23 setembro 2009

Catarrose

Ora bem. Cá estamos…. Já cá não vinha há um tempinho… mas cá estou. Ranhosa, é facto. Mas estou.

E vocês os três? Continuam por aí ou já desertaram?

Enquanto me afundo em papelada na minha humilde secretária cheia de lenços ranhosos por todo o lado e escuto a Kaoma a cantar a Lambada, penso na minha falta de consideração para com vossas excelências que se dignam a clicar neste muy nobre y ilustre blog e há muito que não recebem feedback….

Pois bem, criaturas dos bosques… há algumas novidades que pretendo vir aqui relatar assim que as coisas tiverem certas e confirmadas tal amostra de urina, mas por enquanto digo apenas que tenho uma coisa para vos contar…. Mas conto-vos depois…pode ser?

Como não têm remédio, vou alvitrar sobre outras coisas.

Para quem não sabe este fim-de-semana voltei a terras Catalanes para comer tortilha e acompanhar a minha Maria na sua apresentação de final de mestrado.

Foi bom isto de voltar às ruas, às travessas, aos restaurantes, às vistas…

Foi bom escutar aquele sotaque manhoso e ter sempre a sensação que nos vão violar a carteira no metro…

Gostei.

Claro que as dores agonizantes nos ouvidos, e o facto de ter voado para Portugal num calhambeque com asas fez com que a vida tivesse muito mais valor… mas não se assustem que foi só até aterrar e desentupir as orelhas…

Ser recebida maravilhosamente bem pela Espanholita mais guapa de todas, com direito a cartazes de espera no aeroporto e um frigorífico cheio fez com que a nossa viajem tivesse sido muito mais interessante…

Pude voltar ao zoo e ver como os meus gorilas estão grandes e bonitos… como há tanta coisa nova e nada mudou. Pude conhecer a nova cria de orangotango que é a coisa mais bonita que já vi na vida….ver os novos bichinhos e os companheiros de um ano em largas maratonas de bocadilhos…

Pude matar saudades do meu jefe e saber todas as novidades e cusquices… pude cheirar Barcelona outra vez!

Mas o motivo da minha visita não foi o passeio nem a ramboiada… foi o facto da Dona Maria ser nomeada mestre da macacada!

Foi engraçado assistir a 40 apresentações de mestrado que todas juntas, não fazem uma de licenciatura em Portugal.

Primeiro juntaram dois mestrados no mesmo dia e as apresentações todas numa só manhã. Cada um só tinha 10 minutos e nada mais… havia um despertador irritante que assegurava que ninguém passava os 10 minutos nem que tivesse apenas na introdução e por muito que chorassem… Não houve discussão, não houve comentários…. Não houve nada…houve perda de tempo no meu ponto de vista.

Acabadas as 40… claro que a Maria foi a última… as notas foram afixadas em 30 segundos, portanto, com muita ponderação antes e claro que era completamente indiferente ter uma apresentação com 10 minutos de puro tédio ou de puro divertimento, no sentido em que apenas a senhora do júri que tinha cartazes estava acordada!

É verdade… um dos jurados que devia estar com muita atenção ao conteúdo e forma da apresentação apenas levantava cartazes com 5’ …2’… 1’ minutos…. Estive sempre à espera que a professora se levantasse mostrasse os shorts e os saltos altos e anunciasse os próximos rounds…

Claro que ninguém olhava para ela, além de não ter shorts, estava na última fila da sala, as pessoas que apresentavam estavam sentadas em frente ao computador 30 metros mais longe e os cartazes eram do tamanho de cartões de crédito…

Mas pronto… agora temos que beijar o chão que a dona Maraiah pisa porque ela já é mestre e nós não e por isso ela é que sabe, ela que fez a música….

Voltámos a Évora. Cada uma doente para seu lado… Ela com vómitos e diarreira… eu com febres e tosses secas… será?

Se juntarmos os sintomas numa só pessoa poderia dizer-se que tínhamos gripe B, mas como levámos os nossos toalhetes mata-tudo que apenas nos lembrávamos de usar depois de pôr rebuçados na boca com as mesmas mãos que tiveram a agarrar corrimões de metro, podemos assegurar que estamos é catarrosas, como dizem os espanhóis, e que é um termo tão bonito de se usar.

Mas agora que ando a comer halls de mel e limão como quem respira e que a caganeira passou, podemos voltar à vida normal e sair à rua se medo se sermos ostracizadas, porque nunca tive tanto receio que me apedrejem por espirrar como agora… e quem me conhece sabe que espirrar e assoar-me eram parte integrante do meu dia-a-dia, em qualquer altura do ano…

Agora os meus medos são: Pandas, top-models e espirrar na rua.