“Um folículo é sempre um folículo”, disse o Dr. Oz ao quebrar uma vez mais o mito de que se cortarmos os pêlos voltam a crescer mais e maiores. Isto para enriquecer as minhas fontes no antigo post sobre depilações e coisas afins, em que referenciava apenas a TVI como fonte de informação fidedigna. Assim, aqui trago o médico mais famoso dos Estados Unidos, que está comigo e não abre, na união pela Gilete.
Falo-vos de pêlos porque vos quero comentar sobre a Universidade Sénior. Não tem nada a ver? Ninguém disse que teria….
Hoje fui com a minha madrecita para completar a sua inscrição na nova universidade para os mais anciãos e desocupados. Parece-me uma boa ideia esta de criar um centro com actividades para estimular e desenvolver as mentes já mais gastas pelo tempo. Assim, lá vai dona Narcisa testar a sua capacidade de aprender informática (para que não tente desligar-me o computador quando saio de casa, ao apertar botões aleatoriamente, que pode dar muito certo… ou muito errado) e aprender inglês (para poder laurear a pevide sem ajuda de tradutores).
No meio de tudo aquilo lá me voluntariei para ensinar a minha arte de tocar cavaquinho, já que a geração do passado vai também formar uma tuna. Não deixo de pensar se os pais destas pessoas a atirar para o enrugado vão criticá-las por estar na tuna e que não vão por isso, acabar os estudos. Teria a sua piada observar as pandeiretas a saltar, com suficientes ibuprofunos para acalmar o reumatismo e muitos copinhos de leite morno para não partir a anca.
Claro que com estes comentários estúpidos não menosprezo de maneira nenhuma estas actividades e as pessoas nelas inseridas. Muito pelo contrário. Têm em mim todo o respeito e admiração. Admiro muito a coragem e vontade da minha mãe, em com a tenra idade de 66 anos, querer aprender inglês para poder fazer outros interrail sem haver a necessidade da minha presença, para poder compreender o Bonanza sem legendas e para poder perceber os meus amigos do mundo mundial que aqui vêm encher o bucho de comida portuguesa.
Admiro muito todos estes sobre-60 que pretendem aprender mais e melhor, conhecer mais gente, dançar, divertirem-se e não morrer nunca. E acredito que sim, acredito piamente que esta gente não vai morrer nunca, e sinceramente, assim o espero.
Acabadinha de chegar da sua mais recente actividade de fazer caminhadas por Sines afora com um grupo de senhoras que quer tirar a ferrugem dos ossos, fico muito feliz por ver a minha mãe com ânimo e vontade de abanar a artrite. Fico contente por isso, e por não ser a única, por haver nesta cidade muita gente cuja idade física não tem nenhum significado e cuja idade de espírito anseia pelas excursões da câmara para ver o Cabaret em Lisboa e gritar pelo Tony Carreira.
Eu só espero que isto seja genético, e que se chegar a estas primaveras que tenha o mesmo mau feitio e vontade de correr o mundo. Que seja vaidosa a ponto de pintar os beiços e depilar as pernas, mesmo quando já não há pêlos. Que queira a roupa moderna e sapatos de marca. Que queria as coisas mais bonitas e remodelar a casa, que tenha a incrível capacidade de ver três novelas ao mesmo tempo em perder pitada. Que seja como o meu pai, em nunca está mau tempo para andar de bicicleta e que ir ao Lidle umas quatro vezes por dias é um passeio bem bonito, mesmo que seja só para correr as promoções. Que subir a árvores para apanhar os figos melhores não seja de todo um desafio e que as mezinhas sejam a melhor medicina.
E espero poder conviver para sempre com tão fresca e boa gente!