controlámos os impulsos nervosos muito bem, pelo menos eu, ao contrário da minha sobrinha que me arrancou bocados do carro aos pontapés.

Mas pronto, depois de muito trabalho, unhas negras e cheiro a petróleo pusemos o carro descapotável e a cheirar a novo. Bem, não cheirava a novo, mas sim a petróleo. Parecia novo. Bem, parecia novo de longe, porque se forem espreitar de perto conseguem ver os resultados de algumas brutalidades minhas e de 10 anos de vida.

Então hoje lá arranjei as desculpas possíveis e imagináveis para andar pela cidade com um tanque descapotável, toda pipi, armada em fina, com os cabelos ao vento (sim, sei que não esvoaçavam, mas estavam aos vento). Sentia-me mesmo quase uma protagonista dos morangos com açúcar, 3 anos depois de fazer 5 episódios, em que ando pela praia da rocha e espero que o mundo me reconheça. Era assim que eu me sentia, uma estrela armada em estrela.

Como alegria de pobre dura pouco, o tempo resolveu calar-me a mania com uma rolhinha bem apertadinha e começou a chuviscar.

Ora, a protecção do carro não é de plástico, é dura e antes de ser posta tem que ser toda limpa e tem que se mudar todas as borrachas (era esse o objectivo inicial, e não andar armada em fina), assim que não posso simplesmente agarrar nas peças e voltar a colocar no carro, então o que é a menina se lembrou?

Peguei numa velha tenda, rasguei-a e cobri todo o carro com o material. Agora, o meu tanque de guerra outrora digno que qualquer cliente do Kafé Kafé, parece um acampamento cigano com uma tenda laranja em cima…

Wherever, tive os meus 15 minutos de fama, agora volto às origens pobres de casa com marquise e terra debaixo das unhas. Mas é mesmo assim que eu sou, uma mulher do campo, com pêlos (muitos) na venta e vontade de arrear o calhau. Eu sou mesmo, e sei que vocês gostam, se não… sejam felizes e vão à merda!

P.s.: Isto não é uma ofensa, mas sim o título de um livro, da Vera Martins, editora Oficina do livro …. Ah ah ah, com esta calei-vos!

21 agosto 2008

O gato da dona Lurdes


Eu poderia vir aqui dissertar sobre o novo penteado do Michael Carreira, sobre o céu azul e até sobre a importância das cobras de anel nas plantações de batatas… mas como me apetece escrever sobre algo a sério (o que aumenta em muito a minha probabilidade de erro, ou seja, de ser processada e apedrejada na rua) vou então pegar nos jornalistas pelos cornos e hoje farei cantigas de escárnio e mal dizer em sua homenagem.

Será que sou só eu que cada vez que visualizo os noticiários portugueses acredito que aquela gente, apelidada de jornalistas, tirou a carreira profissional na chamada farinha Amparo e não sabe distinguir uma foca dum leão?

Poderia também alvitrar sobre os enormes erros que aparecem nos jornais portugueses, graças às chamadas fontes que para mim não são mais do que a wikipédia, daí que quando lemos um artigo enorme sobre o perigo que enfrenta o lince ibérico a foto que vem a acompanhar o artigo é nada mais nada menos que o gato da vizinha Lurdes do 3ºesquerdo, porque por acaso o jornalista não conseguiu aceder à internet para sacar uma foto e achou que o felídeo da vizinha suprimia as necessidades visuais do artigo. Aquilo que me faz relativa comichão quando vejo os muitos telejornais é as maravilhosas questões dos nossos jornalistas a familiares das vítimas de grandes tragédias: “Então como é que se sente?”… “ora bem, perdi 3 filhos, 2 netos, 2 gatos e o meu sogro… como é que eu me sinto? …Com uma ligeira azia!”

Mas o que é que esta gente pensa? Será que realmente os ensinaram que estas seriam perguntas apropriadas para fazer a pessoas que estão em agonia e evidente angústia?

É notório o sofrimento dos familiares quando pretendem ir ter com os entes queridos, quando estão em pânico porque têm que ir identificar os corpos, ter com os amigos que estão em perigo… é sofrido especialmente porque têm que passar barreiras e barreiras de jornalistas que acham por bem espetar microfones pelas narinas daquela gente e perguntar coisas relevantes como “então hoje diz que chove!”….

E por favor, não encham o programa inteiro com a mesma coisa a rodar vezes e vezes sem conta. Já percebemos que caiu um avião e morreu muita gente, já percebemos que vocês são muito inteligentes e foram pesquisar nas enciclopédias aí de casa de que são feitos os aviões, não que isso interesse, mas é notório o esforço. Se não têm nada de relevante para mostrar porquê continuar a insistir em fazer notícia com tudo o que estava numa área de 500km do acidente? Houve um acidente em Madrid e vão entrevistar os taxistas de Lisboa a ver se viram alguma coisa, só para encher chouriço… Se dão a notícia de tarde e não há nada de novo porquê mostrar a mesma coisa vezes e vezes sem conta à noite? Os jornais se não têm notícias no dia seguinte repetem as de ontem para ter o que escrever?

Chega a um ponto em que deixa de ser noticias e passam a ser história.

Não esmiúcem os assuntos até ao tutano só para fazer tempo…. Está certo mostrarem as notícias quando elas acontecem, o público agradece estar informado, mas aparecer a cada 10 minutos a dizer que ainda não há mais informações não é de todo relevante e até é um bocadinho irritante.

Ainda não perceberam que vocês conseguem estragar tudo onde metem as mãos? Ainda a propósito, em conversa com uma amiga surgiu o caso de um documentário de um dado canal português sobre a força policial portuguesa, com especial atenção numa missão de captura em que os policiais andam encapuçados e estão escondidos para poder apanhar os criminosos. O que é os jornalistas acharam por bem fazer? “Ora e se arriscarmos a vida dos nossos policiais e das suas famílias pondo na televisão nacional tudo sobre a sua vida privada e profissional?” Imaginem os criminosos em casa a ver a televisão, a ver a cara daqueles que os iam prender, inclusive estes a despedirem-se da família, as casas onde moravam, os esconderijos onde se encontravam…. Nem pagando eles conseguiam informação tão completa se por acaso lhes apetecer uma vingançazinha.

Já para não falar dos milhares de documentários sobre meninos pastores que nunca viram o mar. Ora eu nunca vi o Johnny Depp e ninguém documentou sobre isso.

São uma praga, são verdadeiramente uma espécie exótica e caso vejam algum por aí, não tenham problemas em aniquilá-los a ver se não se reproduzem.

Os comentadores são outros. Há uma luta de etnias numa cidadezita portuguesa e dizem que somos quase um Brasil ou uma Colômbia…

Claro…. Nestes países assaltos à mão armada com menos de 5 vítimas mortais já nem é notícia, e raptos começam a ser uma coisa tão corriqueira que as vitimas já se queixam de falta de originalidade.

Qualquer coisa que aconteça em Portugal é levada ao extremo. “Dois brasileiros assaltam um banco e um deles é baleado pela polícia!”; “Polícia mata a tiro uma criança cigana!”…

O que é que se tira daqui? A polícia matou o assaltante, não porque ele estava a fazer refém dezenas de pessoas e a assaltar um banco, isso é totalmente secundário, mas porque era brasileiro!

Alguém referiu que a polícia atirou numa carrinha em movimento que tinha acabado de assaltar uma casa e que por acaso acertou na criança que tinha ido com o papá fazer uma coisa de homem que é roubar os outros? Não… a policia matou porque era cigano.

E então surge o pânico e vai-se entrevistar todos os ciganos e brasileiros que estão no país a ver se sentem a xenofobia. Pelo amor de Deus….

Não interessa de são pretos, brasileiros, portugueses, ciganos, se são amarelos ou de Leste… o importante é que o fazem e não a cor ou descendência que têm. Mas sou só eu que acho revoltante estas manchetes totalmente viradas para a xenofobia?

O ênfase das notícias está totalmente na questão racial e não no acto criminoso e isto é absurdo. Pessoalmente, neste momento a minha condenação é sobretudo com pais loiros que dão sedativos aos filhos para que possam ir córtir a noite descansados e que depois movem fundos e mundos para encontrar a filha que momentos antes tinham atirado aos porcos. Peço desculpa pela franqueza, mas realmente este tipo de gente faz-me espécie.

São eles e os jornalistas que tiram cursos de como deturpar o que os outros dizem, como arrastar uma notícia por uma semana inteira, como fazer perguntas idiotas e usar penteados dos anos 80 na televisão.

Hoje é um daqueles dias em que, já que não posso parar o tempo, desejo que o mundo expluda. Eu sou assim, só pensamentos felizes!

Nota: A autora sente muita compaixão e total solidariedade por todos aqueles que são vítimas de qualquer tipo de crime ou acidente, mesmo fiscal, e tem toda uma admiração racial pelos maravilhosos povos que constituem a diversidade social do nosso planeta. De notar também que tenho 20€ na conta e caso me queiram processar não levaram mais do que aquilo que vão pagar ao advogado, sendo assim uma situação em que todos perdem.

18 agosto 2008

Mais coisas bonitas...


... ou talvez não. Gosto de partilhar com vocês coisas especialmente … hum… escusadas. É assim que venho para esta via falar-vos do novo produto que adquiri, que não só é dermatológicamente como também, apreciem a categoria, ginecologicamente testado.

Ora eu pensei cá para mim, depois de ler o dito rótulo, que se andaram a barrar as passarinhas das senhoras com aquele produto e depois as expuseram a microrganismos potencialmente torpes para testar a eficácia, o mínimo que eu podia fazer para homenagear tais heroínas vaginais era comprar o produto e testá-lo assim na minha própria heroína (atenção, isto não se refere a qualquer tipo de droga). E assim foi. Funciona? Provavelmente não, mas a menina gosta de ter um produto destinado só a ela, assim como todas as outras partes do corpo.

Isto leva-nos à questão da lavagem cerebral que andam a fazer à população humana, essencialmente à feminina, sobre a necessidade de cada poro da nossa pele requerer um determinado produto de limpeza e hidratação, caso contrário amarra o burro.

Começando por cima, temos o cabelinho que exige não só champô, como amaciar e máscara de beleza e caso queriam ter um look fixe, têm toda uma parafernália de produtos que encaracolam, fixam, alisam, endurecem, engrossam e fazem falar o cabelo. Eu, que sou muito mais eu, cagei-lhes na cabeça e rapei o cabelinho que agora só come sabão azul a cada 15 dias para ver como as coisas são. Não há cá suavizantes nenhuns, que a vida é bem dura (metáfora má linda!).

Bem, descendo um bocadinho e não demasiado, aterramos no pescoço que a partir dos 30 começa a exigir um creme especial para que não sofra o preço da gravidade e comece a padecer do síndrome Caneças. E caso o pescoçozinho não receba o cremezinho a que tem direito e que só custa um ou dois ordenados mínimos, podem ter a certeza que vai descair como o peito duma octogenária.

Por falar em peito, podem também gastar as poupanças de uma vida em materiais cremosos para prevenir que as bichanas queiram varrer o chão e rachem-se em estrias tal melancia madura.

A barriga, o rabo, as pernas…. Bom, qualquer bocado de carne que tenhamos tem uma atracção brutal para com o centro gravitacional da terra e teima em não respeitar a nossa vontade de se manter firme e hirto como uma barra de ferro. E o que resolve isto (sem haver a necessidade de fazer exercício físico e suar que nem um cavalo)? Cremes, claro… cremes e mais cremes, loções e mais loções, merdas e mais merdas.

Para a depilação há cera para as pernas, para as virilhas, para os tornozelos, para as sobrancelhas, para o buço, para as patilhas, para os pêlos do nariz, para as axilas e para aquele pelinho que teima em crescer no ombro direito. Ai de vocês que ousem em tirar pêlos das axilas com uma cera para os braços que o provável é que arranquem a pele e o pêlo fique agarrado só para vos provar que usaram o material errado ou o mais barato. Tem que ser o melhor para a melhor pilosidade.

Podem chamar todas estas coisas de desnecessárias e fúteis e a verdade é que se não nos importamos de sermos cuspidas na rua e apedrejadas com força não há qualquer necessidade de sequer tirar o buço. As francesas têm um tapete persa debaixo dos braços e ninguém as magoa por isso.

Mas há coisas que realmente não temos escolha. Refiro-me claro às questões higiénicas. Um bom pacote de pensos higiénicos que dê para todos os dias de esvaimento do material endométrico custa uns bons 5€, e claro que quem gostar de enfiar os ditos canhões pela passarinha acima também pode contar em gastar uns quantos euros.

E podemos escapar a isto? Obviamente que não. Infelizmente já não pudemos usar toalhas embrulhadas nas cuecas por razões óbvias, e usar material barato (subentenda-se dos chineses ou do Lidl) não é uma opção confortável.

Se o material não é bom, no caso dos pensos, cola-se às cuecas, empapam em vez de absorver, não disfarça os odores e às vezes aumentam-nos, e claro, em vez de serem mudados de 3 em 3 horas, temos que os mudar a seguir a colocá-los.

No caso dos tampões, torna-se realidade o pesadelo que é…. O cordão de segurança rebentar.

Depois de muito tempo lá me tornei mulher e usei tampões como as senhoras grandes, mas realmente não entendo. Aquilo além de doer a pôr ainda dói mais quando se tira pois vem com o triplo do tamanho. Temos que nos pôr em posições estratégicas para não nos enganarmos no orifício e claro, encontrar a posição certa depois de errar muitas vezes. E o pior é o constante medo de quando formos tirar só venha o fio atrás e a história a partir daí é digna dum Dr. House.

Não… não compensa. Já basta as dores extraordinárias que me fazem inchar o dobro do tamanho, me fazem ter vontade de chorar ao ver o Nody, que me fazem deitar na cama para nunca mais levantar e que me fazem comer porcarias como a Britney Spears. Já basta tudo isto para ainda andar a enfiar coisas por onde só devia sair (durante esta época nada balnear, subentenda-se).

Termino esta maravilhosa dissertação ao referir que a autora é totalmente a favor do exercício físico e da dieta saudável em prol de um corpo saudável e vencedor da gravidade, não defendendo nenhum tipo de material cremoso como substituto do estilo de vida sadio. Não se efectuaram qualquer publicidade a produtos cosméticos e higiénicos pela falta de incentivo. Os chineses e o Lidl incentivaram com a força da persuasão.

16 agosto 2008

Nunca mais faço a cama


Hoje é um daqueles dias nublados de verão em que eu respiro a humidade e o cheiro a maresia e sorrio, porque realmente gosto de dias assim, cinzentos. A harpa da minha vizinha dá-lhe um toque sombrio e o mar tem outro brilho, mais profundo.

Isto tudo porquê? Porque parti uma unha.

Ora acordei eu cedinho como tenho feito nestes últimos meses e resolvi ser uma filha muito boazinha e pobrezinha, tal Floribela, e fui fazer as camas dos hóspedes, limpar os quartos e varrer a casa, já que a mãe anda a laurear a pevide pela Europa fora.

E foi na realização desta tarefas domésticas muito árduas, como por exemplo fazer a cama, que eu parti uma das minhas unhas preferidas….doeu mesmo na alma!

Finalmente tinha conseguido ter aquilo que se podia chamar unhacas. Estavam arranjadinhas, vitaminadas, coloridas e eu já parecia uma senhora de verdade só por ter pincelado as garras com Loreal Paris, porque eu mereço…. Mas não… tudo o que é bom dura pouco e eu já estava com ar de executiva sanguinária há demasiado tempo…

Mas estou triste. Estou fútil e triste.

Agora que tive que cortar toda a manada por haver uma ovelha negra, parece que não tenho dedos. A sensação que tenho é que me cortaram as pontas dos dedos e fiquei mais longe de tudo. Se esticar a mão não alcanço tanto como antes alcançava… não coço tanto como antes coçava e já não fico com grãos de sal debaixo das unhas quando tempero a salada…

Ainda nem é hora de almoço e já sinto saudades de ter substâncias estranhas debaixo das unhas e poder coçar com muita satisfação os pêlos encravados da virilha.

O meu maior medo é ter um ataque de comichão e morrer assim, a tentar apagar o fogo, já que toda eu comicho por dentro.

Cresçam depressa bombons de queratina.

11 agosto 2008

O senhor dos serviços académicos


Hoje o dia está tão cândido! Os pardais cantam, os cães ladram, a Shakira dança e há um doce aroma de lavanda no ar. Ahhhh

Não…

Não, não está. Não não cantam, não, não ladram, e não… não dança… e o único aroma que há no ar é da virilha molhada do meu Puffy Emanuel.

Este é mais um dia, do resto dos meus dias, em que acomodo o petrol-cu na forma já bem definida da cadeira e olho para um computador que já não pode olhar para mim.

Olho para isto e desespero… que dia é hoje? Só espero que ainda seja Maio….

E mais uma vez: Não, não é. É quase Setembro e palavra “Fodida”, que é tão bonita e educada, começa a fazer todo o sentido e não, afinal não sabe assim tão bem.

Tenho medo de olhar para isto porque descubro mais coisas que faltam fazer, mais artigos que faltam ler, mais coisas que faltam escrever e começo a tremer e a sentir uma ligeira dor aguda no braço direito.

Tenho a casa cheia de gente que vai à praia, tomar cafezinho, vai ao cinema e onde é que eu vou? Bem, o mais longe foi ir hoje ao Lidle bater em 3 ou 4 velhas por causa das melancias a 0,25€.

Observar o meu sobrinho, bronzeado e musculado, com o ar de quem acabou de passar uma semana inteira no sudoeste e ainda deve estar a ver elefantes cor-de-rosa e que parece que acabou de sair dum episódio dos morangos com açúcar, dá-me a ligeira vontade de aparecer no noticiário da TVI responsável por me barricar no mercado municipal de Sines e ameaçar dar cabo das sardinhas todas onde ponha as mãos.

A minha imaginação tem muito que se lhe diga, e desde tsunamis, sismos de grau 23 e godzillas cor de pesseguinho, já tentei de tudo para ter desculpas para não fazer isto… mas não vale a pena, o senhor dos serviços académicos bem me aconselhou a inscrever-me em cadeiras não vá ficar em coma, e que se isso acontecesse não havia desculpas e só tinha era que pagar mais propinas nem que tivesse que me ir prostituir (e aliás, fez uma proposta bem interessante relacionada com curvas roliças, espanadores de pó e óleo de cânhamo).

Assim podem ter a certeza que nem que apareça aqui a equipa toda do “querido mudei a casa”, eu não deixo de fazer isto… estou a perder o controlo das funções corporais e já gosto de ouvir o José Cid… portanto a coisa é grave, posso ficar com lesões permanentes mas ninguém pára o Benfica e ninguém me pára a mim… hoje também estou de vermelho e só me apetece chorar, assim que a comparação foi apropriada.

Escrever merdas como esta é também uma forma nada eloquente de evitar olhar para o tenho que olhar e fazer o que tenho que fazer.

Perdoai-me senhor…. Eu não sei o que faço.

06 agosto 2008

Eu sou um lugar estranho


Será que sou só eu? Sou só eu, meu Deus do céu, que estou preocupada?

Ninguém mais vê o que se está a passar nas escolas portuguesas? Ninguém mais quer saber deste sacrilégio que se passa nos estabelecimentos em que estudam as nossas crianças?

Onde? Onde, senhores, estão os piolhos?

Erradicaram-nos e não avisaram? Mas… mas…mas…. Porquê, meu Deus, porquê?

Os piolhos eram presença constante da cabeça infantil. Os piolhos era aquilo que unia os povos e atacava os inimigos, os piolhos faziam parte da nação portuguesa!

Ninguém se apercebe, se não eu, do poder comunicativo que tem os piolhos?

Porque aquele que tem o privilégio de ter uma população destes espécimes tão meigos a circular pelo crânio tem o poder de dominar o mundo, e espalhar a igualdade em forma de prurido.

Sim, será gozado pela população escolar, será posto de parte, será crucificado… porém… basta um abanar dos cabelos ao vento e deste modo promover a polinização dos piolhos, para se espalhar o mal pelas aldeias e aí…. A vingança é um prato que se come com muita comichão.

O último a rir será o que ri melhor porque foi o responsável por povoar a cabeça daqueles que dele fizeram pouco, foi o responsável pela variabilidade genética duma espécie que é tão serelepe e saltitona, foi o responsável pela unificação das cabeças.

Sim, meus caros amigos, os piolhos são necessários. Os piolhos são essenciais no ensinamento da igualdade às nossas crianças, porque eles não escolhem a cabeça pela marca do champô, (a não ser pelo critério da ausência de Quitoso), também nós não devemos ser preconceituosos em relação à marca da carteira, porque no fundo, todos estamos a beber do mesmo sangue.

Foi ou não foi bonito? É provável que não…. Mas a intenção também não era essa. Era uma vez mais criticar o mundo, em especial o governo, por não se preocupar com este tipo de assunto com tão relativa importância.

Onde é que eu fui buscar esta dos piolhos? Não faço ideia…. A minha mente continua a ser um lugar estranho, que poderia dar origem a muitas boas teses sobre as profundezas humanas…. Bem, boas não direi, mas longas seguramente.

03 agosto 2008

Azeite Gallo a cantar desde 1919


"Pega-se em metade do oceano e juntam-se-lhe terras desconhecidas;
Deixa-se marinar alguns anos e tapa-se com um manto de neblina;
Lavam-se as saudades em lágrimas e põe-se a glória em banho-maria para voltar a usar um dia;
À parte coloca-se o Fado bom apurado; o futebol bem jogado e um ou outro pregão das entranhas gritado;
Desfaz-se a língua em poemas, odes e cantigas; ou então canta-se à desgarrada, rima improvisada.
Numa grande forma de barro escalda-se o Algarve e o Alentejo; salgam-se as Beiras e desfaz-se em água o Douro e o Ribatejo.
Para terminar, abanam-se as oliveiras com sabedoria ancestral.

Rega-se tudo com um fio dourado...e serve-se assim Portugal como prato principal."

01 agosto 2008

Gosto de mulheres com poder


O post passado foi repleto de realeza e pensei cá para mim, “ora este era um assunto muito interessante para se discutir e para tentar tirar o blog da categoria de possidónio em que encontra”. Bem, na realidade não é, mas há falta de melhor continuarei a bater no ceguinho, que não me parece que vossas excelências se vão divertir se eu começar a dissertar sobre a importância do senhor Pearson na minha vida e a tristeza que é sonhar com o qui ao cubo.

De qualquer maneira, e como o meu conhecimento do Jet Real é muito limitado, resolvi dissertar sobre outro tipo de princesas, mas que estão mais inseridas dentro do meu rol de conhecimentos fúteis.

Não, não vou escrever sobre a quantidade de Rappers que cantam sobre princesas numa banheira de espuma com a Merche em pêlo, realmente o meu conhecimento neste tipo de princesas ainda é mais limitado do que a vida sexual da Carolina do Mónaco, como fui, e bem, corrigida na antiga dissertação.

Venho aqui falar, mal obviamente, das princesas da Disney. Sem perder mais tempo… desde quando é que as princesas cheiram a peixe? Inventar uma princesita dos fundos do mar que anda com a barbatana aos saltos por um príncipe que só viu numa estátua…. Não me venham com histórias de mimir, que eu cá não ando a comer gelados com a testa!

Mas que espécie de mensagem vai isto passar às nossas crianças? Abandonar o pai e as irmãs por causa dum príncipe de meia tigela que nem sabe nadar? Confiar numa gaivota que acha que os garfos servem para pentear o cabelo? Arriscar a vida do melhor amigo, o linguado, só por causa dos seus quereres? E confiar numa lula? Mas… mas quem é que confia numa lula que tem como cães duas enguias eléctricas? Via-se pela proporção dos apetrechos da senhora que ela não era de confiança… até cantou uma canção sobre isso… mas parece que a nossa princesa além de parva, era surda.

E nem me venham falar da tanga da voz… então a criatura aceita trocar a voz pelas pernas e depois chega lá e precisa dum caranguejo que explique as coisas ao senhor? Não sabe escrever… desenhar…. Fazer mímica… usar a linguagem gestual…. E que príncipe é este meu Deus do céu que se apaixona por uma voz? Então mas agora isso tem alguma utilidade… é ridículo pensar que o senhor se ia casar com uma, a voz muda de sítio e o menino vai a correr atrás da outra…

Então e que pai é esse que não dá dois enxertos de verdascadas na barbatana daquela adolescente? Onde é que está a autoridade? Ai, a menina quer o principezinho, o papá arranja!

E nem me venham com as histórias de gatas borralheiras e Cinderelas que nem lá perto falam de abuso de menores, escravidão e maus tratos…

Onde é que está o pai da criatura que a deixa sozinha com gente que ela nunca viu? Mas e se vos tratassem mal e vos obrigassem a trabalhar, não iam fazer com que aquelas megeras acordassem com sal na cama todos os dias e a beber arsénico à hora do chá? O que é a menina faz? Conversa com ratos…

Aparece a fada madrinha e já que tem direito a um desejo em vez de pedir que a tire daquela vida, não… quero antes um sapatinho de cristal e uma abóbora para me levar ao baile, diz que é moda….

E essa do baile é outra. Então uma pessoa muda de vestido, toma um banhinho de loja e já ninguém a conhece?

E o príncipe já morria… então apaixona-se pela miúda e só lhe fixou os pés? Não lhe olhou nas fuças para depois ir à procura dela? …. Tem que usar o sapatinho para ver onde encaixava… e onde é que já se viu ninguém mais calçar aquele número….só 38 como eu deve haver à patada… (que piada espectacular).

Bem, a Jasmime podia estar pior. Tem o tigre como bicho de estimação, o que está politicamente incorrecto, mas recusou o Principe Ali, sem se interessar pelo dinheiro… mas também pudera, com um casarão daqueles tinha o que queria e ainda devia satisfazer-se com os jardineiros, daí que não precisasse de mais nada.

Então o rapazito oferece-lhe uma viagem de tapete e a menina cedo logo? Mas que gente mais fácil…E aqui passa-se a mesma histórias dos bailes. Ela conheceu o Aladino de colete, ele aparece-lhe vestido de branco, tal Roberto Leal, e ela já não o conhece?

Eu do Jafar nem comento… só aquela perinha, já merece que morra. Não é por ser mau e torpe…. é mesmo aquela pêra amaricada!

Agora a Branca de Neve…. Essa história de viver com 7 homens mas não ser uma mulher fácil….Está bem está… Eu só tenho um nome para isso: Rameira!

Não, não é preconceito. Como é que acham que ela pagava a renda? Era a fazer as caminhas pequeninas? A mim não me convence.

Então mas que mania têm as madrastas que se vêm que as enteadas são mais bonitas que elas mandam-nas trabalhar? Então mas isso tira beleza a alguém? Que ideia bonita… quem trabalha fica mais feia. E essa de falar com espelhos só me leva a crer que andava ali muita droga… a senhora emborcava o caldeirão às escondidas que eu sei.

Eu pessoalmente acho que a Rainha era mais bonita… mas eu gosto de mulheres com poder. As sonsas das princesas não me comovem. Se eu tivesse lá para levar a auto-estima à senhora nada daquilo tinha acontecido, porque o problema foi mesmo esse, falta de ouvir coisas bonitas. Eu também estou aqui estou a distribuir maças envenenadas a quem encontrar na rua a ver se termino com elas todas.

Os anões, apesar de pequeninos, todos eles representavam uma característica dos homens, ora no fundo a Branca de Neve (mas quem é que tem nome de farinha?) vivia com um homem Zangado; preguiçoso (Soneca), doente (Atchim), choramingas (Dengoso), que não fala (Dunga), Feliz (quando o Benfica ganha) e Mestre (com a mania que sabe tudo). E quem não?

E quem é que, no meio duma floresta, aceita comida de estranhos? E uma maçã… Então a menina não tinha comida em casa? “Olhe vizinha, obrigadinha mas já almocei”… não… “venha daí uma leguminosa que toda eu sou fome” (sim, eu sei que a maçã não é uma leguminosa, mas o post é meu e eu digo o que eu quiser).

E aqueles anões tinham um humor negro muito subtil. Fazer um caixão de vidro e deixá-lo em exposição? Não sabem que os corpos se decompõem? Não era uma imagem bonita de se ver.

A moral destas histórias todas é sempre a mesma, um beijo resolve tudo. A princesa está morta, vem o príncipe e ela acorda. Muito bom defunto havia de apreciar algo assim.

Por acaso ando aqui com uma azia, a ver se chega um príncipe num cavalo alado para me tirar o mal estar….

Da Pocahontas e da Mulan não há muita coisa a referir pois são exemplos bonitos da força das mulheres e acho que isso sim, é um exemplo a dar às nossas crianças, e reparem que nenhuma é loira.

Bem, não gostei da Índia ter ido morar para a cidade grande… era muito mais meigo se ele tivesse ficado. Agora levou-a para casa em que ela não pode nadar, nem correr contra o vento e isso mostra um egoísmo muito grande da parte dele e uma estupidez da parte dela. Se ele gostava tanto ele que ficasse que era muito mais natura viver ali, no meio do verde, a comer raízes.

A Mulan é espectacular, basta ser parecida comigo. Sim senhora, aquilo é que é mulher. Podia referir o facto de ninguém ter percebido que ela era uma mulher, mas isso só mostra uma vez mais o quão tapadinhos são o homens. E não é a única a fazer isso, a Papisa Joana por exemplo enganou o clero inteiro durante anos… foi preciso o papa parir à frente daquela gente e mesmo assim, alguns acharam mais lógica a explicação de estar possuído do que ser uma mulher. A Mulan está aqui... (no peito).

Agora de quem não podem falar mal que eu não admito, porque parto já aqui para ignorância, é da Bela. A Bela é sim senhora uma mocinha de qualidade que merece todo o respeito e compreensão.

A senhora cagou completamente na cabeça do Gastão que tinha mais mania naquele cú que pelinhos. Não se interessou por aquela caracterização do homem comum e queria era ler, instruir-se e sair daquele fim de mundo.

Quando o Monstro a prendeu ela lá ficou rendida pelo luxo? Não… Teve medo dele? Não… ela gritou, bateu a porta e cagou-lhe na cabeça também, mas não quando ele mais precisou… porque apesar de ter garras e caninos afiados ela tratou dele e foi amiga. Ela apaixonou-se por ele, apesar de toda a aparência felpuda, viu mais além!

E qual foi a prenda que ela mais gostou? Um sapatinho? Um vestidinho? um cuzinho lavadinho? …Uma biblioteca… Meu Deus, uma Biblioteca… Isto não é totalmente não fútil e um exemplo fantástico?

E o facto do mau da fita ser um homem… recalcado, e não uma mulher que quer matar a outra só porque é mais bonita, já lhe dá clara vantagem.

Realmente “o Mundo é composto de mudança” e isso vê-se muito bem na evolução das princesas e dos conceitos que pretendem ensinar.

A Disney é um mundo maravilhoso que tem muitas lições bonitas, apesar de ainda hoje ninguém conseguir ver o Bambi sem querer suicidar-se de tristeza. Mas também há ali muita coisa estereotipada que subtilmente pode levar a preconceitos… mas isso sou eu, que vejo maldade em tudo, até na relação entre a Mulan e um dragão comprido.