16 agosto 2008

Nunca mais faço a cama


Hoje é um daqueles dias nublados de verão em que eu respiro a humidade e o cheiro a maresia e sorrio, porque realmente gosto de dias assim, cinzentos. A harpa da minha vizinha dá-lhe um toque sombrio e o mar tem outro brilho, mais profundo.

Isto tudo porquê? Porque parti uma unha.

Ora acordei eu cedinho como tenho feito nestes últimos meses e resolvi ser uma filha muito boazinha e pobrezinha, tal Floribela, e fui fazer as camas dos hóspedes, limpar os quartos e varrer a casa, já que a mãe anda a laurear a pevide pela Europa fora.

E foi na realização desta tarefas domésticas muito árduas, como por exemplo fazer a cama, que eu parti uma das minhas unhas preferidas….doeu mesmo na alma!

Finalmente tinha conseguido ter aquilo que se podia chamar unhacas. Estavam arranjadinhas, vitaminadas, coloridas e eu já parecia uma senhora de verdade só por ter pincelado as garras com Loreal Paris, porque eu mereço…. Mas não… tudo o que é bom dura pouco e eu já estava com ar de executiva sanguinária há demasiado tempo…

Mas estou triste. Estou fútil e triste.

Agora que tive que cortar toda a manada por haver uma ovelha negra, parece que não tenho dedos. A sensação que tenho é que me cortaram as pontas dos dedos e fiquei mais longe de tudo. Se esticar a mão não alcanço tanto como antes alcançava… não coço tanto como antes coçava e já não fico com grãos de sal debaixo das unhas quando tempero a salada…

Ainda nem é hora de almoço e já sinto saudades de ter substâncias estranhas debaixo das unhas e poder coçar com muita satisfação os pêlos encravados da virilha.

O meu maior medo é ter um ataque de comichão e morrer assim, a tentar apagar o fogo, já que toda eu comicho por dentro.

Cresçam depressa bombons de queratina.

2 comentários:

  1. Uma unha partida, é sempre um grande desgosto. Não, não é porque eu cá não sei o que isso é, visto que as minhas unhas são de uma resistência tal que nunca se partiram. Mais uma vez, não. e não porquê? Ora porque só não se partem porque aqui a mariazinha não as deixa crescer, é o que é. Já para não sofrer desgostos carregados de sofrimento e muita angústia. Portanto, a probabilidade de ocorrer este desgosto, é nula no meu caso. Agora tu minha menina, aguenta-te à bronca, sofre, angustia-te, desliza de costas na parede, (ou numa porta, soluça e chora baba e ranho, e quando fizeres tudo isto em simultâneo, aí, lembra-te aqui da maria que está descansadinha em relação às suas unhas. Acabei de me levantar com uma ressaca do tamanho de um boi, mas ainda assim, vim aqui espreitar se tinhas escrito alguma coisa. A sangria realmente não é sumo. E eu sou realmente uma triste.
    maria

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  2. nao sei porquê, chama me bruxa ou vidente... a verdade é que desconfiei assim que soube deste trágico acontecimento que ele se tornaria alvo deste blog de imenso valor cultural... Percebi na altura que isto não era apenas uma dor efémera e que o acontecimento te marcaria não apenas o dia mas o ano... quem sabe nao fique uma ´réstia de dor para o resto da tua vida... Notei logo isso quando me disseste o que se passara...
    Por outro lado essa dor tb me parece ser uma boa desculpa para nao voltar a mexer mais uma palha no que diz respeito às arrumações e limpezas aí da casa.. A dor de um "ente" querido é sempre dolorosa... Acho que fazeres luto só te fará muito bem! (Só nao sei se tal desculpa irá resultar com os progenitores).
    Mas compreendo o sentimento... algo que fizemos criamos com tanto carinho, que tinhamos tanto orgulho e depois... zás a espada cruel do destino decapita nos! É doloroso... é como tomar banho, depilares te toda linda qual anuncio de meninas da Veet, pintares unhas, arranjares o cabelo, por aquela roupa interior sexy e depois nao haver sexo pa ninguem... É UMA CRUELDADE!... LOL

    beijos

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