10 maio 2011

Estrangeiros e defenderes

Não comecem já a reclamar por esta minha ausência prolongada, pois o facto de ainda ter mãozinhas para escrever é um mérito que ninguém me tira, nem que puxem com muita força!

Das 7 vidas que eu tinha já só me restam 5, e consegui esta proeza em apenas duas semanas. Formidável não é?

É o chamado mau-olhado… ou a puta da inveja, como preferirem.

Apesar da minha vida ter estado inumanamente fugaz nestes últimos meses, houve alguns episódios na minha existência recente que por pouco não puseram este blog inactivo para todo o sempre.

O primeiro de todos, e quiçá o mais importante, é o facto de ter tido o chamado acidente de viação que quase me levou desta para muito pior.

Para aqueles cuja vida roda em torno da minha pessoa, tenham calma e não fiquem já de lágrima no olho, que estou pelo menos com as articulações finas para continuar a escrever coisa da boa (ohhhhh – dizem vocês em tom de lamento).

Apesar de não ter sido considerada sequer ferida ligeira, a coisa foi grave e foi todo um conjunto de factores e amuletos que me permitiram voltar a casa apenas com as chamadas escoriações ligeiras.

Mas passo a explicar o sucedido:

Ia eu no grande Defender utilizado no âmbito laboral da minha pessoa, quando retorno a casa de mais um grupo de crianças fofas e queridas (quando caladas), numa estrada em linha recta, sem traço contínuo, margens grandes…. portanto nada que supusesse que poderia acontecer algo de drástico ou perigoso.

Na minha frente segue a chamada furgoneta estrangeira, com um casal de senhores que deveria ter parado de conduzir assim que deixou de dizer lápis, para dizer lápes.

Eu já tinha visto o senhor fazer algumas guinadas estranhas como quem procura uma qualquer entrada no meio do mato para ir explorar a coisa ou um local tranquilo e escondido para fazer o amor. Não querendo eu atrapalhar a coisa, muito menos assistir ao sexo octogenário, resolvi ultrapassar o senhor para seguir a minha vidinha e ir em frente que é o caminho.

Ora no momento da dita ultrapassagem, o senhor deve ter visto um bom arbusto e guinou na minha direcção enquanto eu estava ao seu lado. O meu instinto foi guinar na direcção contrária de modo a evitar o embate, e foi o que fiz, e que não teria sido nada de mais se não tivesse eu nas mãos o camião tir dos jipes.

Ora o carro, como qualquer jipe, é grande e instável e muito fácil de capotar. Foi o que aconteceu… Perdi-lhe o controlo quando guinei para me desviar dos rufias idosos, e ao tentar controlar o carro acabei por capotar, tendo o carro se virado num lado da estrada e indo a derrapar até à outra via.

E agora até parece que estou a descrever o sinistro à companhia de seguros, mas a verdade é que não há outra maneira de o fazer.

O carro, enquanto deslizava pelo alcatrão, com a minha cara colada ao asfalto a ouvir a chaparia toda a partir e os vidros a caírem-me em cima, só parou com as rodas espetadas num sobreiro que me salvou a vida, pois se não estivesse ali naquela altura e naquele momento (poderia ter ido dar uma volta, claro), o jipe tinha continuado o capotanço pela ribanceira abaixo e aí sim, não haveria mais espaço belo e amarelo para ninguém.

Depois do carro parado (ao contrário, mas parado) e de acabado o ruído, desliguei o motor e fiquei à espera de acordar do pesadelo.

Vi um senhor aproximar-se enquanto chamava a ambulância e a senhora do casal octogenário veio-me agarrar na mão e falar qualquer coisa numa língua estrangeira que não entendi. Quando percebeu que eu estaria viva foi embora à sua vidinha que com certeza, teriam mais que fazer.

Entretanto foram chegando mais pessoas que me ajudaram a sair do carro, nem sei bem por onde, que recolheram as minhas coisas espalhadas pela estrada, e os restos que sobraram do meu telemóvel, e quando chegaram os bombeiros foi uma viagem longa até ouvir a voz da minha relíquia quando descia a pique da ambulância.

Ela tinha um pior estado do que eu, e só descansou quando me viu o dedo grande esticado em sinal positivo, já que o resto do corpo estava entalado no meio de ataduras e coleiras cervicais.

A moral da história é que eu fiquei bem e os estrangeiros não prestam. Uns cortes e arranhadelas, umas dores nas costas durante uns dias e uma história para contar. Mas o pior disto tudo não foi as pessoas que causaram o acidente terem ido à vidinha deles sem sequer pensarem duas vezes. O pior de tudo nem foi o Defender ter me defendido a vida e perdido quase a dele à conta disso já que ficou todo partidinho.

O pior, o pior, mesmo o pior de tudo…. Era eu querer mijar e ninguém me deixar.

Eu já estava apertadinha enquanto conduzia. Aconteceu o acidente, entrevaram-me numa maca, e nem uma porcaria duma arrastadeira eu podia utilizar porque não podia mexer as costas.

Até ser atendida num hospital público com pulseira verde, até fazer raios-x a todos os ossos existentes do corpo humano e mais alguns, até esses exames serem vistos e confirmados, até eu gritar pelo hospital inteiro que queria mijar (enquanto me mandavam fazer nas calças)…. Até eu desesperar passou muito tempo e sofrimento… mas por fim lá me disseram que não tinha lesões, e eu fiquei por poder mijar….

Na semana seguinte parti a cabeça. Mas esta fica para depois….

4 comentários:

  1. rrrrrsssssss... Já tinha saudades de cá vir. Já voltei à blogosfera com novo blogue, vê lá tu, na tua ausência! Felizmente que não tinhas nada de maior ( excepto a bexiga, rrrsss), estava escrito nas estrelas que só partiriaa a cabeça na semana seguinte, rrrssss Esperemos que a cola não agecte muito a escrita, até ver, não se nota... :)))) Beijinhos

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  2. foi sem dúvida um dos piores dias da minha vida. ficamos meio anestesiados quando nos apercebemos que tudo está bem e de num minuto tudo pode estar muuuito mal......

    ainda estou traumatizada.

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  3. cá para mim foi o facto de estares aflita para uma "mija" que te fez ultrapassar os velhotes... para a próxima para tu num belo arbusto e faz xixi que assim ainda davas as velhos uns kms de avanço para outras oportunidades de despistar outras pessoas que os ultrapassassem! =)

    Me, myself and I

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  4. Porra....... Tou a bater mal....... Só de pensar no que poderia ter corrido mal...... Que arrepio! por favor, NUNCA MAIS ultrapasses condutores que já se mostraram instáveis... Por favor!
    Gosto muito de ti, tenho saudades =/
    Ecopista*

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