05 setembro 2006

26/07/06 Brindisi 10:00h

Roma é uma daquelas cidades que mal sais do comboio só consegues dizer "OUOHOUH", porque realmente é monumental. Acho que um bom sinónimo para Roma é imponente, e ao dizer isto não quero dizer impotente... ou quero? acho que estou um bocado confusa com o sentido das palavras, tenho de ir ao dicionário...
Roma, é um daqueles sítios que ao virares a esquina dás com um monumento do tamanho do mundo em que a própria pomba da estátua é maior que tu.
Mal desembarcámos na estação vieram ter comnosco uma catrefada de gente a perguntar se queríamos quarto, como falávam muito depressa não percebi metade e a da outra metade, não gostei do aspecto. Porém uma chinesa de nome Isa, conquistou-nos e lá nos arranjou um hotelzito por 60€ com casa de banho no quarto, como é só por uma noite não achámos mal, afinal, estamos em Roma!
Lá nos deu as instruções para chegarmos ao Hotel, que era perto da estação e lá fomos nós, todas serelepes. Tenho a dizer que o primeiro contacto com Roma fez-me lembrar um pouco Nova York, não que eu já tenha lá estado, mas falo do que se vê nos filmes: Ruas apinhadas de gente, pessoas estranhas à porta dos restaurantes... e nós devemos ter ficado na rua Benetton com certeza, porque a quantidade de etnias que se via fazia lembrar os cartazes da dita marca, claro que mais porcose não tão coloridos ...
Mais uma vez elevadores de ferro em que só cabe lá uma pessoa, mas apertadinhas, lá subimos nós para o dito hotel. O quarto era mais ou menos, tinha casa de banho, ventuinha, mas a televisão não funcionava.... grande merda, a minha mãe já estava a acompanhar uma novela italiana e tudo... é impressionante, viu um episódio duma qualquer novela, sem perceber um cu daquilo, mas conseguia explicar-me a história...deve ser um dom!
O senhor do quarto queria pagamento adientado e não aceitava cartão, então depois de tomar banho e lavar roupa lá fomos passear. Andámos, andámos, andámos, soubemos depois que quase atravessámos Roma inteira a pé. Não encontrávamos caixa multibanco em lado nenhum, não encontrávamos o caminho de volta, só a fome é que nos tinha encontrado! Fomos então jantar à casa da galinha, porque a perspectiva de comer carne sem qualquer tipo de massa, molhos ou queijo era muitooo agradável! Belo franguinho assado no forno com batadas... soube que nem pato! Entretanto ao jantar e já com dinheiro no telemovel, telefonei ao meu pai que me deu uma noticia terrivel, o Rui Pedro, um miúdo que cresceu comigo no bairro onde vivia, morreu! Segundo o meu pai, foi numa rixa de gangs, em Porto Côvo, levou uma garrafada na cabeça, no sitio certo, e não resistiu. Fiquei muito triste... já não era chegada a ele, afinal quando as pessoas crescem seguem diferentes caminhos e o dele não coincidiu com o meu. Mas um miúdo de 18 anos morrer assim?! Ele fez parte da minha infância, e o facto de nunca mais ouvir a mãe dele a gritar "Rui Pedro" na janela do prédio, dá-me um aperto no coração e sinto que foi uma parte do que eu vivi que morreu. Era um miúdo que apesar dos caminhos que escolheu, continuava simpático e sempre com a mesma cara de puto reguila, nem consigo medir o desgosto que os pais estão a passar! Só espero que esteja num lugar melhor, e que os que ficam suportem esta perda com toda a força que têm. Descança em paz, Rui Pedro!
Bom, não querendo ser fria, porque estou mesmo triste, mas prefiro não tocar mais no assunto, a morte choca-me um bocado, principalmente em pessoas novas.
Depois do jantar, andámos, andámos, andámos e fomos ao supermercado comprar fruta, passámos por enormes monumentos, que eu não sei o nome, (um guia dá sempre jeito), mas como pensámos que já tinhamos andado imenso entrámos num autocarro que dizia "Stacion Terminale", tentei pagar o bilhete ao senhor, mas este balbuciou umas palavras que não percebi nada e mandou nos entrar. Estávamos no autocarro e víamos pessoas a entrar e a sair, sempre sem pagar, só picavam um bilhete, e nós sem sabermos o que fazer, entrtanto entraram umas brasileiras, e eu mal as ouvi falar português, meti-me logo com elas, que me explicaram que temos que comprar os bilhetes nos quiosques e picar ali no autocaro, e eu perguntei "E agora, entrámos sem bilhete!! Como fazemos?!" Elas, muito calmamente, disseram que se a inspecção entrásse tinhamos que pagar 50€ cada uma. Bom, tivemos sorte, chegámos à estação sem nenhum inspector e andámos de autocarro em Roma à pála!
Começou a trovejar e a chover intensamente (nesta cidade até as gostas de chuva são maiores que em Portugal!) e depois de chegarmos à estação, levantámos dinheiro e corremos para o hotel, pagámos o resto do quarto e fomos dormir.
De manhã custou-me imenso a acordar, estava a dormir tão bem!!! mas lá teve de ser, fomos para a estação deixar a bagagem e compramos bilhetes para andar no "Go and Stop", que são daquele génenero de autocarros descapotáveis que fazem uma visita guiada pela cidade, e param em todos os principais monumentos e tu podes sair para ver melhor e depois apanhar o proximo, porque há autocarros de 10 em 10 min.
Roma tem mais monumentos e atrações do que o mar tem peixes, saímos apenas naqueles mais importantes: O Coliseu, a Cidade do Vaticano e a Fontana de Trevi, o resto vimos do autocarro, mas foi fixe porque deu para ver a cidade toda.
Tirei imensas fotografias, como se não houvesse amanhã, tentando sempre não apanhar as àrvores e os carros por que passávamos e tentando superar as aceleradelas do bus. Mas acho que valeu a pena ver a cidade assim, o bilhete custou 13€ cada uma e é válido pelo dia todo, a pé nunca teríamos visto metade.
O primeiro sítio onde saímos foi o Coliseu. Acho que o primeiro pensamento que tive quando lá entrei foi "Onde estão os leões?", porque há tanta gente que parece mesmo que vamos assistir a um combate.
Mas aquilo realmente é de uma magnitude incrivel, lá dentro sentimo-nos pequenos plebeus. As escadas para o primeiro andar são íngremes, então é preciso muita destreza para subir o coliseu, mas o esforço compensa porque a visão lá de cima é brutal, é do género "I am the queen of the world!". Lá dentro têm uma exposição com estátuas, cerâmicas, etc, encontrados nas escavações e é possivel ver com clareza os locais onde guardavam os animais, pois ainda preserva os bebedouros e tudo. Foi caro a entrada (18€ por pessoa), mas acho que valeu a pena.
Fomos roubados à saída e passo a explicar: íamos a sair do coliseu para apanhar o bus, quando vimos um senhor vestido de romano, com espada e tudo e cara de "Sou pouco, feio e mau!", pedi-lhe que poderia tirar uma foto com ele, ele disse que logo que sim, como foi a minha mãe tirou, a foto não ficou lá grande coisa, mas o senhor colocou a sua cara de mau, pôs-me a espada ao pescoço, e lá tirou a foto, depois chama a minha mãe para tirar com ele também, claro que a foto dela ficou muito melhor, porque foi tirada por mim, no fim lá agradecemos quando ele diz "5€, please", ora eu fiquei a olhar para ele feita parva, e lá começei a tirar o dinheiro, diz a minha mãe "lá tem que se dar uma moedinha né", eu disse "moedinha uma merda, ele quer 5€", quando lhe dou o dinheiro, ele faz um ar de "sou o maior ladrão do mundo" e diz "cada uma", olha, eu só me apeteceu espetar-lhe aquela espada pela goela abaixo, mas como era ele que a tinha na mãe achei melhor não provocar e lá lhe dei o dinheiro.
Sim senhora, 5€ por uma foto tirada da minha máquina e por mim, é preciso ter uma lata... e nem uma merda dum cartaz a dizer que era pago ou assim, ainda pensei eu apagar as fotos à frente dele "Tá a ver?? D-e-l-e-t-e!!", mas ele ainda cobrava na mesma pelos 5 seg de pose... ai a minha vida!
bom, despois deste episódio corremos para o bus, e mais uma vez, fotos, fotos, fotos. A próxima saída foi na Cidade do Vaticano. Mas que coisa monstruosa!! E que quantidade louca de gente... Para entrar até foi relativamente rápido, o que eu estranhei. Pusemos as mochilas na maquinha de raio-x, fomos revistadas, e eu sempre à espera que a navalha que a minha mãe tinha na mala desse barraca, mas não! uma navalha conseguiu passar tanto no coliseu, como no vaticano, mas um decote ou braços de fora não passam! belos conceitos de segurança!!
Bom, depois de entrar no vaticano tivemos para aí 1 hora sem exagero numa fila, nem sabemos ao certo para quê! Depois de meia hora sem sairmos do mesmo sítio resolvemos sair e ir ver outra coisa. Vimos as campas dos Papas, inclusive a do João PauloII, que era o que a minha mãe queria ver, era a mais simples de todas e também a mais bonita.
Demos mais umas voltas por lá e depois fomos almoçar, o almoço mais caro que tivemos até agora. Depois foi apanhar o autocarro outra vez para continuar a passear. Um calor abrasador e uma ânsia de tirar fotos e mais fotos. A nossa última paragem foi a Fontana de Trevi. Achei-a muito linda mesmo, água azul clarinha, centenas de pessoas à volta, enorme... não tinha a nada a ver com o que eu estava à espera, estava à espera duma fontezita numa rotunda, como as outras fontes, mas não. Situa-se num beco e é majestosa!! Lá atirámos as nossas moedas, esperando sorte e desta vez tivemos mais de meia hora à espera do autocarro, quando devia ser de 10 em 10 min. Um calor horrivel, sem bateria na maquina, mal disposta e cheia de sede. Lá conseguimos entrar através da multidão que se matava para entrar no autocarro e acabámos a viajem depois de ver o restante de Roma.
Fomos para a estação buscar a bagagem e eu fui perguntar se podia mudar o bilhete das 23:30h para Brindisi para mais cedo, e o senhor disse que não havia, isto eram 16h e tinhamos que esperar até às 23h, já tinhamos visto a cidade toda e estava a chover!
Pensei em dormir no chão, que num interrail é uma preciosidade, ter chão grande e sujo para nos esticarmos e dormir, mas um guarda lá me expulsou e disse que nao me podia deitar, assim a minha mãe arranjou lugar para nós num dos 3 bancos da estação de Roma. Assim, num espaço de 50 cm, estava eu, dois pilares e as mochilas, adormeci assim toda encolhida e dorida, enquanto a minha mãe estava num café ao pé de mim a ver o rex em italiano e de olho em mim. Diz ela que toda a gente que passava por mim parava a olhar e até me tiraram fotos, devia estar numa figura bem bonita, sim senhor!
Bom, lá se passaram 6h de espera, nem sei bem como, e fomos para o comboio. Ficámos todas contentes quando vimos que eram como os nossos comboios, pobres, mas mais confortáveis, porém ia cheio: Um rapaz a quem eu bebi a água porque pensava que era da minha mãe, uma rapariga com a bagagem cheia de corpos, segundo ela própria e um senhor que falava que se desunhava. O senhor lá saiu cedo e ficámos só nós os quatro. Eu semi-deitada com os pés do rapaz nas costas, os pés da rapariga na cara e os da minha mãe sei lá onde. Assim passaram 9h até Brindisi. Que tortura, mas como ja me habituei a dormir nas posições mais estranhas, até se passou bem porque fui sempre dormindo.
Chegámos a Brindisi, fomos comprar os bilhetes de barco para a Grécia (62€ as duas) e depois fomos de autocarro até ostello, sempre com um senhor velhote a guardar-nos e a ensinar-nos onde tinhamos que sair. Lá saímos do autocarro e demos com um "ostelli per la giuventú", uma vivenda com quartos para raparigas e para rapazes. O nosso quarto tinha 3 beliches e estávam lá 2 raparigas do Canadá, a Kathie e a Alexa, muito simpáticas que conversavam muito comigo e que disseram que eu falava muito bem inglês, fiquei toda babada (alguém tem um lencinho?). Elas também vão para a Grécia, mas depois voltam para a Itália. Bom, tomámos banho, dormimos uma soneca, porque o barco era só as 19h, pusemos roupa a lavar e agora era só esperar para embarcar.
Entretanto vamos ao supermercado comprar qualquer coisa para levar porque 17h de viajem é muito tempo. E ao almocinho não comemos lá muito bem, porque já estávamos fartas de massa com massa, e assim foi passar fome, mas a familiá é muito simpática. Isto tem um aspecto fixe, tipo república, com net, snooker, e um barzito. O dono disto faz-me lembrar o meu irmão mais velho, e o rapazito que lá estava era bem giro!.
Bom, aproveitar que tenho uma cama para dormir e esperar pelo embarque!

Ladroneeee!

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