04 julho 2008

Vendo fígados


Eis a minha situação: Tenho 23 anos e depois de 5 anos fora, vivendo por esse mundo, vejo-me de volta a casa dos meus pais onde me mandam escovar os dentes e fazer a cama, e ainda tenho que ouvir comentários da minha mãe como: “Ai a minha Estrela já acabou o curso e ainda não arranjou namorado!”…

Então, muito resumidamente: não tenho namorado, não tenho trabalho, não tenho casa, não tenho dinheiro, o meu dente novo partiu-se, ainda não tenho o curso acabado, mas tenho dividas…. (não por ordem de importância, claro).

Não tenho nada que possa apelidar de meu, a não ser claro, a divida que hoje descobri que tenho para com a CGD.

Hoje fui ao dentista para verificar o estado da minha nova aquisição, foi notória a cúspide partida do novo hóspede da minha boca. Afinal quando eu senti que estava a mastigar areia não era se não, parte do dente que se tinha deteriorado… como é que eu não tinha percebido antes?

Obviamente que os 100 contos que o bichinho me custou têm garantia e já se mandou trazer da grande capital um novo companheiro dental.

Decida a resolver alguns assuntos pendentes, impulsionei-me a levantar o cú da cadeira e ir tratar das questões. Então lá fui eu dar dinheiro ao estado para o imposto automóvel e comprar o novo selo, que não é mais que um papel A4 que eu mesma poderia ter feito em casa.

Depois, fui ao banco em questão para cancelar dois visas que tinha activos, nem sei eu como. Bem, os visas eram de muita utilidade em Espanha onde não é preciso nem códigos nem nada, basta a nossa carinha de pessoa séria e honesta, ora aqui, não possuindo eu o código dos ditos cartões não havia a necessidade de pagar anuidades absurdas. Assim, lá consegui cancelar um dos meninos, mas o outro tornou-se um aborto complicado, afinal escondia uma divida que não me foi informada. Isto é, uma das vezes em que o visa retirou dinheiro à minha conta não havia suficiente (o que é normal) e ficou em dívida um valor que por cada mês que passava e eu não o pagava, acumulava 15€ de juros. Ora, será que vamos avisar a nossa bestial cliente que tem esta divida para pagar? Nah… esperamos que ela cá venha e enquanto isso sacamos um dinheirinho todos os meses. O que eu tenho a dizer a isto é muito simples: Filhos da Puta.

Eu sou assim, simples e directa e sem um tostão furado. Ora, além deste mês ter pagado o dente, ter que pagar o selo e a inspecção do carro, ainda tenho que pagar a última prestação das propinas e a mais recente dívida. Portanto, creio que a vontade que eu tinha de ingerir algum tipo de alimento neste mês vai para o raio que a parta porque estou a ver que terei que vender os dois fígados que tenho.

Já pensei em prostituição, mas nesta cidade não dava certo, afinal a concorrência é muita. Terra de marinheiros, se é que me entendem…

Não, não quero pedir aos meus pais. Os meus irmão foram trabalhar desde que começaram a ter dentes, e eu, aqui ando com esta idade a chupar o tutano de dois reformados que já fizeram a obrigação deles, já criaram a maravilhosa pessoa que sou. Já tenho muita sorte em ter uma casa, cama e roupa lavada, comida e, não menos importante, pensos higiénicos.

Mas realmente não tenho outra opção. Tenho que engolir o orgulho e a moral, enfiar o rabo entre as pernas e de cabeça baixa, ir chorar aos velhotes que fui enganada pelo banco.

Espero que o mesmo sistema funcione com o reitor e com a dentista. Se não… acho que vou doar esperma, disseram-me que pagavam bem.

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