Para aqueles que ao laurear a pevide pelas minhas humildes mas bem bonitas palavras ainda não se aperceberam que eu tenho um relacionamento com uma mulher, ficam agora a saber só por causa das coisas.
E para aqueles que estão neste momento a pensar mudar de canal porque não vêm o possível interesse dum relacionamento heterossexual, espero que tenham a consciência de que eu também sou uma mulher.
Sim. Eu sou uma mulher… notoriamente boa…. Uhhhh.
Voltaram, né? Fáceis...
Estou portanto num relacionamento homossexual.
Isto faz de mim homossexual? … Obviamente que não.
Se vocês vêm alguém a comer uma salada partem logo do princípio que essa pessoa é vegetariana?
Sim?
Isso é porque são parvos… pode muito bem estar só de dieta….
Mas agora a sério, não percebo porque é que cada vez que apresento a minha namorada inevitavelmente os homens começam a olhar-nos com olhos depravados e as mulheres com olhos sedutores, e oiço sempre coisas bonitas como “não sabia que tinhas saído do armário”… ou… “não sabia que davas para esse lado”…
Mas que lado, meus rebentos de beterraba? Extrema-esquerda? Do outro lado da estrada? O que é vocês acham que existe? Duas realidades paralelas dentro e fora do armário, onde que de vez em quando vamos ao outro lado comprar cervejas, porque no lado da mariquice não há coisas de homem?
O que é que o mundo tem na cabeça? Rebuçados de caramelo em forma de coraçõezinhos?
É assim tão difícil não estereotipar e não agrupar as pessoas no mesmo cacho de uvas apenas para pôr uma etiqueta a dizer “diferente” para terem a certeza que não comem dessa fruta?
Já o disse antes, mas volto a repetir-me porque sei que vocês são uma cambada de preguiçosos que não se dignam a ir ler posts anteriores e não me apetece escrever assuntos novos - eu não sou lésbica- nem coisa que o valha, podia ser mas não sou… muito pelo contrário, até gosto de apreciar um belo dum rapazinho com o cagatório firme e hirto…
Confusos? Já vos elucido…
Eu acredito, e defendo isto sob qualquer tipo de ameaça que não inclua dor, que quando nos apaixonamos é pelo carácter (ou falta dele), pela personalidade, pelo toque, pelo olhar, por toda e qualquer tipo de coisa que não tenha género, não tenha sex ratio… quando amamos alguém amamos apesar de tudo, apesar de ser homem e apesar de ser mulher.
Eu amo a minha mulher mas não amo as outras, não me atraem as mulheres (tirando a São José Correia… nossa senhora… até fico com calores…), amo a minha relíquia pela personalidade cheia que tem, por se apaixonar por mim todos os dias, por me mostrar que me ama incondicionalmente, por aturar os meus peidinhos e menstruações mais complicadas, pela mão cheia de talento que tem… por tudo… por nada… ser mulher é apenas um pormenor no meio de tanta maravilhosidade… (inventei esta palavra agora)… ser mulher é só mais uma qualidade…
Quantas paixões já se esconderam por detrás de grandes amizades “Ai se fosses homem… ai se fosses mulher”… quantas amizades já se perderam por se terem transformado em algo maior…. Quantas mães preconceituosas já se apaixonaram pela melhor amiga no passado… quantos homens já desejaram que o melhor amigo fosse mulher…
E para quê? Faz assim tanta diferença, é assim tão importante aquilo que está dentro das cuecas quando falamos de amor?
Sim, calma… quando fazemos amor é importante o que está dentro das cuecas, mas independentemente do que seja, há sempre volta a dar…
Para o mundo em geral estes são conceitos complicados, para os pais é complicado, para as vizinhas com pedras é complicado, para alguns amigos é complicado, mas para quem nos ama incondicionalmente… é indiferente… a felicidade que me transborda por amar e ser amada pela mulher mais maravilhosa do mundo é mais forte do que qualquer preconceito, que qualquer crítica, que qualquer mente mais retrógrada que não compreenda que o amor não tem género e a paixão não tem barreiras…
Eu sempre antepus cagar na cabeça daqueles que não interessam, daqueles que optam por criticar em vez de elogiar só porque é mais fácil, daqueles que preferem dizer nas costas porque não têm ovários/cojones para dizer na frente, aqueles que dizem ser amigos mas na realidade querem-nos ver as lágrimas… infelizmente há muita gente dessa por aí, mas só por causa das coisas juntei-os a todos num cacho e espetei-lhes uma etiqueta nas fuças: i n v e j o s o s… e podem ter a certeza que dessa fruta não vou beber.
Mas essas uvas podres e ultra passadas conseguem muitas vezes impedir e destruir um grande amor…
Oh criaturas aladas, basta de todas as etiquetas e todas as barreiras que existem entre nós vizinhos do mesmo planeta, não vamos criar mais uma diferença, mais um problema social, mais um preconceito… deixem que o amor seja livre independentemente da cor, do peso, do dinheiro, da raça, da escolaridade, da idade, do sexo….
Agora é com vocês: pertencem ao cacho podre do preconceito ou não se deixam contagiar por fungos alheios?