05 setembro 2008

As tardes da Júlia

Sou mesmo portuguesa de corpo, alma e bigode. Trabalho bem sob pressão e quando tenho tempo livre perco a capacidade física e intelectual de fazer o que quer que seja.

Enquanto fazia o trabalho vinha-me à mente mil e uma coisas que gostaria de fazer quando acabasse, onde gostava de ir, o que gostava de organizar…. Tenho que comprar álbuns para organizar as fotos…. Tenho que passar as fitas a ferro…. Tenho que organizar o guarda-roupa….

Bom, a verdade é que lá vão uns dias desde que entreguei a tese e ainda não fiz nada. Não consigo. Pura e simplesmente sinto-me incompetente e inútil.

Hoje dormi cerca de 12 horas e meia hora depois de acordar já tinha sono outra vez.

Um vizinho recordou-me que faz exactamente um ano que fui para Barcelona. É bonito o senhor ter-se lembrado de mim hoje porque nesse mesmo dia embarcou para umas férias, de notar, memoráveis. É bonito ter-se lembrado disso e de mim, enquanto eu não me lembrei de coisa nenhuma….

E esta podia ser uma boa oportunidade de fazer um feedback do ano que passou, do que mudou, do que aconteceu… e nem disso tenho vontade.

Acho que por ter escrito tanto nestes últimos tempos, a vontade que tenho agora de dissertar sobre o que quer que seja é muito pouca, e acho que perdi todo o jeito e inspiração… foi-se tudo com os cães…

Bem, pode ser que com o tempo isto vá lá, e eu só precise de uns dias de inutilidade para recompor as forças. Preciso mesmo de uns dias de cérebro parado, corpo vegetal e uma transfusão sanguínea para que nasça outra vez… um, dói, três!

Até lá se não escrever é porque, pura e simplesmente, estou em estado vegetativo e até levar um esticão de 230 volts para acordar para a vida, é provável que continue a babar-me e peidar-me no sofá enquanto vejo as tardes da Júlia.

Boa tarde, eu sou a Estrela…. e tenho um problema.

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