Dentro de aproximadamente 24h estarei no aeroporto de Lisboa
a embarcar para o continente Africano.
O quê? O meu anterior post sobre escorrimentos vaginais não
fazia adivinhar uma eventual viagem para um sítio quente, húmido e
encaracolado?
Isso é porque vocês deixam
muito pouco à imaginação e só por causa dessa deviam imolar-se pelo fogo...
Mas assim, a bem da verdade e da realidade, que nem sempre é
valorizada neste cantinho, nem eu própria sabia.
Em menos de um mês a minha vida deu uma volta sobre si
mesma, rebolou-se ao contrário, esbarrou na parede umas quantas vezes e agora
estou meio Alzheimica: não sei quem sou, nem para onde vou, nem com quem vou...
Mas pronto. Não há-de ser nada. Há que ir.
Há tanto tempo a desejar sair, ir embora, fazer alguma
coisa, arranjar trabalho longe, ter novas experiências... Agora que veio, custa
um bocadinho a ir.
Foi tudo muito rápido, e preparar uma viagem para África não
é o mesmo que para Cuba do Alentejo e por isso ainda não parei, ainda não
respirei e este tom arroxeacho, apesar de ficar lindamente com os meus olhos,
acaba por ser desagradável.
Irei, 6 meses por enquanto, trabalhar na magnífica ilha do
Príncipe, fazer a gestão ambiental dum resort, com ordenado, cama e comida.
Até aqui a coisa parece boa. Mas desconfio. Desconfio sempre
que alguma coisa é demasiado boa. Hum...
Mas vejamos...
Por enquanto, e porque foi tudo super rápido, irei com um
visto de “homem de negócios” que implica que fique apenas por 90 dias, seguido
de uma rápida deslocação a outro país Africano para depois voltar... Ora ser
homens de negócios não me parece mal, acho que me assenta bem o estatuto e
tenho buço para tal... fazer outra viagem a outro país do continente só para
bater o ponto, também é razoável, há aeroportos bonitos... por isso, se virem a
minha cara nos jornais como “portuguesa detida com catrefadas de drogas na
bagagem em África” não se admirem... é porque a coisa era mesmo boa demais.
Mas tou com fé. Apesar daquela relutância em sair de casa,
deixar quem amamos por longo tempo, deixar o meu Puffy Emanuel com um aperto no
peito, deixar a minha casinha, o ginásio... deixar assim a vida com que estava
confortável (mas não feliz) nos últimos tempos e ir.... susta sempre.
Odeio fazer malas. Odeio empacotar num recipiente definido
aquilo com que estou confinada em 6 meses...não gosto mesmo...é demasiado
limitado... é demasiado finito...
Mas está feita. Amanhã lá estarei.
Espero voltar.
Depois de enfardar comprimidos anti-maláricos como se fossem
rebuçados porque achei que a toma semanal era diária e por pouco não explodi o
fígado é um começo auspicioso... E como acredito que metade dos antibióticos
que tomei me escorreram pelo braço quando fui vacinada, acho que é uma viagem
promissora a coisas boas..
Agora a sério. Até mais do que não apanhar doenças... aquilo
que eu mais desejo, mais do que tudo, mesmo, mesmo, mesmo... é não engordar...
A banana frita diária parece-me pouco diética... Pode ser
impressão, deixa ver.
Se deixar de aparecer nas fotos é porque deixei de lá caber.
Depois vou dando noticias.
Abraço quente e anti-biótico.