08 março 2007

sai uma vida calabresa!!

Se algum dia eu for jogar no "um contra todos" e me sair a pergunta "quem são os piores condutores do mundo?", sei que muitas pessoas que me querem razoavelzinhamente bem diriam que sou eu mas enganam-se, são sem sombra de dúvida os Italianos. Eles próprios admitem, aqui não há regras de trânsito, qual direita qual quê! Aqui é a selva urbana meus amigos, quem tiver paúra não se safa aqui, a melhor estratégia pelo que percebi, é enfiares-te nos cruzamentos de olhos fechados e a rezar o Pai Nosso, pode ser que tenhas sorte. Quando saí do aeroporto fui apanhar o autocarro para a estação de comboios, no caminho tive cerca de 4 taquicárdias por minuto e um ataque de azia! É de notar que em cada 10 carros, 9 estão escavacados, com faróis partidos e mossas de bradar aos céus. Os peões são kamikazes, porque como as passadeiras não são mais do que reflexos do sol que ninguém olha directamente, atiram-se para a estrada como quem está a viver o seu último dia e seja o que Deus quizer, é ver o autocarro a parar numa rotunda para dar passagem a um peão desgovernado, é assistir impávida e não serena ás rasías mais impressionantes da minha vida!! Era ver-me a mim, em pé no autocarro, agarrada á farrusca e a rezar ás fadinhas, com comentários como "faltou-te um bocadinho assim" e "foi por um triz vizinho, por um triz"... é claro que o senhor estava-se pouco a cagar para a minha pessoa e muito menos percebia o que eu dizia. A minha experiência por Nápoles passou por um jogo de sobrevivencia, sem dúvida. Quando saí do autocarro e percebi que teria que atravessar uma estrada de 4 faixas para ir para a estação, com a farrusca, (que tem um quê de mula e quando eu tou no meio da estrada e com pressa tem a mania de virar as rodas e prender-se no asfalto), começei a olhar para o lado a procurar um sítio agradável para viver, porque não ia com certeza ter coragem de atravessar as faixas assassinas. Devo ter ficado a olhar para a estrada assim uma boa meia hora, até que percebi que não era a única, um casal asiático estava com a mesma cara de quem não tem vontade de arriscar a vida, mas lá demos as mãos cantámos uma canção e enfiamo-nos os três de olhos fechados á espera de sentir a pancada.
Chegada á estação fui comprar o bilhete para Castellione Consentino, a terrinha mais perto do campus onde me iriam bucar. Comprei um que estaria a sair nesse mesmo momento, portanto corri o mais que pude com a farrusca atrás, mas quando cheguei lá não havia comboio nenhum, claro que mais uma vez me pus a perguntar a toda a gente pelo comboio, porque nunca quero crer no óbvio e tenho sempre esperança que o comboio apareça do nada,a dizer "eh eh, estava a reinar contigo pá, tava só a ver o que fazias", é claro que levava um estalo a seguir, mas pelo menos apanhava o comboio. Lá voltei para o senhor pronta a rodar a baiana porque tinha sido enganada e comboio já não lá tava, assim tive que apanhar outro que tinha que fazer escala em Paola e lá fui mais uma vez numa cabine apertadinha, cheia até as orelhas, com a mala, perdão, farrusca no corredor. É claro que com a sorte que tenho, calha-me sempre em frente um casalzinho esfomeado a fazer o amor e eu a começar a ter convulsões com tanta javardice. Quando quiz saber se faltava muito, a senhora que estava ao meu lado pergunta se eu falava inglês, eu muito contente disse que sim, e ela muito orgulhosa manda a filha falar comigo, a miuda muito envergonhada diz que não sabe, mas mesmo atrapalhada me explica. Foi assim uma longa viajem até Paola, onde estive 15 min á espera do outro comboio para Castelione Consentino, cheia de fome. Mas não fui ao café da estação porque estava na linha do meio e para ir até ao café tinha que atravessar uma data de linhas de comboio com a farrusca, porque não a ia deixar abandonada no meio da linha cheia de pessoas estranhas, e se tentasse atravessar as linhas, já estava mesmo a imaginar a cena: a farrusca presa na linha, um comboio a chegar, a Estrela a ir...
Assim lá fiquei esperando o comboio que fez uma viajem curta até Castelione, chegando lá, já noite, tenho 3 belos ragazzos á minha espera, pensei que a coisa ia começar a correr bem, e lá fui com eles no carro para o campus, sempre a rezar para não ter entrado no carro errado, e eles não serem as pessoas erradas, mas como sabiam que eu era a Matilde, (até aqui!!) confiei!
Finalmente Universitá della Calabria!


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