09 julho 2011

Mazelas laborais

Podia começar esta pequena dissertação por dizer que tenho o dedo indicador enfaixado porque a lâmina da picadora estava algures no meio do lava-loiça e veio, sem aviso prévio, fazer-me sangrar com muita força.

Na verdade não foi nada de grave, e apesar de estar a fazer pensos porque a coisa ficou esverdeada e muito infectada, achei que já não fazia sentido começar o que quer que seja sem falar de mazelas que a vida me traga, afinal começa a ser frequente…

No entanto, uma amiga contrariou-me quando lhe disse que era a pessoa mais azarada do mundo, dizendo ela que eu era a mais sortuda, afinal andei a capotar pela estrada fora, levei com um sobreiro em cima, e ando a enfiar o dedo em lâminas afiadas… e sobrevivi a tudo isso com muita saúde, graças ao senhor.

Vou então esquecer as dores físicas e vamos conversar sobre os três empregos que possuo actualmente, que acaba por ser mais doloroso que tudo o resto.

Todos sabem que sou uma pessoa contratada e com trabalho certo, no entanto quando falamos do ordenado a coisa já não é tão certa assim. Como a crise é a palavra da moda, acho que a podemos empregar no sentido em que, por causa dessa senhora prostituta, não tenho recebido o tão aguardado pagamento há já coisa de 3 meses. Como a perspectiva da situação é não melhorar até começar as primeiras chuvas, tive que me desenrascar para pagar as contas.

Assim sendo, telefonei e contactei toda e qualquer pessoa que me pudesse arranjar trabalhitos minimamente pagos, e voltei a estruturar o currículo com várias vertentes: hotelaria, sem licenciatura para lojas e afins, bióloga para trabalhos da área, e até tentei enviar alguns de massagista de dançarina exótica, mas até ver não fui chamada.

Através de amigos de amigos de primos de conhecidos de tios de estranhos, entrei em contacto com um senhor que abriu agora um negócio de passeios de barcos pelo Alqueva. Fui então conversar com o dito cujo no sentido de me disponibilizar para fazer passeios pelo rio e falar da natureza e de coisas bonitas. Como a empresa ainda é nova, não sabemos se a coisa terá futuro, no entanto estou a fazer os conteúdos e vou iniciar os passeios. Não é nada certo, nem milionário, mas é alguma coisa.

Entretanto, comecei também num part-time num ATL de verão, e basicamente passo as tardes com duas meninas que querem ser princesas e casar com cavaleiros, enquanto ganho uns fantásticos 3€ por hora. Apesar de ser a coisa mais mal paga do mundo, não é um trabalho pesado é certo, mas implica muita responsabilidade, imaginação, dedicação e claro, muita capacidade de bater sem deixar marca…

E pronto, basicamente as horas do meu dia duplicaram-se para conseguir passar 5 horas com as princesas cor-de-rosinhas e fofinhas que gostam de póneizinhos, trabalhar naquele emprego cujo contracto tenho assinado mas não recebo ordenado e claro, escrever e desenvolver conteúdos enquanto faço visitas pelo Guadiana ao fim-de-semana.

Tenho tempo para tudo?

Não… mas também ninguém disse que tinha que dormir… essas mariquices deviam ser proibidas. Da mariquice de ter refeições já me livrei, para poupar dinheiro, dormir deve ir à vida quando conseguir arranjar trabalho a dançar exoticamente enquanto faço massagens… façam figas!

01 julho 2011

Regalias, Mordomias e cuecas lavadas.

Alguém é capaz de encontrar um argumento credível para o facto de ser requerido uma boa aparência a operadoras de telemarketing?

É que realmente não consigo entender. Não é que eu não tenha boa aparência, às vezes é tão boa que até enjoa, mas não tenho vontade nenhuma de responder a anúncios onde seja exigida uma aparência cuidada para endrominar pessoas pelo telefone.

Mas porquê andas tua a ver essas coisas de emprego, perguntam vocês, a querer saber demasiado sobre a minha vida.

Porque a coisa está difícil, respondo-vos eu, sem querer alargar-me muito.

Na realidade continuo com o meu emprego, porém a remuneração mensal ao fim do mês é que está complicada de chegar. Ao que parece ter dinheiro para pagar a casa, as contas e vá lá, talvez comer, é uma regalia que só porque trabalhamos não quer dizer que tenhamos direito.

Eu a bem da verdade até concordo. Aposto que o banco tem grande interesse em que eu não pague a casa, com certeza que será muito mais eco-in-ri-fixe voltar a usar candeeiros a petróleo (se bem que o petróleo está caro), e comer é só uma desculpa para não emagrecer.

A coisa está mais o menos neste prisma. Coisas boas: Já perdi uns quase 16 Kg, estou-me a aproximar do número que pretendia, e parece-me que quando lá chegar ainda vai haver pegas do amor para desaparecer. Infelizmente vou fazer uma pausa forçada na nutricionista e no ginásio, e tentar manter/perder o que me falta sozinha, mas a crise assim o obriga.

O bom desta história é que com o que tenho no banco, não é tão cedo que como um bife.

E prontos, andamos nisso. A ver de trabalhos temporários até a minha associação ter dinheiro para nos pagar, e estou por tudo… a não ser que me peçam boa aparência, que se tiver que ir por aí vou vender-me na esquina que aí sim, faz sentido ter uma aparência cuidada e a cueca lavada, e com certeza que ganho mais do que a dizer “Ok teleseguros, em que posso ajudar?”.