05 abril 2008

Conejita suicida

Para quem me conhece sabe que é constante a referência a modos não muito .... digamos .... eficazes de suicídio! É verdade... já tive desejos de cortar cotovelos e calcanhares... já tive vontade de cortar os pulsos com colheres de prata (sempre com categoria), e a mais recente é sem dúvida a do garfo no olho. Mas realmente hoje... hoje quero que me liguem às máquinas!
Acabada a etapa prática do meu trabalho de fim de curso, isto é, acabados os 8 meses de observações diárias de dois grupo de Gorila da Planície (Zoo Barcelona) e dum casal no cio (minha actual residência), penso que poderei fazer um trabalho muito interessante, com várias matrizes de relações sociais entre os animais em questão, tentar perceber quem origina os momentos de tensão, ou seja, quem é o dominante e o mais importante, qual as etapas da reconciliação. Subentenda-se que me refiro aos animais que compartem casa com a minha pessoa. Penso que um artigo sobre como "o sexo nos outros causa estereotipias?" seria de todo muito interessante. Já estou mesmo a ver a manchete da Nature, com a minha figura ilustrada como grande cientista que deu a própria insanidade em prol da ciência.
Pois bem, para os mais desinformados que não sabem o que são estereotipias, só tenho a dizer "Cócó para vocês, soubessem!". Mas para os outros desinformados que pelo contrário, não conhecem os objectos de estudo em questão, é para mim um prazer... não, não é, mas faz de conta... explicar o dito casal:
Ora bem, vivo à cerca de 7 meses com um casal cuja expressão "más raros que un perro verde" para os definir é um grande elogio. Ele é Turco, ela é Russa. Comunicam em espanhol, gritos, riso, grunhidos e muito contacto fisico.
Ainda não sei bem o que ele faz. Sei que sabe mudar lâmpadas e percebe algo de electricidade, mas a teoria do meu irmão sobre tráfico humano é bem mais interessante, assim me fico com esta. Uma característica importante deste espécime é que devido à sua religião e durante uma altura do ano específico não pode comer durante 40 dias, mas o engraçado disto e que eu não sabia antes de conviver com esta trupe, é que podes comer nestas 40 noites mas sempre com companhia. A explicação até agora inventada é que de noite o Senhor não vê, ou estará demasiado cansado para lhe dar importância e que se tem companhia pelo menos há um cúmplice para repartir as culpas e partilhar virgens! Assim sendo, de vez em quando dou por uma criatura estranha a dormir no meu sofá, que subentendo que seja o companheiro de refeições. Bom, não profanarei mais este assunto, que o fogo do inferno que me espera já está bem ateado.
A fêmea é de ascendência Russa e nestes 7 meses só começou a trabalhar nestes últimos dias (o que era ponto assente na outra teoria do meu irmão, em como há aqui trabalhos corporais pelo meio). Portante era uma criatura que passava grande parte do seu dia em casa, a ver novelas russas, a ir às compras e mais recentemente, a pôr implantes nas mamas.
Eu creio vivamente que a renda nada cara que eu pago, está neste momento a contrariar a gravidade no peito da senhora, e cada vez que olho para elas não consigo deixar de pensar em que fui eu que sustentei aquelas preciosidades que na realidade de sustentam sozinhas. Depois do meu primeiro comentário super animador "não se nota muito", realmente tenho que admitir que agora, depois de desamarradas (as meninas estiveram muito tempo apertadinhas em ligaduras), realmente se nota muito. E este deveria ser um comentário que eu deveria ter feito inicialmente, já que é o deve querer ouvir uma pessoa que acabou de inchar os peitos, mas eu que tenho a sensibilidade de um tijolo, fiz o que tinha a fazer, e fui simpática "pois, realmente não se nota". Depois disto e já a pensar no dia em que acordava sem rins numa banheira de gelo, tentei remediar a situação com elogios constantes às mamas da fêmea, mas penso que piorei a situação e que agora a senhora tem medo de mim. Paciência...
Bem, esta dupla tem grandes manifestações de amor e de ódio. Os gritos ainda não defini no meu etograma se são comportamentos agonísticos ou afiliativos, de qualquer forma, estes são os que contribuem mais para as minhas estereotipias. Chegar à sala e ver tudo o que estava nas prateleiras no chão, faz-me deduzir que se passou um episódio agonístico que normalmente se resolverá contra a porta do quarto que está, para minha felicidade, colada à minha (tenho muito medo!).
Realmente é de notar que as vocalizações da fêmea são muito mais audíveis e irritantes que as do macho, que pouco se escutam. Mas as manifestações são muito audíveis e começo a distinguir o bater na porta, dum bater na parede e dum bater na cama... a ver se não me esqueço de lhes dizer antes de ir embora, que o betão não é à prova de som.
Resumindo e concluindo, saio de Barcelona com comportamentos nada naturais de bater com a cabeça na parede, gritar "la, la, la", balançar o corpo para a frente e para trás cada vez que começa um episódio de como fazer o amor e o que penso ser o mais grave de tudo, escrever um blog sobre este assunto!
Eu que nem tenho 700 dados para passar no computador, nem tenho artigos para ler, nem uma tese para fazer, ponho-me a pensar na vida matrimonial dos outros e em como sou triste e infeliz por estar aqui a ouvir paredes a tremer sem ter coragem de perguntar se posso participar...
É por isto tudo meus amigos, que vos rogo de alma e coração... liguem-me às maquinas!

P.s. Acabaram de entrar na casa de banho para fazer o amor.. logo agora que queria cagar... (esta era desnecessária, eu sei... mas no fundo, o blog inteiro era desnecessário)

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