30 setembro 2008

Tony és Lindo!!

“Um folículo é sempre um folículo”, disse o Dr. Oz ao quebrar uma vez mais o mito de que se cortarmos os pêlos voltam a crescer mais e maiores. Isto para enriquecer as minhas fontes no antigo post sobre depilações e coisas afins, em que referenciava apenas a TVI como fonte de informação fidedigna. Assim, aqui trago o médico mais famoso dos Estados Unidos, que está comigo e não abre, na união pela Gilete.

Falo-vos de pêlos porque vos quero comentar sobre a Universidade Sénior. Não tem nada a ver? Ninguém disse que teria….

Hoje fui com a minha madrecita para completar a sua inscrição na nova universidade para os mais anciãos e desocupados. Parece-me uma boa ideia esta de criar um centro com actividades para estimular e desenvolver as mentes já mais gastas pelo tempo. Assim, lá vai dona Narcisa testar a sua capacidade de aprender informática (para que não tente desligar-me o computador quando saio de casa, ao apertar botões aleatoriamente, que pode dar muito certo… ou muito errado) e aprender inglês (para poder laurear a pevide sem ajuda de tradutores).

No meio de tudo aquilo lá me voluntariei para ensinar a minha arte de tocar cavaquinho, já que a geração do passado vai também formar uma tuna. Não deixo de pensar se os pais destas pessoas a atirar para o enrugado vão criticá-las por estar na tuna e que não vão por isso, acabar os estudos. Teria a sua piada observar as pandeiretas a saltar, com suficientes ibuprofunos para acalmar o reumatismo e muitos copinhos de leite morno para não partir a anca.

Claro que com estes comentários estúpidos não menosprezo de maneira nenhuma estas actividades e as pessoas nelas inseridas. Muito pelo contrário. Têm em mim todo o respeito e admiração. Admiro muito a coragem e vontade da minha mãe, em com a tenra idade de 66 anos, querer aprender inglês para poder fazer outros interrail sem haver a necessidade da minha presença, para poder compreender o Bonanza sem legendas e para poder perceber os meus amigos do mundo mundial que aqui vêm encher o bucho de comida portuguesa.

Admiro muito todos estes sobre-60 que pretendem aprender mais e melhor, conhecer mais gente, dançar, divertirem-se e não morrer nunca. E acredito que sim, acredito piamente que esta gente não vai morrer nunca, e sinceramente, assim o espero.

Acabadinha de chegar da sua mais recente actividade de fazer caminhadas por Sines afora com um grupo de senhoras que quer tirar a ferrugem dos ossos, fico muito feliz por ver a minha mãe com ânimo e vontade de abanar a artrite. Fico contente por isso, e por não ser a única, por haver nesta cidade muita gente cuja idade física não tem nenhum significado e cuja idade de espírito anseia pelas excursões da câmara para ver o Cabaret em Lisboa e gritar pelo Tony Carreira.

Eu só espero que isto seja genético, e que se chegar a estas primaveras que tenha o mesmo mau feitio e vontade de correr o mundo. Que seja vaidosa a ponto de pintar os beiços e depilar as pernas, mesmo quando já não há pêlos. Que queira a roupa moderna e sapatos de marca. Que queria as coisas mais bonitas e remodelar a casa, que tenha a incrível capacidade de ver três novelas ao mesmo tempo em perder pitada. Que seja como o meu pai, em nunca está mau tempo para andar de bicicleta e que ir ao Lidle umas quatro vezes por dias é um passeio bem bonito, mesmo que seja só para correr as promoções. Que subir a árvores para apanhar os figos melhores não seja de todo um desafio e que as mezinhas sejam a melhor medicina.

E espero poder conviver para sempre com tão fresca e boa gente!

29 setembro 2008

Conversamos um bocadinho?

Agora que já terminei a tese e espero apenas defendê-la para um júri feio, porco e mau para ser uma senhora grande, licenciada e desempregada, teria muito sobre que conversar e sobre o quanto estou aliviada.

Mas não. Nem me sinto aliviada nem descansada, e a minha cabeça não pára de pensar nem de desesperar, com um futuro incerto e certezas nulas!

Então sobre que poderia vir aqui eu alvitrar, que convém dar uso à coisa se não perco a clientela?

Sobre o meu próximo projecto de construir uma arca gigante e juntar dois indivíduos de cada espécie, mas do mesmo sexo que eu cá não quero javarices, isto porque tive um sonho, que apesar de meter água, não foi molhado?

Ou quiçá, falar sobre as constastes entrevistas de emprego que tenho tido, que apesar de serem sempre para o mesmo sítio, são por pessoas diferentes que pretendem verificar se eu sou consistente ao longo das entrevistas ou porque não se acreditam na palavra uns dos outros e têm que ver a minha fantástica figura outra vez?

Poderia eu falar do meu domingo que tinha como principal objectivo ser um domingo a sério, a estupidificar com a cabeça no cobertor e a comer torradas enquanto via o sozinho em casa, mas que acabou por se transformar numa corrida de estafetas que incluiu empurrar um mini por dois bairros, fazer natação nas poças de águas e fazer ligações directas a baterias que estavam escondidas debaixo do tapete?

Querem que eu fale, por exemplo, da RTP que põe senhores brasileiros a fazer exercício físico ao som da Cinderela do Carlos Paião?

Posso também queixar-me da dor de cabeça que me está a latejar as trompas de Falópio….

Bem… posso realmente falar sobre tudo, e até sobre nada disto… mas se querem que eu seja sincera não me apetece nem falar, nem escrever, nem pensar… tenho coisas a fazer … e se não tenho sou bem capaz de inventar, porque o pó do meu quarto já tem vida própria e daquela vida bem selvagem!

07 setembro 2008

Where is the love?

Das coisas que mais odeio é que me digam que vou encontrar o amor quando menos o esperar.

Ora como é que se explica a alguém que não come à coisa de 69 dias, que lhes cairá um prato de enchidos em cima se pararem de pensar no assunto?

É fisicamente inevitável e tal como o senhor que não come já lá vão 2 meses, só deixarei de pensar nisso quando a decomposição passar a ser o tema do dia.

Sabem o que se diz, quando desaparece alguma coisa e esta aparece noutro sítio qualquer sem sentido nenhum, como por exemplo, um sabonete no lugar dos tampões, que isto é coisa de gnomos?

Pois bem, começo a pensar que poderá ter sido algo do género o que aconteceu com o meu amor.

Explico:

Tinha eu os meus ternos 14, quando súbita e “húmidamente” me esvaí em sangue pela primeira vez. Aí, os rapazes deixaram de ser repugnantes para passarem a ser atractivamente repugnantes. O elástico deixou de ser tão divertido e as partes baixas do Ken levaram a um diferente tipo de interesse.

Surgiu então a minha primeira grande paixão, João Coragem e o seu cavalo Trovão, o mais corajoso dos irmãos coragem, sendo para o todo o sempre e mais além, o homem da minha vida.

Depois disto, e numa revolução extraordinária, as mulheres passaram a ter um papel mais relevante que os dito cujos de salada a badalar. Não… não ponham essas vossas mentes excepcionalmente torpes a trabalhar e leiam primeiro antes sequer de vomitar qualquer tipo de comentário…vá lá… estúpido.

Comecei a admirar as Spice Girls, o power feminino, queimar sutiãs e senhoras que fazem halterofilismo de tranças. Iniciou-se então toda uma crendice em como os homens não merecem o ar que respiram e que não têm qualquer utilidade que não seja a do saco de pancada. Fiquei a acreditar piamente que nos vêm como objectos sexuais e que têm nula capacidade de sentir, que se riem dos nossos defeitos e nos mentem nas qualidades.

Apesar do tempo ter passado estanquei nessa opinião, estagnei no pessimismo e na incredibilidade e até hoje ninguém me provou que estou errada, muito pelo contrário, todos os dias há um novo argumento que me fortalece as crenças.

E então comecei a perguntar-me o porquê de toda a gente ser optimista e acreditar, o porquê das pessoas confiarem e envolverem-se nesse assunto tão dado a fluidos, enquanto eu continuo a crer que os homens não valem absolutamente nada e queimo sutiãs para provar que estou convicta.

Criei então uma teoria do porquê deste meu estado incrédulo, e está, como imaginam, relacionado com a história dos sabonetes e dos gnomos.

O que provavelmente aconteceu depois do episódio do João Coragem, é que um filho da puta dum cabrão dum gnomo tenha achado boa ideia levar o amor que eu tinha no coração para trocar… sei lá…pela azia, por exemplo. Mas como em tudo na minha vida, tive azar com o ignóbil gnomo e calhou-me um atrasado de primeira.

Eu concordo em oferecer postos de trabalho a pessoas e criaturas mágicas menos habilitadas, mas… não lhe podiam ter dado um posto de menor importância como trocar a pomada das hemorróidas pela pasta dentífrica? Com certeza seria muito menos prejudicial…

Esse tal gnomo das repartições públicas, deve ter perdido o amor pelo caminho quando tropeçou nos próprios pés e assim, lá se foi o sentimento a rebolar pela grama mágica enquanto que a azia ficou a substituir para todo o sempre o que sinto por homens interessantes.

E esta então a minha sina, é este o meu Karma e é isto que ganho por empregar seres mágicos que sofreram privação social…

05 setembro 2008

As tardes da Júlia

Sou mesmo portuguesa de corpo, alma e bigode. Trabalho bem sob pressão e quando tenho tempo livre perco a capacidade física e intelectual de fazer o que quer que seja.

Enquanto fazia o trabalho vinha-me à mente mil e uma coisas que gostaria de fazer quando acabasse, onde gostava de ir, o que gostava de organizar…. Tenho que comprar álbuns para organizar as fotos…. Tenho que passar as fitas a ferro…. Tenho que organizar o guarda-roupa….

Bom, a verdade é que lá vão uns dias desde que entreguei a tese e ainda não fiz nada. Não consigo. Pura e simplesmente sinto-me incompetente e inútil.

Hoje dormi cerca de 12 horas e meia hora depois de acordar já tinha sono outra vez.

Um vizinho recordou-me que faz exactamente um ano que fui para Barcelona. É bonito o senhor ter-se lembrado de mim hoje porque nesse mesmo dia embarcou para umas férias, de notar, memoráveis. É bonito ter-se lembrado disso e de mim, enquanto eu não me lembrei de coisa nenhuma….

E esta podia ser uma boa oportunidade de fazer um feedback do ano que passou, do que mudou, do que aconteceu… e nem disso tenho vontade.

Acho que por ter escrito tanto nestes últimos tempos, a vontade que tenho agora de dissertar sobre o que quer que seja é muito pouca, e acho que perdi todo o jeito e inspiração… foi-se tudo com os cães…

Bem, pode ser que com o tempo isto vá lá, e eu só precise de uns dias de inutilidade para recompor as forças. Preciso mesmo de uns dias de cérebro parado, corpo vegetal e uma transfusão sanguínea para que nasça outra vez… um, dói, três!

Até lá se não escrever é porque, pura e simplesmente, estou em estado vegetativo e até levar um esticão de 230 volts para acordar para a vida, é provável que continue a babar-me e peidar-me no sofá enquanto vejo as tardes da Júlia.

Boa tarde, eu sou a Estrela…. e tenho um problema.