13 setembro 2010

de igual para igual

Venho então falar-vos do porquê haver uma fotografia de uma porca no post anterior.

Que fique primeiro bem claro que a Alcagoita/ Alfarroba / Feijoada (vai ficar esquizofrénica com tanto nome) não é uma porca qualquer e não vos admito esse tipo de falta de respeito. É uma senhora porca, para vocês.

Para introduzir o tema, que fique desde já assente que a minha relíquia não é uma pessoa como as outras. Vocês sabem disso, eu sei disso… essa foi talvez uma das razões principais pelas quais me apaixonei. Não gosta do fútil, da moda, do normal, do aceitável, do esperado. Gosta do antigo, do simples e valioso, do inesperado, do confortável. Sim, eu sei. Vocês já ouviram isto. Estou-me a repetir. Sou excessivamente chata. É pá… chatos são vocês e casaram-se… nhã, nhã, nhã, nhã…

Mas calma, não precisam já mudar de canal que este post é dedicado não a falar dessa porquita que tanto adoro, mas doutra. Só vos queria deixar claro, e sei que já estão cansados de me ouvir, que não é qualquer pessoa que tem o sonho de ter uma porca de estimação. Tem que ser alguém especial.

A ideia primeiro acertou-me como um daqueles absurdos de se tingir o cabelo de água oxigenada, apenas para se ficar com aspecto de rameira. Achei que não fazia muito sentido à primeira vista ter uma porca em casa, já bastava a merda que fazemos diariamente e que, sinceramente, a ideia de ter a andar por casa um animal que normalmente nos está no prato… é estranha….

Claro que para ter algum animal em casa trazia o meu Puffy Emanuel, que é a coisa mais linda da minha vida, e que por mim andava sempre comigo para todo o lado. Tentei então trazê-lo à experiência a passar uma semaninha de férias em Évora, e a criatura de pêlos não poderia andar mais feliz por fazer novamente uma grande viajem de carro comigo, ir passear e mijar em todas as colunas de Évora… recordar os velhos tempos, portanto.

Mas a verdade é que trazer o Puffy permanentemente para Évora era tirar-lhe aquilo que eu acredito ser-lhe mais precioso: A liberdade.

O Puffy vai à rua sozinho as vezes que quiser, vai às cadelas sem ninguém lhe perguntar nada (a não ser a minha mãe que lhe dá descascas sempre que passa uma madrugada fora achando que o cão não voltará a repetir tal asneira… um dia destes ainda lhe tira a mesada). Para os meus pais é uma companhia tê-lo em casa, esperá-los à porta, fazer-lhe companhia de noite com o ressonar tranquilo e os peidinhos mais desconcertantes. O cão pode ir para a casa fresca quando tem calor, e ir para a rua saltar em cima de outros cães quando quiser. Ali já tem o seu gang, a sua hierarquia, já conhece os amigos, os inimigos… tem uma vida como eu acho que um cão deveria ter. Claro que tem riscos, claro que não será tão longa se tivesse em casa e só saísse de coleira… mas valerá a pena perder a liberdade apenas por mais uns anos de trela?

Eu acho que não. Acho que por muito que o Puffy me adore, é por eu o amar incondicionalmente que acho que ele aqui não seria feliz. Por muito que recuperasse a alegria sempre que chego, iria passar os dias em casa sem poder sair, com calor, e mesmo quando fosse à rua teria que ser preso, porque nestas ruas não há a liberdade que há numa pequena cidade.

Acredito de coração que estou a tomar a decisão certa ao mantê-lo em casa com os meus pais, livre e solto, feliz e contente. E será sempre para mim uma alegria chegar a casa e ter a recepção de quem nos ama incondicionalmente e sentiu muito nossa falta.

Mas claro que o Puffy Emanuel, apesar de também ser um grande porcalhão, não é o cerne deste post. Serviu este aparte muito grande para perceberem o quanto pensei muito antes de aceitar o desafio de ser mãe duma porca.

E esta, apesar de não ter sido uma decisão tomada de ânimo leve, foi muito ponderada, com bastante pesquisa bibliográfica, com bastantes entrevistas e testemunhos, e acima de tudo, com uma vontade muito grande de concretizar o sonho da minha relíquia, bem como lhe dar a companhia dum animal de estimação, que tanta falta lhe fazia.

Fui então convencida por todos os que afirmam no mundo eternetil, que os porcos são extremamente inteligentes, asseados, não têm odor, são hipo alérgicos, são um combustor andante porque só comem restos de fruta e legumes, vão à caixa da areia como os gatos e vão à rua como os cães, podem ser ensinados, e claro que a mítica frase de Winston Churchill “Os gatos olham-nos com superioridade. Os cães olham-nos com admiração. Só os porcos nos olham como iguais. ”, deita por terra qualquer argumento em contrário.

Depois da tal pesquisa exaustiva já anunciada, lá descobrimos uma quinta em Évora que dizia albergar e vender porcos vietnamitas, a espécie por excelência para bicho de estimação.

Fomos até à quinta, não muito animadas pois tínhamos o pressentimento que seriamos enganadas por um velhote de unhas na inchada, com porcos pretos de quase 300 kg, a tentar convencer-nos de que seriam porcos anões e muito sociáveis. Mas não nos deixaríamos enganar, tínhamos a cábula com a lista das características da espécie escrita no pulso.

Quando lá chegamos foi daquelas sensações de que foi tudo muito diferente do que qualquer uma de nós tinha imaginado. O senhor da quinta afinal não era um senhor, era um jovem da nossa idade que gostava tanto dos bichos, que gastava o pouco que tinha a tratar do sonho de infância de ter uma quinta.

Demos de cara com porcos vietnamitas legítimos, cauda comprida, barriga no chão, orelhas em bico. Foi logo amor à primeira vista, infelizmente por todos e não por nenhum especial, por isso tivemos cerca de 2 horas na quinta ora a perguntar tudo e mais alguma coisa, ora a ver todos os bichos e mais alguns, ora a tentar escolher que porca levar.

Apesar do nosso maior medo ser que cresça incontroladamente até atingir meia tonelada e se tornar uma suína obesa, acabamos por escolher a mais gordinha pelas bochechas rechonchudas, pela barriga proeminente, pelo olhar querido e fofo.

E foi assim que trouxemos a Alcagoita/ Alfarroba / Feijoada para casa, e ao fim 4 dias de convivência podemos afirmar que realmente aprende depressa, que se porta lindamente, que é muito mimosa, tem uma personalidade afincada, e que adora de paixão beldroegas.

Vamos a ver como corre o resto. Não vai ser subtil andar a passeá-la de trela em Évora.



5 comentários:

  1. A porca é liiindaaaa! estou terrivelmente apaixonada! Outra vez!!! :) ainda agora foi à caixinha de areia fazer xixi...opá...tão bonita... mereceu logo uma beldroega... agora está deitadinha a olhar para mim e a abanar o rabinho.....coisa mai linda.... estou derretida com esta nova habitante, sabia que um dia poderia ter uma porca à vontade, sem que ninguém se chateasse com isso. como é possível alguém não ver as vantagens deste animal? Passo a dizer (as que considero espectaculares): 1- é limpa (mais do que eu!) 2- Aspira a casa! (pois come tudo o que é migalha ou restos de terra) 3- não ressona!! (nesta, a porca ganha-te...hihi..) 4- Não cheira mal! Podes esfregar com a mão a porca toda, vais cheirar e não cheira a absolutamente NADA...é estranho e perturbador. 5- Come os nossos restos de legumes e frutas, económica portanto, 6- não dá alergia! Pá...desvantagens...passo agora algum tempo do meu dia a coçar-lhe as costas e a esfregar-lhe a barriguinha. Pronto, assim deixo de fazer outras coisas....mas gosto...hum..se calhar então não é desvantagem...

    Obrigada Dona! Por deixares que tudo isto aconteça...vá..prometo que não te vais arrepender de teres permitido mais uma porca em casa.. pá...caso queiramos desistir, temos forno! E batatas!

    maria e Alfarroba.
    P.S: a Alfarroba manda dizer que a foto que puseste no blog faz com que pareça mais magra do que realmente é, para a próxima tira de outro ângulo. Obrigada.

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  2. Beldroegas e festinhas na barriguita! :)

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  3. Beldroegas e festinhas na barriguita!

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  4. Esqueci-me de dizer outra vantagem: uso o cócó dela para estrumar o jardim! hiihhihihi

    pronto, era só isto.

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  5. Bem posso dizer que o bichinho para mim é daqueles que é bonito de tão feio que parece à primeira vista!
    Posso também dizer que sim... que a Mónica (a porca vietnamita que se cruzou na minha vida) é uma criatura simpática que não se importa de ter 12 mãos em cima a fazer-lhe festas enquanto dormita. Mas que realmente é um bicho que é capaz de atingir proporções que me ocupam aqui o corredor todo! lol
    gostei da vossa escolha para animal de estimação. E como fica a alcagoita quando forem de fds? consegue orientar-se sozinha? não ficará triste ou já arranjaram aí uma "madrinha" em Évora para esses momentos?

    Beijocas lindas!!!
    Me,myself and I

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