O papa e/é défice

Vamos lá a ver se a gente se entende.

Ora o estado acaba de gastar milhares para ir a Roma buscar o Papa-mobil para o pobre servo de Deus poder andar entre as gentes sem levar um balázio… gastou ainda mais uns milhares de euros a construir um palco para sua divindade estar lá apenas 10 minutos a arrotar os doces conventuais que enfiou no papo… gastou-se ainda mais uns quantos milhares para construir um trono papal para sua real santidade assentar a peida durante meia hora… mais uns quantos miúdos monetários na ordem dos milhares para tudo aquilo onde o senhor toque seja de ouro não vá o diabo tecê-las e o senhor morrer engasgado com um microfone normal… fora todos os outros milhares e milhões de dinheiros em coisas absolutamente ridículas mas muito caras para que o senhor venha cá e diga que a paz é uma coisa bonita, principalmente aquela que se faz em posição de quatro.

Depois o estado manda toda a gente para casa ver o papa, que isto de trabalhar não está com nada quando há tão elevada grandeza espiritual que se digna a vir visitar este país de submundo que por um triz não é África…

Ainda assistimos à aprovação de projectos e coisinhas talvez muito úteis, como por exemplo termos um comboio de alta velocidade a partir de aldeias até Espanha, quando queremos andar de autocarro dentro do nosso país e temos que fazer 6 horas em latas velhas a cheirar a mofo e ocupadas por velhas naftalinosas para atravessar 50 km….

E enquanto o povo está de lágrima no olho porque o Benfica foi campeão, o Papa sabe onde é Portugal, e se diz por aí que soprar vuvuzelas é energia positiva… o governo vem nos dizer, no mesmo dia em que nos manda não trabalhar, que a vida está difícil, há que fazer cortes e sacrificar-nos um bocado para que o País saía do buraco…

“Mas não se preocupem minha gente! Vamos só aumentar os impostos e pôr as coisas mais caras… mas não se distraiam! Olhem lá para as saias do papa que são muito mais bonitas… olhem que engraçado que é assistir a dinheiros gastos em futebol num pais que mal tem para comer… não pensem muito na crise agora… amanhã falamos… temos tempo…

E já que os políticos são tão boas pessoas e tão generosos, cortaram 5% do salário que recebem para provar que sofrem tanto como nós… ohhhhh… tadinhos pá, então em vez dos pobres coitados receberem os 10.000€ a que estão habituados têm que receber um bocadinho menos, pá… que chatice…. Lá se vai uma secção total de depilação a laser que aquele debutado mais peludo anda a ter…

Então porque é que não cortam 15% como o governo Espanhol?

Ah… é só simbólico, é? Não tem valor real, é?… tá bem tá…. Mas se calhar nos bolsos dos portugueses estes 1% mensais até davam para mais umas fraldas, uma conta de supermercado, ou uns ténis para o mais novo que já têm vazamento…

Mas olhem… só para não dizerem que eu não faço nada de útil e só venho aqui queixar-me da vida, tenho umas ideiazitas que são capazes de resolver algumas questões, vamos lá a ver:

- O pobre servo de Deus vende os sapatinhos Prada, o vestido Gucci e apenas três dos medalhões de ouro que carrega e aposto que pelo menos metade do défice já lá vai;

- Todas as oferendas feitas a sua santidade que já tem com certeza banquetes cheios em casa, são dirigidos aqueles que não têm dinheiro para uma refeição;

- A Igreja e o Vaticano cortam tudo aquilo que seja bens materiais - isto já que Deus era pobre - e distribui-o pelos países mais necessitados, cuja lista é claramente presidida por Portugal;

- Os governantes oferecem metade dos seus ordenados para quebrar o défice que criaram;

- Vamos parar de fabricar computadores portáteis cheios de erros ortográficos e jogos de luta para entreter crianças de 6 anos que gostam de destruir coisas;

- E talvez não fosse mal pensado começarmos a usar miminhos como moeda de troca, afinal de conta temos de sobra, cada vez mais estragado e que se calhar faz mais falta que o dinheiro e que o futebol…

Mas isto sou só eu… que sou super altruísta e só penso no bem do mundo. Vou até tirar 10% do meu ordenado para distribuir mensalmente pelos mais pobres e tentar equilibrar a balança!

Atenção…. Simbolicamente, claro.