12 maio 2008

A poia do amor

Há certas coisas que preferimos fazer na intimidade do nosso íntimo como por exemplo limpar a cera acumulada com cotonetes imaculados, assear os orifícios corporais com a extremidade da toalha, cheirar os próprios pés para apreciar o prejuízo, tirar burriers do nariz e obviamente coçar o rego do cú.
Obrar, ou para a gente mais campestre, cagar, é sem dúvidas daquelas coisas que apreciamos fazer na companhia apenas dos nossos fluidos menos perfumados. É daqueles instantes que faz a espécie humana aproximar-se mais da sua condição de animal. É um momento de vulnerabilidade e de liberdade corporal. Mas só esta espécie não consegue lidar com a naturalidade desta acção e ostraciza o cagar como um acto de cariz imundo e obsceno, quando na realidade é um feito tão bonito e natural como parir… e se calhar com tão ou mais substâncias torpes e com a clara vantagem de por muito que possa custar nunca será preciso rasgar a linha ténue entre o V (vagina) e o A (ass) e ter a mão de um obstrecta desportivo a raspar-nos a placenta.
No obrar não se distingue obreiros, isto é, sejas homem ou mulher, sejas velho ou novo, sejas vermelho ou amarelo, sejas da favela ou da mansão… todos defecamos e todos estamos vulneráveis quando o fazemos e isso unifica-nos enquanto espécie.
Apesar do cariz natural do comportamento e da sua natureza tão pura e essencial, é como humana que me assumo em relação ao cagar. Não o consigo fazer em locais públicos, a não ser que haja algo mais forte dentro de mim que me leve a fazê-lo, como por exemplo uma forte diarreia. Se tiver 3 dias no campo, são esses dias que fico sem o fazer, porque não me quero oferecer tão vulnerável a uma natureza capaz de criar Josés Castelos Brancos… E sinto que se calhar quem eu amo mais no mundo é o meu Puffy Emanuel, porque é o único cuja presença não me obstrui os intestinos… apesar da Senhora minha mãe já me ter mudado muitas fraldas, hoje adulta, não o consigo fazer.
E é por isso que defendo arduamente que eu amarei alguém quando conseguir cagar ao pé dessa pessoa, exceptuando raros casos que incluam presidiárias, celas comuns, buracos no chão e claro, fossas militares… aí sim, há um amor de camaradas, mas acho que a regra não se aplica porque a biologia é mais forte que o amor e se não cagarmos morremos, assim que se lixe a cara metade, obremos em conjunto companheiras de delitos graves!!
Já imagino que metade de quem começou a ler o post já desistiu porque normalmente as pessoas não conseguem suportar a verdade, ainda mais quando ela vem tão consistente e elaborada como esta conversa e o tema adjacente, mas não desistam já…. Mesmo eu não consigo falar muito tempo de merda…
Mas a prova viva disto que vos conto é o amor incondicional que os pais têm pelos filhos, que não têm problemas em realizar necessidades fisiológicas na presença dos filhos e no amor puro das crianças, que na maioria das vezes nos chamam com um ar de muito orgulho “Tia!! Já fiz, podes vir limpar?”, e eu, inspiro fundo, engulo em seco e deixo transparecer o amor incondicional que tenho pelos monstros que se dizem meus sobrinhos.

1 comentário:

  1. Como é possível alguém explicar tão bem o que é afinal o amor, recorrendo a fezes… incrível.

    "Tia.. já fiz.. podes vir limpar??" heheh....

    "TU"

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