10 julho 2008

Quando se apara a vida


Finalmente sou do tipo de mulher para a qual as pessoas olham 2 vezes. Não, não ganhei repentinamente o factor 20 na lotaria de natal (para os mais iletrados, receber o factor 20 resume-se por pesar menos 20 kg e medir mais 20 cm) e nem troquei de copa com a Floricoisa.

Estou careca. Sim, estou ainda mais careca. Para quem me conheceu com um cabelo farto e robusto que poderia muito facilmente substituir qualquer Renova armado em suave, realmente sofre de um ataque visual muito forte ao observar a total ausência de material piloso no meu crânio.

Hoje acordei e achei que o dito já estava demasiado grande. Já começava a ter jeitos da noite de sono, já tinha que me preocupar em pentear os mais rebeldes e acima de tudo já tinha que gastar champô, assim, lá fui eu ao salão aparar a relva.

Agora, com um pente 2 na cabeça, isto é, só com apenas 2 cm de cabelos que conseguem ser mais pequenos que os pêlos das sobrancelhas, posso dizer que arranjei a terapia perfeita.

Quando estou mais em baixo, com vontade de gritar e desaparecer corto aquilo que não faz sangue, não faz dói-dói e dá uma certa liberdade. Já que não posso tirar o peso que tenho nas costas, tiro aquele que tenho na cabeça o que dá algum alívio.

E é realmente engraçado quando os vizinhos nos olham 2 vezes com muitos pensamentos na cabeça. Das 2 uma, ou partem do principio que vou para a tropa e aí começam a arranjar sentido para muitos comportamentos meus, como a falta de apêndice, isto é, sou masculina, gosto de tropa e por isso não tenho namorado. Eu sorrio e quase que aceno, a ver se crio mais boatos nesta terra abençoada pela coscuvilhice. Ou podem também pensar que tenho uma doença terminal muito grave que me fez inchar o rabo e pela qual tive que rapar o cabelo, aí olham-me com pena e quase que me abraçam e eu normalmente respondo “É a vida!”. E a verdade é que sim, é mesmo a vida. Com ou sem cabelo a verdade é eu não mudo. E apesar do mundo ser constituído de mudança, já não toma novas qualidades. Nem o mundo, nem nós.

Nesta foto sou eu... achei que podiam não perceber... ma só eu devo ter um bico dum lápis espetado na mão esquerda...

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