O Futuro é um grande Joystick

Saí eu do meu posto de trabalho lavrada em fome, quando me apercebo que não tenho pilim para me dirigir ao café mais próximo e por tal, a minha única hipótese é ir à universidade levantar dinheiro e comer no bar em plena hora de ponta estudantil.

É notória a diferença académica dos meus tempos de estudante…. As coisas podem mesmo mudar em três semanas… A moda agora é usar a calcinha dentro das botas, malinhas de pano até ao rabo e o cabelo despenteado, muito cuidadosamente, pelo vento. Apetece-me, muito sinceramente, endireitar à estalada aqueles gajos que andam com o cabelo espetado só para um lado, que parece que foi lambido por uma vaca e ali ficou petrificado.

Mas foi quando me dirigi ao dito multibanco dentro da universidade, que me deparo com uma concentração masculina de olhos brilhantes, aspecto ansioso e muito barulhenta. Pensei eu cá para a minha pessoa, que tal ajuntamento se deveria dever a uma distribuição gratuita de pornografia, ou talvez a alguma gaja que tivesse saído da casa de banho com as calças em baixo ou mesmo assim, a um jogo de futebol feminino na lama. Mas não…

Afinal, a alegria nos olhos daquelas pobres criaturas devia-se a uma demonstração gratuita da Playstation 20…

Ora, assistir a centenas de estudantes universitários babados por causa duma caixa negra que até é bem feia…. Dói na alma… e aposto que têm algum docente à espera num anfiteatro para começar a dar álgebra… que falta de consideração…

Mas pronto, vou tentar não me sentir ofendida com a juventude de hoje em dia e ter fé no tal futuro que eles têm na mão, tal joystick.

Sereia ou Baleia?

Há uns dias, numa cidade de França, um cartaz, com uma jovem espectacular, na montra de um ginásio, dizia: "ESTE VERÃO, QUERES SER SEREIA OU BALEIA?"

Dizem que uma mulher jovem-madura, cujas características físicas não interessam, respondeu à pergunta publicitária nestes termos:

"Estimados Senhores:
As baleias estão sempre rodeadas de amigos (golfinhos, leões-marinhos, humanos curiosos). Têm uma vida sexual muito activa, engravidam e têm baleiazinhas ternurentas, às quais amamentam.
Divertem-se à brava com os golfinhos, enchendo a barriga de camarões. Brincam e nadam, sulcando os mares, conhecendo lugares tão maravilhosos como a Patagónia, o mar de Barens ou os recifes de coral da Polinésia.
As baleias cantam muito bem e até gravam CD's. São impressionantes e practicamente não têm outros predadores além dos humanos. São queridas, defendidas e admiradas por quase toda a gente.

As sereias não existem. E, se existissem, fariam fila nas consultas dos psicanalistas, porque teríam um grave problema de personalidade,
"mulher ou peixe?".
Não têm vida sexual, porque matam os homens que delas se aproximam, além disso, por onde? Por isso, também não têm filhos. São bonitas, é verdade, mas solitárias e tristes. Além disso, quem quereria aproximar-se de uma rapariga que cheira a peixaria?
Para mim está claro, quero ser baleia.

P.S.: Nesta época em que os meios de comunicação nos metem na cabeça a ideia de que apenas as magras são bonitas, prefiro disfrutar de um gelado com os meus filhos, de um bom jantar com um homem que me faça vibrar, de um café e bolos com os meus amigos.

Com o tempo ganhamos peso, porque ao acumular tanta informação na cabeça, quando já não cabe, espalha-se pelo resto do corpo, por isso não estamos gordas, somos tremendamente cultas. A partir de hoje, quando vir o meu rabo no espelhos, pensarei, Meu Deus, que inteligente que sou..."

….Faço dela as minhas palavras… muito orgulho em falar baleiês…

Canal Panda vs. MTv

Se calhar é justo pôr-vos à parte do meu trabalho, do que é que estou a fazer e no fundo o que é que sou, além de extremamente gira! Se calhar não é justo… mas que se lixe… a vida é assim mesmo …

Pois bem, apertem os cintos… descalcem os sapatos… porque eu sou, com o rabo muito emproado, uma técnica de educação ambiental.

Sim… têm razão! A verdade é que devia ter desconfiado desde o dia em que concorri para técnica de educação ambiental, que a tarefa que iria desempenhar seria de técnica de educação ambiental. Mas pronto… poderia haver um factor surpresa qualquer e no final as minhas tarefas serem exclusivamente sexuais ou de menina do café… mas não…. Eles foram pouco originais e sou realmente, sem mais demoras, uma técnica de educação ambiental.

As minhas funções prendem-se essencialmente em educar a população que tenha a cabeça maior que o corpo sobre a importância do ambiente e coitadinhas das espécies que estão extintas….

Do meu ponto de vista este argumento de que as espécies estão a ficar extintas, tadinhas delas que são tão pobrezinhas e coitadinhas, não é um argumento válido já que os putos teimam em gostar de coisas que, ou já se extinguiram ou nem sequer existiram… tipo… dinossauros e pokemóns… dois grupos bastante polémicos, para não começar aqui a dissertar sobre as espécies de Drangon ball que por aqui haviam….

O que eu tenho que fazer, muito resumidamente, é entrar na cabeça dessas pobres criaturas pequenas e indefesas (que ameaçam os pais com processos criminais caso estes não lhes comprem a nova Nintendo mega-ultra-ri-fixe…. Coitadinhos… são tão pobrezinhos também… só lhes falta estarem em extinção para serem ainda mais fófis) e tentar educar os futuros políticos do nosso país, pondo sempre ênfase na temática de que mentir é feio.

A minha vontade, confesso a vós fiéis amigos, é ensinar-lhes o que custa a vidinha com três ou quatro estalos pelo focinho acima… mas creio que este tipo de tarefas não está abrangente no meu contracto de trabalho e portanto, agredir criaturas infantis não é minha obrigação… se bem que é minha vontade.

Tentarei então entrar em acordo comigo mesma num exercício diário de auto controlo de modo a impedir que vá apanhar sabões do chão duma penitenciária, pelo menos, no próximo ano. Não vai ser uma tarefa fácil tentar ser ouvida por criaturas que só têm a música do fantasminha brincalhão na cabeça e que acham que se tivessem uma nuvem mágica podiam voar…. Mas acredito que será muito melhor trabalhar com mentes que ainda têm medo do senhor sanita, do que lidar com a geração morangos estragados que me faz caganeira só de os ver…

Prefiro sem dúvida trabalhar com miúdos que ainda não sabem escrever, do que com miúdos que acham que o k e o x são as vogais mais usadas no alfabeto português... estes dreads de hoje em dia fazem-me muito medo do futuro que se avizinha… mas como acredito que grande percentagem desta geração vai falecer de morte muito dolorosa antes de chegar à fase adulta, tenho fé que estes miúdos que eu vou educar com muito amor e carinho (e sem qualquer tipo de violência) sobre a importância do ambiente, que é muito coitadinho, vai conseguir não explodir o mundo pelo menos por mais umas décadas… a ver vamos…. O futuro da terra está nas minhas mãos…