30 novembro 2011

o amor dos outros pelos meus olhos adentro, dói

Preciso de música alta… preciso de imagens rápidas e coloridas que me impeçam de olhar em frente… preciso de entrar em combustão espontânea rapidamente….

Há quartos, minha boa gente… há quartos…. Não havia esta necessidade….

Boa… perceberam que eu não faço grande questão de os ver a enfiar a língua um no outro.

Nossa senhora da Agrela…

Uma vez mais noto que preciso de uma situação constrangedora para me dar uma vontade louca de escrever… se calhar é doença ou assim… é capaz….

Para vos situar neste meu momento avestruz nº341 do mês de Novembro, convém saberem que estou uma vez mais desterrada (apercebo-me agora que esta é uma condição quase constante da minha vida, quase aciganada). Mas desta vez em pleno sudoeste, não muito longe do lar paternal, a apanhar ratos em armadilhas, apenas e somente para lhes cortar as orelhas, o pêlo e lhes enviar uma agulha muito grande pelo pescanhoço (parte de trás do pescoço – definição científica) adentro.

Bem, estou numa casita alugada com outras pessoas do mesmo ramo da apanha do rato. Um desses meus colegas está apaixonado. Doente, portanto.

É um daqueles homens que emburrece quando está apaixonado. É angustiante.

Depois de meses aqui sem limpar nada, hoje, na véspera da menina cá vir, foi uma limpeza a cotonete que só visto. Foi interromper a busca pelo rato encantado para ir buscar a menina que não podia esperar 10 minutos no carro, foi levá-la ao campo para ver as estrelas e os ratos que são queridos e fofos para toda a gente, foi chegar a casa e começar a comerem-se à minha frente, foi um agarramento de dar muitos gómitos.

São daqueles casais que não conseguem deslargar-se, mesmo quando existe uma outra pessoa na divisão comum sentada a meio metro (porque não consegue fugir mais), e um quarto privado ao lado.

Foi eu sentar-me no sofá ao computador e foi vê-los muito subtilmente pelo canto do olho a sentarem-se à minha frente, a arrastarem as cadeiras para mais perto um do outro, e a começarem a examinar as amígdalas do outro com a língua…

Comecei a escrever freneticamente, já que é a minha maneira autista de fugir da realidade assustadora que me rodeia. Não sei se o meu pensamento “FDX… vão para o quarto…CRLHO…” foi na realidade um grito audível, mas a verdade é que funcionou.

A minha outra colega também teve a visita do marido, já que amanhã é feriado, e neste preciso momento estão cada casal no seu quarto a fazer o amor bem alto…. Eu como não quero presenciar mais do que já fui obrigada, tenho a dar o/os/a/as/aquilo Marilyn Manson, porque foi realmente a coisa mais barulhenta que me lembrei que poderia funcionar no meu desejo profundo de furar os tímpanos…. Seja como for não estou a ouvir nada mais…. Acho que funcionou…

Acho bonito o amor dos outros… longe… mudo…

2 comentários:

  1. coitadinha da minha Estrelinha...ela não merecia isto...
    a casa hoje perguntou por ti. amanhã já te faço o almocinho.
    beijinhos até mais não
    maria

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  2. LOL...sem comentários... :P e eu não estava aí para te fazer companhia...Ao menos tinhas o refúgio do meu quarto e a cama quentinha! :)
    Bjs

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