14 outubro 2009

A corrida

Nesta altura em que por Évora se apregoa a plenos pulmões “Qual é o melhor, qual é o melhor?” sem nunca ninguém se decidir sobre quem é afinal o melhor, e em que à segunda semana seguida de “sou bicho sou feio”, a vontade é andar a fazer pontaria a Bixus imundis com pressões de ar carregadinhas de pregos ferrugentos…. Inevitavelmente bate uma saudade do tempo em fazíamos parte de tudo isto e éramos assim de estúpidos ao ponto de dizer que um micromamifero é uma bactéria…

E foi no espírito de relembrar e entrar um bocadinho neste mundo estudantil do qual a cabeça tem saudades, mas o corpo não se cansa de dizer que não quando me mostra que a saia do traje já não fecha, que fui ontem actuar uma vez mais na recepção ao caloiro da Universidade de Évora.

Foi bom voltar à tuna, ao cavaquinho, aos microfones e a todos os feedback’s tão típico do sistema de som da associação académica. Já tinha saudades de estar numa actuação cheia de piiiiiiiiis e nhiiiiiiiiis desafinados e cujos técnicos de som acham que vai disfarçar se abrirem umas bufas brancas de fumo directamente para as nossas gargantas tão empenhadas em dar o sol.

Mas não é a actuação que me traz aqui, nem o facto de haver na recepção um cartaz que dizia “A miss Caloiro vai trabalhar no Cosa Nostra”.

Para quem não sabe o Cosa Nostra é um restaurante novo aqui em Évora e que, pelos vistos, vai dar emprego à rapariga que for nomeada caloiro do ano. Atenção que o posto de trabalho não é para o caloiro do ano, mas sim para a caloira do ano, uma diferença considerável… E pelo que percebi nem é negociável, porque é bem explícito o “vai trabalhar”… ninguém lhe vai perguntar se ela quer trabalhar… ela vai e pronto, resigna-se.

E qual é a moral de tudo isto? Que as caloiras do ano são eleitas consoante a sua experiência no mundo da hotelaria, tendo por isso que apresentar o seu currículo - mamas - em pleno palco e que, além do mais, vão ser exploradas num restaurante que contrata as empregadas - ou escravas já que são obrigadas - com base num desfile de bichos de 18 anos acabados de sair da casa dos pais, cheios de caca na cabeça, verniz nos braços e batom na testa…. Quero ir comer a este restaurante com uma moral tão grande??

Não, não quero. Mas obrigada pelo convite.

Se bem se lembram não era este assunto que me trazia aqui hoje a este belo e amarelo lugar. Mas penso que, de qualquer maneira, este era um assunto importante a reter.

As minhas linhas hoje servem sobretudo para vos falar da “Corrida dos Abafados”.

E o que é a corrida dos abafados perguntam vocês? … Calma… já vos explico… apressadas, pá…

Estávamos nós tão belas e roliças em pleno Manel dos Potes a trautear umas musiquitas, quando nos surge todo um comité do abafado a convidar-nos a participar na corrida do mesmo:

Beber 3 abafados no menor tempo possível - 1,50€ - Um cronómetro - Semi-final 6 abafados - Prémio uma garrafa - Apanharam?

Pois bem… Eu apanhei e senti-me desafiada e lá fui em participar na corrida.

Sim…. Tive os meus 15 minutos de fama quando em apenas 2,82 segundos emborco 3 copos de abafados pela goela abaixo. Eram gritos… ovações… aplausos…abraços….

O mundo era a minha ostra e eu sentia que podia tudo. Primeiro quase que bato o recorde de flexibilidade dum ginásio com centenas de pessoas e agora isto?

A pessoa mais rápida a beber abafados é uma gaja?? E essa gaja, sou eu???

Não podia estar mais inchada de orgulho… por acaso não podia mesmo porque a saia estava no limite e o botão já começava a ranger… mas ter vencido o El Diablo com os seus 2,93 segundos foi uma notoriedade impressionante. Estava feliz. Orgulhosa. E toda babada e peganhosa, também.

Mas durou pouco… nem quinze minutos.

Do outro lado do cenário apareceu um ignóbil asno que me olhou de cima e baixo e disse num tom de superioridade “Tu é que tens o recorde?”

….

Eu estalei o pescoço… rolou uma bola de feno entre nós… ouviu-se um “ohhhhhhh….ua, ua, ua…..ahhhh… ua, ua, ua” …. O sangue começou a ferver.

…..

Ele emborcou os abafados em 2,23 segundos…. O tiro foi certeiro. Ainda estou a sangrar…

Quando me olhou de volta com aquele ar de vitória e aceitou o meu aperto de mão com relutância ficou escrito… ou eu sou chamada para a semi-finalíssima e faço aquele pedaço de testosterona engolir os abafados pelo cú … ou …. Atropelo-o várias vezes com o carro na próxima vez que o vir.

A vingança é como um copo de abafado, arde mas é doce.

5 comentários:

  1. Muito bom!!!! Até que enfim um post dedicado a essa maravilhosa bebida...tenho-te a dizer que eu também seria uma adversária à altura...abafados é comigo...se bem que acho que teria melhores resultados numa prova de resistência no que de rapidez :) !!! Força nisso e dá cabo do asno!!!! Gostei da frase da vingança...arde mas doce...

    Baci
    Gypsy

    ps- acho que é do Manel que tenho mais saudades!!!!

    ResponderEliminar
  2. Que orgulho!!!

    Qual é a melhoooor? qual é a melhoooor??? Qual é a melhor devoradora de abafadinhos???? É a minha Estrela Mates, que os bebe com grandes golinhos!!!
    Ah pois é....
    Nunca duvidei da tua capacidade de beber abafadinhos de rajada. Quem já te viu partir um côco, sabe do que és capaz. Só tive pena de não ter visto ao vivo... para isso servem também os teus posts!

    beijo abafado
    tua Maria

    ResponderEliminar
  3. Tal como disse a Maria:
    - "Sou o EL Diablo!"
    - "E o que é que bebes?"
    - "Abafadinhooooss..." (fofinho e meiguinho!)

    =P

    Dá cabo dele miuda!

    ResponderEliminar
  4. É isso mesmo miuda!
    Vai te a ele!!! Puxa lhe pelos tomates, retira lhe toda a masculinidade...afinal de contas beber abafadinho nao é de homem!! =P

    ResponderEliminar
  5. Olá shining little star...
    Lá vim aqui deixar uma beijoca, agora já identificada, pois claro. Os olhos eu já cá tinha vindo deixar muita vez, confesso. E gargalhadas :) beijinho e boa semana

    ResponderEliminar