12 abril 2007

Sicilia - 2º Capitulo


Tenho a dizer que estes 20€ pelo quarto valeram muito a pena, dormi que nem uma porca, tudo muito limpinho e arrumadinho e ainda com pequeno-almoço italiano por conta da casa… belo negócio!
Levantei-me cedinho, deixei a bagagem na pensão e fui apanhar o autocarro para Taormina, a cidade de cima (eh belo poema!).
O caminho é um tanto ou quanto atarantado e muito sinuoso, eram curvas trás de curvas e a camioneta sempre a buzinar não fosse aparecer outro carro, pois aquela estrada não dava para dois. Uma subida íngreme com uma vista fantástica da costa siciliana, hotéis de 20 estrelas elevadas ao infinito pela encosta acima, cujos quartos custam algo que eu não consigo sequer pronunciar. Muitos do VIP’s italianos vêm casar-se aqui e fazer porcalhices, daí os preços exorbitantes.
A cidade em si é maravilhosa. Uma cidade/aldeia totalmente turística, o que se vê nos preços que se praticam e nas pessoas que se acotovelam nas ruas. O tempo era maravilhoso, um sol escaldante de fronte de um mar encantador, a vontade de mergulhar é muita, mas a centena de metros que as encostas têm fazem o favor de desanuviar esta vontade.
Andei a passear o dia todo, fui visitar as ruínas do teatro Grego, as igrejas que abrigavam as missas de Páscoa e as muitas lojinhas de lembranças de Itália. Queria muito fazer uma excursão até ao Etna, sei que ir de carro é consideravelmente mais barato, mas alugar um sozinha estava fora de questão, mesmo que tivesse dinheiro, não me iria aventurar pelas estradas gringas com italianos ao volante… não havia hipótese! Mas as excursões estavam complicadas, como era Páscoa, a última excursão tinha saído nesse mesmo dia cedinho e a próxima seria só terça-feira, ora sendo sábado não ia ficar 3 dias numa aldeia a pagar quarto quando já tinha visto tudo e ainda tinha muitos outros sítios que queria visitar, além do mais, na quarta-feira teria que estar na universidade porque teria aula de italiano. Assim, desisti da excursão nesta cidade, pensei que teria mais sorte em Catania. Cansadíssima que só eu, com o joelho a latejar, o estômago a latir e o sol a queimar decidi apanhar o comboio seguinte para Catania para tentar não chegar muito de noite, afinal a aldeia vê-se bem nas 4 horas que andei a caminhar, ainda deu para ir á Internet carregar o telemóvel, e sentar-me um belo bocado numa esplanada a beber um suminho de laranja e a estudar o meu guia de Sicília.
Retornei à pensão para apanhar a minha bagagem, agradeci por tudo, como mocinha educada que sou e fui para a estação apanhar o próximo comboio. Enquanto esperava almocei o resto de pizza que tinha sobrado do jantar e diverti-me a tirar fotos a mim mesma enquanto corria pela estação abandonada.
A viagem foi curta também, e mais uma belíssima vista, uma ferro via ao longo da costa que nos deixa desfrutar do tão maravilhoso mar siciliano.
Chegada a Catania, o primeiro poiso é sem dúvida as informações para saber tudo. Primeiro se havia hostelos nesta cidade para poupar uns trocos, depois se havia excursões e afins. Sabia pelo maravilhoso guia que havia um giro de comboio à volta do Etna até uma certa cidadezinha e depois retornava. Recolhi as informações do hostelo e corri para apanhar esse tal comboio que estava de partida, mas noutra estação que para variar ficava no outro lado da cidade e tinha que ir de metro. Para minha surpresa não era bem um metro, pois era na superfície e só tinha uma linha, ou seja, passou um para a direita, mas tinha que esperar um que fosse para a esquerda, não sei como não se espetavam, mas eles lá se entendiam. Também era uma bela viagem, lá está, sempre à beira-mar, (que saudades da minha baía). A estação não era assim tão perto como isso, os minutos estavam a passar e o outro comboio pronto para abalar. Consegui chegar a tempo à estação, mas quando fui comprar o bilhete o senhor da bilheteira estava a dormir! Eu muito envergonhada, “Scuza?!” e o senhor nada de acordar, mas veio de lá um rapazito que também estava no metro que afinca um murro no vidro tão forte que o raio do homem lá teve que acordar e nos vender os bilhetes. O comboio era muito pequenino, daqueles mesmo só entre terrinhas e diga-se que muito porco, mas pronto, por 5 euros…
A viagem em si não tem nada de especial, a paisagem não é nada de estonteante, a maior parte das aldeias têm lava à volta, solidificada claro, assim dá só a sensação que as pessoas moram numa enorme pedreira, nada de muito bonito. Consegui ver o pico do Etna, que como o céu estava coberto de nuvens se via pouco, mas estava coberto de neve e mal podia esperar para ir lá acima.
A viagem ia passando e eu ia vendo as pessoas a entrarem e a saírem, até que numa estação entra uma mocinha italiana que meteu conversa comigo e fomos o caminho todo até á terra dela na conversa. Lá me contou a sua vida e eu a minha, explicou me que a sua terra era de onde vinha o chamado “ouro de Sicília”, não se entusiasmem, ela referia-se a pistachios (que para mim é um belo tesouro)! Lá me mostrou as árvores que conseguem crescer na lava e explicou-me também o quão difícil era colher os ditos cujos, daí os preços exorbitantes. Trocámos contactos e coisa e tal, a rapariga lá saiu em Bronto, a sua Terra e eu continuei na minha até ao fim da paragem. Já amiga dos senhores condutores e tudo, tinha o comboio todo para mim porque fui a única a continuar, chegada ao fim da linha, tinha que esperar uma hora para o mesmo comboio regressar. Fui á casa de banho da estação fazer coisas que mais ninguém pode ou quer fazer por mim e fui ao bar beber um cafezinho. Um senhor claramente alcoolizado meteu-se comigo, e claro que eu fiz o meu papel de “scuzi, non parlo italiano”, mas isto em vez de ajudar as pessoas a calarem-se aumenta o nível de perguntas, apesar eu já ter dito num italiano perfeito, que não falava italiano, mas pronto, lá tentei conversar com o senhor e depois muito apressada saí do café e fui para o comboio esperar que seguisse viajem. Desta vez fiz o resto da viagem a dormir e nem dei pela vida passar. Cheguei à estação de Catania e tentei a pé, isto às tantas da noite, encontrar o hostelo. Felizmente para mim as ruas estavam cheias de gente a passear, pois férias e bom tempo é sinal de ruas apinhadas.
O meu mapa do hostelo tinha um elefante desenhado com uma torre em cima que dizia “Duomo” e que supostamente ficava perto do meu destino, mas era um daqueles desenhos como a jibóia do “Principezinho”, e como estava com uma certa vergonha de perguntar às pessoas por um elefante que tinha a certeza que era eu que estava inventar, andei por ali às voltas de noite, carregada e cansada sempre admirada pelo património da Benneton ter uma loja prédio sim, prédio sim, quando por fim encontrei o dito cujo: o elefante com uma torre em cima, ainda fiquei um bocado a pensar mas que merda seria aquilo, mas rapidamente tratei de encontrar o hostelo que o meu mal era sono. Encontrei o tão desejado num beco escuro e assustador o que estava decididamente de acordo com a parte do panfleto que dizia “situado em zona segura e sossegada”.
Quando alcancei que o preço era 19€, percebi que o outro quarto foi mesmo um achado! Mas a senhora do hostelo era muito simpática e atenciosa, se bem quem me endrominou um cadeado por 2€ nem sei bem como. No quarto fiquei aí com umas 8 ou 10 pessoas, não percebi muito bem, porque uns já estavam a dormir, outros estavam-se a arranjar, mas a maioria era gajos, deu para ver pela arrumação e pelos frascos de perfume que estes têm a mania de despejar pelo pêlo acima quando vão para a night. Porém descobri uma excursão de jipe ao Etna por 35€ com um geólogo e fiquei toda entusiasmada, ainda por cima fui a última porque já estava quase cheia. Telefonei para a famelga para a minha mãe saber que tinha sobrevivido mais um dia (muito bom, telefonar para Portugal por 0,10€ por minuto), jantei por 5€ com uma Happy hour food do hostelo, tomei o banhito da praxe e fui tentar dormir. Tentar, porque além do concerto que estava a haver no quarto de cima, a linha de comboio ser atrás da minha cama, um dos rapazes que foi para a ramboiada deixou o telemóvel com alarme para as 2 da manhã, que esteve aí umas 2horas a tocar até que um dos rapazes se levantou e começou aos pontapés às malas dos outros, eu só me ria, mas que o telemóvel parou, parou!
Amanhã acordar cedinho, que o Etna me espera! Pode vir quente que eu estou fervendo!



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