09 abril 2007

Intrarrail Introspectivo - Parte 1

Hoje comecei o meu intrarrail introspectivo. Intrarrail, porque foi dentro do país onde me encontro a morar actualmente, introspectivo porque fui sozinha, uma oportunidade óptima para introspecções.
As pessoas acharam todas muito estranho eu vir sozinha, a minha mãe por sua vez, achou que seria um autêntico suicídio, mas para mim, viajar sozinha é uma excelente oportunidade para me conhecer melhor, para pensar na vida, no que sinto, no que quero e acima de tudo, penso que o facto de estar completamente sozinha me aguça os sentidos, sinto que tenho mais atenção a tudo o que me rodeia, ás pessoas, aos sítios, aos cheiros… a minha concentração está dirigida ao que me rodeia e absorvo com entusiasmo tudo o que este novo mundo tem para me mostrar.
Embarquei num dia chuvoso na estação de Casteglione Consentino, com 4 horas de viagem pela frente até Villa S. Giovanni onde iria apanhar o barco para Messina, a cidade de Sicília, mais próxima do continente.
Para variar um bocadinho, e até, porque não seria normal se assim não o fosse, perdi-me em 4Miglia e não sabia onde era a estação, assim, lá fiz o meu papel de turista desorientada e fui atrás de uma mocinha que também ia para a estação. Chegada lá encontrei uma fila enorme porque obviamente era Páscoa e ia tudo para casa. Como bela terrinha que é, a bilheteira é pequena e a fila de pessoas ficou na rua à chuva à espera da sua vez. Depois de ser atendida lá corri para o comboio e lá fiz a minha viagem sempre a dormir, que o melhor remédio para insónia é mesmo uma viajem de comboio, é que nem berço, só no balanço…
Chegada á cidade, embarquei no navio que nos iria levar a Sicília, se bem que no meio daqueles corredores entre comboios, barcos e sei lá mais ou quê, não sabia onde comprar o bilhete, porque supostamente devia ter comprado o bilhete logo directo, mas lá andei nos quiosques á procura dum sitio onde houvesse. Por 1 euro lá consegui atravessar o oceano e em 5 min. estava em Sicília.
Tenho a dizer que a primeira visão que tive quando desci do navio foi de 2 polícias com umas 3 armas na cintura e uma metralhadora a tiracolo, o que realmente me aumentou o sentimento de segurança que eu tinha por estar a viajar sozinha por Sicília. Mas com certeza que as armas eram para afastar os pombos do caminho, com certeza que sim! Messina não tem grande coisa que ver, tem umas torres giras mas cuja vista é muito melhor do barco do que da própria cidade, basicamente é uma cidade marítima e industrial. Ansiosa por conhecer os locais sugeridos pelo meu guia da National Geographic, lá apanhei outro comboio para Taormina, que tinha um capítulo de destaque no livro. Foi uma viajem rápida e belíssima pela costa siciliana, onde o mar é tão verde e transparente que a vontade de mergulhar é quase irresistível. Cheguei a Taormina por volta das 19h, porém vim a descobrir mais tarde que eu não estava em Taormina, estava em Giardini Naxos, a primeira cidade Siciliana a ser ocupada pelos Gregos, fica á beira-mar, mesmo por baixo de Taormina. Tentei arranjar um quarto e depois de negociar com o senhor dono da pensão, lá consegui reduzir o preço de 38€ de um quarto individual para 20€, mas o quarto era muito bom, super limpinho, com ar condicionado, televisão e casa de banho privativa, comparando com os restantes sítios onde estive esta foi uma pechincha daquelas! Mal entrei e a senhora me deixou no quarto e fechou a porta comecei a chorar. Não me perguntem porquê, pois não faço a mais pequena ideia. As lágrimas simplesmente começaram a correr e eu não sabia porquê, nem por quem… assim, liguei a televisão para entreter a cabeça com algo de útil, como assistir a programas do género do “quem quer ser milionário”, e além de testar a minha língua italiana, testo também a minha cultura. Lá me acalmei, não sei bem do quê, telefonei á minha mãe a dizer que tinha sobrevivido ao primeiro dia e saí para dar uma volta nocturna, andei pela cidade, lindíssima, sempre á beira-mar, cheia de bares e discotecas, luzes e pessoas, uma autentica vila de verão. Andei cerca de 3 horas ou algo do género, comprei uma pizza para jantar, que o dinheiro não dava para os restaurantes com típica comida marítima (que saudade), e voltei para a pensão. Tomei um belo banho e deitei-me a ver televisão até adormecer. Amanhã é conhecer a cidade de cima!



Messina vista do navio - a primeira imagem de Sicília

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