31 março 2010

Qualquer conversa é um negócio


Terça-feira, 21:04h, o telefone toca:

- Came to me, call com me, say to me (música do telemóvel)

Eu (Burra que nem portas) - 93… não tou a ver quem seja. Estou?

O Outro - Sim, Estrela?

Eu (a reconhecer a voz) - Mas hoje não é domingo!!!!

O outro (que afinal era o cigano) - Então sempre queres as ervas?

Eu (a associar claramente as ervas ao esperma - a flora nunca mais será a mesma para mim) - Não, não tou interessada, obrigada.

Apesar da firmeza do não, Já estava a preparar todo o discurso do “Eu-final-tenho-namorado-mas-é-segredo-os-meus-pais-não-podem-saber-porque-ele-é-gadelhudo (a minha mãe tem medo de gadelhudos, isto é, gajos de cabelo comprido)-e-ele-tem-esperma-suficiente-e-até-conhece-a-receita-e-”, caso o senhor não aceitasse o meu não.

- Pausa -

Cigano - Ah! Tá bein.

- Pausa -

Cigano - Tenho aqui uns ténis de marca, se quiseres.

….

Por muito surreal que isto pareça, juro que o discurso foi assim… e não… não lhe comprei ténis de marca.

26 março 2010

A urina da telecomunicação

Eh lá… diz-se por aí que hoje é sexta e ainda cá estou… sem ter sequer cheirado nenhum tipo de viscosidade que tenha tocado nas partes testiculares de criaturas de etnia cigana…

Sou uma privilegiada.

Sinto-me mais leve e tudo, se bem que vêm por aí outros domingos que nunca terão a mesmo significado para mim. Sinto que a partir de agora tenho uma nova fobia:

A juntar às super-modelos (atenção, não são as modelos normais e assim, são aquelas que são super e têm o super poder de serem altas, esguias e viscosas…), aos pandas (que para mim continuam a ser gente torpe enfiada dentro de um fato com olhos assustadores), bolhas (fazem-me impressão, pá), e collans (daquelas coisas que me provocam suores frios e arrepios pela espinha abaixo), tenho agora o pavor de ciganos com testículos.

Mas atenção, não é preconceito nem sequer xenofobia, é mesmo medo…. Se forem mulheres, ou atestículados não me faz qualquer tipo de espécie…. Agora gente produtora de esperma…. Duas palavras: Me-Do

Nota: para uma melhor compreensão dos comentários acima referidos sem erradas conjecturas da minha pessoa, é favor ler não só o post anterior como todo o blog, para perceberem o complexo grau de problemas psicológicos que me atinge.

….

Mas fica aqui declarado, para os mais preocupados com o meu possível tratamento à barba, que não recebi qualquer tipo de telefonema com referência a barba e esperma na mesma conversa. Por enquanto…

Se bem que a vida não me dá descanso, e as situações estúpidas são quase diárias.

A próxima que vos venho contar já aconteceu possivelmente a muita gente, mas com certeza são gente a puxar ao convencivismo, que não admitem passar por certas e determinadas situações… não eu…. Eu admito tudo e não tenho vergonha de nada… afinal de contas, vocês não sabem quem eu sou e onde moro…. Pst calô…

Estava eu a fazer o meu xixizinho na minha casita nova, quando me apercebo da ausência de papel nas imediações da casa de banho, e resolvo abanar a passareca para evitar dilúvios.

Depois de pôr a celulite a dançar, levanto-me e puxo as calças para cima quando de repente oiço:

- Pof…

Seguindo de um,

- Ploc…

Os meus dois telemóveis, que estavam no bolso traseiro das calças, caíram do mesmo enquanto eu tentava apertar o botão que teima eu afirmar que sou mais gorda do que penso.

O pof não me preocupou, porque o som do telemóvel a desintegrar-se foi reconfortante. Agora o ploc…

- Ora bolas - disse eu, quando na realidade o que queria dizer era:

- Fôdasse, a merda do telemóvel caiu na puta da sanita…

Virei-me muito lentamente, rezando às fadas do lar para que o óbvio não tivesse acontecido, quando vejo o meu potente nokia de 15€ mergulhado em água amarela e quase a ir pelo cano abaixo.

E agora? Puxo o autoclismo correndo o risco do telemóvel ir parar às catacumbas do esgoto para nunca mais retornar, ou ponho as mãos na minha própria urina para o recuperar?

Obviamente que lá enfiei as mãos, até porque caso contrário não teria o que escrever aqui, e tirei muito depressa o azarado telemóvel da sanita, e para ter a certeza de que estava bem molhado ainda o pus debaixo da torneira.

Claro que o estado em que ele ficou não foi bonito. O som ficou debaixo de água… ou melhor, debaixo de urina, o ecrã ficou com água no interior e o cheiro não era dos melhores…

Pensei que o desumidificar ou o sol directo iriam resolver o problema, mas a solução era mais óbvia do que parecia - Arroz.

Depois de 3 dias dentro de uma taça com arroz o telemóvel está como novo e o arroz com um sabor diferente. De qualquer maneira dei-me por muito satisfeita por não ter tentado o microondas, sendo que não podia ter sobrevivido para contar a história.

E então? É só a mim que acontecem estas coisas?

Sim?

Finos, pá!

19 março 2010

Domingo

Alguns de vocês, aqueles cujo nome não vou pronunciar porque não merecem o ar que respiram já que pouco sabem a meu respeito, devem achar que muitas das coisas que para aqui venho alvitrar são pura tanguice e que tenho uma imaginação muito fértil... demasiado fértil.

Mas enganam-se meus tubérculos violetas, eu não tenho imaginação suficiente para escrever metade daquilo que vocês lêem - na diagonal, que eu sei. A vida é que se encarrega de me apresentar as situações mais caricatas, improváveis e na maioria das vezes, estúpidas… eu só as relato, e acrescentam vocês - mal e porcamente.

Pst… calem-se que não vos perguntei nada...

Um dos obstáculos que tive que ultrapassar recentemente esteve ligado às obras e mudanças para a minha mais recente morada fiscal. Para trazer todos os móveis, coisinhas e coisonas acumuladas durante anos no doce lar dos meus pais, tive que calcorrear o mundo que é Évora e Sines à procura de uma carrinha de transporte, já que o samurai, por muito espectacular que seja, não consegue levar com 3 camas, 4 cómodas, 2 roupeiros, etc., mesmo com a boa vontade que tem.

Depois de encontrar a solução óbvia - um cigano, e depois de passar todo um dia a tentar contactar com o dito senhor que andava a palmilhar as feiras e mercados a vender sabe-se lá o quê, conseguimos encontrar o acampamento, marcar o dia D (das dores que tivemos depois de levar com a moviflor na espinha), e sair de lá sem comprar nada.

No dia seguinte correu tudo bem ao carregar a carrinha e tudo correu razoavelmente bem na viajem para Évora - tirando a minha Relíquia que veio doentinha.

Ao chegarmos à minha roulotte presidencial e ao nos apercebermos de que aquelas escadas não foram feitas para a espécie humana actual, mas sim para hominídeos mais primitivos e de mais baixa estatura cujo mobiliário era constituído por pedras rolantes, chegamos à conclusão que não seria fácil levar todo o conteúdo do cigano-mobil através de 32 degraus íngremes e vertiginosos até ao meu ninho do amor.

Tentámos fazê-lo através da força do pensamento, mas como não deu resultado o cigano foi tentar encontrar alguém pela praça que estivesse interessado em ganhar uma ou duas hérnias a carregar móveis alheios por apenas 5€... Mas como hoje em dia já ninguém quer trabalhar, as pessoas querem é empregos, lá tivemos nós que arregaçar as mangas, tentar não esvaziar os intestinos com a força, e fomos levando o chumbo pelas escadas acima, sempre tentando não despenhar dos degraus abaixo correndo o risco de ficar em paralelo com o asfalto, e aos poucos o material foi chegando ao destino.

Quase no final da meta, e enquanto eu cá em baixo ficava com um olho no burro e outro no cigano… quer dizer… ficava atenta para ver se alguém de passagem levava um tampo de cozinha debaixo do braço e saía a correr, o senhor de etnia começou a meter conversa comigo, e deduzo que deve ter sido muito pensada antes de vomitada…

Nota - Para melhor compreensão do diálogo que se segue, pede-se a interpretação dos diálogos do cigano com o dito sotaque, e dos meus com a dita estupidez associada.

Cigano - Então tu já tens namorado, nei?

Eu - já esperando alguma referência à minha eterna gravidez - Não… ainda não - ocultando o facto de namorar sim senhora e com a mulher mais linda do mundo, não fosse o perigo de ser apedrejada com facas dado encontrar-me numa contra-ordenação grave para com a sua religião.

Cigano - Ah… pois, mas aqui arranjas depressa com tanto estudante e tali.

Eu - A temer o desenrolar do tema, e sempre muito explícita - Pois…

Cigano - Sei de uma mesinha que te tira essa barba.

Eu - tentando encontrar a via por onde a conversa enveredou para os lados da pilosidade - Ai sim?

Nota: Que fique assente que eu não tenho barba, mas sim pilosidades suaves e sedosas de cor descoloradas, que ao revés de danificarem a minha beleza natural, dão-me um ar totalmente exótico e apetecível. Não interessa se não gostam. A verdade é esta e acabou. E acabaram também as notas só por causa das coisas.

Cigano - É uma receita muito antiga, tira-te isso tudo num instante.

Eu - A desconversar - Pois… dizem que estou grávida, sabe? Acho que foi milagre…

Cigano - A ignorar-me - É uma coisa muito antiga, não podes contar a ninguém, hã!

Eu - já a tomar notas para escrever no meu diário super secreto que é o blog - Esteja descansado que eu sou óptima a guardar segredos, mas funciona mesmo? - Esperançosa de ter encontrado aquilo que o mundo ignorava e que estava em anonimato na comunidade cigana durante séculos, e que é por isso que nenhum deles tem barba….

Cigano - Funciona, pois. Uma vizinha minha fez e nunca mais teve. Ela até tinha vergonha de sair à rua e tudo, era assim como tu.

Eu - a olhar para os lados - Ah…

Cigano - Eu tenho a receita e depois dou-te, leva assim uma erva que se apanha no mato e prontos…. Aquilo das relações…

Eu - Parafraseando a minha relíquia - Aquilo das relações? … Amor?

Cigano - Prontos… esperma, nei… aquilo das relações, e outras coisas que agora não me lembro.

Eu - sem batimentos - Espe… quê?

Cigano - Pois, o esperma e assim, mistura-se tudo e espalha-se nos sítios onde tenhas os cabelos…

Eu - branca como a cal - Na cabeça??

Cigano - Não. Onde queiras tirar os cabelos, no peito e na cara e assim.

Eu - a espumar - ….

Nota excepcional: Será que é por isso que gosto tanto de gorilas, será que me assemelho a eles na camada pilosa e não me apercebi?

Cigano - Depois dás-me o teu número que eu arranjo-te os ingredientes e explico-te como se faz.

Eu - morta - T-t-tá b-bem…

….

Depois apareceu um anjo que interrompeu a que foi a melhor conversa de toda a minha vida, batendo o recorde dos médicos que me queriam convencer do poder voador dos espermatozóides, sendo que começo a ficar preocupada com as tendências testiculares dos assuntos que me rodeiam, e olhem que eu até nem sou para aí virada…

Claro que o Cigano não me deixou ir embora sem o meu número de telefone, e eu fui estúpida o suficiente para lhe dar e não soube inventar sequer um número falso.

Mais tarde, nesse mesmo dia, o telefone toca.

Cigano - Olha, já tenho a erva, e agora arranjas 3 camisas-de-vénus, e quando for aí a Évora posso te ajudar nisso.

Eu - A tentar não vomitar - Deixe lá estar, eu até gosto de ter barba… já me convidaram para o circo e tudo, posso ganhar dinheiro e ser feliz, e no fundo os pêlos nunca me fizeram mal… são herança…

Cigano - Mas não é preciso haver relações nem nada, eu vou aí a Évora, faço o serviço e depois tu pões, é só um bocadinho que é preciso, e depois pões 3 vezes.

Eu - Ah não é preciso relações, então está bem… olhe que simpático que o senhor é, já não se encontra pessoas assim altruístas hoje em dia, vem de tão longe para me ajudar a tirar a barba com esperma?.. há prostitutas em Sines que ficam mais baratas…

Cigano - No domingo devo ir a Évora e a gente trata disso, pode ser?

Eu - Em pânico ao aperceber-me de que ele sabe onde moro - Não…. Não é preciso, não tenho tempo, não tenho vagar, não tenho disponibilidade, não tenho capacidade para isso agora…. Não, não, não, não, não… não tenho pêlos… aquilo foi de não tomar muito banho…

Cigano - Prontos, tu é que sabes, fazemos assim, eu ligo-te no domingo e combinamos isso..

Eu - Não… não é preciso… deixe estar…. Não quero mesmo…

Cigano - Prontos, então depois eu ligo-te.

Tu…tu….tu…tu…tu

Tenho medo do dia de amanhã. Já mudei de número. Pus a casa à venda.

Das duas uma, ou o cigano não descansa enquanto não me esfrega a própria nhanha por todos os lados onde haja pêlo, isto é, onde quer que eu tenha pele… ou … sou acarinhada com muita força pela comunidade cigana por desvendar um segredo milenar pela fibra óptica até vocês.

De qualquer das maneiras o fim não é bonito….

Nota final: Sim é mesmo a final, minhas beringelas…

Nota final 2: … afinal não era…

Nota final 3: Esta é que é.

Nota final final: Desculpem o texto longo, mas os meus dias também são longos… demasiado longos dando azo a estes episódios…

09 março 2010

A Senhora dos Bichos

É impressão minha ou o mundo está a fazer uma limpeza facial a grande nível e por isso anda a esfoliar tudo o que é país e cidade?

Começou com o Haiti, uma destruição em grande escala que pareceu um peeling da mãe natureza (que é solteira, note-se e por isso mais vaidosa), onde não só a barraca abanou, como foi toda abaixo.

Mas não me interpretem mal, aquilo parece ter sido coisa grave. Eu até tive aquele desejo altruísta de largar o emprego e toda a minha vida para ir enterrar os vivos e tratar dos mortos, mas como representante legítima da espécie humana este sentimento durou apenas até ao intervalo do telejornal, depois do qual tive uma afecção especial por aquele menino pastor que vive na serra e nunca antes tinha visto o mar, e há que dizer que estas histórias comoventes levam-me a lágrimita ao canto do olho… é isso e campeonatos de xadrez.

De qualquer maneira pareceu-me que passou depressa. A cura ou foi a Madeira ou então o jogo de futebol do Benfica. O futebol porque move montanhas e pelo visto eleva edifícios… a Madeira porque pelo menos depois da tragédia madeirense mais grave a seguir ao presidente, o Haiti deixou de ter qualquer tipo de destaque na comunicação social e por tal, como as notícias más é que correm depressa e as outras vão a coxear, leva-me a crer que a coisa em poucos dias ficou arrumada, afinal o entulho era quase todo de zinco.

A Madeira, que sofreu uma descarga dos céus maior que a descarga mensal do meu trono de porcelana… e olhem que é muita… também parece ter recuperado. Acho que foi um sismo no Chile que a curou.

Teve a sua semaninha de atenção, um programa musical e um desfile de roupa, e vá lá que deitou mais lágrimas aos portugueses que a catástrofe nos trópicos, mas a verdade é que também não nos deu muito tempo para sofrer pelos conterrâneos porque a seguir o Chile tremeu e dias depois, só naquela de não se deixar ficar, tremeu a Turquia.

Será que só eu é que vejo laivos estranhos em tanto tremelique? Já estou a imaginar o planeta todo a fazer a onda para comemorar o ano internacional da biodiversidade, sendo que os braços são as placas tectónicas e, inevitavelmente, nós somos os pêlos do sovaco…

De qualquer maneira, nos meus poucos anos de vida nesta imensidão de planeta, já me sinto no direito de usar a expressão “Isto no meu tempo não era nada assim”…

A coisa, cientificamente falando, é bem simples: A Terra, ou mãe Natureza para os amigos, diz-se que é uma solteira encalhada e muito sofrida na vida.

A Terra nasceu, há muitos anos atrás, como quase toda a gente nasce… Depois de conjunto de forças violentas e algumas prazerosas, que num momento de loucura levaram ao aumento da massa e à formação da gravidade. Quando nasceu começou por ser muito adorável e por tal atraía tudo à sua volta, tendo por isso a mãe Lua e o pai Sol sempre ao seu redor sem nunca a deixarem sozinha, havendo no entanto algumas tias e primas que de vez em quando choviam para visitar os parentes.

Durante a sua adolescência a Terra passou a sofrer de Bulling dos colegas que andavam no mesmo universo, tendo passado largos anos a ser chamada de Azulona ou Mijona, por estar sempre molhada e ser composta maioritariamente por água…

Obviamente que ela não gostava… não tinha culpa de ser assim… e por isso começou a ser fria e gelada para com os outros… deixou de ter uma personalidade temperada e passou uma fase da vida gélida e insocial.

…. O tempo foi passando e a Terra começou a esquecer os insultos. Fez novos amigos… arranjou namorados… e de vez em quando fazia umas quantas loucuras que davam origem a espécies muito estranhas, das quais ela não se recordava a origem…

Começou a ficar mais sociável e a esquecer as diferenças. Começou a ser considerada uma gaja muito hot e sempre que passava por momentos mais necessitados entrava em erupção de tanto desejo…

Mas apesar de toda a loucura e de ter experimentado os desvarios mais extravagantes, a verdade é que a Terra nunca encontrou o seu planeta metade… Plutão era demasiado frio para com ela e Mercúrio era quente demais, o cabrão andava sempre metido com outras… Saturno já era casado, apesar de nunca respeitar os anéis que carregava, e embora tenha tentado com Vénus, os relacionamentos lésbicos não a atraíam … e foi assim que os milénios foram passando e a Terra foi-se contentado com as espécies que começou a coleccionar… começou a ser conhecida pela senhora dos bichos…

Algumas espécies optou por extinguir, ou por mijarem o tapete ou por comerem demasiado, outras decidiu aumentar a colecção e aumentar a gaiola para os ver crescer e serem felizes… Se bem que agora considera que aqueles bichinhos pequeninos que achava serem inofensivos, são os que estão a dar mais trabalho e a sujar e comer mais, mais até do que os grandes répteis que tinha inicialmente… se o arrependimento matasse…

Hoje a Terra encontra-se em menopausa. De vez em quando tem problemas de incontinência, e os calores são cada vez mais insuportáveis. Acha-se feia e gorda, e deixou se olhar ao espelho. Deixou de ter amor-próprio pelas curvas roliças de outrora.

A verdade é que agora a Terra está velha e cansada, e os bichos de estimação que deviam ser a sua companhia nesta fase terminal, acabam por ser os que dão mais trabalho e preocupações. Resta saber se ela acaba com eles todos para fenecer a sua vida em paz, ou se eles se apercebem do trabalho que estão a dar e começam a ajuda a Terra com estas hormonas difíceis de controlar.

Que tipo de animal vamos ser? Aquele que morde e faz ferida, ou aquele que lambe e cura com a saliva?

….

Claro que eu sou eu e a minha circunstância, e por muito que se chore no conforto do sofá de barriga cheia, essas lágrimas não vão ajudar quem não tem sofá nem a barriga cheia.

Mas nós somos assim, animais irracionais e muito pouco fiéis. Mal-educados e egoístas. Somos humanos, a pior raça que existe…

Isto tudo porquê?

Pelos pedreiros, electricistas, vendedores, canalizadores e ladrões em geral que me roubam todos os dias e roubaram o velho R5 do meu Pai…

Hoje é um daqueles dias em que faço dissertações para descrever desânimos… Se não vos pus a chorar, espero ao menos que vos tenha feito rir.

01 março 2010

Psiu...

Pensei eu que a melhor maneira de retratar o tema do momento da fábrica das letras - o silencio - seria calar-me para todo o sempre (até o mês que vem, subentenda-se) e com certeza que esta seria uma atitude favorável ao vosso e ao meu bem-estar e de aplaudir com fervor… porém, a inteligência por detrás do mote “Isto é uma Pergunta vs. Isto é uma resposta” é muito subtil e não quero levar tau-táus por não usar o meu espaço belo e amarelo para dissertar prosa feia, porca e má, como estratégia de bloguista assumida mas sem cara de livro… hum…facebook.

Ora aqui vai. Segurem-se…

A razão no meu actual silêncio não é propositada, mas deve-se a um conjunto de episódios laborais que me fazem desejar cada vez mais que as crianças e crianços que estejam na chamada idade do armário, sejam todos trancados dentro de um até serem gente com dois palmos de testa… ou não…

Mas prometi a mim mesma não vir aqui dizer mal de menores sob o risco de me tirarem o custódia de ser tia, e convém-me a mim ter alguém que um dia mais tarde me possa pagar o lar e as botijas de água quente… nunca se sabe... há que prevenir.

Venho aqui falar sobre o silêncio constrangedor que muitas vezes me assobia aos ouvidos quando uma vez mais me fazem perguntas constrangedoras, desnecessárias e desmotivadoras e que me fazem querer cortar os cotovelos só para espirrar sangue nos olhos dos inquisidores…

Eu consigo aguentar as vezes que me mandam passar na fila… que me deixam sentar nos transportes públicos… ou que me dão a vez em alguma sala de cinema. Consigo encarar os sorrisos simpáticos ao acreditar que devo ter um ar agradável para elevar na população em geral atitudes altruístas e de louvar, e que os olhares babosos para a minha barriga devem-se à protuberância dos abdominais e não à forma redonda dos mesmos.

Deve ser isso, deve…

Já me custou mais as senhoras dos correios que me olham com baba no canto da boca, como quem aguarda o melhor momento para me oferecer o enxoval que têm guardado para o neto que nunca vai nascer porque o filho é gay…

Já foi pior, já…

Não choro mais quando me perguntam de quantos meses estou, já que opto por ignorar a óbvia referência ao estado prenhal e digo que estou de 300 meses… e antes que me perguntem pelo elefante que me fecundou, explico que 300 são os meses aproximados dos meus 25 verões.

As lágrimas já secaram…

Já não parto para a violência quando me perguntam se estou grávida, já que normalmente respondo que estou grávida de, por exemplo, sardinhas, se foi isso que almocei, ou do espírito santo, se pretendo chocar uma ou outra velha acólita da igreja.

Acho que já matei umas quantas assim…

Agora isto?

Uma pessoa dá o seu melhor quando veste calcinhas curtas e nem se preocupa com as pilosidades ao rubro, põe uma t-shirt suada da semana inteira e uns fones com os Diabo Na Cruz no ouvido e vai correr que nem uma desgraçada para uma pista que não sai do lugar e ainda por cima tem que ouvir isto?

Aguento eu fazer desporto e pular que nem uma anafada enquanto à minha volta as beldades nem mexem um pêlo e dançam graciosamente ao som da mesma música que me faz abanar as nalgas proeminentes e ainda por cima sou humilhada desta maneira?

…. Psiu… calem-se que já explico….

O mesmo instrutor que me vê há seis meses a frequentar o ginásio e a suar que nem uma cavala, vira-se para mim em plena hora de ponta, com criaturas à minha volta cujo número das calças é o meu das pulseiras, e pergunta-me se estou de esperanças…. O filho da Pêra-Uva-Tangerina-Ananás.

….nhiiii (som das veias do pescoço a rebentarem)…

Só me restou sorrir como quem levou no rabo e tem vergonha de dizer que foi mau… hesitei entre dizer a verdade ou confirmar aquilo que me daria uma saída triunfante… optei por ser estúpida e sincera… e acabei por levar com um sermão público em como as vezes que vou ao ginásio por semana não são as suficientes e sobre a importância de ir exercitar quando se acorda, em vez em almoçar, depois do trabalho e antes de dormir. Aprendi que as refeições são extravagâncias estúpidas e que o dia não tem tantas horas quanto as que o ginásio está aberto…

Se o senhor esperava dar-me um incentivo e ferramentas para melhorar a minha performance errou redondamente… depois daquilo só me apeteceu espetar-lhe com um alter de 5kg no meio da testa. Saí a meio da aula com supostos enjoos e pontapés na barriga e fui entregar-me à carniceira da depiladora…

Apetece-me ir ao ginásio e lutar pelos 10 kg a menos?

NÃO.

Nunca mais lá fui… não sei se vou…

“Nossa, estás mais magra não estás?... Sim senhora, estou a gostar de ver!” - O discurso correcto que me tinha feito ficar mais uma hora e repetir a dose no dia seguinte…

É mentira?

Sim, mas útil.

Moral da história:

Se não têm nada de útil a dizer calem-se…. Façam silêncio… quando tiver grávida afixo um cartaz…