15 maio 2015

estórias da minha vida. e da vossa, já que estão a ler isto.

Não.
Não abri um negócios de camelos, como o meu último post sugeria... não..
Consegui apanhar o voo, consegui participar no workshop, consegui sobreviver a África e voltar para a minha África, que é só minha.
Desculpem não ter dado noticias. Sei que têm mais em que pensar. Também eu.
Mas acho que sou daquelas pessoas que precisa de situações estúpidas para ter inspiração. Este é um sitio desses... de diarreias mentais... Mas infelizmente não tenho passado por situações estúpidas (ou inspiradoras)... Até hoje.
Portugal parece propício a personagens dignas de um filme mau, e todas têm uma certa tendência de se cruzarem no meu caminho. Ora hoje foi um desses dias em que pensei "ora aqui está uma boa inspiração para voltar às minhas queixas".
Estou eu no meu Portugal, de ferinhas boas em casa, e resolvo ir cumprir a tradição que é ir lanchar caracóis com o Sr. Arménio, meu rico paizinho, ao café do meu irmão. O meu paizinho, ricoquinho da minha vida, tem um hábito giro que é convidar toda e qualquer pessoa para a nossa mesa, desconhecidos ou não, só porque sim. E hoje foi um desses dias.
Convidou um tal de Sr. H para vir comer caracóis. E até aí, nada de mal. Normalmente os senhores gostam de saber onde é que eu ando, a fazer o quê, porquê, como, etc.
Não o Sr. H. Não este.
O Sr. H gosta de dizer onde já esteve e o que já fez.
Mas o Sr. H é muito mais do que diz. É tudo o que veste. Ora bem... como descrever.. um senhor dos seus quase 60 anos, com calças de ganga com muitos daqueles remendos que as nossas mães punham nos joelhos que esfolávamos, botas de cowboy e camisa típica de reformado.
Até aí tudo bem, ele sabe o que veste, ele é que fez a música.
Mas o Sr. H é muito mais do que veste. É tudo o que ele diz. Ora bem... como descrever... um senhor dos seus quase 60 anos, com calças saídas do Yellowstone, botas de cowboy e que diz muitas vezes a palavra "meu" durante o discurso e trata as pessoas por "maninho". Hum..... Freak.
Pois a coisa passou-se mais uma menos assim: "Ora meu, eu já estive na Guiné e no Gabão e em Cabo Verde e no Senegal, e no Caboja e no Quatar e no Benidorm e no Afrizaquistão (ou qualquer outro país que mais ninguém sabe que existe, nem as pessoas que lá vivem), meu". Ou "maninho, desculpa aí meu, maninho, ena pá maninho" - isto quando alguém que o Sr. H conhecia o cumprimentou e ele não respondeu de volta.
Mas uma das histórias mais interessantes foi quando me disse que tem umas amigas "meu, umas amigas, meu", que o convidaram a ir à Cuba (sim, ele dizia à Cuba e não a Cuba, o que me levou a pensar que era a Cuba do Alentejo, por alguma razão), e as amigas queriam que ele fosse lá, meu e pagavam o avião e tudo (neste ponto achei que provavelmente não seria a do Alentejo) e que ele já lá tinha estado "meu", e elas tinham pago tudo, tudo "meu". Eu devo ter feito cara de desconfiada, porque ele disse "oh pá meu, são mesmo amigas pá, engraçaram comigo maninho". E acho que revirei os olhos e por isso a conversa ficou por aqui, porque amigas destas, só em Avatar e mesmo assim não pagam bilhetes de avião porque conseguem voar.
E assim ficámos, com alguns silêncios constrangedores porque o meu paizinho gosta mais de ouvir do que de falar, e lá tenho eu que fazer conversa de circunstância.
 Então depois de se repetir a frase "estes caracóis estão mesmo bons meu, mesmos bons maninho", o Sr. H, depois de um longo silêncio diz - e até vou fazer parágrafo para isto - :
- Eu conheço uma coisa que enxuta aí a barriga...
E eu pensei "pronto, já fostes, mais um a querer oferecer o esperma (ou essência do homem), para me reduzir a barriga desta vez" - referência ao post sobre o cigano e a essência dele. E o rás-parta do maninho nem se importa de sugerir este tipo de javardices à frente do meu rico paizinho...
- É assim - continuou o Sr. H - De manhã engoles - mas tu queres lá ver - um dente de alho (haaaaaa), e depois bebes chá, pode ser qualquer um.. e depois já não crias barriga e isso encolhe tudo.
- Ah. Obrigada. Pois, diz que o alho faz bem.....
...
Ora bem. MAS PORQUE RAIO É QUE O MUNDO ACHA QUE TEM QUE ME DAR MEZINHAS PARA RESOLVER O QUE ELES ACHAM QUE É UM PROBLEMA ??????

É pá deixem-me da mão... deslarguem-me a breguilha... Deixem-me lá ter barriga, barba ou que seja.. Mas realmente eu tenho lá cara de precisar de mezinhas que incluam barrar esperma na cara ou engolir dentes de alho?? Tenho??

É capaz...

Bom, o moral disto tudo é que o Sr. H me fez lembrar que tenho o sitio perfeito para escrever sobre isto. Um lugar cheio de histórias pouco credíveis mas que são todas tão verdadeiras que não tenho nem coragem que convencer ninguém...O meu lugar.

Sinto-me bem por estar de volta. Continuarei. Obrigada a quem continuou por aí.


1 comentário:

  1. Yes, WE MISSED YOU!!! Queremos mais, queremos mais, queremos mais!!!

    Bjs,
    Gypsy

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