17 fevereiro 2009

E tudo o cuspo levou....

Se me perguntarem, muito resumidamente, em que é que consiste o meu trabalho na Badoca, eu posso responder, sem nunca fugir à verdade: em ser cuspida!

É mesmo isso que vocês leram. Eu sou cuspida diária e repetidamente por símios muito pouco dados ao respeito. Sinto-me, sem qualquer tipo de hipérbole à mistura, uma muçulmana adúltera que foi apanhada a fazer sexo com 3 ou 4 moçambicanos e que usa o hijab como top… mas em vez de pedras espetam-me com cuspo no sobrolho, pode ser menos doloroso… mas é bem mais nojento.

Ando eu a cuidar com tanto amor e carinho dos nossos primos geneticamente aparentados (ou irmãos segundo algumas pessoas nomeadas para a fogueira), mas sou premiada com cuspo em grandes e boas quantidades e como enriquecimento ambiental recebo umas mijadelas de vez em quando. Será que joguei sueca na mesa da santa ceia? Merecerei tamanha sorte?

“São animais, não sabem o que fazem, são inocentes e pobrezinhos e muito coitadinhos”… alvitram vocês sem saberem o que dizem e com muita falta de senso, diria eu.

Não são não senhora… são maus… são ruins... são feios e porcos.

Fecho uma porta que a menina não quer que eu feche e lá vem cuspidela. Não dou comida que ela aprecie e lá levo com um olhar de desprezo seguido de fluidos salivares a tender para o esverdeado. Vou a passar toda serelepe e é motivo para ser escarrada… bem…. Respiro e levo com cuspo, muito basicamente.

Quando não há saliva que chegue para atingir-me no olho o que é a bela da Rebeca se lembra de fazer? Vai encher a boca de água ao bebedouro, olha-me com ar de quem tem papeira e lá vem chuva…. Fico mais molhada que uma actriz porno ao ver algo que vibra. O pior disto tudo é que esta grande porcasímia anda a ensinar a juventude e à conta disto já levei com os líquidos da Ema uma ou outra vez.

Além de limpar merda o dia todo, ainda tenho que levar com estes fluidos propositadamente dirigidos à minha pessoa! O Jonas, que diz que joga bem à bola, tem a mania de ou mijar no comedouro ou espetar a virilha contra as grades e fazer pontaria a quem passa… estou a ver o dia em que não o vejo nas grades superiores e levo com água quente e amarela pelo pêlo acima… era da maneira que hidratava!

Temo, como o diabo teme a cruz, o dia em que vá a passar e nem dê pela bosta a vir. Ainda não se lembraram disso, é a sorte.

São falsos e mesquinhos. Estou a antropomorfizar? Estou…. Estou a estupidificar? Estou…. Mas sou eu que tenho as mãos em sangue e crosta por aceitar presentes tão inocentemente e depois ser albardada contra as grades, tal peixe no anzol. Eu é que sei, eu é que fiz a música.

Nem todos são maus, obviamente, e é nisto que se vê a parecença com os humanos. Eu por exemplo sou uma óptima pessoa, o que nem sempre se passa. A Joana é uma jóia de chimpanzé. Já me protegeu e tudo contra os ataques salivares, dando uma descompostura muito grande na Rebeca e chamando-a de parva. Foi sim senhora…

Mas o parque tem muitos outros animais dignos de dissertações. Póneis que são betos e a quem só falta os sapatos de vela sem meia. Avestruzes que enlouqueceram e julgam que são pessoas. Pessoas que parecem que são loucas e muitas vezes pensam que são avestruzes. Vacas que parecem pessoas e pessoas que são umas grandessíssimas vacas…. Bem… todo um rol de personagens que dariam para escrever uma dissertação muito mais interessante do que a importância das cobras de anel nas plantações de batata.

Mas hoje fico-me por aqui, porque a noite já vai longa e isto de andar a ser escarrada tem muito que se lhe diga, principalmente que tenho que treinar os desvios e os contra-ataques… já faltou menos para enlouquecer e começar a cuspir a torto e a direito. É a selva meus amigos… é a selva.

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