11 maio 2008

Quando o útero palpita


As pessoas que me conhecem sabem que falar de amor me causa urticária. Mas creio que estou a melhorar bastante esta minha alergia dermatológica no sentido em que já consigo pelo menos escrever a palavra sem que as mãos hesitem.
Pensar no assunto… pecadora assumida me confesso, penso sim senhora. Penso muito no que será para mim o amor, o que quero eu do amor e o quanto me faz falta o amor.
O texto mal começou, e com certeza já há muita boa gente a pensar que se enganou no blog, ou que neste momento estou eu num canto, agrilhoada (esta é só para vos obrigar a ir ao dicionário de sinónimos) e com uma maça na boca a ser substituída por alguma vilã de peitos robustos que pretende que eu faça má figura… mas não!
Sosseguem as almas mais revoltas, sou mesmo eu que escrevo estas linhas, uma vez mais, sem qualquer tipo de valor literário ou mesmo científico.
Acho que se pode dizer que estou crescida. Apesar de já sangrar há muitos anos, a verdade é que uma menina se torna mulher quando por fim assume-se geneticamente fútil (Cláudio Ramos, editora Guerra & Paz, 2008).
Sim eu sou fútil. Já não sou a roliça morena que queria acreditar que o amor não existia e que era muito mais fácil deste modo suportar a dita solidão. Era muito mais fácil gritar ao mundo que não precisamos de ninguém e que nos subsistimos muito bem com as nossas próprias mãos (tirem as conclusões que quiserem daqui…). Sim, isto parece muito mais fácil, mas na realidade é muito mais doloroso. Querer transparecer que se está bem quando na realidade não se está, além de continuarmos a sentir-nos sozinhas e abandonadas, quando se olha ao espelho invade-nos a culpa, a hipocrisia e a falsidade.
Sim estou sozinha e não, não me sinto bem com isso. Sou bicho Homem (Ser Humano para quem reclame), sou bicho social… e não bastando… sou bicho Mulher.
Dei-me conta disto quando notei que troquei o canal mais visto pela minha pessoa, (subentenda-se a FOX), em que passava horas a olhar para séries que se repetiam 3 vezes ao dia, e não havia qualquer problema em ver o mesmo episódio várias vezes porque era sempre surpreendente. Não sei se me cansei realmente de séries (ou se é por terem tirado o Family Guy… PROTESTO), mas descobri por engano que tinha a Sic Mulher e desde então que não consigo mudar de canal.
A programação deste canal baseia-se resumidamente em programas de moda, de cozinha e talks Show… mas a verdade é que eu gosto.
Dou por mim a apreciar um belo programa da Tyra em que explicam truques de beleza que as Stars usam, mas sem gastar muito dinheiro. Sabiam por exemplo que em vez de gastarem balúrdios em exfoliantes corporais, basta juntar açúcar ao nosso creme de corpo e têm um óptimo exfoliante?… é isso e usar as protecções descartáveis das sanitas públicas como absorvente da oleosidade da pele…. Não é tudo interessantíssimo e de grande utilidade?
Poderá realmente ser este o cúmulo da futilidade, mas tornou-se mais interessante para mim ouvir a Oprah a falar de obesidade que assistir a 30 fulanos a tentar fugir duma ilha… e nem duvidem dos meus conhecimentos sobre nódoas, corte e costura!
Eu poderia estar aqui a noite toda a escrever as coisas maravilhosas que tenho aprendido neste canal, mas este não era o objectivo inicial do meu post. Eu queria falar-vos do amor e em como estou claramente mudada em relação a este assunto (e não foi preciso ser agredida) e não tirar a minha credibilidade fazendo comentários que num estado, diga-se, normal, nunca faria!
A verdade é que à medida que o tempo passa vai urgindo a necessidade de encontrar o amor. Anseio desesperadamente o dia em que dobro uma esquina e alguém se apaixona loucamente por mim, que sou tão bela e amarela.
Sonho em encontrar aquela pessoa que me veja acabada de acordar, com hálito matinal, com ramelas nos olhos e com uma esfregona no lugar do cabelo e diz, sem hesitar, que sou a mulher mais bonita do mundo. Alguém que me recorde ao mínimo detalhe, alguém que me faça sentir amada e desejada, alguém que sinta a minha falta quando estou noutra divisão.
Alguém para as coisas boas e para as coisas más. Alguém que saiba calar-me quando só digo merda, alguém que saiba aceitar quando tenho razão. Alguém que me respeite as qualidades e me adore os defeitos. Aquela pessoa com quem vejo o meu futuro. Aquele com quem posso
falar de paz e de guerra, de nada e de tudo… aquele com quem nem é preciso falar.
Quero alguém que me abrace em noites de chuva. Quero ter quem me limpe as lágrimas quando elas caem, e que me puxe o sorriso quando ele teima em não sair. Quero a minha metade… nem precisa ser uma laranja... desde que se delicie com o meu sabor. Não quero que seja perfeito, quero apenas que seja real. Não quero que seja extraordinário… quero o normal, quero o banal….
E acredito que mais uma vez duvidem de estar a ler o blog certo, e tenho que introduzir aqui algum tipo de piada de mau gosto ou insanidade, mas estou na fase em que o meu útero palpita quando vê um bebé e as hormonas controlam-me neste momento… e não são as boas hormonas. Sinto o tempo a passar demasiado depressa e não sinto o vento favorável. Tenho realmente muito medo de não me completar.
E é por estar a chegar quase aos 75 (posts), que tenho pensado muito neste tema tão indigesto. E finalmente assumo que acredito no amor, acredito que seja possível… e acredito que se ama alguém quando se consegue cagar à frente dessa pessoa.
Bom, esta definição já é muito mais eu, certo? E este realmente poderá ser um post mais característico da minha pessoa, isto é, recheada de porcaria. Mas não estou com o humor certo, ou sequer com algum tipo de humor e sendo assim, fico-me por esta explicação do meu mais recente estado de Mulher e deixo a “poia do amor” para outro dia, que a noite já vai larga e a mente já está cansada.

2 comentários:

  1. Leio este teu post mais uma vez e mais uma vez sei que foste tu que o escreveste. Sei que és tu aqui. Em cada palvra. E é tão real tudo o que aqui está escrito, tudo o que aqui está é tão sentido… que chega a doer… chega a doer muito, quando acabando de ler, penso: é tão fácil fazê-la feliz.

    "TU"

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  2. A idade tirou-me esse optimismo proprio da juventude...LOL...e por isso digo apenas..."I still want to believe..."

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