29 abril 2008

the one with the strip


Eu era o que se podia chamar um bicho, quando entrei pela primeira vez na Praxis.
Estava ainda na idade da inocência quando avós de má estirpe resolveram levar a neta a comemorar o dia da mulher na companhia de senhores grandes, depilados e oleosos. E eu pensei que realmente era este o tipo de comportamento que os papás esperavam de mim quando me enviaram para a universidade, assim que lá fui eu, assistir à decadência humana, que é dançar ao barulho da Britney Spears.
A praxis estava a transbordar de suor e cheiro a tabaco, muito agradável portanto. Na pista principal podia assistir-se a uma senhora que tinha ares de ter amamentado 4 ou 5 bezerros com as tetas que lhe chegavam ao umbigo e muito convencida que estar agarrada ao varão de lhe dava um ar respeitoso. Esta senhora fazia as delícias não só de meninos com o acne a rebentar, mas também de meninas que aproveitavam a oportunidade para se compararem a si próprias com uma strip. Eu também aproveitei para o fazer, mas olhar para a decadência que era aquela figura humana cujo vestuário era única e exclusivamente nada e cujo melhor amigo era um varão, que a bem dizer nem era nada de extraordinário, a comparação foi sem dúvida a meu favor. Com certeza que eu arranjaria um varão melhor, com plumas e quiçá uma ou outra lantejoula.
A surpresa maior estava na pista mais pequena do Praxis, que esta sim, era só para meninas já que os homens não têm a devida segurança em si próprios e na sua masculinidade para assistir a um strip masculino sem agredir um ou outro para afirmar o quão machos são, ao contrário das senhoras que conseguem muito bem assistir a um strip feminino sem qualquer tipo de comportamento que possa de alguma forma ferir susceptibilidades ou faltar ao respeito à artista em questão.
Foi então na pista privada que conheci senhores altos, baixos, loiros, morenos… muito diferentes, mas muito iguais na quantidade de óleo, no corpo depilado a gillete e na asquerosidade (penso que esta é uma daquelas palavras que não existe, mas que é perfeita para a ocasião).
Quando entrámos em tal antro a visão era mais ou menos esta: Um senhor muito loiro a abanar-se ao som do "I'm a slave, fuck you" com cada vez menos roupa à medida que a música avançava. Chega a um dado momento em que agarra numa das espectadoras que com ar de quem vai para a matança, lá é arrastada para a cadeira maravilha e leva com a personagem literalmente em cima. O senhor abana-se, despe-se, e a senhora teme pela vida e possivelmente pelo respeito que deixará de poder exigir à comunidade. Enquanto ele se abana e ela teme é possível apreciar o conjunto de fluidos humanos que ali se misturam. Ele sacode gotas de suor para cima da senhora, que por sua vez vomita a vodka que acabou de beber. O ar dela realmente não é de quem está a apreciar. As únicas que parecem apreciar são as amigas que se riem que nem perdidas e que muito provavelmente deixarão de ser assim tão amigas.
A senhora lá ficou enquanto a Britney Spears não se calava e pareceu-me a mim que estava a rezar pela sua alma naquele momento, quando (e espero que ela não estivesse a rezar por isto), o senhor saca da tanguinha e liberta os entrefolhos mesmo em cima da dita cidadã… eu juro que lhe vi o pânico nos olhos, acredito que ela naquele momento só pensava “Please God, kill-me now”, e Deus só não a matou porque deve ter recebido um telefonema ou assim. Depois lá saiu o senhor de palco, com a salada nas mãos e a menina voltou para as amigas com ar de quem foi violada três ou quatro vezes por cavalos puro-sangue.
Eu, que apesar de apreciar muito as trocas de fluidos, resolvi preservar a réstia de dignidade que tinha e ir para a outra pista ver se havia os chamados Seres Humano, e assim foi, deixei as avós abandonadas na sua libertinagem e fui tentar encontrar vergonha na cara do outro lado.
Quando lá cheguei, apesar da senhora das mamas vencidas pela gravidade já não se encontrar a esfregar-se no varão, a dignidade que há numa discoteca a bem dizer... é nula, não há portanto. Nas discotecas a palavra orgulho fica normalmente à porta (tem a mania de usar ténis, é o que dá), e assim o que se passa neste tipo de ambiente é normalmente a raça humana a diminuir de dignidade ao ritmo a que diminui o sangue no álcool.
Ao apreciar que o que se passava na pista maior, apesar de haver mais roupa vestida, não era maior a decência. Resolvi então voltar para a pista em que se passava a depravação, mas onde pelo menos conhecia alguém, e não... não eram os strippers.
Quando lá cheguei já não tinha lugar ao pé das avós desencaminhadoras, assim fiquei abandonada num canto enquanto apreciava um novo senhor, também ele muito oleoso e com ar de barco de borracha. O senhor ao ver-me a mim ali tão triste e solitária dirigiu-se à minha pessoa com ar de quem queria marotice, eu olhei para ele com ar de quem está já a planear o suicídio e olhei para as minhas avós com vontade de as matar por me terem arrastado até ali.
Mas os olhinhos pidões do senhor convenceram-me e lá está, achei que realmente já não podia descer mais que aquilo e estava com vontade de levar com suor de cavalo em cima.
O senhor fez aquilo que eu não achasse humanamente possível, pôs-me o braço entre as pernas e levanta-me no ar tal saca de batatas. Eu na altura com a trunfa a chegar ao rabo (o papel higiénico era pouco) andei ali a varrer o chão da Praxis enquanto rezava para que aqueles biceps não fossem infláveis e o senhor não me deixasse cair ao chão.
Depois lá me espetou na cadeira da tortura enquanto se esfregava na minha pessoa. Eu olhando para as minha avós que literalmente se mijavam a rir pensei que o melhor seria aproveitar o momento para agarrar no que tinha que agarrar que realmente já estava no subsolo.
Assim lá joguei as mãos às nalgas do senhor que estava em cima da minha pessoa a fazer movimentos epilépticos e lhe apalpei os peitorais que tinham sido depilados à alguns dias e cujas pilosidades já insistiam em crescer penetrando o óleo Jonshon que lhe lambuzava o corpo musculado, a sensação era a mesma de fazer festas à pele de um porco acabado de sair da matança, e que ainda tem o cheiro a pêlo chamuscado.
O senhor também se lembrou de sacar a tanguinha, mas acho que o meu Deus é mais poderoso porque o senhor tinha uma tanga por baixo dessa e não levei com os entrefolhos dele em cima. Pelo contrário, ao som da Toni Braxton a cantar Spanish Guitar, o senhor lá me envolveu nas tubagens a que chama braços e sem aviso prévio baixou-me a cabeça até ao chão e deu-me uma palmadinha no rabo… este meus amigos, foi sem dúvida o mais degradante de todos os meus momentos… a Toni Braxton para mim não terá outra conotação que não a de levar palmadinhas no rabo por um stripper do tamanho de um porta-aviões.
É assim que devo às minhas avós um dos momentos mais humilhantes da minha vida, mas também dos mais divertidos, diga-se a verdade, que oportunidades de ter as nádegas volumosas de um senhor dado a varões não são muitas.


4 comentários:

  1. De má estirpe e abandonadas na libertinagem????Sinto-me elogiada!!!!!!:p
    Como minha neta tinhas de passar pelo mesmo..digamos, ritual de iniciação ao degredo que eu passei...tornou-te um ser humano mais forte e respeitável...ou não...ou foi mesmo só para te esfregares nakeles sinhores, que apesar de muito ranhosos e xeios de oleosidades, não deixam de apresentar um anexo embrionário e portanto devem ser....investigados!!!;)
    Fico feliz que apesar desta experiência te ter traumatizado para os próximos 40 anos, também serviu para te divertires com as avós!!!;)

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  2. This is my favourite...

    Tive de me conter para nao desatar a rir as gargalhadas no meio do laboratorio, nao fossem os senhores estrangeiros daqui achar que eu sou maluka (ja bem basta os portugueses axarem que eu sou assim por causa das fabricas). Em vez disso coloquei delicadamente a minha mao sobre a boca para abafar os risinhos. Incomparavel este post, penso que nestes 2 minutos fiz 300 abdominais. De facto passei por uma situacao quase semelhante quando completei 24 anos mas so fiquei a tempo de ver o espectaculo com fogo pois tive de fugir dos senhores oleosos quando "alguem" lhes foi dizer que havia aniversariante no recinto...

    Existe uma clara indicacao de que voltaste a Portugal, pareces felizzzzzeeee.

    Bom festival hoje, tou xeiinha de pena de nao estar ai convosco, mas a bem dizer que estou em pensamento e que como uma das minhas colegas lituanas tem uma guitarra, tenho praticado os nossos maiores sucessos: The Bug, The Blacksmith, Green Corn, Serenate, and soyon. Teras de ca vir com o teu cavaquinho para me acompanhar na festa...

    Muitos Beijinhos
    Gypsy in Cardiff "em busca da Eva perdida"

    ps-Beijos para a mighty, saudade do Menu Amigo, tudo a correr bem contigo. Slide este ano outra vez? ;)

    pss-gostei da alegoria aos the one...friends

    psss-nao, nao fiquei de repente sem queda para o portugues, simplesmente estes teclados galeses sofrem de ausencia de acentos.

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  3. Reencaminho jufas para a Gypsy...e o menu é sempre amigo...ou o amigo é sempre menu...(???)...isso...
    Lá estaremos para o ano para mais uma jantarada!!!;)

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  4. Sim, é mais ou menos assim k me lembro dessa noite lol Lembro-me perfeitamente do olhar envergonhado e mãos contidas..das outras eleitas claro! Porque esta pekena bixo inocente agarrou o touro pelos cornos, se me permitem a expressão, e o olhar surpreendido do sr oleoso ao sentir as suas nalgas agarradas com firmeza foi memorável..Dos grandes momentos vividos em Évora, sem duvida..E ficou o sentimento de dever cumprido como uma das avós responsáveis pela tua educação :P

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