26 novembro 2009

Ser poeta é ter azia.

Já que o povo pede mais e mais, e ao que parece até há muito boa gente que gosta dos erros ortográficos e gramaticais que eu aqui dou, resolvi fazer mais uma gazeta durante o horário de trabalho e vir para aqui alvitrar sobre coisas interessantes… ou pelo menos tentar… Ninguém me pode acusar de não tentar…

Não é que eu queira parar a minha pesquisa sobre lares de idosos que possam querer aprender mais sobre a biodiversidade que é tão bonita e coitadinha, não… de maneira nenhuma…. Este é o que eu chamo do meu trabalho de sonho… mas não posso lutar contra a corrente… nem consigo com o volume que tenho, que isto com a maré mais vale ser levada… posso sempre ir ter a uma ilha tropical cheia de água de coco e cabo-verdianos ruivos… nunca se sabe!

Mas agora a sério, obrigada pelo carinho e pelos comentários favoráveis à minha escrita de escrutínio, não imaginam o quanto fico feliz e motivada ao receber tantas ovações! Agora já sabem… o facto de eu continuar a massacrar as teclas e fazer os grandes escritores rodarem a baiana na tumba é, pura e simplesmente, responsabilidade vossa…. Nem venham cá com coisas… lá lá lá…. Não estou a ouvir!!!

Mas pronto, para não dizerem que eu não passo duma alcoviteira que só sei dizer mal do Zé e do Povinho, venho por este meio que é bem lindo, belo e amarelo, falar de coisas de gente grande. Venho ter uma daquelas conversas filosofais sobre a origem da vida, queijo e coisas afins.

Venho falar de poesia! Tã..tã…tã…tã…

É verdade sim senhora… sei escrever poesia…. Calma… não é poesia mesmo… queria eu dizer que sei escrever a palavra poesia… o quê?... quem?....estou deveras confusa e um tanto ou quanto atarantada!

Mas à frente… para quem não me conhece e para chatear os que já me conhecem e estão fartinhos de ouvir a mesmíssima coisa vezes e vezes sem conta… eu gosto muito de poesia! Gosto mesmo pá!

Quando oiço um belo dum poema diz que coiso…. Fico logo toda coisa… é mesmo isso… a poesia coisa…

Gosto muito de José Régio, Florbela Espanca, Ary dos Sandos … gosto de poetas e poemas de alma negra, sofridos e fingidos… gosto de palavras que transcrevam sofrimento…

Assim… e quando me dói muito a barriguinha do período mau, posso sempre dizer que há gente que sofreu muito mais do que eu, e que enquanto eu sinto o endométrio em erupção, eles sentem espuma e cânticos nos lábios… cada qual com a sua pancada!

Mas não me perguntem se gosto dos heterónimos do Fernando Pessoa que eu passo-me já aqui! Parto para a ignorância e dou um par de estalos no primeiro que vir à frente!

Eu não acredito em heterónimos, e vou fazer um grupo no facebook de gente que não acredita em heterónimos para verem como estou confiante!

Vocês podem uma vez mais fazer essa cara de parvos que estão a fazer neste momento, tentar lamber o cotovelo como qualquer pessoal normal que lê emails e reenviar este post para a vossa lista em menos de 3 segundos para não serem achatados por um cilindro de estrada, que eu não mudo de opinião!

Há quem não acredite em fantasmas e eu não acredito em heterónimos!

Passo a explicar:

Então uma pessoa que tem outras pessoas dentro dela é o quê?

Se for a “Rebeca, a estrela do anal”, é uma actriz porno de muito sucesso.

Se for pobre, é esquizofrénico.

Mas se for o Fernando Pessoa ou outra pessoa qualquer que passe os dias sentado na Brasileira a receber turistas no colo, ah e tal, diz que tem heterónimos!

Isto é claramente uma descriminação social. Então se eu começar a dizer que quem escreveu este post não fui eu, mas sim a Pomba Gira que me possuiu enquanto tentava rebentar balões nos entrefolhos do Helder o Rei do Kuduro, o que é que vocês fazem? (além de vomitarem perante a cena degradante).

Chamam os senhores de branco, dizem para eu experimentar aquele casaquinho da moda tão bonito e depois enfiam-me num quarto almofadado e fazem-me comer papas de aveia todos os dias enquanto jogo ao dominó com o Napoleão? ….Ou…. Elevam-me uma estátua no chiado por eu ter escrito um livro sobre pastores e começo a andar na rua com o buço por fazer e uma pose de artista?

Deve ser isso, deve….

Mas afinal, O Ricardo Reis, o Álvaro de Campos e o Alberto Caeiero são quem?

Têm mãe? Têm cartão do cidadão? Estão na lista de espera para terem um médico de família? Estão desempregados mas deixam os filhos estudarem em banda larga? Têm medo da gripe A e da vacina contra a gripe A?

Não?!?

Então, lamento desiludir-vos estudiosos da poesia que nada percebem da vida, mas eles não existiram!

São o Fernando Pessoa com azia! Não são mais do que produtos da esquizofrenia dum socialite do século XVIII, que usava laçarote mas não servia às mesas, muito pelo contrário, ficava horas ao sol sentado numa a ser rei de si próprio… e depois deu nisso…. Esquizofrenia.

Não me interpretem mal… gosto bastante da poesia de Fernando Pessoa… agora não me façam recordar os exames nacionais em que tive que defender uma coisa em que não acreditava, porque se tivesse respondido no exame de português que o senhor não era mais do que doente mental a esta hora não estava aqui, licenciada e trabalhadora (não sei riam… estúpidas…). Muito provavelmente estava a esquentar o umbigo na pia dum restaurante qualquer, e a recitar poesia de taberna para vender melhor os petiscos.

Mas agora que acabou essa fase em que vendemos a alma ao diabo (Aka governo) e acartamos com o que diz o programa escolar feito para nos limpar o cérebro a seco, posso vir aqui queimar sutiãs uma vez mais e rebelar-me contra a sociedade e dizer:

“Olhó pipi gostoso, é pró freguês e pra freguesa!”

Consegui escrever um post sério, honesto e interessante sem dizer mal de absolutamente ninguém?

Não…

3 comentários:

  1. Não conseguiste nada disso é verdade, mas conseguiste voltar a falar em queimar soutiens, e tu sabes que eu até alinhava contigo nisso mas preciso demasiado deles... LOL.

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  2. Estou a recuperar de uma enxaqueca de 3 dias... para a semana vais ver o que te respondo a este mail... eu sou um heterónimo de mim própria! e nós dois vamos dar-te uma sova quando te apanharmos numa esquina!

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  3. Todos os teus posts são dignos de serem lidos e relidos. Foi por isso que eu hoje estive a reler alguns... Obrigada pela tua escrita!

    beijo literário

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