Ultimamente não tenho cá vindo.
Está frio por aqui...algum pó nos cantos... e os espelhos já
não têm reflexo...
Enfim... o tempo passa. A vida passa, e sem darmos por isso,
morremos.
Não. Calma. Ainda não morri.
Se morri não dei mesmo por isso. No entanto a conexão online
é fantástica por aqui... nada de perdeu, portanto...
A verdade é que gosto de aqui vir dizer mal das coisas e da
vida. Mas das coisas parvas e estúpidas da vida, não das coisas sérias da vida...
Ultimamente não tenho grandes coisas parvas e estúpidas para dizer...
A vida
tem perdido a sua graça, e histórias de ciganos que me oferecem o seu esperma
para uma qualquer mezinha contra pêlos faciais, é coisa do passado... com muita
pena minha...
Não quero vir aqui falar da crise, do desemprego, da falta
de esperança, da falta de amor, do aperto constante no coração... Não preciso
disso... Vocês não precisam disso... Têm os telejornais todos os dias.
Portanto... Enquanto castigava a porcelana aproveitei para
fazer pensamentos profundos e estúpidos sobre a vida e vir aqui partilhar com
quem não encontrou a porta da saída, e ainda cá anda.
Para quem me conhece ou acha que sim, através destas linhas
de pura parvoíce, eu gosto particularmente falar de fluídos corporais. Aqueles
que todos temos, só a bailarina é que não tem, e que ninguém gosta de falar
porque é feio.
E como estou naquela altura do mês, venho falar daquela
altura do mês. Aqueles dias de puro inferno onde a vida é um bocadinho pior, as
pessoas são todas mortalmente idiotas, e só nos apetece bater em todos um
bocadinho, com muita força.
Eu percebo toda a questão da procriação e não sei quê, e a
mulher tem que sofrer porque a outra deu ouvidos à cobra zarolha e o raio que a
parta... Tudo isso é bonito, sim senhora. O corpo da mulher prepara-se para
receber uma criatura dos infernos que nos vais rasgar as partes íntimas e
desprivadas. Nada contra.
Agora há uma coisa que não percebo... como pessoa das
ciências tento ver o lado cientifico da coisa, só naquela de dar nas vistas... e...
supostamente... se estamos na época reprodutiva, preparadíssimas para receber
os girinos albinos, não deveríamos andar por aí que nem pavoas e conquistar os
portadores de sacos escrotais, com ar de papás? Não devíamos vestir leggings cor
de pele, sapatos com padrão chita, pintar os lábios de vermelho, as unhas de
rosa e assinalar com raquetes de aeroporto o caminho mais rápido para a entrada
sagrada?
Mas então, como é que esperado evolutivamente que façamos
tal espetáculo, se inchamos 3 vezes (e não adianta os 20 kg perdidos... voltam
todos à tona em apenas 3 dias)? Como é que havemos que tentar conquistar quem
quer que seja, quando sangramos que nem um porco, temos dores que doem muito,
só queremos comer pipocas salgadas, ouvir o “All by myself” encostadas na
parede, enquanto choramos e cantamos, e engolimos ranho em todo o processo?
Como é que é possível querer reprodução quando todo o processo prévio é já tão
doloroso, sujo, badalhoco e desconfortável? Como é que é esperado que lutemos
contra as nossas fêmeas competidoras, quando só queremos nos abraçar umas às
outras, dizer mal dos homens que tal, queixarmo-nos da celulite, enquanto
enfardamos um balde de Haagen Daz?
Lamento, não venho qualquer excitação em toda esta imagem, e
acho que a última coisa que uma mulher quer, em plena época de esvaimento
sangrinal, é o contacto corporal com outro espécime...
A evolução não funcionou bem neste sentido apenas e somente
porque o Darwin nunca menstruou. E esta é a conclusão científica de tudo isto.
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